Olha só Pedro, simplificando o português -risos.
Geralmente uma fotografia tem por base alguma coisa fotografada, não é?
Essa coisa é aquilo chamado de "referente" (o termo é do Barthes).
Mas nessa minha foto, o referente é fraquissimo. Olhando para ela qualquer pessoa se pergunta: "Isso aí é foto do quê?"
Porque os elementos que são mostrados na foto não chegam a dominá-la. A foto é do Gol velho? A foto é da tenda? A foto é de que?
A foto não é de nada disso.
Mas, olhando a foto, mesmo não sendo de nada disso, existe um jogo de planos e cores. Exite um algo ali, na cor da tenda, na cor da Kombi, nas verticas tortas, nas diagonais. Foi isso que me atraiu. Não é foto de p* nenhuma, mas é uma foto. Não é um snap-shot, mas parece um snap-shot. Não é bem feita (é pouco nítida) mas é caprichada. Isso, para mim, me faz olhar para ela e gostar dessa ausência de algo e ao mesmo tempo tanta presença colorida.
Ontem postei no BrFoto duas fotos:
Todas as pessoas que comentaram gostaram mais da primeira, disseram ser "forte", etc. O que tem a primeira que a segunda não temOu, o que tem a segunda que a primeira não tem)?
A primeira tem um referente reconhecívl. Olhamos para ela e vemos a nuvem. A segunda é uma foto de nuvem também, mas... mas ela nos nega a reconhecermos, ela só lá em cima no detalhezinho cinza escuro, nos devolve vermos a nuvem, pois ao olharmos para ela parece um abstrato.
Gosto muito mais da segunda que da primeira, pois a segunda joga um jogo comigo.
Mas a grande maioria gosta mais da primeira, porque dá conforto reconhecer aquilo para o que se está olhando.
Esse é um jogo parecido com o jogo da tenda, só que no jogo da tenda é pior, pois os objetos que seriam o referente não fazem sentido, então sobre somente o não-referente, isto é, as cores, formas, o jogo formal.
Essa é a brincadeira dessas fotos.