Autor Tópico: Comprar o último lançamento!  (Lida 5856 vezes)

rogerio_prazeres

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Resposta #15 Online: 14 de Janeiro de 2009, 12:21:45
Pq a Sigma por exemplo nao cria um linha de cameras com "encaixes" intercambiaveis para Nikon/Canon/Pentax??
Especialmente nas lentes mais caras!!!
Peace

Teria que trocar também o software de interface mas não seria nada demais.

É uma boa idéia  :ok:. Lentes cujas partes trazeiras fossem trocáveis com relativa facilidade adaptando-as Aos diferentes fabricantes.

Eu nunca tinha pensado nisso... será que é uma idéia inédita? rsrs
Agora dirigindo um fusquinha das DLSR... Canon D30  :wub:

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marconi

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Resposta #16 Online: 14 de Janeiro de 2009, 12:53:45
Marconi,
A D30 era um equipamento de 3 megapixels, ou seja, incompatível com o mercado profissional de 35 mm ainda. É evidente que carecia de uma evolução significativa, muito diferentemente de uma 30D, que para uma 40D não mostra diferença significativa no resultado final do trabalho. O preço exorbitante da D30 estava mais relacionado à tecnologia que era totalmente nova, afinal, ainda estava-se migrando de um sistema para outro.

Mas se sua pergunta é "o que estariamos ganhando se não estivessemos lançando equipamentos "novos" com tamanha velocidade?", te digo: estariamos gastando mais tempo e dinheiro com aprendizado, com projetos pessoais, com aperfeiçoamente, com família, viagens, qualidade de vida... Cito o exemplo das câmeras e da exigência do mercado profissional, que é mais marketing do que necessidade mesmo. Mas isso acontece no nosso dia-a-dia e com muitas pessoas: Por que muitos trocam de celular todo ano? Por que há uma tecnologia nova por dia? Por que a indústria lança tudo a conta-gotas? Será que quando lança o modelo X, já não está com o modelo Xplus pronto para decepcionar quem comprou o X? Por que as pessoas estão sempre insatisfeitas quando suas coisas perdem o cheirinho de coisa nova? Por que a indústria automobilística já está lançando a linha 2010?????? (sim, existe um Palio 2010 http://carroonline.terra.com.br/index.asp?codc=2396 !!!!!!). Para que estejamos sempre querendo comprar, comprar, comprar... Se puder, Marconi, veja aquele filminho daquele link que postei.  :ok:


Minha conexão é péssima, não me permite ver filmes. :(

Se há um problema nisso tudo que você fala, ela está nas pessoas, de forma subjetiva, e não na industria.

Por que as pessoas sentem necessidade de comprar tanto?

Mas há uma opção, que é não sentir essa necessidade.

As pessoas que compram acham ruim comprar, ou compram porque querem? As pessoas são bobas sempre manipuladas pelos grandes empresários, ou elas têm vontades e mesmo caprichos que devem ser respeitados?

Outro ponto a discutir é o da inclusão. A cada geração de câmeras digitais, a base de compradores aumenta. Então a 50D está à venda, não só para quem já tem a 30D ou a 40D, mas para quem tem apenas uma compacta, para quem tem apenas uma de filme e quer uma digital, para o jovem que está comprando sua primeira câmera, etc. De repente, essa 50D por 1200 dólares dá o estímulo que  a 30D por 1500 dólares não dava.

:)
« Última modificação: 14 de Janeiro de 2009, 12:55:49 por marconi »


rogerio_prazeres

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Resposta #17 Online: 14 de Janeiro de 2009, 13:36:47
Uso a mesma câmera digital faz três anos, e planejo passar outros 3 com ela. Entretanto, gosto de ver os novos lançamentos entrando no mercado, os preços caindo, etc. Quando eu for trocar a minha, será por algo bem melhor.

Sou amador; sei que na área profissional é bem diferente.

Lembro que em 1999 ou 2000 a Canon D30 era vendida por 2800 dólares nos EUA. De lá pra cá, já houve os lançamentos da D60, 10D, 20D, 30D, 40D e 50D, que hoje é vendida por menos de 1200 dólares. Em quê o mundo seria melhor se ainda fosse a D30 que estivesse à venda?

