Primeiro é preciso entender como o Cartier Bresson evoluiu na fotografia. Ele era filho de família abastada (isso mesmo já não faz sentido dizer que ele comprou o que tinha dinheiro para comprar, uma vez que ele era membro de uma abastada família do setor industrial textil francês). Em decorrência de sua condição financeira ele começou ainda criança a fotografar, sua primeira câmera foi uma Box Brownie e não uma Leica (como muitos pregam), com a qual produziu vários instantâneos ainda jovem. Ele era um viajante e esteve na áfrica durante um tempo, como caçador (isso mesmo, ele era praticamente um playboy, ou seja, DINHEIRO NÃO ERA O PROBLEMA).
Mas foi em 1932 que a paixão pela fotografia foi despertada, quando ele teve contato com o trabalho de um fotógrafo chamado Martin Munkacsi. O entusiamos do Bresson foi exatamente pelo tratamento que Munkacsi dava a um momento de uma das fotos que ele teve contato. Com base nesta foto ele se entusiasmou a produzir fotos inspiradas neste trabalho.
Ai começa o segundo questionamento óbvio (já que dinheiro não era problema para uma família como a de Bresson). Não dá para fazer este tipo de fotojornalismo de momento ao qual o Bresson se propunha, com uma câmera do tamanho de uma caixa de sapato e portanto é impossível trabalhar com momento decisivo usando uma Arca (isso já tira o sentido de qualquer afirmação acerca da Arca). Sobrava na época as câmeras de túnel de vidro e as Range finders de formato 135, que eram compatíveis com este tipo de trabalho. (pois as SLR ainda não existiam). Cartier teve contato prévio com o formato 135 e tinha gostado do mesmo para os objetivos que tinha como fotógrafo. Quando consolidamos estas informações fica claro que dentre as opções da época as Rangefinders eram disparadas as melhores.
Alguns fatos adicionais são que a primeira contax (Contax I) foi apresentada ao mundo em 1932. Nesta época a Leica já era uma marca tradicional, sua Leica I (de 1925) já era tida como referência em formato 135 nesta época. Bresson comprou sua Leica I em 1932, antes das Contax e da Leica II chegarem ao mercado, portanto não faz sentido dizer que ele preferiu uma Leica a uma Contax (seja pelo motivo que for), pois a Contax I ainda não estava disponível quando ele comprou sua Leica I e naquele momento em que ele a adquiriu ela era a melhor e mais conceituada Rangefinder 135 do mercado.
Quanto às minhas fontes são, como sempre, as mais confiáveis possíveis dentro dos limites de acesso disponíveis, a Fundação Henri Cartier Bresson, o esboço de sua biografia, sua biografia na agência magnum e a Leica Historical Society of America. Me desculpe o Ken, mas afirmar que Bresson comprou uma Leica por falta de $$$ já começa mal pela própria justificativa finenceira. Para mim ele não é referência para absolutamente nada, é um dos caras que mais propagam erros na área de fotografia e dos que criam mais falsos históricos.