Autor Tópico: [ARTIGO] Automatismos e pós-processamento: por que não?  (Lida 20309 vezes)

CJR

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Resposta #45 Online: 29 de Março de 2009, 15:14:45
Acho que é bacana explorar.

No estúdio eu só uso M, de tando fotometrar com o meter eu já sei que parâmetros usar. Muitas vezes misturo contínua com flashes e o sistema de porcentagem de mistura do fotômetro é um recurso ótimo.

Arquitetura eu uso lightmeter. Externas uso muito o sekonic em spot, modo manual. Shows já usei bastante modo manual, mas as vezes vou de ponderada ao centro com AV e trava de exposição, ou spot com trava, dependendo da velocidade da iluminação.

O que jamais uso é matricial, preciso sempre ter o controle sobre o que está sendo medido.

Sobre a fotometria manual atrapalhar composição, acho que isso ocorre mais no início, enquanto o processo técnico ainda não faz parte do nosso sub-consciente, com mais experiência o fotógrafo fotometra instantaneamente.
« Última modificação: 29 de Março de 2009, 15:18:17 por CJR »


RFP

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Resposta #46 Online: 31 de Março de 2009, 07:56:45
Trabalhar em M é fundamental na maioria das coisas que faço e por várias e diversas razões, em diferentes situações, mesmo porque meu trabalho pessoal é até mais frequente do que o comercial.
Controlar a exposição é o que me permite acentuar contrastes e lidar com gestalts que me proporcionarão nova leitura da imagem, valorizar desenhos e texturas. Costumo buscar isso antes de compor a imagem, pois é frequente eu subexpor e até mesmo estourar as sombras para concentrar a informação aonde me interessa. Há belas geometrias criadas pela luz das horas mágicas que podem ser valorizadas. Deixar a longa exposição buscar cores mais saturadas no crepúsculo e transformar movimentos em formas. Valorizar uma luz de fundo, seja natural ou não, aproveitando uma luz incidente no assunto principal (que pode até ser um flash de preenchimento). Uso muito subexpor a luz natural e iluminar as pessoas com flash de preenchimento nos ensaios (pode ver isso nas minhas fotos no site, veja os ensaios e as autorais), ou mesmo deixar o movimento da própria câmera borrar um fundo para congelar o primeiro plano com o disparo do flash. Coisa rara eu zerar o fotometro.

Veja, tudo se resume a criar também com a luz, com sua cor, temperatura, insidência. Praticamente impossível no automático. Mas alguém pode dizer: "Mas muitas coisas são possíveis de se fazer na hora de abrir o Raw". Sim e não, pois são algumas poucas. Mas o momento em que estou abrindo minhas fotos no computador é muito diferente daquele em que eu estava lá, pra ver, sentir e decidir.

Marcelo,

Gostei bastante da sua resposta, era exatamente isso que eu queria saber. Você explicou muito bem qual o sentido do modo M na sua fotografia, especialmente por ter demonstrado porque ele é essencial no processo criativo por trás das suas fotos. E a idéia do meu artigo é justamente a de debater o nível de consciência que temos em relação a esse processo, coisa que você tem por entender as relações presentes nele.

Desculpe a pergunta inconveniente e um grande abraço.


RFP

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Resposta #47 Online: 31 de Março de 2009, 08:12:37
Minha criação é através do "método" que citei no começo: "pré-visualização - enquadramento - medição - clic"
A medição faço em spot e de três maneiras. Duas delas são pra "instantâneos", seja hobby ou trabalho (evento), e não há mais que poucos segundos pra pensar (as vezes nem 1). A terceira, que falarei por último, é pra quando possuo mais tempo pra estudar a cena.

Xiru,

Achei que a sua resposta relata bem como você utiliza as opções de fotometria disponíveis, e como você faz isso com propriedade do conhecimento técnico. Entretanto, você havia relatado a sua preocupação com a questão estética antes de fazer o clic, seguido pela medição. Não consegui ver na sua resposta uma relação entre o valor estético da sua foto e a forma como você fotografa. A sua explicação está circunscrita na fotometria, que parece voltada a obter a medição correta, mas não aborda as relações necessárias para dar a esse método o valor de interpretação que é natural no processo criativo. Pelo seu relato, você adapta a forma de medição de acordo com a cena, mas até aí, uma câmera que tivesse um ótimo sistema automático poderia fazer o mesmo sozinha (uma consideração mais teórica, a título de provocação mesmo). O que você acha?

A discussão toda que se seguiu é bastante valiosa, com informações técnicas úteis. Mas era exatamente a oposta que eu queria promover com o artigo. A idéia do texto era justamente a valorização de outros aspectos da fotografia que não a fotometria, e a conversa foi se aprofundando justamente na fotometria. É claro que num fórum todos são livres para dar o encaminhamento que querem aos tópicos, e observar qual é o encaminhamento dado é ótimo para quem escreve os textos iniciais, mas mostrou para mim que a abordagem do artigo foi equivocada.