Pois é Marconi.
Eu tenho a D30 citada e mesmo sendo uma câmera excelente pro meu tipo de uso, sei o quanto ela é limitada frente às outras mais modernas. O principal limite é o sistema de foco e a resolução (3Mp pra meu uso é mais que suficiente mas pro outros é pouco).
O sistema de foco à noite é ruim demais pra seu usado profissionalmente. Só fica viável usando a luz de foco do flash.

No entanto vale lembrar que na época já existia tecnologia pra fazer câmeras muito melhores em termos de sistemas de foco por exemplo. A Canon não colocou um bom sistema de foco nas D30 e D60 porque não quis. As Elan já tinham um puta sistema de foco com Eye Control, etc.

Mas o mundo poderia ser melhor sim.

Basta pensar um pouco pra notar que a tecnologia nunca trouxe conforto real para a maioria das pessoas.

Antes 100 homens trabalhavam o dia inteiro para o conforto de apenas 1.
Hoje uma máquina pode fazer o trabalho dos 100... e o que acontece? Era se se esperar que todos vivessem confortavelmente não??

Mas isso não acontece. Aquele 1 aumenta suas necessidades de conforto e convence os demais que eles tem que comprar uma TV de plasma pra ver a novela. No final das contas os 100 continuam trabalhando o dia inteiro, pegando ônibus, engarrafamento, enquanto o 1 leva uma vida confortável.

Sempre lembro que os Beatles fizeram obras de arte fantásticas usando um gravador de rolo de 4 canais.
Hoje qualquer artista mequetrefe não grava com menos de 64 canais e ainda quer ir mixar nos EUA.  :doh:
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GutoVilaça

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Resposta #18 Online: 14 de Janeiro de 2009, 15:47:28
Tecnologia trás conforto e uma aparente facilidade mas a essência, principalmente na esfera artística, não está associada diretamente a equipamentos. Aliás, as coisas são meros instrumentos. Devem ser adequados mas não devem sobrepor o talento (ou esforço, com queiram chamar).

O que um artista precisa?

Para fotografar? Uma máquina fotográfica.
Para desenhar? Um lápis e uma folha de papel.
Para pintar? Algumas tintas e uma tela.
Para compor ou reproduzir uma música? Um instrumento musical e/ou as próprias cordas vocais.

E por aí vai...

Para criar ou para reproduzir não é preciso muita coisa. É preciso sim, um pouco de criatividade, estudo e dedicação para desenvolver. Os apetrechos que existem não agregam muito. São sedutores, alguns são até facilitadores mas a grande maioria não acrescenta nada substancial até porque já são projetados para serem superados a curtíssimo prazo.

Sei que hoje os tempos são outros e a tecnologia está incorporada nas nossas vidas a ponto de dependermos dela para quase tudo porém, essa dependência parece que vai contra a fertilidade da nossa criação. O que se tem feito na fotografia de tão extraordinário hoje em dia que já não foi feito há 20, 30 ou 40 anos atrás com bem menos tecnologia?  O que se tem feito na música? O que se tem feito em outras áreas da arte?

Investe-se muito em coisas e poucos procuram investir em conhecimento.

Voltando aos equipamentos, hoje em dia quase não há diferença qualitativa entre marcas e modelos de câmeras e ainda ficamos insistindo em darmos uma atenção exagerada para isso. A indústria só faz o papel dela. As fábricas vão continuar lançando câmeras novas com mais botões todos os anos e vão continuar vendendo muito para nós, consumidores que somos. Entretanto, em nossas fotos, muito pouco será acrescentado ou quase nada em relação a isso. Prefiro ser lembrado por uma bela foto que fiz do que pela bela câmera que usei.

