Penso que a subjetividade não é bem o que ilustra a questão, mas sim o poder simbólico da imagem para aqueles que estão vivendo os ritos e as festas. Nos exemplos apresentados até aqui, existe uma expectativa, que envolve os preparativos, materiais e espirituais, de uma celebração (aniversários), ritos de passagem (casamentos) que possuem, em si, simbolismos muito poderosos.
Em alguns casos, estes eventos são grandes instrumentos de coesão social, seja de famílias ou de comunidades inteiras, e encerram os sentidos da vida para o grupo, sua visão de mundo comum. No contexto destas manifestações, a fotografia irá representar o importante papel de suporte da memória, e o fotógrafo será pressionado a cumprir um papel determinado no rito, terá cobrada sua ação em momentos chave, para que se cumpra o que as pessoas esperam da tradição, seja o simples congraçamento, ou uma afirmativa de seu status social.
Não enxergo aqui a subjetividade, mas as determinações materiais e forças sociais coercitivas que atuam sobre sujeitos históricos. Segundo K. Marx, os homens fazem sua própria história, mas não como querem, mas sob condições determinadas. No interior das condições que o contexto permite, o fotógrafo, bem como todos os atores sociais, irá construir sua história, seu trabalho, e sua marca pessoal.
Como já foi dito em outros tópicos do fórum, a fotografia e o fotógrafo carregam significados que vão muito além de seus papéis como profissionais, e extendem-se até a arte, a filosofia e a história, mesmo que alguns teimem em defender exclusivamente seu papel profissional.