Olá a todos! Este é meu segundo post aqui. Trouxe ele de outro fórum que costumava frequentar. Espero que gostem!
Agradeço em alguns trechos ao Octavio (Fly Angler) pela ajuda na identificação de algumas aves. Octavio é gente boníssima!
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Em julho viajei para o Pantanal em MS e demorei para escrever e terminar de tratar algumas das fotos. Críticas que me ajudem a melhorar são sempre bem-vindas.
Para os fotógrafos interessados, o Pantanal é um destino obrigatório, nem que seja só para turismo. Nessa minha aventura, levei o mínimo de equipamento, XT, 17-85 IS com filtro UV, 70-300 e carregador de baterias. Até o tripé deixei em casa para evitar peso. Todas as fotos em 300mm foram na mão ou apoiado na bike, em cercas ou árvores. Isso dificultou bastante. Não levei polarizador, e disso me arrependo. Detalhe, meu sensor voltou sujo pra caramba! Lá na estrada é um poeirão danado. A cada troca de lente sentia um aperto no coração...
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Depois de 2 anos sem férias, minha namorada e eu conseguimos tirar 10 dias para percorrer de bike a Estrada Parque do Pantanal, em Corumbá/MS. Seriam 120km em 6 dias de pedal tranqüilo, parando em fazendas/pousadas da estrada para fazer outros passeios, como trilhas, barcos e cavalgadas. O planejamento tomou algum tempo e mesmo assim ainda não sabíamos com exatidão o que iríamos encontrar por lá.
Saímos de Campinas/SP numa sexta-feira, às 18h00, e chegamos ao início da Estrada Parque no sábado às 15h00, com direito a paradas para dormir, comer e esticar as pernas. Logo próximo à Estrada Parque já percebemos que a região é diferente. Fomos surpreendidos por uma comitiva em plena BR262.
Na primeira etapa, cumprimos os 8km de Buraco das Piranhas até Passo do Lontra, às margens do Rio Miranda, em pouco mais de 45 min., com direito a muitas paradas para fotos e apreciar os primeiros pássaros e jacarés do caminho.
No dia seguinte, domingo, acordamos cedo, tomamos um bom café da manhã e ficamos um pouco no Passo do Lontra para flagrar os passarinhos no banho diário à beira rio. Um simpático cachorro, carinhosamente por nós apelidado de Dumbo, nos fez companhia por algum tempo.
Lá, os cardeais proliferam aos montes. São tão abundantes como os pardais em São Paulo ou Campinas. Alguns permitem que as pessoas se aproximem muito mesmo. Este aqui estava a menos de 1,5m de mim, o que até me forçou a dar um passo atrás para conseguir algum foco (que infelizmente não ficou nos olhos como eu gostaria).
Os carcarás também são muito numerosos por lá e mais tarde perceberíamos que essa abundância de cardeais e carcarás acontece no Passo do Lontra por esse ser o local mais povoado de toda a estrada. Reduto de pescadores amadores e, portanto, fonte de alimento fácil para essas duas espécies.
Saímos do local do primeiro acampamento às 10h00 rumo à Base de Estudos do Pantanal da UFMS. Conhecemos o local e às 11h00 rumamos à próxima parada: Faz. Santa Clara, a cerca de 16km dali, distância que imaginávamos percorrer em menos de 2 horas. Mas...
(foto de autoria da Débora – achei que ficou show! Apesar do sujeito feio nela... :-p )
... até então, a única informação confiável que tivemos era de que a estrada estaria alagada a partir da Curva do Leque à 36km do Passo do Lontra e todos dizendo que não conseguiríamos passar de bike. Decidimos então, seguir até lá e fazer o percurso de volta ao Buraco das Piranhas. Para nós a aventura seria tão boa quanto aquela originalmente planejada e por isso não haveria frustrações. O detalhe era que todos os nossos informantes eram motoristas e não malucos de bike. Nenhum dos motoristas atentou em dizer que de Passo do Lontra em diante a estrada se transformava num areal o que tornou nossa pedalada num passeio de bike carregada pela praia ou pelas dunas de um deserto.