Lançamento é uma coisa boa. A diferença que antigamente, as coisas eram lançadas trazendo melhorias muito significativas. Os produtos levavam anos para serem aperfeiçoados e desenvolvidos antes de cair no mercado. Produtos eram feitos para durar e trazer satisfação.  Havia tempo de sobra para as pessoas usarem e abusarem dos produtos que tinham antes de pensarem em eventuais trocas. Hoje não acontece mais isso. Basta ligar a TV. Há todo momento, tem alguém te lembrando que o produto que você tem em casa é velho, feio e obsoleto e que o bacana está nas lojas esperando pro você. Trabalhe, junte bastante dinheiro que você vai ter um até lançarem outro “melhor”...alguns meses depois.
« Última modificação: 14 de Janeiro de 2009, 15:56:41 por GutoVilaça »
VAMOS ESTUDAR MAIS FOTOGRAFIA ANTES DE CRITICAR UMA FOTO ALHEIA. VAMOS CRITICAR SE O AUTOR PEDIR. SE VAMOS CRITICAR E COMENTAR, VAMOS FAZER COM SABEDORIA, COM EMBASAMENTO E DE MODO QUE SEJA ALGO CONSTRUTIVO. NÃO APELE SE O AUTOR DAS FOTOS REBATER ÀS CRÍTICAS AFINAL ISSO É DIREITO DELE. VAMOS DÁ BONS EXEMPLOS COM NOSSAS FOTOS POIS SÓ FICAR CRITICANDO FOTOS DOS OUTROS NÃO FAZ DA GENTE UM BOM FOTÓGRAFO.  VAMOS FOTOGRAFAR MAIS E CORNETAR MENOS!!!


Marcelo Favero

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Resposta #19 Online: 14 de Janeiro de 2009, 17:27:46

Minha conexão é péssima, não me permite ver filmes. :(

Se há um problema nisso tudo que você fala, ela está nas pessoas, de forma subjetiva, e não na industria.

Por que as pessoas sentem necessidade de comprar tanto?

Mas há uma opção, que é não sentir essa necessidade.

As pessoas que compram acham ruim comprar, ou compram porque querem? As pessoas são bobas sempre manipuladas pelos grandes empresários, ou elas têm vontades e mesmo caprichos que devem ser respeitados?


Olha, não levo jeito pra Fidel Castro não, tão pouco quero ir contra a sociedade de consumo...  :D

Mas a verdade é que "sim", tudo não passa de uma estratégia pensada pelas corporações há muitos anos, que não precisa ser encarada como uma manipulação diabólica, mas como uma conduta econômica de resultados (pena que não pode ver o filminho, que é mais didático do que eu). Isso faz parte de uma postura adotada nos Estados Unidos do pós-guerra, onde a ordem era incentivar o consumo a qualquer custo para poder reerguer a economia americana. Começou de forma tímida nos programas de TV, nas vendas por catálogo, no merchandising no cinema, nos desenhos animados, na propagação de um estilo de vida fútil onde o "ter" era mais valorizado que o "ser". Aos poucos se difundiu o conceito de produtos que se tornassem obsoletos cada vez mais rápido, ou pela utilidade, ou pela aparência, ou pela resistência. Isso se espalhou pela nossa cultura ocidental e ganhou uma enorme combustão com a globalização, que derrubou as fronteiras das corporações e lhes permitiu acesso à outros mercados e à mão-de-obra barata. Soma-se a isso a velocidade da informação pela internet, e hoje temos uma sociedade doente pelo consumo acelerado e uma indústria ciente de que pode tocar o desejo do consumidor com qualquer "apito" e "espelhinho" novos que divulgue com um viral na web. A idéia é: "Você ainda não tem? Você não presta!". Sou publicitário, isso não é uma teoria minha e nem novidade, são as regras do mercado!. A estratégia é criar nas pessoas necessidades que elas não têm de fato.

Abraço
Marcelo dos Santos

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marconi

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Resposta #20 Online: 14 de Janeiro de 2009, 17:49:43
"são as regras do mercado"

Exatamente.

Deveria ser diferente? Poderia ser diferente? Como seria possível tornar diferente?

(...)

Entendo que o Mercado deve, de fato, ter cuidados e regulamentações de ordem pública. Mas não no sentido de frear os lançamentos porque isso de algum modo faz mal aos consumidores.

(...)

Do ponto de vista pessoal, como disse lá no começo, não me faz mal algum novos produtos sendo lançados rapidamente. Só tive duas dslr em 6 anos. Só tive meu primeiro celular em 2007 e estou com ele até hoje.



Marcelo Favero

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Resposta #21 Online: 14 de Janeiro de 2009, 18:16:00
Deveria ser diferente? Poderia ser diferente? Como seria possível tornar diferente?

(...)

Entendo que o Mercado deve, de fato, ter cuidados e regulamentações de ordem pública. Mas não no sentido de frear os lançamentos porque isso de algum modo faz mal aos consumidores.

