Autor Tópico: A SEGUNDA CAPTURA - agora sem a câmera  (Lida 1546 vezes)

Ivan de Almeida

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Online: 24 de Maio de 2009, 17:01:32
Prezados, um artiguinho novo no Fotografia em Palavras, agora dando o endereço do blog onde o artigo está duplicado e para onde estou movendo os antigos.

http://fotografiaempalavras.wordpress.com/...a-sem-a-camera/

"...podemos dizer haver um momento posterior ao disparo da câmera no qual acontece um segundo disparo, uma segunda escolha. Nesse momento o fotógrafo escolhe se aquilo registrado é ou não parte de sua produção se é ou não pertinente, se merece ser mostrado, se de alguma maneira acrescenta significado ao seu trabalho ou relaciona-se com ele."


Betão

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Resposta #1 Online: 24 de Maio de 2009, 18:59:05
Está dando página não encontrada :(

Assim entrou: http://fotografiaempalavras.wordpress.com/  :ok:
« Última modificação: 24 de Maio de 2009, 19:05:23 por Betão »


Ivan de Almeida

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Resposta #2 Online: 24 de Maio de 2009, 19:33:39


majewski

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Resposta #3 Online: 25 de Maio de 2009, 07:44:57
Ivan, ótimo post!

Uma das coisas que menos entendo é como uma pessoa que possui câmera digital e se diz "fotógrafo", vai para um parque, faz 100 fotos em uma hora e depois mostra todas as suas fotos.
Ele peca no momento da captura, não "pensando" e "elaborando" o que deseja mostrar, e peca no momento pós-captura, não selecionando aquilo que ele realmente mostrará aos outros.

[]s,
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José LEONEL Majewski
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Visitem meu humilde blog sobre fotografia - http://www.byleonel.blogspot.com/ (voltando a ativa em breve)


GutoVilaça

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Resposta #4 Online: 25 de Maio de 2009, 11:19:38
Bom texto, Ivan.

Quando vou escolher algumas fotos para mostrar/publicar também encontro essa barreira que eu mesmo construo. Quais fotos ficaram realmente boas? Entre essas que considerei boas, quais tem um conteúdo mais rico e contém uma messagem clara do que quero mostrar? Será que minhas fotos serão interessantes para outras pessoas ou elas interessam somente a mim? Pode parecer exagerado mas são questionamentos quando faço uma auto crítica das minhas fotos. Selecionar fotos para mostrar nem sempre é algo fácil pois estamos na realidade descartando algo que deu um certo trabalho pra fazer e muitas vezes somos enganados pelo apego sentimental de uma obra.

Eu procuro mostrar fotos que englobam vários aspectos. Fotos bem feitas tecnicamente, visualmente agradáveis e assuntos que julgo ser interessantes. Nem sempre consigo detectar esses valores reunidos numa mesma foto e por vezes nem necessita tanto mas é um medidor que uso geralmente para a seleção. Percebo alguma 'falha' justamente quando recebo alguma crítica. Principalmente de pessoas que tem conhecimento para criticar.

Podemos também levantar a questão da intenção de selecionar nossas fotografias. Qual o objetivo pretendido e a quem queremos atingir? Selecionar uma foto para uma bancada de jurados em um concurso é bem diferente de escolher uma foto para mostrar à minha mãe ou familiares.

Lendo seu texto, fiquei pensando no que você chama de mito da captura. Atualmente é no processo da captura que minha seleção é mais rigorosa. Posso estar errado mas estou tentando justamente aliviar um pouco a carga de descartar fotos desinteressantes. Até porque não costumo guardar fotos que julgue fracas. Se é uma foto que eu não gostaria de mostrá-la normalmente é uma foto que poderia descartar, com algumas excessões.

A maioria das minhas fotos podem ser rotuladas como 'simples' registros e isso é uma verdade porém tento fazê-las de uma maneira que fiquem visualmente mais interessantes. Então mesmo se tratando de registros, a minha principal seleção ocorre no momento do click pois é nesse momento que minha consciência diz se aquele instante merece ser 'capturado' por mim ou não e como devo proceder. Estou caindo no mito que você diz e posso está cometendo um erro mas ao adotar essa prática tenho aliviado meus arquivos com imagens sem muito sentido. Lógico que isso não me isenta de uma seleção posterior mas o meu trabalho tende a ficar menor.

