Autor Tópico: Vamos discutir esta foto? - Batalha de Iwo Jima, Joe Rosenthal  (Lida 21207 vezes)

wdantas

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Resposta #30 Online: 13 de Agosto de 2009, 21:32:29
Pois é Kika, também acho que o fotógrafo mete o dedo sem questionar muito, porque se fizer termina perdendo o time do acontecimento. O vídeo do momento é bem explícito quanto a isso. A questão de foto posada se deve só ao fato de não ter sido a do momento exato e vendida como tal na propaganda de guerra e até muito tempo depois. Quando o Comando resolveu refazer a cena, aí o Rosenthal estava lá pra registrar e talvez tenha dirigido a forma de levantar a bandeira. Veja pelo vídeo que é um momento único o do clique. Não sei se ele ficou "exatamente" esperando aquela cena ou se foi no acaso dentre os poucos segundos de antes e depois.


Kika Salem

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Resposta #31 Online: 14 de Agosto de 2009, 09:10:20
Dentro da proposta do Leo que é múltipla e aceita uma ampla discussão, sem nenhuma restrição, é importante que a gente saiba separar a análise da foto que é uma recriação nossa, sendo possível emitir qualquer tipo de apreciação (estética, histórica, sociológica, simbólica etc.), podendo ser aceita ou não, mas que não depende necessariamente de descobrir as intenções do fotógrafo nem precisa dela para encontrar algum respaldo, até porque é difícil saber quais foram as intenções do fotógrafo naquele momento exato e, mesmo que soubéssemos, a análise de uma foto pode ser livre.


Kika Salem

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Resposta #32 Online: 14 de Agosto de 2009, 09:12:07


A propósito, o que é essa foto? Essa foto sozinha dá pano pra manga.


Obelix

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Resposta #33 Online: 14 de Agosto de 2009, 09:59:03
Fotos de guerra sempre dão pano pra manga. Não me recordo agora quem cunhou a frase: "Numa guerra, a primeira coisa à morrer é a verdade". A fotografia em questão tornou-se uma peça da propaganda de guerra (II GGM) dos EUA, pois passava a impressão de um exército forte, vencedor, responsável por colocar no ponto mais alto os ideais da nação.

Percebo nitidamente este discurso da superioridade/vitória na fotografia em questão, porém tal discurso não provém apenas da habilidade, técnica ou artística, do fotógrafo em contar uma ótima história, mas do contexto. A conquista da ilha de Iwo Jima era indispensável aos EUA por dois motivos principais: I) Permitiria ataques aéreos mais eficientes ao litoral do japão (a base de Iwo Jima prevenia sobre os bombardeiros, e a defesa aérea japonesa tinha tempo de preparar-se. II) A tomada de um alvo tão próximo ao território inimigo aumenteria a "moral" das tropas, além de abrir as carteiras dos milionários que financiavam a guerra. Os números de Iwo Jima são impressionantes, mesmo para a II GGM, que ceifou a vida de quase 300.000 estadunidenses. Mais de 5.000 soldados dos EUA morreram ali, e quase 20.000 japoneses! A importância desse evento para o destino dos países do Eixo, e para o resultado da II GGM, é comparável à Batalha de Stalingrado. E a fotografia soube, muitíssimo bem, transportar a importância do evento/momento para a opinião pública, doméstica e mundial, o significante perfeito para a estratégia de guerra dos Aliados.
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Leo Terra

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Resposta #34 Online: 14 de Agosto de 2009, 10:17:14
Dentro da proposta do Leo que é múltipla e aceita uma ampla discussão, sem nenhuma restrição, é importante que a gente saiba separar a análise da foto que é uma recriação nossa, sendo possível emitir qualquer tipo de apreciação (estética, histórica, sociológica, simbólica etc.), podendo ser aceita ou não, mas que não depende necessariamente de descobrir as intenções do fotógrafo nem precisa dela para encontrar algum respaldo, até porque é difícil saber quais foram as intenções do fotógrafo naquele momento exato e, mesmo que soubéssemos, a análise de uma foto pode ser livre.


