Autor Tópico: Editar ou não a foto?  (Lida 11224 vezes)

lsd

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Resposta #30 Online: 22 de Dezembro de 2008, 21:48:46
Eu edito, quando tenho tempo e acho que preciso. Eu nao tenho encanação com essas coisas não. Edição faz parte do processo.

Tem gente que desenha sem usar borracha pra apagar os erros, outros apagam mesmo.

Quando a gente começa a impor regras, pode correr o risco de tornar-se uma coisa como era a arte academica - cheia de regras, parametros e etc.


Randal.Junior

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Resposta #31 Online: 23 de Dezembro de 2008, 16:38:03
Sim edito.....

1o. vejo todas as fotos e separo em 5 niveis:
 - Lixo total: Não presta p/ nada, pode até ser uma foto boa, mas se não conta uma história, ou não consegui capturar o que eu queria é Lixo.
 - Lixo reciclável: Não gostei da foto, mas pode ser necessário usa-la por algum motivo, ex. nenhuma outra serviu.
 - Mal tirada: Vou precisar de um trabalhinho de PS p/ deixar ela divulgável.
 - Boa: Precisa de uma correção de cores e contraste, mas está boa.
 - Ótima: Vou passar pelas cores, mas só como desencargo de consciência.

Tento manter meu nível em ótimas >30%, boas >70%, Mal Tirada <30%, Lixo Reciclável <15% e Lixo Total <5%.

Daí, corrijo ótimas, depois as boas, depois as mal tiradas, e só se necessário eu olho denovo as Recicáveis e o Lixo total apago de cara p/ não ter uma recaída de olhar denovo....   :hysterical: :hysterical:
Randal Junior
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SARAIVANIL

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Resposta #32 Online: 24 de Dezembro de 2008, 00:09:47
A arte e resultado de vários sentimentos de momento na sua criação, a foto é arte, então editar faz parte do processo da era digtal, ou nenhum fotografo concertou alguma foto em filme, na hora da revelação?. ACHO EU QUE EXISTE EDIÇÃO QUE MUDA TOTALMENTE A COMPOSIÇÃO DA FOTO E EXISTE AQUELAS QUE APENAS RETOCAM  ALGO QUE POR VENTURA ESCAPOU NO MOMENTO, E DEIXA A FOTO UM POUCO MELHOR, MAIS MANTENDO A SUA EXCENCIA, SUA BELEZA SUA QUALIDADE, AFINAL FOTO RUIM É FOTO RUIM, FOTO BOA É FOTO DE CORAÇÃO E ALMA DE FOTOGRAFO.


Pictus

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Resposta #33 Online: 26 de Dezembro de 2008, 03:38:36
O cara da foto tem 100 anos...
Uma foto registro sem recurso e o único objeto de interesse na foto é o cidadão,
via PS ganhou um refletor e uma lente “Zeiss”  :assobi:


Beleza de tratamento Pictus, parabéns

Obrigado :ok:

BTW, a foto não é minha...


niltonsouza12

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Resposta #34 Online: 30 de Dezembro de 2008, 16:23:40
Mario a discussão é ótima mesmo. Eu edito as minhas fotos porque senão levo bronca da pessoa fotografada, ou seja, vou fazer um book de 15 anos e a modelo ficam com alguma imperfeição de pele, estria, etc... ela me mata. mas acho que tudo tem limite, ja vi um album aqui que a pessoa da foto foi tao mudada que eu nao a reconheci....ai ja nao compensa....é enganar a propria pessoa fotografada. Grande abraço
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wfernandophoto

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Resposta #35 Online: 06 de Janeiro de 2009, 15:26:34
Olha minha opinião como fotógrafo profissional, ou seja, vivo disso. Cara vc tem que resolver a foto na câmera, fotografar para depois reenquadrar com crop por exemplo é inviável, o enquadramento deve ser feito na hora do clique! Imagina, as vezes temos um catálogo de 5000 imagens e uma semana pra entregar as fotos prontas, imagina se eu tivesse que cropar 5000 fotos?! Mesma coisa esse lance de nitidez, cara se for pensar em uso profissional, vc tem usar lentes profissionais que resolvem 90% dos casos de nitidez os outros 10% da nitidez é devido a película do sensor, por exemplo, aqui no estúdio temos 5D, 30D e Xti, cada uma tem sua função, mas qdo trata-se de nitidez a 5D dá de 10 em qq máquina que temos e olha que usamos somente lente profissional. Digo isso como profissional. No nosso caso, qdo precisamos de muitas peripécias no PS, simplesmente terceirizamos.
Agora o entusiasta, que pode ter tempo para fazer coisas mirabulantes no PS, acho válido sim.

