Autor Tópico: "Da minha aldeia...": Haruo Ohara  (Lida 5228 vezes)

Kika Salem

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Online: 19 de Julho de 2009, 12:10:20
Estava assistindo ao jornal estadual quando exibiram uma matéria sobre Haruo Ohara, um imigrante japonês que primeiro se instalou no interior de São de Paulo, quando chegou de Kochi, no Japão, e depois migrou para o norte do Paraná, seguindo a rota da expansão cafeeira, como fizeram muitos imigrantes, provenientes de várias localidades.

Em Londrina, maior cidade do norte do Paraná, a imigração japonesa foi mais intensa e é, com certeza, uma das cidades brasileiras que mais recebeu imigrantes japoneses. Influências da cultura nipônica permeiam a cidade como um todo. Mas também teve um pequeno grupo de imigrantes italianos que fizeram o mesmo trajeto, como meus bisavós e avós maternos, além de famílias inteiras que vieram de Minas Gerais pelo mesmo motivo, com ocorreu com a família do meu pai. Enfim, é uma cidade com identidade multicultural.

Na cidade, Haruo Ohara participou da fundação do Foto-Cine Clube de Londrina, além de associar ao Foto-Cine Clube Bandeirantes de São Paulo.

Começou a fotografar por volta dos 30 anos. Sempre foi autodidata e, na década de 1970, migrou da fotografia em P&B para a colorida.

Teve a primeira exposição individual em 1998, quando tinha 89 anos, por iniciativa do Festival Internacional de Teatro de Londrina e foi apresentada na 2ª Bienal Internacional de Fotografia Cidade de Curitiba. Eu não sei dizer se ele estava vivo para ver a própria exposição, já que morreu em 1998.

A vida do fotógrafo ganhou visibilidade com a biografia "Lavrador de imagens", escrita pelo jornalista Marcos Losnak e o historiador Rogério Ivano.

Têm fotos expostas no MASP e todo seu acervo, composto por mais de 20.000 negativos, álbuns, equipamentos, anotações, diários, etc., foram doados pela família ao Instituto Moreira Salles, em São Paulo.

Recentemente, a vida do fotógrafo chamou a atenção de documentaristas que trabalham num filme sobre Haruo Ohara. A estréia está prevista para dia 1. de novembro, quando será comemorado o centenário do nascimento do imigrante, agricultor e fotógrafo. Produzido pela Kinoarte, uma produtora local, o filme é patrocinado pelo MinC e completa a "Trilogia do esquecimento", uma série de três filmes sobre Londrina nos anos 1950. Os outros dois são: "Satori Uso" e "Booker Pittman".
Blog do filme "Pausa para a neblina"

As fotos, além de valor estético, tem valor documental e histórico.











Essas fotos são basicamente da década de 1950. É interessante observar como determinados padrões de imagens permeiam determinadas épocas. Tenho saudade dos anos 1950 que eu não vivi.

Fontes:
http://site.pirelli.14bits.com.br/autores/191
http://pt.wikipedia.org/wiki/Haruo_Ohara
http://photos.uol.com.br/materia.asp?id_materia=646
http://pausaparaaneblina.blogspot.com/
« Última modificação: 19 de Julho de 2009, 12:33:51 por Kika Salem »


Formel

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Resposta #1 Online: 19 de Julho de 2009, 12:36:58
Poxa Kika que post legal! Obrigado pela dica, uma pena que o reconhecimento tenha vindo apenas após a morte dele.

[ ]s

Formel


alfarrob

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Resposta #2 Online: 19 de Julho de 2009, 13:05:21
Muito interessante, obrigado pela partilha

 :ok:
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Kika Salem

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Resposta #3 Online: 19 de Julho de 2009, 15:22:44
Que bom que gostaram, eu também achei bem interessante a história dele.

Tem uma matéria sobre ele na revista Bravo, é um texto bem legal, foi publicado nesse blog aqui:
"Semeador de imagens"

Ele também costumava fazer muitos auto-retratos, cada um de um jeito, com expressões diferentes. Encontrei esses:







Olha que beleza:
« Última modificação: 19 de Julho de 2009, 15:47:33 por Kika Salem »


Stanke

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Resposta #4 Online: 19 de Julho de 2009, 18:22:17
Como sempre... voce... nos tras mais uma perola cultural.
Muito obrigado pela sua dedicacao e partilha destas informacoes, sem voce as quais eu nao teria conhecimento.
Muito obrigado mesmo.

Provavelmente este filme nao vai passar por aqui, em Campo Grande, MS.

Abracos
Stanke - Brasil
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Kika Salem

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Resposta #5 Online: 19 de Julho de 2009, 19:31:01
Como sempre... voce... nos tras mais uma perola cultural.
Muito obrigado pela sua dedicacao e partilha destas informacoes, sem voce as quais eu nao teria conhecimento.
Muito obrigado mesmo.

Provavelmente este filme nao vai passar por aqui, em Campo Grande, MS.

Abracos

Obrigada Stanke pelas palavras gentis.

Que bom que essas informações são de interesse de vocês também.

