Autor Tópico: Editar ou não a foto?  (Lida 11194 vezes)

André Fazanaro

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Resposta #45 Online: 28 de Janeiro de 2009, 00:58:14
Acredito que tudo depende.
Para mim por exemplo jamais faria um fake com o rosto da Sandy com corpo de qualquer uma artista da playboy, penso que devemos extrair o máximo de nossos equipamentos, cada olhar, uma clicada e cada clicada um novo conhecimento.
Já sobre manipulações (diria artística) aqui no forum vi uma frase (se não me engano do Leo Terra, me corrijam se estiver errado) que dizia que: Uma modelo para ser fotografada passa por 6 horas entre maquiagem, cabelo... (ou algo assim) só aí se você analisar com mais critério, percebe-se que há uma pré produção, ou seja tecnicamente não é mais a mesma pessoa que acorda ao meio dia de um domingo, por outo lado existe a pós produção que focaliza exatamente suavizar, atenuar, impactar imagens aos olhares.
Outro conceito é sobre a arte digital, que é também um trabalho digno de respeito pois tem outro conceito.
fotojornalismo tem que se aproximar ao máximo com a realidade capturada, viões são repassadas em preto e branco... mas os elementos tem que continuar existindo.
Esta é minha opinião.
Tudo depende de seus pricípios.
« Última modificação: 28 de Janeiro de 2009, 01:00:32 por André Fazanaro »
Muitos sonham com o sucesso, eu acordo cedo e trabalho duro para conquistá-lo. (Abílio Diniz)


Jardim

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Resposta #46 Online: 28 de Janeiro de 2009, 11:19:28
Mas a edição, quando competentemente feita, não pode ser encarada como um trabalho artístico, tão importante quanto a foto? Algumas fotos não seriam as mesmas sem a edição!  :ponder:(talvez melhores ou piores, mas não as mesmas)

Desculpe se já foi colocado este ponto.
Já sei onde fica o ON/OFF da câmera... preciso achar o botão de shutter....


Francisco

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Resposta #47 Online: 28 de Janeiro de 2009, 13:27:51
Para mim é tudo fotografia. Tentar encontrar limites, algo do tipo "a partir daqui, já não é mais fotografia", é bobagem. Até porque alguns vão considerar fotografia apenas a captura sem intervenção alguma do usuário (vejam bem, o software de processamento da câmera/revelação/tipo de sensor-filme não seria considerado intervenção).

Outros admitem como fotografia tudo que não teve ajuste localizado (se bem que ao mexer nas curvas da foto já temos um ajuste localizado, já que é possível realçar pontos bem específicos de baixas ou altas luzes). Enfim, para todo argumento que tenta delimitar o escopo da fotografia, há outro que mostra que mostra que tais fronteiras já foram derrubadas.

É interessante como algumas idéias do século XIX, da fotografia como registro fiel à realidade (e hoje sabe-se que a fotografia não consegue atingir esse objetivo, mesmo no fotojornalismo), ainda persistem. A fotografia já deixa de ser realidade na medida em que faz um recorte espacial e temporal. É surrealista por natureza - e mentirosa, desculpem-me o vocabulário simplório.

Abaixo, uma famosa fotografia de David Hockney que contém uma série de pecados fotográficos, incluindo crops e colagens.

Pearlblossom Highway
« Última modificação: 28 de Janeiro de 2009, 13:55:06 por Francisco »
Francisco Amorim
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Renato B.

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Resposta #48 Online: 28 de Janeiro de 2009, 14:49:25
Concordo plenamente com você Francisco....
E penso também que o cinema, não deixa de ser cinema, simplesmente porque hoje se utilizam mais efeitos especiais(questões de roteiro  são discutíveis com certeza).

Abraços


Ivan de Almeida

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Resposta #49 Online: 28 de Janeiro de 2009, 17:03:36
Cada fotógrafo estipula aquilo que é para ele mais importante e, se quiser, declara para si mesmo um dogma.

Esse dogma dará conta daquilo que é permitido a ele fazer, aquilo que ele não quer fazer. Esse dogma é voluntário, então não é preisão, é só um apuramento de seus valores e sua explcitação.

Por exemplo, eu não cropo (cropo 1/1000 das fotos, ou menos ainda) e não removo nada de fotografia alguma (menos de 1/1000 e assim mesmo pequeníssimas coisas), e não monto nem altero cena alguma (menos de 1/500 e assim mesmo somente afastar algo que está na minha frente). E os tratamentos visam em geral produzir aparência "natural", ou "classicamente fotográfica" nas fotos (menos de 1/100 diversamente disso).

Esse é meu dogma. Ele refere-se à atitude que tenho diante da fotografia. Meu dogma é funcional dentro de minha proposta, e eu sou consciente dele. para ter aparência natural posso até mesmo usar tratamento bem pesados, mas eles devem ser desapercebidos na foto quando pronta.


sergiofotografias

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Resposta #50 Online: 28 de Janeiro de 2009, 20:12:10
     É... esse assunto vai longe!

     Tive meu primeiro contato com fotografia, trabalhando como laboratorista, primeiro P/B, depois Cor, isso a uns 15 anos.

