Autor Tópico: [ARTIGO] Composição geométrica e significação na fotografia  (Lida 14348 vezes)

Ivan de Almeida

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Resposta #15 Online: 18 de Fevereiro de 2009, 08:16:55
Leo;

Desculpe-me, apresentei algo como discordância com você quando na verdade é uma visão sobre o assunto que tenho, que é uma visão cultivada ao longo de décadas, e onde há uma evidente distância do gestaltismo. É preciso entender que o gestaltismo não trata de questões como temperatura, etc, mas é principalmente uma teoria de percepção visual.

A questão da temperatura está, digamos, un nível abaixo no hardware, visto não ser questão de influência da interpretação cultural do organismo, mas de processos de autoregulação do mesmo. Assim, é coisa apenas marginalmente influenciada pelas experiências passadas, embora, como bem sugere uma piada que corre na rede, baianos percebem a idéia de frio de forma distinta de riograndenses do sul.

Ainda assim, as regulações térmicas do organismo são regulações automáticas, não regulações dentro do campo da interpretação do mundo. O que é cultural é a declaração do organismo para sí mesmo quanto a "estar frio" ou "estar calor".

Abraços,
Ivan


Xiru

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Resposta #16 Online: 18 de Fevereiro de 2009, 13:43:55
Pra dar uma ilustrada:
Há uns dias falava com minha namorada sobre uma futura e remota possibilidade de ir morar no nordeste (somos do RS).
Eu sou uma pessoa extremamente friolenta. Mesmo no calor do verão, tomo banho de mar e sinto frio, tremo (mas fico horas na água, por pura paixão, e isso é desde criança), enquanto todos meus amigos e amigas dizem que a água está quentinha até.

E voltando à possibilidade de ir pro nordeste viver: comentamos e ficou forte a idéia, a sensação, de que pra nós seria muito infeliz ter calor o ano interiro, por melhor que seja este calor. Ou, expondo melhor, não ter os meses de inverno.


PS: lembrei da frase muito repetida no 'Arte & Percepção Visual': "A experiência visual é dinâmica"
Xirú Sander Scherer - Ivoti / RS


Xiru

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Resposta #17 Online: 18 de Fevereiro de 2009, 13:47:43
Alguém aí já leu o Fenomenologia da Percepção?
O que achou?
Xirú Sander Scherer - Ivoti / RS


Leo Terra

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Resposta #18 Online: 18 de Fevereiro de 2009, 14:01:15
Xiru já lí diversas vezes, para quem se interessar o livro é do Maurice Merleau-Ponty... :) Todo o meu trabalho científico atual é baseado em abordagens fenomenológicas. O problema do Fenomenologia da Percepção é que é um livro muito pesado. Um bom entendimento disso (para quem quer entender, mas sem o compromisso de mergulhar profundamente no tema) eu sugiro a leitura do Ponto de Mutação, do Frijof Capra, que é em estilo romance e bem mais tranqüilo de ler e absorver. :)
Leo Terra

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Ivan de Almeida

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Resposta #19 Online: 18 de Fevereiro de 2009, 19:18:40
Alguém aí já leu o Fenomenologia da Percepção?
O que achou?

Tenho uma edição cor de laranja da década de setenta. Bom livro, mas não ótimo, embora, diante do fato de ser um campo pouco investido, torna-se um livro necessário.


marcospr

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Resposta #20 Online: 22 de Março de 2009, 10:05:17
Ivan, muito interessante o artigo. A questão cultural de fato interfere no modo da análise geométrica. Creio que se você tivesse feito esse teste no Japão ou em algum país árabe, os resultados seriam diferentes, pois a escrita e a leitura da direita para esquerda (arábe) e de cima para baixo e tb da esquerda para a direita (japonês) influem no modo de "ler" uma imagem.
 
« Última modificação: 22 de Março de 2009, 10:07:46 por marcospr »


Ivan de Almeida

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Resposta #21 Online: 22 de Março de 2009, 15:58:32
Provavelmente, mas o que importa aí não é a diferença -que certamente haverá- mas sim constatar que há sempre, num determinado meio social/cultural, uma tendência de leitura da imagem, isto é, que a leitura não é subjetiva (caso no qual as respostas tenderiam para 25% cada) mas sim orientadamente intersubjetivas com diferenças significativas de pertinência.


Guergolet

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Resposta #22 Online: 22 de Março de 2009, 21:18:58
Me desculpem minha total ignorância nestes assuntos, minha praia é tecnologia.

Li a discussão sobre a percepção de quente ou frio para quem mora no deserto e pra quem mora no Alaska , sobre as enquetes com as imagens e seus resultados.

Na Computação Gráfica é bastante abordado sobre como interpretar um mundo 3D em um dispositivo 2D (monitor, papel)...etc..

Em Computação Gráfica, logo na introdução falamos sobre: Conhecimento Prévio dos objetos.
Tais como, cada imagem da caneta, cada uma delas nos remete a isso, a caneta de ponta cabeça pra mim foi a pessoa que escreveu.

Assim como em aulas de desenho (Livro: Desenhando com o lado direito do cérebro), que também aborda este assunto de conhecimento prévio dos objetos, onde há exercícios para que ao tentar desenhar uma foto somente olhando, para que o desenho fique fiel, recomenda-se que vire a foto de ponta-cabeça, pois deste modo o cérebro não "resume" a imagem, pois a estrutura de um rosto é bem conhecida pela nossa mente e interfere ao desenharmos, ou seja, sai dois olhos, um nariz e boca e não necessariamente uma cópia. Ao desenhar uma cadeira ou outra coisa, sempre virar de ponta cabeça.

Posso estar fugindo um pouco do assunto, mas é só mais um ítem pra jogar por cima de toda essa informação.
____________________________
André Guergolet
Ribeirão Pires - SP
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