Autor Tópico: [ARTIGO] Composição geométrica e significação na fotografia  (Lida 14347 vezes)

Ivan de Almeida

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Online: 14 de Fevereiro de 2009, 12:01:07
COMPOSIÇÃO GEOMÉTRICA E SIGNIFICAÇÃO NA FOTOGRAFIA E NOUTRAS ARTES VISUAIS
Junqueira, Ivan de Almeida
fevereiro de 2009


ARTIGO ORIGINALMENTE PUBLICADO NA NEWSLETTER FOTOGRAFIA EM PALAVRAS E NO BLOG FOTOGRAFIA EM PALAVRAS.
http://br.groups.yahoo.com/group/fotografiaempalavras/
http://fotografiaempalavras.wordpress.com/

Depois de muito tempo, posto um novo artigo neste Fotografia em Palavras. O resultado de uma investigação sobre as relações entre composição geométrica –isto é, a posição e a forma das coisas numa fotografia ou noutra obra visual- e o significado daquela obra visual para nós. O artigo parte do princípio que as formas e as posições não são neutras quanto ao significado que extraímos delas, algumas reforçam o significado, outras o dificultam. O artigo tenta mostrar serem as relações entre significado e forma não aleatórias nem subjetivas, e que, embora não possamos determinar como uma pessoa perceberá um determinado esquema forma-significado, nossas chances preditivas melhoram consideravelmente se ao invés de um homem nosso propósito for saber como é a tendência de percepção de um conjunto forma-significado por um determinado grupo humano.

O artigo tem como base a modelagem e a aplicação de um teste sob a forma de uma enquete proposta ao universo dos usuários do fórum BrFoto –fórum de fotografia na Internet. O autor do artigo compreende perfeitamente os vícios metodológicos desta forma de aplicação, que vão desde a ausência de aleatoriedade na ordem de apresentação das figuras, passam pela seleção do público cobaia e pela contaminação das respostas pela possível leitura das respostas anteriores, prosseguem pela ausência de separação entre as respostas de destros e de canhotos. Contudo, ainda assim, o teste apresenta uma metodologia que pode facilmente ser depurada de tais vícios ganhando a necessária higidez.

Esses vícios não são inerentes à modelagem do teste, mas tão somente inerentes ao meio utilizado para aplicá-lo.

Por outro lado, essa aplicação impura permitiu que depoimentos supreendentes emergissem, e esses depoimentos são valiosos e sugerem vias e aspectos para o desenvolvimento de testes complementares.

Os resultados foram muito interessantes e suficientemente expressivos para indicar que o teste produzirá resultados igualmente significativos em condições mais bem controladas. Tal tarefa, contudo, ultrapassa os meios disponíveis pelo autor presentemente.

1) A Metodologia – modelagem e aplicação dos testes.

O teste constituiu-se de duas enquetes, cada qual com duas perguntas e quatro opções por pergunta (a, b, c, d), sendo solicitado aos participantes que selecionassem duas opções em cada pergunta.

A imagem utilizada (figura 1) mostra quatro fotografias com uma caneta colocada em diagonal em relação ao retângulo fotográfico. A mesma fotografia, feita com cuidado para não produzir sombras indutoras de interpretação, foi invertida e rebatida de maneira a originar quatro posições possíveis, correspondentes às duas diagonais do retângulo fotográfico, estando a caneta alternadamente apontada para cima e para baixo. A estrutura geométrica básica é a das diagonais do retângulo.

figura 1 - matriz de possibilidades posicionais

Essa figura foi mostrada nas duas enquetes.

Na primeira das enquetes, foi pedido aos participantes que assinalassem as duas respostas que melhor correspondiam à afirmação “Estou olhando para uma caneta. Eu estava usando esta caneta para escrever umas anotações, mas parei por um momento para relaxar e a coloquei sobre a mesa.” E na outra pergunta, em reverso, foi pedido que assinalassem quais as duas opções que eram antagônicas a essa afirmação.