     La, tinha que "photochopar" todas as fotos no ampliador, ou em processos químicos ou por outros meios mais.

     Como disse o Leo,  alguns níveis de manipulação, como o crop entre outros, eram até mais simples e corriqueiros de serem feito do que é hoje com o processo digital. Em todas as ampliações eu tinha que verificar e corrigir cor, densidade, brilho, corte (crop)... além de as vezes fazer viragens químicas, inserir margens, escurecer ou clarear áreas isoladas inserir testos ...enfim,  praticamente tudo que se faz hoje. Agora, só ficou mais democrático o acesso.

     Todo fotógrafo genial, tinha sempre atrás de si um laboratorista igualmente genial, quando não o era ele mesmo. (“atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher... Ou podemos dizer: Atrás de um grande fotógrafo tem sempre um grande laboratorista – Não me lembro qual foi o autor, mas esta frase era de um livro técnico sobre laboratório que havia no lab em que eu trabalhava). Atualmente, só foi substituído o laboratório pelo softwere.

     Há uma foto, que foi realizada em 1901 por Valério Vieira, um auto-retrato onde o  fotógrafo se retratou 30 vezes, em posições e atividades diferentes em uma mesma sala e montou tudo em uma única imagem.  Vejam:

OS TRINTA VALÉRIOS Valério Vieira - 1901

     Assim, dizer que estas questões a respeito de edições são "pós-digital", não procede.

     Nem as questões que dizem respeito ao fotojornalismo são novas. Quem não viu o filme “A Conquista da Honra”, de Clint Eastwood, que trata da foto forjada dos seis soldados erguendo a bandeira norte-americana em Iwo Jima, no Japão durante a segunda guerra mundial?

     Alguém disse que imagens editadas não são fotos, mas arte. E FOTO NÃO É ARTE??? As minhas são (ou pelo menos eu procuro sempre fazer delas, arte)

     Se quiserem separar as coisas, dizendo que são duas artes distintas, digo que podem até serem dois suportes artísticos distintos.  Mas se devem ou não ser combinados, isso depende da visão e critério exclusivo do artista, sem, contudo deixar de ser fotografia, sem, contudo deixar de ser arte.
Como eu disse antes, isso depende da visão e critério exclusivo do artista.

     Ninguém é mais ou menos artista se opta por uma ou outra vertente.

     Eu particularmente, uso algum nível de tratamento pós-produção nas minhas fotos, em quase sua totalidade, procurando não distorcer e preservar a "verdade fotográfica" do momento da captura.

     Creio que os critérios finais devem ser preservar esta verdade, o bom censo e em última análise, o bom gosto. Contudo, não vejo mal em retirar ou substituir um ou outro elemento a fim de melhorar a estética da foto.

     Recentemente, fiz uma bela imagem em um casamento, do casal abraçado dançando, com a noiva de costas para mim. Só que ele segurava um copo de cerveja, o que comprometeu um pouco o resultado final. Troquei o copo pelo buquê  da noiva e dei uma melhorada no foco, deixando as outras pessoas que dançavam ao redor desfocadas, além fazer um corte (crop) e esta foto acabou por ser a escolhida pelo dois para encerrar o álbum. Qualquer dia vou posta-la  no fórum.

     Abraço a todos.
POR FAVOR: NÃO RESPONDEREI MAIS MENSAGENS PRIVADAS QUE ME TRAGAM DÚVIDAS. PARA ISSO SERVEM AS SALAS DO FÓRUM.


sergiofotografias

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Resposta #51 Online: 29 de Janeiro de 2009, 00:02:48
     Para quem achou interessante "Os Trinta Valérios", aí vai um dado sobre o autor:

     Vieira nasceu em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, em 16 de novembro de 1862, filho de um fazendeiro de café. Em 1875, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde freqüentou a Academia Imperial de Belas-Artes, como aluno ouvinte. Entre 1890 e 1893 morou em Ouro Preto, trabalhando como fotógrafo e pintor. Abolicionista, deu o nome de José do Patrocínio ao seu primeiro filho. Em 1894, mudou-se para São Paulo, mantendo sua residência e seu ateliê na Rua 15 de Novembro.

     Foi Valério Vieira quem lançou a moda dos "retratos de formatura", cultivados principalmente pelos bacharéis da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Seu estúdio era freqüentado pelos principais políticos da época.

     Infelizmente o nosso genial fotógrafo não era muito cuidadoso e não chegou a arquivar, organizar ou mesmo catalogar suas obras, especialmente no que diz respeito às experimentações, ainda assim seu nome ficou e entrou para a história da fotografia brasileira.

                                 Fonte:    http://literatus.blogspot.com/2008/01/as-vrias-faces-de-valrio-vieira-imagina.html

« Última modificação: 29 de Janeiro de 2009, 00:06:40 por sergiofotografias »
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Renato LTE

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Resposta #52 Online: 29 de Janeiro de 2009, 01:07:40
Não vou entrar no mérito da fotografia em si, mas ninguém, em nenhuma profissão pode ficar avesso à evolução tecnológica, com o perigo de ficar realmente pra trás.