Abs.


VAMOS ESTUDAR MAIS FOTOGRAFIA ANTES DE CRITICAR UMA FOTO ALHEIA. VAMOS CRITICAR SE O AUTOR PEDIR. SE VAMOS CRITICAR E COMENTAR, VAMOS FAZER COM SABEDORIA, COM EMBASAMENTO E DE MODO QUE SEJA ALGO CONSTRUTIVO. NÃO APELE SE O AUTOR DAS FOTOS REBATER ÀS CRÍTICAS AFINAL ISSO É DIREITO DELE. VAMOS DÁ BONS EXEMPLOS COM NOSSAS FOTOS POIS SÓ FICAR CRITICANDO FOTOS DOS OUTROS NÃO FAZ DA GENTE UM BOM FOTÓGRAFO.  VAMOS FOTOGRAFAR MAIS E CORNETAR MENOS!!!


wagroch

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Resposta #5 Online: 25 de Maio de 2009, 11:46:32
Muito interessante Ivan. Como desenhista tenho o hábito de mostrar meus desenhos acabados ao espelho para que, invertidos, fiquem diferentes do que meus olhos se acostumaram a ver e aí é mais fácil enxergar suas imperfeições e corrigir ou abandonar o trabalho. Ou seja, após o que seria o término do trabalho de criação ( o desenho pronto) há uma continuidade no processo que vai validar ou não o produto final.
Mas a fotografia me parecia diferente, algo mais rápido, que tinha que nascer na escolha do tema e terminar no click. A boa máquina dava o ponto final numa boa idéia. Minhas primeiras postagens no corredor polônes mostram isso. Após uma série de fotos a que parecia melhor ia prá lá, quase que jogada, nem uma pós edição eu me permitia como resultado de uma inocência fotográfica (achar que os bons fotógrafos fazem assim) aliada à cobrança mais comum entre os iniciantes da fotografia, a de que só a técnica apurada do controle da máquina resolve tudo no momento do click.
Agora vejo que o processo é mais longo, tem mais passos e exige mais tranquilidade e elaboração do fotógrafo. Não é porque o resultado de um trabalho fotográfico é visualizado rapidamente que o produto final tem que vir tão rápido também, quase que como mais um funcionamento automático da cam. É um trabalho de criação que exige esforço para a busca do melhor.  Assim como num desenho há que haver inúmeros estudos e tentativas até o trabalho final que passe a mensagem que se quer passar.
Bom para reflexão.
Abcs


Ivan de Almeida

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Resposta #6 Online: 25 de Maio de 2009, 12:14:16
Prezados;

Muito obrigado. Esses últimos comentários são riquíssimos, são cheios de coisas sensacionais.

Guto;

Penso um pouco diferente, talvez porque essa questão já esteja muito pensada, talvez porque eu seja teimoso mesmo. Há uns poucos anos eu mostrava fotos das estradinhas de São Pedro da Serra nos fóruns, e sofria verdadeiros linchamentos por vezes, quando era dito serem "fotos de mato", quando se dizia "não vejo nada aí". No entanto, eram fotos significativas para meu processo, eram questões estéticas, compositivas, simbólicas importantes, havia algo que eu queria mostrar e cada uma dessas fotos era uma pedra do caminho que eu pisava para ir em frente, e cada uma dessas fotos tinha algo que ali estava notado, que ali eu valorizara. Postava porque ao postar em me comprometia com elas, eu "contratava" um valor, eu afirmava: "sim, isto é o importante para mim!". Porque se não afirmasse o que era importante, se meramente eu valorizasse minhas fotos pela opinião alheia exclusivamente -aopinião alheia tem enorme importância, mas não toda importância- eu não poderia usar cada pedra como um degrau. Sem reconhecer aquilo que cada foto me trazia, não seguiria em frente, não construiria a narrativa que procurava.

