Autor Tópico: "O fotógrafo em busca do seu olhar" c/ Emidio Luisi - S. Paulo - 28/08 a 30/10  (Lida 7089 vezes)

Kika Salem

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Olá a todos!
No último final de semana, eu fiz um curso "Fotografia de palco" com Emidio Luisi, fotógrafo dos espetáculos de Antunes Filho e autor do livro de fotografias "Kazuo Ohno" (Cosac Naify), entre outros livros publicados e outras atividades que exerce como docente e curador. Como gostei muito da experiência, porque expande nossa visão para questões mais amplas como autoria e poética fotográfica, venho aqui compartilhar com aqueles interessados no tema o release do próximo curso ministrado pelo fotógrafo.

« Última modificação: 17 de Julho de 2008, 13:34:06 por Kika Salem »


Chello

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Srta Kika!

Muito legal a experiência! Mas, diga-nos o que mudou no seu conhecimento depois do curso!
Fiquei interessado!

Obrigado por compartilhar!

Abs
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Kika Salem

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Então Chello!

Antes de ingressar nesse curso, eu tinha feito outros três numa outra escola. O primeiro sobre o básico em fotografia com câmera analógica e técnicas de revelação. Esse foi o que eu mais gostei de fazer e indico para aqueles que não sabe nadam do assunto. O segundo sobre fotografia digital que eu achei razoável, mas aprendi bastante sobre técnica, menos acertar o WB da Nikon pois tanto o professor quanto os alunos só usavam Canon. Nada contra, mas acho que alguém que se propõe a dar aula sobre fotografia digital tem alguma obrigação de conhecer outros sistemas. Mas, enfim, isso não vem ao caso. No terceiro a coisa degringolou, era sobre iluminação e foto em estúdio, aprendi o mínimo e ficou claro que o professor não estava preparado para a tarefa.
Não vou citar nomes, pois a intenção é narrar uma experiência, uma impressão minha, de acordo com meus propósitos e não prejudicar o trabalho de ninguém. Até porque, tenho certeza que outras pessoas, com objetivos distintos dos meus, sentiram-se satisfeitas. Tudo é questão de ponto de vista. Eu mesma indico o curso, pois como primeira experiência para àqueles que desejam ingressar no mercado de trabalho e não conhecem nada do assunto é um ótimo começo.

Pois bem, desse curso em diante, eu decidi priorizar interesses específicos. Fotografia de palco é um deles. Mas, até então, conhecia só uma escola em S. Paulo que ministrava um curso semelhante, mas que nunca abria vaga.
Foi então que um amigo, que eu conheci nesse primeira escola (só um aparte, a maior vantagem desses cursos não é só o aprendizado, mas o contato com novas pessoas, eu sou dependente do contato humano para viver). Então, sabendo dessa preferência, ele me enviou um release do curso, acho que viu na revista Fotografe Melhor ou em outra revista.

De posse do nome do curso, da escola e do professor fui pesquisar no google. Foi só então que tomei conhecimento do excelente trabalho do Emidio Luisi, da relação dele com teatro, dança e shows, soube até que ele leciona no curso de pós-graduação em Fotografia, da Universidade Estadual de Londrina, curso que eu já paquerei, que é realizado numa universidade que eu adoro, que passei seis anos da minha vida das 7 horas da manhã às 23 horas da noite porque estudava, trabalhava, fazia ginástica, curso de língua, tudo na mesma instituição. Como se vê, tem também um componente afetivo nessa escolha, mas não só, claro, porque eu sou bem exigente.

Bem, vamos ao curso que é o que interessa. (Eu tenho uma tendência natural a abrir vários compartimentos no meu raciocínio que confundem o interlocutor)

O curso "Fotografia de palco" tem 15 horas. Começou no sábado (dia 12) e terminou no domingo (dia 13). A inscrição no curso pressupõe que você já possui noções básicas de fotografia, então o curso concentrou-se na especificidade do trabalho. O sábado foi bem intenso, até agora não sei como conseguimos fazer tantas coisas num único dia. De manhã o professor deu noções gerais da fotografia de palco, apresentou seu trabalho, as adversidades desse trabalho em especial, falou dos equipamentos mais indicados, nós nos apresentamos e mostramos algumas fotos. Depois do almoço, fomos direto para um teatro onde fizemos muitas coisas, desde conhecer o espaço e os iluminadores e fotografar as bailarinas no camarim até fotografá-las dançando, fazer exercícios de montagem de cenário, dentro daquele tema que já comentei, e também nós fizemos nosso próprio cenário e até improvisamos algumas coisas. Bem isso tudo foi realizado num espaço de ensaio do teatro, ainda não era o teatro propriamente. Depois disso tudo, ainda fotografamos um espetáculo infantil que estava sendo realizado no Teatro Santa Cruz. (Falei bastante, mas acho que não falei tudo o que nós fizemos)

Acabou essa fase, nós fomos para o laboratório. Selecionamos 36 fotos para serem impressas e ficamos de buscá-las no outro dia no horário do almoço, pois fazia parte da atividade de edição.