Alguns companheiros ficam no discurso saudosista de que esse ou aquele grande fotógrafo não fazia isso ou aquilo por que primavam o olhar e o sentimento.

Claro que não!! Não faziam porque não tiveram a oportunidade, não existia photoshop!!

Valeu! (espero que não me crussifiquem).

NIKON D50 + NIKKOR 18-55mm F3.5-5.6 + SIGMA 70-300mm F4-5.6 + NIKKOR 50mm F1.8 + NIKON SB-600 + LIGHTSPHERE II + ML-L3

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Renato B.

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Resposta #53 Online: 29 de Janeiro de 2009, 09:54:52
Citar
Esse é meu dogma. Ele refere-se à atitude que tenho diante da fotografia. Meu dogma é funcional dentro de minha proposta, e eu sou consciente dele. para ter aparência natural posso até mesmo usar tratamento bem pesados, mas eles devem ser desapercebidos na foto quando pronta.

Muito bom Ivan,
Essa é a verdadeira questão: "o que você procura na fotografia? " e não se é certo ou não editar as fotos. Todo fotógrafo deveria se perguntar primeiro, o que quer da fotografia e a partir daí ter as suas atitudes.
E quando acontece de entendermos que criamos dogmas e que não somos donos da verdade absoluta, abrimos espaço para entender os dogmas dos outros (não aceitá-los, mas entender)
« Última modificação: 29 de Janeiro de 2009, 09:55:37 por Renato B. »


Ivan de Almeida

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Resposta #54 Online: 29 de Janeiro de 2009, 09:58:48
Obrigado, Renato.

Eu uso essa palavra, Dogma, e tem gente que estranha, mas ela não é estranha visto ser uma escolha, e há um trocadilho com o movimento Dogma 95 que houve no cinema no qual meia dúzia de caras propuseram, digamos, limites para eles mesmos para criarem um cinema mais realista.


Ivan de Almeida

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Resposta #55 Online: 29 de Janeiro de 2009, 10:12:44
Não vou entrar no mérito da fotografia em si, mas ninguém, em nenhuma profissão pode ficar avesso à evolução tecnológica, com o perigo de ficar realmente pra trás.

Alguns companheiros ficam no discurso saudosista de que esse ou aquele grande fotógrafo não fazia isso ou aquilo por que primavam o olhar e o sentimento.

Claro que não!! Não faziam porque não tiveram a oportunidade, não existia photoshop!!

Valeu! (espero que não me crussifiquem).

Ninguém vai cruxificá-lo (com xis), mas você está entendendo a profissão como algo linear que só pode ser exercida de uma maneira. E em toda profissão há nichos e segmentos especializados, os quais, vale dizer, são MAIS BEM PAGOS que os segmentos do mainstream. Um fotógrafo pode perfeitamente desenvolver uma especialidade comercial com filme e ganhar dinheiro com isso, atendendo a um público que queria serviços diferenciados e que saiba reconhecer essa diferenciação. Há alguns anos li sobre uma fotógrafa de casamentos em SP que usava uma Nikon mecânica de película, se não me engano com filme PB, e era a queridinha do munso social na época. Por certo ganhava mais que a multidão de digitaleiros por aí.

O mundo é um pouco mais rico e complexo do que a mera aceitação da última novidade tecnológica. De modo geral, você tem razão, o mercado profissional será majoritariamente digital, mas sempre haverá variações.

E para quem é amador, essas aparentes injunções nem existem. O amador fotografa porque quer e como quer.


Marcelo Favero

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Resposta #56 Online: 29 de Janeiro de 2009, 10:20:37
Grandes cooperativas de pesca, pescam com grandes redes, em grandes barcos no alto mar. Aqueles que pescam por esporte usam belos barcos, varas importadas e molinetes de super performance. Ribeirinhos pescam com varas de bambu... Tem quem pesque a noite, tem quem use até dinamite, tem quem pesque com as mãos, tem quem não dispensa uma aguardente pra pescar... 

O modo de pescar importa mais a quem pesca do que a quem come o peixe, ou ao próprio peixe.

Abraços
Marcelo dos Santos

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Randal.Junior

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Resposta #57 Online: 29 de Janeiro de 2009, 10:46:42
Muito boa Marcelo...  :clap: :clap: :clap: :clap:
Randal Junior
Now shooting on D80 D90 D7000 D7200 + 10.5 fisheye + 35/1.8 + 16-85VR + 85 macro + 70-300VR + SB600

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Resposta #58 Online: 29 de Janeiro de 2009, 14:08:48
Acho sim que a edição de fotos, em alguns casos, pode ser anti-ética ou mentirosa. Em fotojornalismo e fotografia de natureza (que é o que mais faço) espera-se um retrato da realidade ou algo muito próximo disso. São duas categorias de fotografia aonde a documentação do momento é muito importante. Edições que adicionem ou subtraiam itens importantes na foto, que modifiquem a cena, não são bem vindas.

Quero deixar bem claro que isso não inclui edições do tipo: contraste, saturação, etc, desde que mantidas as características originais (ex. vc não vai transformar um saí-azul num saí-vermelho, heheh).

Falow...