(...)

Do ponto de vista pessoal, como disse lá no começo, não me faz mal algum novos produtos sendo lançados rapidamente. Só tive duas dslr em 6 anos. Só tive meu primeiro celular em 2007 e estou com ele até hoje.



Ok, ok, então voltamos ao começo. A questão é que o profissional acaba se sentindo "erroneamente" forçado pelo mercado (uma questão de imagem!) a estar sempre na vanguarda tecnológica, e a gastar muito com isso. O amador gasta por que quer, paixão, emoção, ocasião... Mas impulsiona essa roda!

Afora as consequências para o nosso mercado fotográfico, o consumo excessivo não é saudável, nem para as pessoas, nem para as sociedades (se dá importância demais ao "ter" - isso gera uma porção de consequências negativas) e nem para o meio ambiente. Mas de modo algum se pode regulamentar o consumo, frear o impulso. É uma questão de consciência apenas! Viver mais com o que temos e deixar de lado um pouco esta corrida atrás de algo que não nos preenche e que nunca teremos de fato.

Valeu a discussão! Temo estar ficando OFF demais! Será? Vamos ser expulsos do forum??  :shock:

Abraço!
« Última modificação: 14 de Janeiro de 2009, 18:17:19 por Marcelo Favero »
Marcelo dos Santos

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Ivan de Almeida

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Resposta #22 Online: 14 de Janeiro de 2009, 18:21:49
Creio que se está analisando um fenômeno transitório como se fosse permanente.

Em cinco anos, as câmeras passaram de 2/3mpx para 12mpx (as compactas). As DSLRs passaram de 4/6 para 12/15. Esse período obrigou à troca devido ao fato de haver vantagens palpáveis na troca. Mas os benefícios da troca são cada vez menos perceptíveis, e haverá naturalmente uma acomodação. É claro que os fabricantes precisarão inventar motivos para trocar, e assim vão mudar o tamanho dos sensores, etc, mas isso dentro de um quadro de lucros decrescentes. Mas mesmo assim o processo é finito.


Francisco

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Resposta #23 Online: 14 de Janeiro de 2009, 18:44:46
Consumir ajuda a reduzir a ansiedade do homem (mulheres inclusas) contemporâneo. Cada vez eu fico mais convencido de que muitos "upgrades" que fazemos possuem mais um papel anestésico do que propriamente melhorar a nossa fotografia. O mesmo acontece, como alguns já disseram, com o consumo de automóveis, viagens, roupas, etc.

Obviamente, tudo isso, se consumido com moderação, é positivo. No entanto, não é o que eu costumo observar entre fotógrafos (eu incluso, guardadas as devidas proporções). Até um tempo atrás, eu estava totalmente consumista procurando qual seria a bola da vez. Agora que comecei a dedicar parte desse esforço para entender a minha fotografia (ao invés de esperar que o equipamento entenda), sinto-me mais leve, sem toda essa vontade de efetuar upgrades.

Estou num estágio em que, para a minha fotografia, eu possuo mais do que o suficiente e que pode muito bem me atender pelos próximos cinco anos ou mais (embora eu ache difícil não fazer nenhuma grande compra nesse meio tempo).
« Última modificação: 14 de Janeiro de 2009, 18:46:46 por Francisco »
Francisco Amorim
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Heber_Dm

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Resposta #24 Online: 15 de Janeiro de 2009, 00:08:37
O vídeo é excelente justamente por ser trágico. Ele nos mostra exatamente o que está acontecendo nesse nosso mundo, cuja característica atual é o consumo. E o alerta principal não pode deixar de ser compreendido: os recursos naturais são finitos. O vício consumista não se manifesta apenas nos equipamentos fotográficos (bom seria), como o leva a crer o rumo que o tópico tomou, é até justificável que o foco acabe sendo sobre eles, afinal este é um fórum de fotografia. Só que a fotografia, representada por fabricantes que lançam novos equipamentos sem grandes vantagens, incitando trocas prematuras mais para satisfazer egos do que suprir necessidades, é uma gota neste oceano. O planeta está sendo minado impiedosamente para satisfazer todos os âmbitos. Praticamente todas as indústrias participam, em parte ou no todo, dessa depredação sem limites, já que são impulsionadas pelo dinheiro. É a face negra do capitalismo, antes oculta pelo ufanismo da modernidade e da prosperidade, mostrando agora o quão elevado está sendo seu custo. E, o pior de tudo, quem movimenta isso tudo somos nós, os consumidores.