No domingo de manhã, nós falamos sobre as dificuldades da fotografia de palco e assistimos/discutimos o filme "Tango", cuja iluminação foi feita por Vittorio Storaro. Aquele da entrevista que postei aqui antes. Esse filme em particular, e também outros, permite discutir muitas peculiaridades da fotografia de palco, além da fotografia no cinema.

Depois dessa atividade fomos almoçar e pegar as fotos para fazer a edição. A edição consiste em várias etapas. Primeiro, formar grupos de dois alunos e das 36 fotos, reduzi-las a metade (13 fotos) com o auxílio do colega e, em seguida, reduzi-la novamente a metade (entre 7 e 8 fotos). Segundo, mudar de dupla e selecionar grupos de 3 fotos que apresentavam alguma unidade entre si, que transmitia algo sobre aquela cena ou do espetáculo infantil. Terceiro, passar todas as fotos que sobraram entre os alunos para ver se tinha passado alguma interessante. Cada aluno selecionava três. Depois numa atividade individual/coletiva, o professor pegava a série de 3 e as fotos selecionadas a posteriori e, num mural, realiza a tarefa em conjunto de formar novas séries, novas possibilidades. Detalhe, todas as fotos foram nomeadas no verso. Por último, ele misturou todas as séries selecionadas, dividiu as fotos e os alunos em dois grupos que, por sua vez, incumbiram-se de montar painéis.

Em resumo, essa atividade, se parece complicada de ler, e eu sei que parece, permite buscar algo mais do espetáculo que não só fotos bonitas, bem acabadas. Mais ou menos como captar a "essência" do exercício, do espetáculo. (Bem, não sei se "essência" é a palavra mais indicada, mas foi a que me veio agora). Na medida em que o aluno vai fazendo essa seleção, ele vai também construindo na prática noções de composição, de poética fotográfica, de narrativa. Por isso que eu disse em outro momento que eu experimentei na prática o contato com esses temas que eu venho lendo, aqui no fórum e em outros espaços, há algum tempo.

Depois de um final de semana intenso, eu fui embora porque já tinha "abandonado" o Rodrigo por muito tempo e o pessoal foi comer pizza. Aliás, o Emidio Luisi tem uma característica que não interfere diretamente no trabalho, mas que eu aprecio muito nas pessoas. A de ser agregador. Aquelas pessoas que conseguem estabelecer uma unidade entre indivíduos distintos, com trajetórias múltiplas, mas que tem algo em comum, ou seja, a paixão pela fotografia.

Bem, acho que falei demais. Pensei em fazer um resumo do curso, acabei contando uma longa história. Como disse acima, eu tenho essa tendência mesmo, de abrir compartimentos que confundem as pessoas.
« Última modificação: 17 de Julho de 2008, 22:26:07 por Kika Salem »


Chello

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Srta Kika,

Primeiramente essa tendência à subdividir o raciocínio é algo que temos em comum, portanto em nada me incomoda pois quando converso com pessoas assim consigo facilmente ter uma visão muito mais precisa da mensagem que está sendo transmitida e o melhor, saber além daquilo que a mensagem propriamente trata mas que faz parte dela de uma forma ou de outra (E agora, quem confunde quem hein?? kkk)

Vamos ao curso:

Bem, lendo seu relato na hora surgiu em mim a vontade de vivenciar essa experiência e ganhar esses conhecimentos. Tive a impressão de que não foi apenas um curso, mas uma interação e imersão enormes na parte criativa e filosófica do processo fotográfico. Um exercício grande de sensibilidade e leitura do próprio olhar.

E a busca pela "essência", para mim é a frase que melhor descreve esse exercício pois como eu citei no comentário que fiz nas suas "3 fotos", pude sentir na 3a toda musicalidade daquele espetáculo, pude sentir o barulho daquele véu.