Sem querer causar polêmica, mas acho que a foto em si perde valor qdo é demasiadamente mexida no PS, deixa de ser foto e passa a ser arte digital.

Um abraço,
 
Fernando Siqueira
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Marcelo Favero

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Resposta #36 Online: 06 de Janeiro de 2009, 16:39:19
Olha minha opinião como fotógrafo profissional, ou seja, vivo disso. Cara vc tem que resolver a foto na câmera, fotografar para depois reenquadrar com crop por exemplo é inviável, o enquadramento deve ser feito na hora do clique! Imagina, as vezes temos um catálogo de 5000 imagens e uma semana pra entregar as fotos prontas, imagina se eu tivesse que cropar 5000 fotos?!  

Olha Fernando, eu concordo 100% com tudo o que você disse. Sobre otimizar o trabalho, utilizar equipamento adequado e tudo mais. Mas acho que limitou a profissão de fotógrafo ao seu segmento. Tem muito job que não exige 5.000 fotos! As vezes o job é uma única foto, que deve ser espetacularmente produzida e editada. Você sabe disso! E tem muito trabalho que precisa e merece uma edição sim. Ora, não estamos inventando a roda, o Photoshop nada mais é do que um laboratório de revelação bem dotado!
Trabalhos autorais, documentais, fine art, eventos, publicitários e até alguns jornalísticos recebem edição sim! Contrastes, vinhetas, saturações, conversões a P&B (não estou falando de alterar o conteúdo da composição). O segmento de catálogos também. Ok, concordo contigo que quando a demanda é grande demais e o prazo curto, deve-se resolver da forma mais inteligente e eficaz. Mas quantos fundos não são removidos, quantas massinhas suporte, fios de nylon não são eliminados em alguns casos. Trabalho com propaganda há 14 anos e isso é muito comum e usual. E já está inclusive na planilha de custo. Faz parte do workflow.

Abração!
Marcelo dos Santos

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wfernandophoto

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Resposta #37 Online: 06 de Janeiro de 2009, 18:43:32
Marcelo,

Concordo com vc, mas coom vc disse há jobs e jobs. Tem job que vc resolve em uma foto e tem tempo para então fazer as correções com o tempo que quiser, mas vc concorda comigo que esse é apenas um tipo de foto? Na foto pubicitária que vc trabalha, sem PS num seria nada concorda? Por que para a maioria das fotos de campanha, a foto é apenas uma parte do elemento visual.

Um abraço,
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Fly Angler

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Resposta #38 Online: 06 de Janeiro de 2009, 19:06:02
A edição da foto faz parte do processo de fotografia digital tanto quanto o próprio ato de fotografar. Acho fundamental, é uma continuação do trabalho. Mas é muito importante salientar que quando falo em edição, não falo em arrumar as besteiras ou erros, mas sim em otimizar aquilo que na hora seria impossível.

Na época do filme você tinha menos controle pois cada modelo de filme tinha as suas características embutidas de saturação, contraste, etc. Você ficava mais ou menos "preso" naqueles parâmetros. Claro que no darkroom dava pra fazer alguma coisa a mais, Ansel Adams que o diga, mas era limitado se comparado ao Photoshop....

Hoje na fotografia digital as câmeras possuem um "Photoshop interno" que fazem isso, e dá pra vc escolher se quer mais ou menos saturação, contraste, nitidez, etc. Você tem então duas opções, ou deixar a câmera fazer isso, e aplicar os mesmos parâmetros pra todas as fotos da série e de forma igual, ou você "zerar" esses parâmetros e fazer tudo você mesmo, num Photoshop da vida. Eu prefiro a segunda opção, pois tenho controle sobre cada fotografia, pra editar exatamente da forma que eu quero, aonde eu quero.

Como o Marcelo falou, existem casos e casos. É óbvio que se no seu trabalho vc faz 5.000 fotos, vc não vai querer editar uma a uma, seria impossível e ridículo. Mas no meu caso por exemplo eu não só posso como devo editar uma a uma, e com muito cuidado, tentando extrair o máximo que aquele foto pode me dar!

Qual o erro disso? Se eu não estou modificando a cena em si, a verdade da cena, não vejo mal algum.

abs



Norberto

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Resposta #39 Online: 07 de Janeiro de 2009, 12:28:32
É uma questão pessoal que, muitas vezes, pode sofrer alguma variação. Mesmo que não se queira editar ou não goste, sei lá, sempre tem aquelas fotos que precisam de um retoque aqui e ali. Eu sempre editei minhas fotografias, mas ultimamente deixe de fazê-lo porque estou sem Photoshop. Com certeza, quando eu instalar novamente, voltarei a editar as fotografias.

