Ao elaborar o tópico, você deve ter em mente um caso específico, mas como eu não sei do que se trata vou falar de modo geral.
Na minha opinião, a crítica pode ser apreendida de diversas formas e sob diferentes ângulos.
De modo geral, as pessoas não sabem lidar bem com a crítica, sobretudo se ela for feita de modo incisivo, nem tampouco sabem fazê-la de modo satisfatório, com fundamentos sólidos. Já disse em outro momento que opinar é diferente de analisar, pois no último caso a gente emprega determinadas ferramentas, conjunga certos fundamentos e a eles agrega também valores. Por isso que eu sempre insisto que fundamentar as idéias não é somente exprimi-las e também insisto na leitura como extensão da prática fotográfica. De uns tempos pra cá, eu só falo nisso e me sinto falando meio sozinha. Mas, tudo bem, não há problema em falar sozinha, como diz a música "Deus permite a todo mundo uma loucura". (Hoje é a segunda vez que cito Chico Buarque, sei lá o que dá...)
De qualquer forma, uma crítica bem fundamentada e feita com elegância é bem recebida por todos enquanto que uma observação superficial e feita com arrogância é sempre repelida pelo grupo.
Nos fóruns de fotografia, os comentários sobre as fotos costumam concentrar-se no aspecto técnico. Para mim, o trinômio fotógrafo-foto-observador expande para além das questões técnicas. De modo geral, eu consigo avaliar uma foto desfocada, torta, sub ou superexposta, mas muitas vezes não entendo porque a pessoa fotografa uma coisa e não outra, opta por esse tratamento e não aquele, escolhe um ângulo e não outro.
Na momento de discorrer sobre a foto de alguém (faço isso poucas vezes e por algumas escolhas pessoais), eu nunca olho o exif e procuro falar sobre o que eu vejo, sobre as sensações que ela(s) desperta(m) e só comento a foto quando vejo que o assunto pode render e que vou aprender algo com a interação. Aprender e interagir são meus principais objetivos no fórum, não fosse isso não estaria aqui, por isso procuro não perdê-los de vista.
Quanto às opiniões sobre as poucas fotos que já postei no fórum (também faço isso poucas vezes e por alguns motivos pessoais), eu parto do princípio que minha fotografia é medíocre, mas que pode melhorar se eu não desistir dela, possibilidade que não eu vislumbro até o momento. Nesse sentido, ouço todas as opiniões e procuro sempre não me afetar por preposições morais, o que é um erro grave, fácil de cair/cometer, no mundo virtual. Ouvir todas as opiniões e agradecer a generosidade dos comentários não significa que eu concorde com todos eles nem tampouco que eu considere todos importantes, isto dentro daquilo que elegi como importante para o meu processo de aprendizado, afinal, nessa vida, tudo é relativo, o que é importante para mim pode não ser para os outros e vice-versa.
Também é interessante pensar a crítica como um ato de generosidade, uma tentativa de diálogo. Postar uma foto e não receber um comentário sequer (nem bom, nem mal; nem superficial, nem fundamentado), ser brindado com o desprezo coletivo, deve ser muito triste.
Às vezes fico pensando porque é tão difícil lidar com a opinião divergente e, porventura, aprender com ela? Não dizendo que sou perfeita e que não me afeto com uma crítica destrutiva, devastadora. Afeto-me até quando ela é feita com os outros. Mas sempre tento relativizar as coisas, tanto a minha apreensão da crítica como a própria elaboração da crítica.
Por outro lado, quem faz uma crítica nem sempre dispõe de elementos para fazê-la, às vezes só quer emitir uma opinião, marcar presença. E isso deve ser considerado. O problema é quando a gente não tem muita consciência de quem é e do que sabe, das próprias limitações e também das habilidades. O processo de autoconhecimento é um negócio muito complicado e devastador em alguns casos. Eu gosto muito daquela parte do texto do Descartes, no "Discurso do Método" (Coleção Os Pensadores), em que ele diz que “não há nada tão eqüitativamente distribuído no mundo como o bom senso [uns traduzem como inteligência]: todos estão convencidos de que têm o suficiente”. Não me excluo disso obviamente.
De modo geral acho que é isso que tenho a dizer nesse momento.