Na segunda das enquetes foi pedido aos participantes que assinalassem duas respostas que melhor correspondiam à afirmação “Sentei-me diante de alguém que estava escrevendo. A pessoa parou de escrever e colocou sua caneta sobre a mesa. Estou olhando esta caneta.”. E na outra pergunta, em reverso, foi pedido que assinalassem quais as duas opções que eram antagônicas a essa afirmação.

O pedido foi feito da seguinte forma, em ambas as enquetes:

“Escolha as duas fotografias que representam a frase abaixo.”

“Escolha as duas fotografias que NÃO representam a frase abaixo.”

Como se vê, as enquetes encerram uma dupla oposição. As enquetes opõem-se entre si, pois uma enquete pergunta a partir da posição do sujeito (1a pessoa) e a outra da posição de observador de um ato de terceiro. E dentro de cada uma delas há um novo antagonismo do tipo “sim/não”. A estruturação do teste dessa maneira visou permitir que através da soma algébrica das porcentagens fossem evidenciados fenômenos de significação.

A opção de solicitar duas respostas de cada participante para cada pergunta teve por objetivo evitar deformações que ocorreriam no caso de votação única, basicamente o possível ocultamento de um resultado expressivo preterido por um resultado único.

Os testes foram postados no mesmo dia em um fórum de fotografia com grande público e muitas mensagens por dia. Foram postados em 27 de janeiro de 2009 às 10:27h.

Os testes podem ser vistos diretamente, assim como as postagens de resposta que deles não faziam parte mas são inevitáveis, nos seguintes endereços:

Enquete 1
http://forum.brfoto.com.br/index.php?showtopic=46463

Enquete 2
http://forum.brfoto.com.br/index.php?showtopic=46462

2) Os resultados

Aplicados os testes, foram sendo recolhidas (copiadas) e gravadas como imagem as telas de resultado para posterior exame da evolução das respostas. Esse exame da evolução ainda não foi feito detalhadamente, e o presente artigo tem por base as respostas a ambas as enquetes até o momento da elaboração deste texto, a saber, 21:30h do dia 11 de fevereiro de 2009. A Enquete 1 tem, no momento da escrita deste, 60 respostas (figura 2), e a Enquete 2 tem 63 respostas (figura 3), número mais ou menos equivalente, embora não se possa garantir que as mesmas pessoas responderam às duas enquetes.

Verifica-se, observando os números de respostas, que pelo menos uma pessoa votou em apenas uma opção, visto a soma dos votos ser ímpar (que seria impossível se todos votassem em duas opções). Contudo, os resultados não perdem sua significação devido a isso uma vez que as telas de etapas anteriores da votação mostram as mesmíssimas tendências percentuais.

figura 2 - enquete 1 - 1a pessoa

Para a primeira enquete , referente à afirmativa:

Estou olhando para uma caneta. Eu estava usando esta caneta para escrever umas anotações, mas parei por um momento para relaxar e a coloquei sobre a mesa.

Representam a frase as fotos:

a) 13,98%
b) 37,96%
c) 15,74%
d) 32,41%

Observa-se uma distribuição na qual a alternativa b seria eficiente na representação da afirmativa para 37,96% dos participantes, seguido da d com 32,41%. Há nessas duas alternativas uma vantagem expressiva sobre as duas outras, c com 15,74% e a com 13,98%. Uma foto publicitária com a intenção de passar esta idéia (por exemplo, a assinatura de um cheque “com cheque especial do banco Lunar você pode mais…”), com a caneta nas posições b ou c contaria com o benefício da melhor significação para um contingente expressivo dos possíveis observadores, em se extrapolando as respostas obtidas no teste.

Examinando os resultados rebatidos da pergunta 2. temos:

Não representam a frase as fotos:

a) 34,21%
b) 13,16%
c) 33,33% (um terço dos participantes!)
d) 19,30%

Igualmente, temos resultados que apontam para posições piores para significar a mensagem desejada através da fotografia.