Os 16km em “2 horas” se transformaram num martírio em pleno sol de meio-dia que durou quase 4 horas. Foram os 16 km mais longos que já fiz numa estrada tão plana. A Débora sofreu horrores, não porque não estava preparada, mas porque sua bike, carregada com nossa barraca, isolantes e um pouco de comida, atolava o tempo todo e ela não tinha força suficiente para desatolar a bike só no pedal. Por isso tinha que descer e empurrar a bike até um trecho de areia mais dura. Eu mesmo tive de fazer o mesmo diversas vezes. Claro que apesar do sofrimento, o caminho ainda se mostrava belo e com ótimas oportunidades para se fotografar. Tuiuiús, gaviões pernilongos, urubus (urubu-de-cabeça-vermelha - tks ao Octavio), gaviões caboclo e até mesmo um enorme gavião-preto (valeu Octavio).
(cropada)
Finalmente, depois dessa exaustiva pedalada, chegamos à Faz. Santa Clara. A fazenda na verdade ainda estava a 2km da estrada e seu acesso era a mais fofa areia de praia que eu já tinha visto. Neste trecho a Débora surtou e disse que daquele jeito não dava mais. Realmente, eu tive que dar o braço a torcer. Daquele jeito, empurrávamos as bikes mais do que pedalávamos. Não fazia sentido. Felizmente, na fazenda pudemos alterar nossos planos de passar apenas uma noite e fazer 2 passeios e combinanamos um pacote que incluía pensão completa, acampamento ao lado do Rio Abobral e todos o 6 passeios oferecidos aos turistas: cavalgada, trilha a pé, safári de caminhão, pescaria com barco, passeio pelo rio com barco e focagem noturna de animais. Foi um ótimo negócio e com direito a “carona” no caminhão da fazenda de volta para Buraco das Piranhas onde havíamos deixado o carro.
A comida era show de bola. Eu imaginei que depois de 6 dias pedalando e comendo apenas uma boa refeição por dia, perderia uns quilos, mas certamente isso não aconteceu... Quanto aos passeios, todos eles foram muito bacanas. Há a possibilidade de avistar muito da fauna e flora do Pantanal. Tucanos, jacarés, araras azuis, caturritas (valeu Octavio!), ipês roxos – lá chamados de piúvas, e muitas outras árvores floridas.
(essa arara era cativa, infelizmente não podia mais voar)
Os jacarés e as cobras são um capítulo à parte. Dá pra se cansar de tantos jacarés. Nosso guia, o Sandro “Mutum”, nos levou ao um corixo que havia sido canalizado através de uma manilha por debaixo da estrada. Na saída d’água jacarés faziam fila para o almoço e não se importavam minimamente para a presença de pessoas. Nosso guia chegou até mesmo a tocar a cauda de um deles sem que os bichos se importassem. Aliás, evitem fazer esse tipo de coisa, sem dúvida há algum risco, além de haver a possibilidade de estressar os animais.
Um detalhe interessante, a cobra verde acima era minúscula, mas a cobra que só consegui fotografar fugindo para o rio, passou por trás de nossa barraca no dia de nossa despedida. Para se ter idéia do tamanho, quando a cabeça dela surgiu por um lado da barraca, a cauda ainda era bem visível lá do outro lado!!! Calculo uns 2,5m de cobra... Acho que era uma jararacuçu-do-brejo...
Num dos dias, fizemos um tour de barco pelo Rio Abobral, mas como ameaçava chuva, deixei a máquina na fazenda. Arrependimento total, pois apenas garoou um pouco e avistamos diversos casais de ariranhas, bugios, quatis, cutias e pássaros aos montes. Um deles de um alaranjado muito intenso com asas, face e cauda pretas, o João Pinto (parente meu?!).
Depois dos 4 dias na Faz. Santa Clara, seguimos para Corumbá. Cidade muito acolhedora, com um povo muito simpático e com grande potencial turístico. Mas essa é uma outra história, que depois apresento aqui.
Um abraço a todos!