:ok: Perfeito.! :)

Também achei a foto do duende muito interessante.
Esta idéia de discutir uma foto me pareceu interessante, vou lançar propostas desse tipo com alguma constância, porque agrega bastante. :)



Fotos de guerra sempre dão pano pra manga. Não me recordo agora quem cunhou a frase: "Numa guerra, a primeira coisa à morrer é a verdade". A fotografia em questão tornou-se uma peça da propaganda de guerra (II GGM) dos EUA, pois passava a impressão de um exército forte, vencedor, responsável por colocar no ponto mais alto os ideais da nação.

Percebo nitidamente este discurso da superioridade/vitória na fotografia em questão, porém tal discurso não provém apenas da habilidade, técnica ou artística, do fotógrafo em contar uma ótima história, mas do contexto. A conquista da ilha de Iwo Jima era indispensável aos EUA por dois motivos principais: I) Permitiria ataques aéreos mais eficientes ao litoral do japão (a base de Iwo Jima prevenia sobre os bombardeiros, e a defesa aérea japonesa tinha tempo de preparar-se. II) A tomada de um alvo tão próximo ao território inimigo aumenteria a "moral" das tropas, além de abrir as carteiras dos milionários que financiavam a guerra. Os números de Iwo Jima são impressionantes, mesmo para a II GGM, que ceifou a vida de quase 300.000 estadunidenses. Mais de 5.000 soldados dos EUA morreram ali, e quase 20.000 japoneses! A importância desse evento para o destino dos países do Eixo, e para o resultado da II GGM, é comparável à Batalha de Stalingrado. E a fotografia soube, muitíssimo bem, transportar a importância do evento/momento para a opinião pública, doméstica e mundial, o significante perfeito para a estratégia de guerra dos Aliados.

:ok:
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Sandro Amaral

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Resposta #35 Online: 14 de Agosto de 2009, 18:41:37
A propósito, o que é essa foto? Essa foto sozinha dá pano pra manga.

"O fotógrafo soviético Ievguêni Khaldei fez a foto em que soldados russos hasteiam a bandeira vermelha no topo do Reichstag, em Berlim, quem sabe inspirado em Joe Rosenthal. Em 2 de maio de 1945 um soldado russo iça a bandeira ajudado por um camarada. A foto tem uma curiosa história de alteração. Um dos soldados é visto com dois relógios no pulso, que foi retirado posteriormente. Era uma prova de pilhagem."

Ainda:

"Fotógrafo russo alterou uma das imagens mais conhecidas da Segunda Guerra Mundial"

“Foi o primeiro photoshop da história”, diz o jornal El País para descrever a manipulação de uma das imagens mais conhecidas da Segunda Guerra – a do soldado do Exército Vermelho que, no topo do Reichstag, em Berlim, ostenta a bandeira soviética a tremular sobre a cidade destruída, em 2 de maio de 1945. O repórter fotográfi co Ievgueni Khaldei (1917-1997), da agência Tass, fez a imagem fi car mais espetacular do que era, informa a Der Spiegel. Ele trocou a bandeira e retocou o militar russo em cima do prédio. Feitas as mudanças, destruiu o negativo original. Khaldei morreu negando tudo. Uma exposição em Berlim, na Martin- Gropius-Bau, com vernissage prevista para 9 de maio, expõe toda a verdade, a “tensão entre propaganda e documentação de trabalho de Khaldei”, anota o texto da mostra.
fonte:http://revistadasemana.abril.com.br/edicoes/36/boashistorias/materia_boashistorias_278794.shtml

Citar
Alguém no fórum conhece alguma pessoa que já fotografou guerra ou que já leu muitos depoimentos de fotográfos que registraram uma?

Kika,meu avô foi "pracinha" conversava esporadicamente sobre a Guerra, até porque detestava falar sobre isso. Ele tinha poucas fotos da guerra e perguntei a ele certa vez o porque e ele riu tristemente dizendo: " Os fotógrafos não se cuidavam...eles demoravam muito..."