Então, para mim essa seleção não se refere a fotos boas. Não se refere a fotos que agradam. Ontem postei a foto abaixo em um site de fotografias e em outro fórum:



Ela agradou. Não recebi um só comentário negativo, e quase todos amplamente positivos. Contudo, falando francamente, para mim é uma foto insignificante. Ficou bonita, vistosa, tem algo de interessante, mas não é pedra onde piso para ir adiante. Não me desafia, não me exige, não me coloca questões.

Há cerca de umas duas semanas, contudo, postei esta outra:



As opiniões positivas foram mínimas. Mas esta é para mim uma foto interessantíssima. Ela me mostra coisas que eu queria ver, ela é construída de uma maneira muito mais cheia de sutilezas que a anterior. Ela é um passo, e mais que um passo, é algo que perfilio, que digo: "eu fiz". Porque dizendo "eu fiz" a estou aceitando e assumindo, e assim posso contratar com ela algo.

Se é boa, se não é, isso é muito vasto. Para mim é essencial, enquanto a primeira é boba, mera brincadeira fácil com DOF curto e lente boa.

Insisto que há aí algo referente ao segundo momento que é crucial. Não querendo paracer melhor do que sou, se sair e for a um local fotogênico, posso gastar um filme de 36 fotos todas elas certas, bastando tomar alguns cuidados básicos. Mas isso não me importa, eu não quero fazer um filme de 36 fotos certas, quero que entre essas 36 haja UMA que me transforme. E isso implica em fotografar, em se deixar levar pelo transe da fotografia -pois há um transe- e depois pensar sobre o feito e reconhecer nas fotos coisas valiosas.

Não é questão de fazer boas fotos, e sim de fazer fotos que sejam continuação de nossa história pessoal, ou, como diz o Paulo Coelho, de nossa "lenda pessoal". E ao selecionarmos fotos neste segundo momento, estamos não apenas nos contratando com essas fotos mas também nos contratando com essa lenda, isto é, conosco mesmos.


Ivan de Almeida

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Resposta #7 Online: 25 de Maio de 2009, 12:17:06
Muito interessante Ivan. Como desenhista tenho o hábito de mostrar meus desenhos acabados ao espelho para que, invertidos, fiquem diferentes do que meus olhos se acostumaram a ver e aí é mais fácil enxergar suas imperfeições e corrigir ou abandonar o trabalho. Ou seja, após o que seria o término do trabalho de criação ( o desenho pronto) há uma continuidade no processo que vai validar ou não o produto final.
Mas a fotografia me parecia diferente, algo mais rápido, que tinha que nascer na escolha do tema e terminar no click. A boa máquina dava o ponto final numa boa idéia. Minhas primeiras postagens no corredor polônes mostram isso. Após uma série de fotos a que parecia melhor ia prá lá, quase que jogada, nem uma pós edição eu me permitia como resultado de uma inocência fotográfica (achar que os bons fotógrafos fazem assim) aliada à cobrança mais comum entre os iniciantes da fotografia, a de que só a técnica apurada do controle da máquina resolve tudo no momento do click.
Agora vejo que o processo é mais longo, tem mais passos e exige mais tranquilidade e elaboração do fotógrafo. Não é porque o resultado de um trabalho fotográfico é visualizado rapidamente que o produto final tem que vir tão rápido também, quase que como mais um funcionamento automático da cam. É um trabalho de criação que exige esforço para a busca do melhor.  Assim como num desenho há que haver inúmeros estudos e tentativas até o trabalho final que passe a mensagem que se quer passar.
Bom para reflexão.
Abcs

Sensacional essa sua mensagem. Também desenho, e hoje vejo enormes semelhanças entre desenhar e fotografar. Porque no desenho, assim como na fotografia, é preciso escolher onde está a ênfase. Isso para o tratamento posterior é essencial. Vejo um monte de gente em busca de Actions ou Plugins, e acho que isso é um engano, pois nenhuma Action vai dizer qual a ênfase necessária em uma foto, e é por reconhecer a ênfase que escolhemos o tratamento (ou até uma action), e não o contrário.

Legal essa técnica de olhar no espelho. Vou usar.