Agora se, falando em edição for algo de outro mundo, cheio de efeitos e brushes etc, como já foi dito, vira arte digital. A imagem pode ganhar na mesma proporção que pode perder o "tchans". Acho que é menos interessante ver uma fotografia linda que foi completamente editada do que ver aquela natural (mesmo com pouca edição) que ficou tão bonita quanto a primeira.

Creio que seja apenas uma questão de esforço para capturar uma bela fotografia e não fazer dela uma figura.  ;)


Leo Terra

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Resposta #40 Online: 07 de Janeiro de 2009, 12:49:25
Para mim edição é e sempre foi parte do processo fotográfico, Bresson fazia crops em suas imagens durante a revelação. Adams fazia um enorme trabalho corretivo durante seus processos de revelação, para obter o contraste e os tons desejados. O que o digital fez foi apenas tornar tais processos acessíveis a todos e melhorar radicalmente a qualidade dos mesmos. Sempre existiram montagens, smepre existiram retoques na fotografia, sempre existiram crops (que por sinal eram bem fáceis de fazer com filme), sempre existiram ajustes de tons e contrastes, a única diferença é que isso era reservado para quem tinha ou era um laboratorista genial. Muitos dos grandes fotógrafos do passado eram de fato grandes laboratoristas.
O que temos hoje é uma popularização destes recursos, você não precisa mais ter uma mão com um toque máguico para retoques. Não precisa ter um toque máquico para montar múltiplas camadas em uma montagem, não precisa sequer ter conhecimentos sofisticados de química para obter os contrastes que deseja. Você pode simplesmente dominar um bom software de edição que ele lhe abrirá todas estas portas. Isso não o torna menos fotógrafo ou sua imagem menos fotografia. Na verdade isso o tornará muito mais fotógrafo, porque estará te dando domínio sobre todo o processo. A fotografia não termina e nem começa com o clique, na verdade ela começa bem antes do clique e termina bem depois do mesmo, é um processo longo, onde você planeja os resultados que pretende obter e segue o caminho para atingir este resultado. Negar a edição é como negar a direção, é simplesmente reduzir a fotografia ao momento do clique, o que todo bom fotógrafo sabe que não passa nem perto de ser verdade. Não precisamos nem ir muito longe para perceber isso, todos os grandes gênios da fotografia tinha processos fotográficos que iam muito além do clique e hoje isso continua sendo uma realidade.

Por fim queria deixar uma questão. Muitos tentam diferenciar arte digital de fotografia de forma equivocada. Arte digital é TODA ARTE FEITA EM FORMATO DIGITAL. Assim a fotografia não é insumo para arte digital e sim uma categoria de arte digital, seja ela feita crua ou feita com os requintes de pós-processamento que cabem a um bom fotógrafo. Dentro da Arte digital temos diversas formas de arte, como a modelagem 3D, o desenho digital e assim por diante. Porém é importante deixar claro que uma montagem É SIM FOTOGRAFIA. Muitos acreditam que o simples fato de juntar duas fotografias faz com que a fotografia deixe de ser fotografia, mas isso não é verdade, juntar duas fotografias não tira a essência do processo, que é a captura da luz na forma de uma grafia. Via de regra se você tiver 2/3 de uma imagem gerada a partir de um processo ela é considerada como uma imagem oriunda deste processo, assim meso que você inclua um elemento de modelagem 3D em uma imagem fotográfica, se este for responsável por menos de 1/3 da imagem teremos ainda uma imagem fotográfica. A mistura de origens pode sim gerar uma imagem híbrida, mas nos casos que estamos discutindo as imagens continuam sim sendo fotografia e diferente do que muitos pregam a capacidade de trabalhar a imagem além do clique o torna um fotógrafo muito melhor e muito mais completo.