Marcelo Favero

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Resposta #48 Online: 31 de Março de 2009, 08:30:46
Desculpe a pergunta inconveniente e um grande abraço.

Incoveniente nenhum! Como disse, respondê-la foi um exercício. Uma reflexão bem-vinda.

abraço
Marcelo dos Santos

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Ivan de Almeida

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Resposta #49 Online: 31 de Março de 2009, 08:44:52
A discussão toda que se seguiu é bastante valiosa, com informações técnicas úteis. Mas era exatamente a oposta que eu queria promover com o artigo. A idéia do texto era justamente a valorização de outros aspectos da fotografia que não a fotometria, e a conversa foi se aprofundando justamente na fotometria. É claro que num fórum todos são livres para dar o encaminhamento que querem aos tópicos, e observar qual é o encaminhamento dado é ótimo para quem escreve os textos iniciais, mas mostrou para mim que a abordagem do artigo foi equivocada.

Rodrigo;

Na verdade, as teses, as falas, são sempre "contra" algo. Se sua tese é contra a fotometria que tem no modo manual seu habitat (embora possa sobreviver em outras águas com as devidas adaptações), ou melhor, é contra o modo manual cuja grande vantagem é o controle direto da exposição, é natural que as discussões enfatizem a fotometria como forma de fazer a imagem.

Querendo ou não, a defesa do Auto secundariza a fotometria consciente como forma de fazer a imagem, e sobreeleva o enquadramento, afirmando as questões de composição posicional e geométrica acima das questões de composição tonal.

O debate enveredou pela fotometria visto haver um fundamento nessa tese apresentada por você, qual seja: a fotometria intencional em M absorve uma certa quantidade de atenção do fotógrafo que seria melhor empregada na composição geométrica/posicional/simbólica. E as respostas foram quase sempre convergentes, indicando que a fotometria em M confere certas possibilidades de escolha (ou as explicita, se você achar melhor), muito valorizadas, e que de fato não toma a dose de atenção impeditiva, desde que se saiba fazê-la com fluência. E daí se seguiu uma pequena conversa sobre essa fluência e como consegui-la.


RFP

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Resposta #50 Online: 31 de Março de 2009, 09:14:40
Na verdade, as teses, as falas, são sempre "contra" algo. Se sua tese é contra a fotometria que tem no modo manual seu habitat (embora possa sobreviver em outras águas com as devidas adaptações), ou melhor, é contra o modo manual cuja grande vantagem é o controle direto da exposição, é natural que as discussões enfatizem a fotometria como forma de fazer a imagem.

Exatamente, Ivan. Foi totalmente natural o seguimento da conversa da forma que se deu, daí a conclusão do meu erro de abordagem.

Mas a minha tese, embora possa parecer, não é contra a fotometria. É a favor de entender a fotografia como um processo amplo. O bom fotógrafo é aquele que tem consciência desse processo, no qual a fotometria está inclusa. Se fosse resumir o meu texto em uma frase, seria: "olha, sempre ouvimos que saber fotografar é saber fotometrar, mas que tal se deixássemos a câmera no automático por um momento e víssemos o que há na fotografia além disso?" Eu não defendo que as pessoas usem o auto, eu defendo que as pessoas olhem para outras coisas também. E aí o Auto ou o M pouco importam, o que importa é a proposta como um todo.

Tem um outro texto que coloquei aqui com a mesma idéia: http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=30537.0
E lá tem o link para um ótimo artigo do Arlindo Machado. Sei que é comprido e possa parecer chato de ler, mas são idéias muito valiosas e totalmente pertinentes ao que fazemos. O recorte que fiz nesse artigo é só uma fração de tudo que há nesse artigo. E, para que o título não engane, o "conceito" a que o autor se refere não é relativo à fotografia conceitual, e sim à fotografia como esse processo amplo de produção de imagens.


Ivan de Almeida

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Resposta #51 Online: 31 de Março de 2009, 09:49:14
Mas eu não acho errada a sua tese. Só seria errada se fosse proposta como um caminho substitutivo, mas como um paradigma-alerta ele é pertinente.

Minha questão com ela é contextual. Embora muito se fale do modo M, a grande maioria não sabe utilizá-lo. De fato, o que acontece na prática é a atitude proposta no seu artigo. O camarada coloca em A, P, e vive a vida. Mais tarde descobre a questão do controle do DOF e coloca em Av. Acomoda-se nisso, e começa a inventar heurísticas complicadas para com isso ter algum controle maior, quando o controle maior é bem mais direto e simples. Passa a ter mediações entre o que faz a câmera e o que ele comanda.

Porque tais modos são mediações. Tudo o que um modo desses faz é regular abertura e velocidade, mas adotando uma fotometria programada. De forma que a pessoa não sai do âmbito da fotometria programada, e as heurísticas criadas não são tão plásticas e simples que o controle direto das verdadeiras variáveis, e nem são tão causa-e-efeito.