A técnica é parte integrante e indispensável da fotografia, porém muitas vezes na busca pela perfeição técnica numa foto acabamos por perder a essência daquele momento e, por frações de segundo a leitura já se mostra totalmente diferente daquilo que realmente nossos olhos captaram e nos fizeram sentir.

Achei o máximo seu relato e espero poder apreciar muitas fotos suas com todo esse conhecimento agregado.

Parabéns!

Abs
« Última modificação: 17 de Julho de 2008, 22:37:14 por Chello »
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Kika Salem

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[...] consigo facilmente ter uma visão muito mais precisa da mensagem que está sendo transmitida e o melhor, saber além daquilo que a mensagem propriamente trata mas que faz parte dela de uma forma ou de outra (E agora, quem confunde quem hein?? kkk)
É isso mesmo Chello, dois prolixos se entendem. kkkk Se bem que não te vejo assim.
Quando eu faço isso, recheio o texto com informações a princípio desnecessárias nem sempre é por acaso, têm dois motivos que eu considero importante e que me faz agir dessa maneira. O primeiro é transmitir a idéia de processo, ou seja, de construção do sujeito em contato com a fotografia. Sinto falta quando vejo fotos lindas, trabalhos muito interessantes, mas que não trazem nenhum indício da trajetória da pessoa. Quem vê não sabe há quanto tempo ela fotografa, quais as dificuldades que encontrou durante o processo, como chegou aquela imagem ou grupo de imagens, enfim, dados que são relevantes para quem vê/lê porque deixa de observar uma imagem/texto passivamente e passa a interagir com ela/ele, a aprender com essa observação. Como eu citei num tópico anterior, eu acredito mesmo que "o espetáculo da busca, com seus sucessos e reveses, raramente entedia. É o tudo pronto que espalha o gelo e o tédio".
Por isso, eu evito postar tópicos que não tenham nenhum propósito (implícito ou explícito). Esse propósito pode ser individual (p. ex. aprender a calibrar o WB, pedir dicas sobre a realização de uma imagem), mas de alguma forma esse interesse individual tem que ser superado, ultrapassar seus limites e atingir o grupo, contribuir com o coletivo. Esse objetivo pode variar, pode não ser tão relevante, mas sempre tem uma intenção a priori. O segundo é que quando você se mostra como pessoa real, fala de pequenos detalhes da sua vida, dos seus interesses, o espaço tende a se tornar mais humano, logo, mais interessante do ponto de vista das relações humanas. E com isso você também encontra pessoas com interesses afins, com identificações (de objetivos, personalidade etc.)

Achei o máximo seu relato e espero poder apreciar muitas fotos suas com todo esse conhecimento agregado.
Não pressiona que eu travo. kkkk Estou brincando, sei que não foi essa a sua intenção.
Mas tenho consciência que essa busca não é um processo rápido, instantâneo, tem coisas que precisam de tempo (e prática, claro) para maturarem, tornarem-se consistentes.

Abraço Chello.
« Última modificação: 18 de Julho de 2008, 11:15:46 por Kika Salem »


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Como eu citei num tópico anterior, eu acredito mesmo que "o espetáculo da busca, com seus sucessos e reveses, raramente entedia. É o tudo pronto que espalha o gelo e o tédio".
É isso que muitas vezes sinto falta.. tantas imagens lindas mas sem "história"! Por isso, que admiro o processo criativo como um todo e não apenas o seu resultado.
Muitas vezes um "calvário" tem que ser percorrido para alcançar como resultado uma linda e impactante imagem, mas é justamente esse processo todo, essa "história" por trás da foto que a torna magnífica.

Não pressiona que eu travo. kkkk Estou brincando, sei que não foi essa a sua intenção.
Mas tenho consciência que essa busca não é um processo rápido, instantâneo, tem coisas que precisam de tempo (e prática, claro) para maturarem, tornarem-se consistentes.

Evidentemente que é preciso um tempo de prática para absorver e entender perfeitamente o conhecimento recebido e sei que já está nesse percurso.
E, espero ancioso para admirar os resultados!! Sem pressão ok? kkkkkkkkkkkkk

Abs
Chello
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Ricardo Lou

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Fiz este curso (Fotografia de Palco)com o Emídio Luisi, simplesmente é magnífico, é como a Kika descreveu emuto mais, vale cada centavo investido. Além de conhecer uma pessoa extremamente agradabilíssima que é o Emídio.

Ontem (16/3/2010)iniciei o Curso "O fotógrafo em Busca do Seu Olhar" creio que não será diferente do anterior.

Que a arte (me) aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Oswaldo Montenegro (adaptação nossa)