Somando-se algebricamente os resultados, visto serem opositivos, temos que:

a) 13,98 - 34,21 = -20,83%
b) 37,96 – 13,16 = 24,80%
c) 15,74 – 33,33 = -17,59%
d) 32,41 – 19,30 =  13,11%

A diferença de preferências entre as alternativas b e d na primeira pergunta era de 5,5%, contudo, somado o resultado das respostas de rejeição, essa vantagem cresce para 11,69. E a diferença algébrica entre a hipótese b e a c, a menos rejeitada sobe a imensos 42,39%. A escolha de uma posição de caneta em uma fotografia visando facilitar ou coadjuvar uma mensagem escrita publicitária onde o praticante do ato seja o leitor (isto é, mensagem na primeira pessoa) contaria com um reforçamento ou por um enfraquecimento através da simples disposição da caneta.

Interessantemente, e isso foi um dos benefícios do método impuro usado no teste, um dos participantes informou que ficou surpreso, pois depois de responder pegou sua caneta e a colocou sobre a mesa, espantando-se dela não corresponder à sua resposta na enquete. Ou seja, há indícios que a posição mais significada não corresponde à pratica efetiva do sujeito, e que são duas esferas distintas, a da prática efetiva e a da leitura da imagem. Também aqui cria-se uma possibilidade de teste comparativo.

figura 3 - enquete 2 - 3a pessoa

Para a segunda enquete, referente à afirmativa:

Sentei-me diante de alguém que estava escrevendo. A pessoa parou de escrever e colocou sua caneta sobre a mesa. Estou olhando esta caneta.

Representam a frase as fotos:

a) 33,33%
b) 17,09%
c) 30,77%
d) 18,80%

Não representam frase as fotos:

a) 15,97%
b) 33,61%
c) 21,01%
d) 29,41%

Mais uma vez houve a divisão em pares bem definidos representam/não representam. A distribuição de forma alguma pode ser dita derivada da mera chance, mormente porque, assim como na primeira enquete, o avanço das votações sempre mostrou essa tendência.

Realizando a soma algébrica do "significa" com o “não significa”, temos:

a) 17,36
b) –16,52
c) 9,76
d) –10,61

Da mesma forma como visto na primeira enquete, temos uma grande vantagem entre a alternativa preferida e a alternativa preterida, suficiente para dizer haver uma tendência de interpretação da imagem no sentido de atribuir à posição “a” maior capacidade de ser entendida como a da caneta de um interlocutor. Um anúncio publicitário no qual fosse enfatizado o fechamento de um contrado por uma outra parte, por exemplo, “quando tudo está dependendo da assinatura de alguém!”, seria reforçado pela fotografia de uma caneta na posição a, e seria prejudicado pela caneta na posição b.

Observando as duas enquetes, notamos que há um aproximado encaixe entre os resultados “a caneta é minha” e “a caneta é dele”, compatível com a bipolaridade das situações.

3) Conclusões;

O objetivo deste artigo e do teste foi mostrar ser possível verificar as questões de interpretação de contexto visual que geralmente são ditas subjetivas, demonstrando serem em grande dose intersubjetivas, ou seja, a interpretação ao invés de ser aleatória (subjetiva) tem uma tendência, isto é, partilhada por uma grande parte dos indivíduos de um grupo. Entendemos que depois desses testes fica suficientemente demonstrado serem a posições dos elementos simbólicos dentro de um quadro perceptivo também uma informação simbólica, e não meramente uma informação geométrica, e que há uma possibilidade de conhecermos o grau de influência dessas informações posicionais/simbólicas.

Testes dessa natureza e sobre tais assuntos não apresentam e nem podem apresentar resultados do tipo sim ou não. Apresentam, contudo, respostas percentuais suficientemente eloqüentes para orientarem as decisões de composição visual visando a comunicação de mensagens definidas. Jogos simbólicos como “isso é meu”, “isso é dele” são jogos essenciais na comunicação, e podem ser testados de maneira bastante simples, como mostrado.

As comunidades fotográficas têm enorme resistência em aceitar que nossa interpretação do mundo é regrada, condicionada, que podemos conhecer esses condicionamentos coletivos pelos quais é feito o ajuste de conduta dos indivíduos à sociedade, e ainda, que é possível mapear a significância desses ajustes de forma a constituir um saber preditivo sobre o padrão de recepção das mensagens visuais pelos grupos, conquanto não seja possível estabelecer a recepção individual como acontecerá.