A questão do uso do modo M assume o papel de uma educação. Educação em correlacionar causa e efeito da forma mais direta.

Grosso modo, acho que há etapas de aprendizado, e que invariavelmente, dentro de um desenvolvimento convencional e amplo, a etapa de domínio do modo M é essencial. Pode haver produção fotográfica sem isso? Pode, é claro. Pode ser até produção finérrima, refinada, etc. Ao olharmos a foto não importa como foi feita. Mas se a pessoa quiser ter vastos recursos, bem, aí não há como fugir.


Xiru

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Resposta #52 Online: 31 de Março de 2009, 15:10:40
Xiru,

Achei que a sua resposta relata bem como você utiliza as opções de fotometria disponíveis, e como você faz isso com propriedade do conhecimento técnico. Entretanto, você havia relatado a sua preocupação com a questão estética antes de fazer o clic, seguido pela medição. Não consegui ver na sua resposta uma relação entre o valor estético da sua foto e a forma como você fotografa. A sua explicação está circunscrita na fotometria, que parece voltada a obter a medição correta, mas não aborda as relações necessárias para dar a esse método o valor de interpretação que é natural no processo criativo. Pelo seu relato, você adapta a forma de medição de acordo com a cena, mas até aí, uma câmera que tivesse um ótimo sistema automático poderia fazer o mesmo sozinha (uma consideração mais teórica, a título de provocação mesmo). O que você acha?

A discussão toda que se seguiu é bastante valiosa, com informações técnicas úteis. Mas era exatamente a oposta que eu queria promover com o artigo. A idéia do texto era justamente a valorização de outros aspectos da fotografia que não a fotometria, e a conversa foi se aprofundando justamente na fotometria. É claro que num fórum todos são livres para dar o encaminhamento que querem aos tópicos, e observar qual é o encaminhamento dado é ótimo para quem escreve os textos iniciais, mas mostrou para mim que a abordagem do artigo foi equivocada.

Ah, entendi, Rodrigo.

Realmente minha explicação ficou mais na parte técnica - apesar de passar um pouco pela de criação, quando falo dos tons, por exemplo. E também quando falo da aplicação de cada maneira de fotometrar.
Mas tá certo, podia ter sido melhor.

Vamos lá:
Como disse, essa parte da criatividade/composição/enquadramento fica quase totalemnte antes de colocar o olho no visor da câmera. A idéia nasce antes, quase pronta. Ao usar o visor, apenas "lapido" a idéia. Executo o que imaginei antes e faço alguns ajustes, como mais ou menos zoom pra mudar a proporção entre os diferentes planos, uns passos pra frente ou pra trás, etc.

Não expressei tanto o "sentido do modo M" na minha fotografia porque ele já está bem expresso pelo Marcelo e pelo Ivan. Posso dizer que as palavras deles servem perfeitamente pra mim :)

No terceiro modo que descrevi, que é o que prefiro usar mas nem sempre dá, falei do fotometrar cada parte importante da cena, e pensar a exposição que melhor equilibra estas partes, que melhor registre elas como eu quero. Isso tá ligado a composição, por exemplo. Os elementos da cena composta devem aparecer com a luminosidade que desejo, pra mensagem da minha composição ficar bem feita :)



Não acho que a discussão enveredou pra discutir "fotometria". Acho que a discussão tem sido "usar o Manuel (autonomia na fotometria) e manter atenção na estética".
« Última modificação: 31 de Março de 2009, 15:16:11 por Xiru »
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Xiru

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Resposta #53 Online: 31 de Março de 2009, 15:13:20
A sua explicação está circunscrita na fotometria, que parece voltada a obter a medição correta, mas não aborda as relações necessárias para dar a esse método o valor de interpretação que é natural no processo criativo.
Acho que aqui eu toquei nesse ponto: "Fotometro a pele e coloco + ou - exposição conforme quero que saia o tom dela". E isto foi só um exemplo. Um ato dessas ocorre intensa e repetidamente durante o fotografar ;)

Colocar mais ou menos velocidade, mais ou menos diafragma, dai vai depender da ocasião.
« Última modificação: 31 de Março de 2009, 15:24:52 por Xiru »
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Xiru

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Resposta #54 Online: 31 de Março de 2009, 15:20:41
"olha, sempre ouvimos que saber fotografar é saber fotometrar, mas que tal se deixássemos a câmera no automático por um momento e víssemos o que há na fotografia além disso?"
Realmente acho que pode ser um exercício válido. Até ja pensei em fazer, mas acabo nunca fazendo.
Não um exercício pra ver como se sai, mas apenas pra ver como é fotografar esquecendo totalmente a exposição, mesmo que o resultado seja desastroso  :ok:
« Última modificação: 31 de Março de 2009, 15:21:57 por Xiru »
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