Agora temos ai uma questão importante que foi levantada, que é o carater ético da fotoreportagem. NEste caso temos um carater ético similar ao que vive um jornalista, ao relatar um conjunto de fatos. Você não pode distorcer a realidade de forma significativa (porque algumas distorções sempre haverão). A maioria dos jornalistas não consegue um nível razoável de distanciamento, neste caso muito da carga recai sobre o fotojornalista. No caso eu não tenho uma lista de pode ou não pode para o caso em questão. Mesmo porque questões éticas são bastante complicadas. Via de regra acredito que deve-se evitar montagens neste tipo de fotografia, assim como toda e qualquer edição que possa passar idéias conflitantes com a realidade que se pretende passar. É importante lembrar que neste caso não temos uma questão artística, de representar uma idéia pessoal, e sim uma questão documental, que temos que cuidar para que seja o mais representativa possível daquilo que queremos mostrar. Asism penso que se fotografar um deserto quente e ajustar os tons para dar uma impressão mais quente você estará na verdade contribuíndo para o resultado do que pretende mostrar, mas um simples ajuste de tons pode ser usado de forma equivocada. Imagine fotografar as regiões secas da patagônia e jogar um tom quente, dando a entender que se trata de um deserto quente e não um deserto gelado? Neste caso teríamos uma distorção do documento sendo provocada por um simples ajuste de tom. Assim para o fotojornalismo, que não tem por objetivo ser arte e sim fotografia documental, acredito que o ideal  seja uma avaliação caso a caso, levando em consideração as questões éticas da sociedade em questão.
« Última modificação: 07 de Janeiro de 2009, 12:58:05 por Leo Terra »
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Marcelo Favero

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Resposta #41 Online: 07 de Janeiro de 2009, 14:34:20

Bresson fazia crops em suas imagens durante a revelação.

Leo,
Concordo 99,9% contigo, a não ser por esta questão acima. Não quero te contradizer e posso estar enganado, ou não ter conhecimento disto, mas que eu saiba o Cartier Bresson não cropava não! Não que eu saiba... Inclusive sempre ampliava com as bordas do negativo!

Agora temos ai uma questão importante que foi levantada, que é o carater ético da fotoreportagem. NEste caso temos um carater ético similar ao que vive um jornalista, ao relatar um conjunto de fatos. Você não pode distorcer a realidade de forma significativa (porque algumas distorções sempre haverão). A maioria dos jornalistas não consegue um nível razoável de distanciamento, neste caso muito da carga recai sobre o fotojornalista. No caso eu não tenho uma lista de pode ou não pode para o caso em questão. Mesmo porque questões éticas são bastante complicadas. Via de regra acredito que deve-se evitar montagens neste tipo de fotografia, assim como toda e qualquer edição que possa passar idéias conflitantes com a realidade que se pretende passar. É importante lembrar que neste caso não temos uma questão artística, de representar uma idéia pessoal, e sim uma questão documental, que temos que cuidar para que seja o mais representativa possível daquilo que queremos mostrar. Asism penso que se fotografar um deserto quente e ajustar os tons para dar uma impressão mais quente você estará na verdade contribuíndo para o resultado do que pretende mostrar, mas um simples ajuste de tons pode ser usado de forma equivocada. Imagine fotografar as regiões secas da patagônia e jogar um tom quente, dando a entender que se trata de um deserto quente e não um deserto gelado? Neste caso teríamos uma distorção do documento sendo provocada por um simples ajuste de tom. Assim para o fotojornalismo, que não tem por objetivo ser arte e sim fotografia documental, acredito que o ideal  seja uma avaliação caso a caso, levando em consideração as questões éticas da sociedade em questão.

Veja lá, vamos tentar ilustrar o quanto isto é importante, pois é uma questão tênue e delicada:
Grande polêmica foi levantada quando uma grande agência de notícias apagou um membro amputado que aparecia em uma foto do atentando terrorista aos trens na Espanha. Não pode fazer isso, é o que eu acho. Jornalismo, esse diário e noticioso é realidade crua. Ai sim, caberia ao fotógrafo reenquadrar a cena ou não. Se é para mostrar o que aconteceu, deve ser mostrado na íntegra. Senão perde credibilidade. Mas tentar reforçar algumas sensações para tentar transmitir o que se perde ao passar uma imagem para o fotograma, sim, acho válido. É o caso citado de "aquecer" a imagem do deserto. É um recurso para transferir a sensação de calor, que só quem estava lá sentiu.

Mas o problema é dosar isso tudo. Saber o que "conta melhor a realidade" e o que a distorce. É o velho, bom e relativo bom senso!! Mas aí que se mede bons profissionais de jornalismo, bons repórteres fotográficos, bom fotógrafos documentais e bons editores e chefes de redação.

Marcelo,

Concordo com vc, mas coom vc disse há jobs e jobs. Tem job que vc resolve em uma foto e tem tempo para então fazer as correções com o tempo que quiser, mas vc concorda comigo que esse é apenas um tipo de foto? Na foto pubicitária que vc trabalha, sem PS num seria nada concorda? Por que para a maioria das fotos de campanha, a foto é apenas uma parte do elemento visual.


