Obrigado, meem, e Pantoja
Pantoja, discordar é normal, e não me incomoda nada alguém pensar de forma diferente da minha.
Tratamentos com resultados para WEB ou video são válidos, é claro, e como eu já disse e o meem reparou eu ter dito, são uma atividade artística também. Não nego isso, absolutamente. Aliás, é bastante pensável que se torne uma forma de arte com maior prestígio ainda devido ao fato dos meios eletrônicos estarem a crescer proporcionalmente. A foto-para-web é válida, e pode ser extraordinária, é claro.
Contudo existirá uma fronteira, cinzenta, imprecisa por certo, onde a fotografia se transforma em outra coisa. Ninguék pode dizer com certeza onde está essa fronteira, mas na maior parte dos casos dá para perceber se está de um lado ou de outro, restando à zona cinzenta mais uma discussão teórica que problemas reais de distinção.
Fotografia para mim é algo que se liga à tradição da fotografia. Essa não é uma idéia minha, mas do Hegel lida há quase 30 anos atrás e que me mostrou que nas coisas humanas algo está dentro de um campo porque de alguma maneira se liga com o passado daquele campo (mudando mas mantendo o cerne de significação). Assim, fotografia para mim é papel mais que exibição na WEB, e na WEB fotografia para mim é o que pode ser feito em papel com igual qualidade perceptiva e aspecto. A tradição fotográfica é a das imagens em papel, toda a estética fotográfica foi construída sobre isso, toda a história da fotografia é essa. Deste modo as imagens na WEB serão fotografia quando puderem ser papel, no meu julgamento.
Mas, não sendo fotografias, o que seriam? Pois bem, trabalhos gráficos feitos a partir de fotografias são ILUSTRAÇÕES. As imagens daquele polonês são ilustrações, as imagens compostas são ilustrações, as imagens com inserção de elementos são ilustrações, etc. Falta nelas a atitude fotográfica de depor sobre o referente, como explica o Bhartes na sua Câmera Clara. Veja que isso não nasce com o PhotoShop. Ao longo do tempo muitos trabalhos foram feitos com base em fotografias e são ilustrações. Não há nada de novo aí, a não ser a quantidade, a velocidade e a flexibilidade da ferramenta.
Mesmo que você consiga imprimir em 8mp, se perder o elo com o referente, se o referente for para você apenas uma argila em que molda sua concepção plástica, aí não será fotografia mais, e sim um trabalho de ilustração ou artes plásticas. Para ser fotografia é preciso que esteja claramente ligado à tradição fotográfica.
Se é possível impirmir com os efeitos sem incomodar a vista com tratamentos evidentes? Bem, quanto mais for discreto, mais possível. Fiz uma vez uma foto em que retirei um interruptor de uma parede de tijolinhas, substituindo o lugar pelo "tijolo" que é indistinguível. É fotografia porque o motivo era um retrato, continuava a haver o referente e seu contexto. Contudo alguns tratamentos de levantar e abaixar luzes, de contraste, sharp, burn, etc, esses deixam marcas, menos quando se escurece, mais quando se clareia. Se a foto já é intentada para permitir escurecimentos seletivos, se já é fotometrada para isso ou se por acaso é propícia, então tudo correrá no melhor dos mundos e há um grau em que contunuará a ser fotografia. Um exemplo de algo que já transita para a ilustração é o trabalho daquele polonês de quem agora não lembro o nome (Andrejv?), muito legal, mas já distante do significado "fotografia".
Meu critério no fundo é muito simples: Tem dúvida se algo é fotografia ou ilustração? Então não é fotografia. A fotografia não deixa dúvidas.
Um grande abraço,
Ivan