Quando se fala desse assunto, há reações fortes enfatizando a impossibilidade de preditividade de uma fotografia (ou outro quadro visual) por um indivíduo, mas não é considerado ser essa ausência de preditibilidade inexistente em se tratando da tendência de um grupo. A tendência do grupo é perfeitamente mensurável.

Notícia:

A Newsletter Fotografia em Palavras passará a ser duplicada no blog http://fotografiaempalavras.wordpress.com/

Os assinantes da Newsletter continuarão a recebê-la por email, mas poderão também ler os artigos no blog, onde os artigos já publicados estão sendo gradativamente duplicados.
« Última modificação: 02 de Outubro de 2009, 13:20:21 por Kika Salem »


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Resposta #1 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 13:34:43
Belo artigo heim Ivan? Ficou muito bom mesmo.
Essa idéia já é defendida por autores que consideram o peso cultural. Assim essas interpretações seriam oriundas de uma espécie de entidade coletiva, que modela o carater e a parcepção dos indivíduos que a formam.
« Última modificação: 14 de Fevereiro de 2009, 13:36:45 por Leo Terra »
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Resposta #2 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 15:01:39
Obrigado, Leo;

A abordagem experimental do artigo visa tirá-lo daquele incômodo patamar do "achômetro", e mostrar que esse tipo de coisa pode ser testado e quantificado.

Não sou contra a ciência qualitativa, mas penso que a previsibilidade é o objetivo, e a quantificação é o salto que faz a coisa passar do "acho" para o "verificado".

Por esse aspecto, tenho "cabeça de engenheiro". Gosto imensamente da abordagem qualitativa, mas não a considero incompatível com a quantitativa. Ao contrário, acho que é na quantificação que a abordagem qualitativa se consolida.


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Resposta #3 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 17:25:44
Ivan eu acredito que sempre a abordagem quantitativa deve ser precedida de uma qualitativa, pois você terá que partir de um conjunto de hípoteses e premissas para executar a abordagem quantitativa e se estar tiverem origem em uma racionalização prévia provavelmente darão mais sustentação à abordagem.
Você chegou a ver rodar algum teste estatístico para a amostra?
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Resposta #4 Online: 14 de Fevereiro de 2009, 18:25:19
Citar
Você chegou a ver rodar algum teste estatístico para a amostra?

Por exemplo?


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Resposta #5 Online: 15 de Fevereiro de 2009, 17:17:46
Algo como comparação de médias, um testezinho de wilcoxom, ou coisas do tipo.
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Resposta #6 Online: 16 de Fevereiro de 2009, 11:20:48
Interessante artigo, Ivan.
O engraçado é que aconteceu a mesma coisa comigo, sobre um dos participantes que se submeteram ao teste que você mencionou. As minhas respostas foram diferentes quando simplesmente escolhi as imagens apenas olhando para a figura e depois pegar uma caneta, fingir que estava escrevendo e colocá-la na mesa.


Ivan de Almeida

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Resposta #7 Online: 16 de Fevereiro de 2009, 12:49:27
Interessante artigo, Ivan.
O engraçado é que aconteceu a mesma coisa comigo, sobre um dos participantes que se submeteram ao teste que você mencionou. As minhas respostas foram diferentes quando simplesmente escolhi as imagens apenas olhando para a figura e depois pegar uma caneta, fingir que estava escrevendo e colocá-la na mesa.

Esse achado é daqueles resultados inesperados da aplicação do teste, e é extremamente revelador. Ele já dá pano para a manga para pensarmos as razões disso.


Leo Terra

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Resposta #8 Online: 16 de Fevereiro de 2009, 13:03:42
Ivan esse seu artigo na verdade me deu N idéias de estrutura de experimentos. rs.. O duro é tempo para fazer rs.
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Resposta #9 Online: 16 de Fevereiro de 2009, 13:56:36
Leo;

A modelagem de testes desse tipo é muito interessante, porque estamos medindo coisas que não pareciam mensuráveis.