Como já foi dito, ter é muito mais valorizado do que ser, e isso é incutido em nossas mentes todos os dias, milhares de vezes, e nem nos damos conta. É formação de (má) cultura, capaz até de modificar hábitos de sociedades voltadas há milênios para a elevação do espírito humano. Estão se esquecendo disso aos poucos, sob a pressão da ocidentalização dos costumes. Essa imposição de adequação às necessidades de consumo age tão sorrateiramente que chega-se a pensar que é absurda a idéia de que um automóvel possa durar 30 anos, que um celular continuará fazendo o que deve fazer (ser um meio de comunicação entre as pessoas) após 5 anos de uso, que uma TV é capaz de transmitir imagens mesmo tendo sido fabricada há 20 anos, ou que uma câmera de 6 mpx dá e sobra para fazer muito bem o que a imensa maioria faz, ou seja, colocar fotos na net ou ampliar 10x15.

No caso dos automóveis, então, os prognósticos são extremamente sinistros. As cidades já não comportam há muito tempo a quantidade de veículos em circulação e, aparentemente alheias ao caos que isso provoca, as indústrias batem recordes de produção ano após ano. Não interessa a eles a imensidão de problemas que isso causa, querem mais é continuar produzindo e vendendo, justamente para quem acha que um automóvel com 2 ou 3 anos de uso já é obsoleto. A verdade é que o mundo já possui a quantidade de automóveis de que é capaz de suportar. Para que não haja um colapso total, seria necessário reconstruir cidades inteiras, e ainda assim seriam capazes de absorver a produção de automóveis por apenas mais alguns poucos anos. E tudo isso poderia ser apenas catastrófico, caso não se fale em poluição.

Mas, automóveis são apenas um dos problemas, talvez o mais emblemático. O sistema atual é predatório por essência, e atinge todos os âmbitos. O futuro do mundo é sombrio, quem ignorar isso estará contribuindo mais para sua destruição do que quem pelo menos consegue enxergar os problemas que nós mesmos causamos. Ter ciência da gravidade desse assunto é essencial para que modifiquemos nossos hábitos, visando a preservação do planeta. Se começarmos hoje, estaremos provavelmente fazendo pouco. Mas amanhã poderemos fazer muito mais, nem que seja pela necessidade de deixar um mundo menos destruído para nossos filhos, netos, bisnetos... Isso é pura questão de sobrevivência, não apenas de nós mesmos, mas da nossa prole, nossa descendência, nossa genética. Se a humanidade não modificar seu rumo em um prazo relativamente curto, simplesmente desaparecerá. Isso não será nenhuma "novidade", a história do nosso planeta é suficientemente extensa para já ter assistido ao surgimento e desaparecimentos de várias espécies. A nota triste é que, diferentemente das outras, a espécie humana desaparecerá por culpa dela mesma.
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Heber DM - Lavras-MG
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"Jovem é todo aquele que tem compromisso com o futuro" - Tristão de Ataíde


Marcelo Favero

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Resposta #25 Online: 15 de Janeiro de 2009, 08:18:15
É a face negra do capitalismo, antes oculta pelo ufanismo da modernidade e da prosperidade, mostrando agora o quão elevado está sendo seu custo. E, o pior de tudo, quem movimenta isso tudo somos nós, os consumidores.


 :clap: É isso Heber! Belo texto. E este é apenas um pequeno trecho de quem disse tudo. Não quis eu ir tão profundamente na questão para deixá-la em nosso quintal fotográfico. Mas a questão é bem essa, bem global mesmo. E a solução começa por nós mesmos.

Creio que se está analisando um fenômeno transitório como se fosse permanente.

...o processo é finito.


Acho que não Ivan. Isso é uma tendência em aceleração exponencial do capitalismo. Está em todos os segmentos. A única coisa que pode frear é uma crise, talvez como a atual ou talvez tenha que ser pior ainda. Só uma grande recessão global, um colapso.

