O vídeo é excelente justamente por ser trágico. Ele nos mostra exatamente o que está acontecendo nesse nosso mundo, cuja característica atual é o consumo. E o alerta principal não pode deixar de ser compreendido: os recursos naturais são finitos. O vício consumista não se manifesta apenas nos equipamentos fotográficos (bom seria), como o leva a crer o rumo que o tópico tomou, é até justificável que o foco acabe sendo sobre eles, afinal este é um fórum de fotografia. Só que a fotografia, representada por fabricantes que lançam novos equipamentos sem grandes vantagens, incitando trocas prematuras mais para satisfazer egos do que suprir necessidades, é uma gota neste oceano. O planeta está sendo minado impiedosamente para satisfazer todos os âmbitos. Praticamente todas as indústrias participam, em parte ou no todo, dessa depredação sem limites, já que são impulsionadas pelo dinheiro. É a face negra do capitalismo, antes oculta pelo ufanismo da modernidade e da prosperidade, mostrando agora o quão elevado está sendo seu custo. E, o pior de tudo, quem movimenta isso tudo somos nós, os consumidores.
Como já foi dito, ter é muito mais valorizado do que ser, e isso é incutido em nossas mentes todos os dias, milhares de vezes, e nem nos damos conta. É formação de (má) cultura, capaz até de modificar hábitos de sociedades voltadas há milênios para a elevação do espírito humano. Estão se esquecendo disso aos poucos, sob a pressão da ocidentalização dos costumes. Essa imposição de adequação às necessidades de consumo age tão sorrateiramente que chega-se a pensar que é absurda a idéia de que um automóvel possa durar 30 anos, que um celular continuará fazendo o que deve fazer (ser um meio de comunicação entre as pessoas) após 5 anos de uso, que uma TV é capaz de transmitir imagens mesmo tendo sido fabricada há 20 anos, ou que uma câmera de 6 mpx dá e sobra para fazer muito bem o que a imensa maioria faz, ou seja, colocar fotos na net ou ampliar 10x15.
No caso dos automóveis, então, os prognósticos são extremamente sinistros. As cidades já não comportam há muito tempo a quantidade de veículos em circulação e, aparentemente alheias ao caos que isso provoca, as indústrias batem recordes de produção ano após ano. Não interessa a eles a imensidão de problemas que isso causa, querem mais é continuar produzindo e vendendo, justamente para quem acha que um automóvel com 2 ou 3 anos de uso já é obsoleto. A verdade é que o mundo já possui a quantidade de automóveis de que é capaz de suportar. Para que não haja um colapso total, seria necessário reconstruir cidades inteiras, e ainda assim seriam capazes de absorver a produção de automóveis por apenas mais alguns poucos anos. E tudo isso poderia ser apenas catastrófico, caso não se fale em poluição.
Mas, automóveis são apenas um dos problemas, talvez o mais emblemático. O sistema atual é predatório por essência, e atinge todos os âmbitos. O futuro do mundo é sombrio, quem ignorar isso estará contribuindo mais para sua destruição do que quem pelo menos consegue enxergar os problemas que nós mesmos causamos. Ter ciência da gravidade desse assunto é essencial para que modifiquemos nossos hábitos, visando a preservação do planeta. Se começarmos hoje, estaremos provavelmente fazendo pouco. Mas amanhã poderemos fazer muito mais, nem que seja pela necessidade de deixar um mundo menos destruído para nossos filhos, netos, bisnetos... Isso é pura questão de sobrevivência, não apenas de nós mesmos, mas da nossa prole, nossa descendência, nossa genética. Se a humanidade não modificar seu rumo em um prazo relativamente curto, simplesmente desaparecerá. Isso não será nenhuma "novidade", a história do nosso planeta é suficientemente extensa para já ter assistido ao surgimento e desaparecimentos de várias espécies. A nota triste é que, diferentemente das outras, a espécie humana desaparecerá por culpa dela mesma.