Eu não sei como será a distribuição do filme, mas se souber posto aqui mais informações.  :ok:
« Última modificação: 19 de Julho de 2009, 22:11:08 por Kika Salem »


wilsato

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Resposta #6 Online: 20 de Julho de 2009, 08:03:34
Kika, muito bom, faço coro com o pessoal-Obrigado pela dica.
Ahhhh, Londrina, saudades... Na minha infância passava 3 meses do ano por lá, anos 60-70.


Abs
« Última modificação: 20 de Julho de 2009, 08:08:00 por wilsato »
SBC - SP   FLICKR


Kika Salem

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Resposta #7 Online: 20 de Julho de 2009, 21:31:55
Kika, muito bom, faço coro com o pessoal-Obrigado pela dica.
Ahhhh, Londrina, saudades... Na minha infância passava 3 meses do ano por lá, anos 60-70.
Abs

Taí o Wilsato que não me deixa mentir.
Eu também tenho saudades, mas também não vive os anos 1960, só o final dos 1970, mas era um bebê. Hahaha sem graça né...


Davi Sato

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Resposta #8 Online: 20 de Julho de 2009, 23:55:21
Kika,

Bacana demais!!!

Apesar de minha família ter vindo de Lins - SP e depois Atibaia - SP, a origem agrícola é bastante parecida.

 :)
Canon 6D / Canon 24-104 f/4 / Pentax K10d / Sigma 28-70 f/2.8 / Pentax 18-55 / Pentax 50-200.
São Gotardo – MG


Anderson Fonseca

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Resposta #9 Online: 21 de Julho de 2009, 10:55:02
muito bom!!!!! :clap: :clap: :clap: :clap:


Kika Salem

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Resposta #10 Online: 21 de Julho de 2009, 11:33:00
Legal que gostaram.

Eu penso por conexões, é estranho isso. Eu vejo uma foto e lembro de um quadro ou mesmo de outra imagem que, por sua vez, pode me lembrar uma música e esta música me remete a filme que ainda pode me transportar para uma época ou então me lembrar alguém que também lembra um poema, um romance. Não sei, mas vivo uma confusão de imagens o tempo todo. Também não sei dizer se isso é bom ou ruim, só sei que eu gosto, apesar de muitas coisas serem devaneios mesmo. Bem, espero que isso não seja nenhum indício de transtorno mental.

Nos meus devaneios, não sei porquê, associo esta foto


a esta, que seria uma espécie de plano fechado da primeira ou então o mesmo local, com personagens diferentes, numa mesma época


também associo esta


a esta fase do Goya na qual ele retratava cenas do cotidiano, muito embora ele seja mais conhecido pelas pinturas da casa da Quinta del Sordo e pelas xilogravuras. Sei que em arte não é o tema que tem maior relevância ou que caracteriza uma obra, mas sim o modo como ele é representado. De todo modo, não consigo deixar de conectar as duas coisas, mesmo sabendo que elas não tem tanta conexão, exceto pelo movimento.


Pronto, minha cota de viagem de hoje está esgotada.



Kika Salem

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Resposta #11 Online: 21 de Julho de 2009, 20:22:02
Lembram desse tópico do Fábio, é de um período mais recente, mas é um resgate da história familiar.
http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=10425.0


Bieli

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Resposta #12 Online: 21 de Julho de 2009, 21:11:04
Muito legal mesmo! Vi uma exposição em SP. bem bacana, mas algumas fotos que vc postou nao estavam nela, ou nao me lembro...bem bacana.
nikon D40<br />Canon FT


marcospr

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Resposta #13 Online: 24 de Julho de 2009, 13:40:11
Muito bacana este post, Kika!
Para mim especialmente, pois morei mais de 10 anos em Londrina, e na época do cursinho estudei com um neto do Haruo, Saulo Ohara. Mas naquele tempo a fotografia não fazia parte de minha vida, e nem cheguei a ver as fotos do acervo. Depois me mudei para Curitiba e perdi totalmente o contato com o Saulo, que se não me engano também é fotógrafo e mora na Suiça ou Suécia.

Uma das fotos que voce postou acima é bem emblemática de um divisor de águas na história do norte do Paraná: a geada. Não da a de 1940, mas a de 1975, que eliminou praticamente toda a lavoura de café, na época uma das maiores do país. O lado bom disso é que a partir daí começaram a plantar outros tipos de cultura, principalmente trigo, milho e soja.

Quanto pés de cafés foram dizimados? Vejam em http://www.planetalondrina.com.br/cont/contFull.asp?nrseq=3265&categoria=109

« Última modificação: 24 de Julho de 2009, 13:50:38 por marcospr »


Kika Salem

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Resposta #14 Online: 24 de Julho de 2009, 15:28:17
Nossa, não sabia que tinha tanta gente com algum vínculo com Londrina no fórum.

Marcos, é capaz até da gente ter se cruzado na cidade, pois temos a mesma idade. Fiz cursinho no Max e morava ali nas redondezas. Fizemos um percurso parecido também, sai de Londrina para morar em Curitiba.

Pra quem não sabe, não tem coisa pior para uma plantação de café do que uma geada, ainda mais essa de 1975 que não só fez nevar em Curitiba (até hoje eles lembram dessa data com orgulho!?), mas queimou os pés de café até a raiz e, com isso, quebrou muita gente.