A velocidade de sua câmera é de apenas 200 kbps??????!!!!!

Quanta coisa há ainda por iventar em tecnologia? Para a fotografia mesmo! E vamos precisar urgentemente disso! Imagine! Câmeras WiFi !!!! Já começou. Com a possibilidade de acesso a internet com modens de telefonia móvel!!! Excelentes para reporteres fotográficos, redações de portais, agências de notícia, mas... Logo vira uma febre, e todo mundo vai "precisar" urgentemente delas!!! Colocar fotos instanteamente no Flickr!!! Orkut!!! Imaginou? Que útil!! E o pior: Os clientes vão passar a exigir isso. Fotografias transmitidas a eles instantaneamente! E vão cobrar que seu equipamento faça isso tão rapidamente quanto o último lançamento iCanon ou iNikon. Sensores de plasma sem ruido algum e ótima definição a ISO 6400, gravação de vídeo e transmissão via satélite, sistema anti-vibração que vai parecer um ´"tripé eletrônico" e fotografar até em bulb sem tremer... E por ai vai! Alguém tem mais alguma sugestão? Algum problema "insuportável" de nossos equipamentos atuais que vai ser resolvido? Vamos fazer um concurso da idéia mais criativa? :ok:

Abraços
Marcelo dos Santos

Associado Fototech


GutoVilaça

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Resposta #26 Online: 15 de Janeiro de 2009, 09:05:18
Concordo, Marcelo. Do jeito que a coisa anda, esse processo de consumismo descontrolado parece não ter fim. Só mesmo algum colapso (como vc disse) para mudar a nossa mentalidade. Realmente os culpados por isso somos todos nós e a mudança teria que partir da gente.

Quanto às novas tecnologias...rs...estou esperando uma câmera FF, 30 MP's, UltraZoom com abertura 1.2 em todo range, compacta (rs), GPS, com MP3 player, MP4 e por que não com alguns joguinhos do PS3 para eu me divertir enquanto estiver descarregando as fotos...rs.

Falando sério...A função do fotógrafo está quase ficando dispensável. A curto prazo teremos um pequeno computador que congela imagens "perfeitas", totalmente por processos eletrônicos. Câmera fotográfica, no real sentido da palavra irá desaparecer.
« Última modificação: 15 de Janeiro de 2009, 09:13:53 por GutoVilaça »
VAMOS ESTUDAR MAIS FOTOGRAFIA ANTES DE CRITICAR UMA FOTO ALHEIA. VAMOS CRITICAR SE O AUTOR PEDIR. SE VAMOS CRITICAR E COMENTAR, VAMOS FAZER COM SABEDORIA, COM EMBASAMENTO E DE MODO QUE SEJA ALGO CONSTRUTIVO. NÃO APELE SE O AUTOR DAS FOTOS REBATER ÀS CRÍTICAS AFINAL ISSO É DIREITO DELE. VAMOS DÁ BONS EXEMPLOS COM NOSSAS FOTOS POIS SÓ FICAR CRITICANDO FOTOS DOS OUTROS NÃO FAZ DA GENTE UM BOM FOTÓGRAFO.  VAMOS FOTOGRAFAR MAIS E CORNETAR MENOS!!!


Ivan de Almeida

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Resposta #27 Online: 15 de Janeiro de 2009, 10:05:18
Marcelo;

Um dos enganos que se pode cometer na época atual é acreditar que o processo de inovação com caracteríticas explosivas é para sempre.

A inovação só é possível a partir de dois pólos: esforço de guerra (inovação militar e estratégica -incluindo corrida espacial- que é sustentada pelo estado) e consumo. Ocorre que a inovação militar nunca foi capaz de produzir ciclos de prosperidade e de inovação acelerada por si só, visto ter uma única fonte de financiamento. Ela acontece, pode ser importante, mas é episódica, e sua dinâmica, por si só, não sutenta um capitalismo baseado em inovações.

O capitalismo baseado em inovações sustenta-se sobre o consumo, e quando isso acontece ele ajuda a perna militar em uma sinergia imensa. Temos então o máximo de desempenho no processo de geração de inovações.

Contudo, esse processo é caríssimo. A pesquisa tecnológica é caríssima, ela só é sustentada por uma dinâmica de mercado muito consistente. Pesquisadores são mão de obra cara, e as pesquisas são lentas, embutindo enormes custos financeiros.