« Última modificação: 14 de Agosto de 2009, 18:58:21 por Sandro Amaral »
SANDRO AMARAL - Curitiba-PR

Srs. Não responderei perguntas enviadas por MP. Socialize sua dúvida abrindo um tópico. Ajuda você, outras pessoas e o fórum. Obrigado.



Kika Salem

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Resposta #36 Online: 14 de Agosto de 2009, 20:05:25
"O fotógrafo soviético Ievguêni Khaldei fez a foto em que soldados russos hasteiam a bandeira vermelha no topo do Reichstag, em Berlim, quem sabe inspirado em Joe Rosenthal. Em 2 de maio de 1945 um soldado russo iça a bandeira ajudado por um camarada. A foto tem uma curiosa história de alteração. Um dos soldados é visto com dois relógios no pulso, que foi retirado posteriormente. Era uma prova de pilhagem."
Muitas coisas passaram pela minha cabeça quando vi essa foto: um texto do Walter Benjamin, o filme "Asas do desejo", as obras do Pieter Bruegel, umas representações do fim do mundo, enfim, muitas coisas de uma só vez.

Kika,meu avô foi "pracinha" conversava esporadicamente sobre a Guerra, até porque detestava falar sobre isso. Ele tinha poucas fotos da guerra e perguntei a ele certa vez o porque e ele riu tristemente dizendo: " Os fotógrafos não se cuidavam...eles demoravam muito..."
Ser fotógrafo de guerra é quase que uma sentença de morte.
Aqui em Curitiba teve muitos pracinhas, quando estudei na UFPR acompanhei o mestrado de uma colega, diretora do Museu do Expedicionário, sobre eles. Que legal que seu avô é um deles. Deve ter ouvido muitas histórias. Recentemente, estavam gravando um filme sobre eles, não lembro o nome. [edit: lembrei: "Senta a pua!"]
« Última modificação: 16 de Agosto de 2009, 10:44:09 por Kika Salem »


Obelix

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Resposta #37 Online: 14 de Agosto de 2009, 23:40:31
Citar
Muitas coisas passaram pela minha cabeça quando vi essa foto: um texto do Walter Benjamin, (...)

Kika, por acaso seria o "Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política"?
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Kika Salem

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Resposta #38 Online: 15 de Agosto de 2009, 08:12:54
Kika, por acaso seria o "Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política"?

Esse mesmo Obelix. Dia desses retomei a leitura de uns textos, do narrador, tem um sobre fotografia, das teses. Para quem não conhece:
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

Estou tentando lembrar, depois desse tópico, li há muito tempo, uma reflexão dele sobre um quadro do Dürer.
Esse aqui:
« Última modificação: 15 de Agosto de 2009, 08:17:34 por Kika Salem »


Obelix

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Resposta #39 Online: 15 de Agosto de 2009, 14:02:34
Penso que para essa discussão, sobre a fotografia de Joe Rosenthal, devemos utilizar a distinção que faz Benjamin, em suas reflexões sobre a história, entre a História, os instrumentos de registro da História, e a análise desses registros. São coisas muito diferentes.
A fotografia que registrou o fim da batalha de Iwo Jima, bem como a do Reichstag tomado pelo exército vermelho, é um fato dentro do fato, aponta para além do fato real, não se prende mais à simples realidade do que aconteceu.
E é aí, penso eu, que podemos "escovar a História a contrapelo".
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mauricio jordan

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Resposta #40 Online: 18 de Agosto de 2009, 12:47:47



http://www.thebernoullieffect.com/archives/photos/745px-WW2_Iwo_Jima_flag_raising.jpg


[/quote]

Hmmm..a composição é bem legal, contudo um olhar atento percebe que estão levantando a bandeira a favor do vento e se tratando de um pequeno mastro, é desnecessário o esforço de tantos homens. Se não fosso o retrato de um momento histórico pergunto onde estaria a genialidade?