Também tenho um estoque de modelos de testes, mas uma parte deles precisa de esforços de progamação e de um protocolo de aplicação bastante controlado.


Kika Salem

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Resposta #10 Online: 17 de Fevereiro de 2009, 00:28:39
O artigo tenta mostrar serem as relações entre significado e forma não aleatórias nem subjetivas, e que, embora não possamos determinar como uma pessoa perceberá um determinado esquema forma-significado, nossas chances preditivas melhoram consideravelmente se ao invés de um homem nosso propósito for saber como é a tendência de percepção de um conjunto forma-significado por um determinado grupo humano.
[...]
Testes dessa natureza [...] Apresentam, contudo, respostas percentuais suficientemente eloqüentes para orientarem as decisões de composição visual visando a comunicação de mensagens definidas.
Ivan:

Eu tinha visto esse teste no BRfoto, mas não respondi, na ocasião, por dois motivos. Primeiro porque li as primeiras mensagens referentes à pesquisa e, possivelmente, sofri alguma influência. Segundo porque sou canhota e deixo a caneta em duas posições possíveis e, normalmente, observo destros escreverem e que também deixam as canetas em duas posições possíveis. Procurei a resposta "todas as alternativas estão corretas", como não encontrei, achei que induziria ao erro se respondesse. (Acho que era isso, estou falando de lembrança)

Mas entendo que o objetivo da pesquisa foi descontruir o argumento da subjetividade e estabelecer um padrão de recepção de mensagens visuais de um grupo e não considerar características específicas da percepção visual de um indíviduo, pois como você mesmo afirmou: "quando se fala desse assunto, há reações fortes enfatizando a impossibilidade de preditividade de uma fotografia (ou outro quadro visual) por um indivíduo, mas não é considerado ser essa ausência de preditibilidade inexistente em se tratando da tendência de um grupo".

Uma pergunta: você pretende realizar novos testes dessa natureza?

 :ok:
« Última modificação: 17 de Fevereiro de 2009, 00:32:59 por Kika Salem »


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Resposta #11 Online: 17 de Fevereiro de 2009, 00:46:02
Não sei, Kika.

Vou fazendo as coisas, não sei bem o que farei depois de amanhã...

Obrigado pela leitura. É isso mesmo que você apontou. Não é caso de saber qual a resposta do indivíduo, mas de apontar que um determinado grupo tem uma tend~encia de interpretação (outro grupo pode ter outra, mas isso não importa, o que importa é mostrar que a interpretação é tendenciosa)


Leo Terra

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Resposta #12 Online: 17 de Fevereiro de 2009, 10:21:05
Ivan essa tendência de "interpretação" de cada grupo é realmente algo evidente, mas que só o pessoal da Gestalt trabalhou com maior intensidade, nos livros do Arnheim mesmo nós encontramos algumas experimentações sobre esse tipo de interpretação oriunda dos fatores culturais, que realmente são fatores que se originam do relacionamento de grupo, porém eles apontam outras questõs fisiológicas como fatores que influenciam a interpretação, esses fatores são gerais. Quando juntamos os gerais com os do grupo (fisiológicos com culturais) é que temos a percepção completa da coisa. Como os fatores culturais se diferenciam a interpretação geral acaba se diferenciando também. Piquei aqui pensando que essa sua experiêcia serve para tentar melhorar resultados em alguns concursos, por exemplo. Rs.
« Última modificação: 17 de Fevereiro de 2009, 10:22:48 por Leo Terra »
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Resposta #13 Online: 17 de Fevereiro de 2009, 19:36:55
Ivan essa tendência de "interpretação" de cada grupo é realmente algo evidente, mas que só o pessoal da Gestalt trabalhou com maior intensidade, nos livros do Arnheim mesmo nós encontramos algumas experimentações sobre esse tipo de interpretação oriunda dos fatores culturais, que realmente são fatores que se originam do relacionamento de grupo, porém eles apontam outras questõs fisiológicas como fatores que influenciam a interpretação, esses fatores são gerais. Quando juntamos os gerais com os do grupo (fisiológicos com culturais) é que temos a percepção completa da coisa. Como os fatores culturais se diferenciam a interpretação geral acaba se diferenciando também. Piquei aqui pensando que essa sua experiêcia serve para tentar melhorar resultados em alguns concursos, por exemplo. Rs.