Por outro lado, o processo de inovação acarreta a substituição e a obsolescência de equipamentos, acarretando enorme dano ambiental. Observando de forma isenta, o mundo não pode suportar tal processo de inovação por muito tempo sem exaurir-se.

Estamos, presentemente, em uma crise imensa que afetará severamente o consumo, baixando absurdamente as margens de lucratividade das empresas e reduzindo a capacidade da sociedade absorver bens de consumo duráveis somente por suas características inovadoras. Simplesmente vai faltar dinheiro. De certa maneira, essa crise acaba com o capitalismo, não acabando com a livre iniciativa, mas tornando a economia comandada pelos estados, como se vê acontecer em todo lugar do mundo. O capitalismo não desaparecerá, mas será "envelopado" pelo estado, assim como o sistema feudal foi envelopado pelo capitalismo. E nesse contexto, somado ao contexto ambiental no qual o estado tem o principal papel a cumprir conformando as injunções legais que devem ser seguidas pelos particulares, temos um grande mitigador da pesquisa voltada para o consumo, enfraquecendo muito a sinergia acima apontada.

Embora produtos segmentados possam ser criados, como os citados por você, a realidade é que as pessoas comuns querem apenas fotografar e há um ponto no qual os resultados tornam-se a coisa que realmente importa, e a pessoa percebe que já os vem obtendo há muito tempo. Quem sustenta a indústria não são os poucos fotógrafos que precisam de equipamentos específicos, mas a grande massa que precisa de DSLRs de entrada. Eu mesmo com uma mera 20D, não tenho "coceira" de trocar de câmera, visto a atual fazer o que preciso. Na realidade a 300D já fazia, a 20D apenas é mais cômoda.

Gente com menos dinheiro, indústria com margens menores de lucro, menos dinheiro para custear pesquisas, encarecimento das pesquisas pela perda de escala, cuidados ambientais que inibirão a criação de novos produtos... tudo aponta para uma sociedade menos caracterizada pela inovação. E a substituição de produtos que será priorizada terá características de minimização do seu impacto ambiental. A inovação será o ajuste dos produtos ao ambiente.

O homem atual acostumou-se a ver a inovação como mero desdobramento da ciência, mas esqueceu-se que a ciência é tão somente um fenômeno social. E como fenômeno social não tem seu impulso em si mesma, mas na sociedade.


Marcelo Favero

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Resposta #28 Online: 15 de Janeiro de 2009, 10:56:15
É isso Ivan,
Avaliando bem podemos ver que nem são pontos de vista antagônicos.
O meu cenário, assim como o seu é condicional. A crise pode ser esta presente, pode ser outra futura... O sistema se auto esgota e é nisso que eu queria chegar, apenas questionando "a que preço?".
Só discordamos no que você considera se esgotar pela exaustão das necessidades e eu considero se esgotar pelo colapso, uma vez que não seria a necessida real o combustível e sim uma doença social. E então o preço seria bem alto. Mas é só um ponto de vista leigo o meu, não sou sociólogo e de fato posso estar enganado.

Abraço!
Marcelo dos Santos

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Ivan de Almeida

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Resposta #29 Online: 15 de Janeiro de 2009, 11:08:13
É isso Ivan,
Avaliando bem podemos ver que nem são pontos de vista antagônicos.
O meu cenário, assim como o seu é condicional. A crise pode ser esta presente, pode ser outra futura... O sistema se auto esgota e é nisso que eu queria chegar, apenas questionando "a que preço?".
Só discordamos no que você considera se esgotar pela exaustão das necessidades e eu considero se esgotar pelo colapso, uma vez que não seria a necessida real o combustível e sim uma doença social. E então o preço seria bem alto. Mas é só um ponto de vista leigo o meu, não sou sociólogo e de fato posso estar enganado.

Abraço!

Também não sou sociólogo, sou só um interessado no mundo. Mas o colapso e a aus~encia de necessidade dão no mesmo. Você percebe que não precisa de algo quando "acorda" do transe publicitário, e uma das coisas que perceba ao acordar é que deve usar seu dinheiro com critério -risos. Isso não é um processo individual, é um processo coletivo vivido por cada um como se fosse individual.