Sim, jobs e jobs

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Leo Terra

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Resposta #42 Online: 07 de Janeiro de 2009, 14:53:14
Marcelo existem fotos do cartier que sofriam crop sim. Não todas, apenas algumas. O cartier era um tanto quanto descuidado, principalmente na exposição, o foco dele era em pegar momentos precisos e não em um refino fotográfico, muito do trabalho fotográfico dele sofria correções no processo de revelação. O que não tira em nada os méritos dele, muito pelo contrário, ele tinha um foco no momento e não na técnica. Quem tinha um processo muito técnico era o Adams, ele sim tinha um enorme refino, muitas vezes ele já sabia exatamente como ele faria o processo posterior para obter o resultado, por isso que as fotos dele são tão claras e perfeitas, mas em compensação ele não era bom de momentos, como o cartier. ;)


Você disse uma coisa interessante, o próprio ato de reenquadrar uma imagem já é tomar uma posição com relação à forma de ver o que aconteceu. Por isso que digo que sempre haverá algum toque de tendencia e por isso que acredito que seja uma questão tão complicada. Quem sabe você quer mostrar, mas sem chocar ou expor as pessoas envolvidas. Ai justifica enquadrar de uma maneira diferente ou até mesmo colocar uma névoa sobre a parte que não se justifica expor. Mas ai voltaríamos a discutir o que é ética. A falta de ética é não mostrar exatamente o que aconteceu (que de fato nunca será mostrado, porque sempre haverá a influência da visão do fotógrafo e do leitor) ou é preservar certos envolvidos da exposição desnecessária (uma vez que a idéia central poderia ser passada sem tal exposição)? É muito tênue essa fronteira. ;)
Vou dar um exemplo. Quando a Venessa Hugens teve suas fotos nua vazadas na Internet os veículos todos expuseram as fotos, mas cobriram as partes íntimas da mesma com tarjas. Tal procedimento foi ético ou não? Particularmente acredito que tenha sido um procedimento ético, tanto para preserva-la (já que na época ela era menor de idade) como para expor o fato, pois a foto conseguia passar a idéia e mesmo com as tarjas suprimindo as partes íntimas dela. Você vai encontrar pessoas que achavam que a foto nem deveria ter sido mostrada e outros que acham que a foto deveria ter sido mostrada na íntegra rs... Mas é uma questão muito delicada.
Se quiser saber mais sobre o tema ele foi discutido aqui: http://www.mundofotografico.com.br/forum/index.php?topic=18334.0

Concordo contigo que dosar isso é muito difícil, porque sempre haverá um Q de posições pessoais, mas acho que é uma discussão válida e acima de tudo acho importante que as pessoas pensem nisso antes de tomar decisões do tipo, cientes de qualquer que seja a decisão tomada ela não estará sendo nunca uma representação imparcial da realidade e acima de tudo nunca estará sendo 100% ética, uma vez que a própria ética é muito difícil de ser definida, principalmente quando se tem grupos com visões morais diferentes. :)
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mancz

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Resposta #43 Online: 09 de Janeiro de 2009, 15:41:49
Antes: Fotografar, revelar e ampliar.

Hoje: Fotografar, editar com software e imprimir( ou não ).

Não vejo nenhuma diferença. A fotografia é um processo.O que vale é o resultado final.


Francisco

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Resposta #44 Online: 09 de Janeiro de 2009, 18:24:55
Vale tudo.

Já é superada essa discussão sobre "o que é fotografia" ou "o que é pintura" ou "o que é música". Se quiser ampliar e ainda desenhar umas flores em cima, escrever uma frase, também tá valendo. Prova de que isso vive no terreno da fotografia são aqueles quadros de nossos antepassados, com retoques coloridos e dedicatórias. A idéia é a mesma, só que hoje ao invés de usar pincel e nanquim, hoje temos Photoshop e similares.

Ainda existem esses resquícios de antagonismo entre pintura e fotografia, mas isso já é uma idéia muito batida. Existe a "atitude fotógrafo" e "atitude pintor". Um pintor fará essencialmente pinturas, independente de colar uma fotografia no meio da sua tela. O forte dele é pintar, mas nada impede que interaja com outras linguagens. Com o fotógrafo a situação é análoga, nada impede que pinte sobre a foto.

Inclusive vemos essa atitude "fotógrafo-pintor" disfarçada no que costumamos chamar de "lightpainting". É como se a uma fotografia só lhe coubesse o aspecto documental: "por aqui passou um feixe de luz; embora não pareça, isto é real". Será que é real? Será que faz diferença pintar com luz ou pintar com tinta no que concerne ao realismo da cena?
« Última modificação: 09 de Janeiro de 2009, 18:27:46 por Francisco »
Francisco Amorim
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