Essa é a sua opinião, Leo, não a minha.

Conheço a opinião da Gestalt, e acho que há vários vícios nos fundamentos dela, em que pese ter trazido a idéia da percepção de conjuntos significativos ao invés de partes que se somam. os vícios da Gestalt são esses mesmos apontados por você, a suposição de um fundo geral inato da percepção, e, aí sim o grande vício, a sinonímia que faz entre esse fundo geral e a Geometria Euclidiana (idéia gestaltista das Formas Fortes). Acho o Arnheim um chato de galochas e seu pensamento bastante desestruturado.

Grosso modo, as faculdades psíquicas do homem são atribuídas a duas fontes. Os imanentistas a atribuem a uma genética humana específica, assim tornando tais coisas algo como um "instinto de razão". os construtivistas atribuem à experiência a formação dessas faculdades. Esse "instinto de razão" guarda semelhança fisionômica com a Razão Pura kantiana, partilha do mesmo fundo de elementos que esta Razão Pura.

Presentemente, considero impossível separar inatismo de culturalismo, pois uma coisa se determina a partir do domínio das possibilidades da outra, então as deformações no organismo, deformações essas que se nos afiguram faculdades psiquicas específicas, mesmo quando culturais, estão 1) no domínio das possibilidades biológicas e 2) no dimínio das possibilidades ambientais. Contudo, e aí permaneço construtivista, considero que não podemos aprioristicamente supor nada inato. Porque tudo no homem está de tal maneira recoberto pela cultura que o único caminho de abordagem psssível é o de descascar a cebola, isto é, de mapear o que é cultural. Porque o resíduo, o não mapeado, não será necessáriamente inato, mas tão somente uma camada mais profunda da cultura. E como nesse processo quanto mais descascamos mais encotramos cultura, tudo o que encontramos é cultura, afinal. A suposição da base biológica é pertinente e válida, mas não podemos tocá-la, e portanto não serve de caminho de estudo.

Então, não negando absolutamente que haja uma base biológica para a psicologia, tenho como certo que essa base biol´gica é icognoscível em seu estado "puro", visto que tudo o que podemos conhecer é a biologia deformada pela cultura.

Sequer a neurociência encontrará a biologia pura. As ativações cerebrais, que podem e são mapeadas, são resultado também de treinamento.

Inevitavelmente, tudo o que estudarmos do homem é assim complexo, e não podemos fazer disjunções cultura/biologia sem desnaturarmos nosso objeto de estudos.

A Gestalt é uma grande e importante referência, mas seus princípios já não são compatíveis com a visão atual do ser humano. A Gestalt tentou fazer uma Psicologia da Percepção legalista, como se pretendesse criar uma psicologia exata como a física legalista de Newton. Enunciou Leis da Percepção onde, se bem examinado, deveria ter se limitado a prudentemente enunciar fenômenos da percepção.

Outra convicção minha é que nos é impossível compreender o processo em sua inteireza, podemos quando muito criarmos modelos parciais dele.


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Resposta #14 Online: 18 de Fevereiro de 2009, 00:07:42
Ivan não entendi muito bem onde há a discordância da sua opinião, quando você coloca as limitações físicas como fatores limitantes acredito que esteja levando em consideração os impactos que estas questões possuem. Eu acredito que não dá para desligar o físico da percepção. Imagine o seguinte, é sabido que algumas pessoas possuem temperatura basal menor do que outras e isso gera diferenças na forma com a qual a temperatura é sentida. Não imagino como possamos separar essa deformação na percepção física da temperatura dos traços culturais. Para mim tudo está interligado e intimamente interligado. Quem sabe pela minha abordagem fenomenológica e sistêmica de ciência, que me faz priorizar as relações sobre as partes.
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