Autor Tópico: Um desserviço a quem está começando.  (Lida 7330 vezes)

Ivan de Almeida

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Resposta #15 Online: 11 de Setembro de 2009, 13:44:42
Mas isso encontramos em todos os lugares.

Eu mesmo, já nem me assuto mais quando, aqui no próprio Fórum, dizem lentes, quando o correto seria dizer objetiva (pois uma objetiva tem, em sua grande maioria - retirando algumas câmeras antigas mais simples) mais de uma lente.

Outro erro é dizer que "usei a velocidade de 1/500" sendo que esse não é um valor de velocidade, mas sim tempo (ou a unidade não está em 's' de segundos?)

Outro é usar o termo "profundidade de foco" quando se quer dizer "profundidade de campo"...

E muito mais.

Há um limite para o preciosismo. Entre em um site de grande vendedor de produtos fotográficos que encontrará lá: lens. Lentes. Lentes. Usamos chamar de lente aquilo que está na frente da câmera, embora todos saibamos que não é um simples menisco. É um termo da tradição da fotografia, embora seja igualmente correto chamar de objetiva.

O termo objetiva é mais usado quando se fala de microscópios ou lunetas, pois esses aparelhos possuem dois conjuntos de lentes: as objetivas e as oculares. Como a câmera fotográfica não tem as oculares, quando se fala de lente todos sabem do que se está tratando.

Velocidade é um termo amplamente usado em fotografia. Evidentemente não é um termo correto no linguajar da física, mas não é incorreto no linguajar da fotografia.

Profundidade de foco é errado dentro do linguajar da fotografia, embora profundidade de campo signifique mais ou menos a mesma coisa, pois significa "campo de foco aceitável" ou "campo de nitidez aceitável".

Há uma sutil distinção entre as distinções de nomenclatura úteis e as pedantes. Devemos nos manter nas distinções úteis.



Kika Salem

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Resposta #16 Online: 11 de Setembro de 2009, 16:18:41
Seria interessante alguém escrever para o UOL e mencionar as incongruências do texto.

A Wikipédia serve para termos uma noção geral do assunto, já me salvou muitas vezes da ignorância plena. Mas como pode transmitir uma informação errônea devido à sua proposta livre, então não é um lugar para depositar todas as expectativas de veracidade. Em todo caso, também tem verbetes bem sérios e informativos. Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. Na minha humilde opinião, os verbetes deveriam ser INVARIAVELMENTE assinados e também com um formulário preenchido com dados checáveis. Não preciso dizer que em trabalhos acadêmicos, artigos científicos etc. é reprovável utilizar a Wikipédia, mas no dia-a-dia não vejo problema algum. [Edit: Mas, é claro, que para quem não tem clara essa diferenciação, a wikipédia também é um desserviço]

Já usei muito, o termo velocidade 1/X. Não por burrice apenas, mas porque algumas literaturas, se não me engano, traziam as especificações dessa forma. Eu costumo falar objetiva, mas já usei lente também, não porque sabia a diferença, mas porque no passado foi assim que aprendi. Quanto à profundidade de foco, nem sabia que era um termo muito usado em substituição do profundidade de campo. Mas lembro que no início, nas primeiras leituras, tive de pesquisar o que era o tal DOF que todo mundo falava.

O fórum, se não tem, deveria ter uma lista de siglas, e um dicionário de jargões mais completo, se isso é necessário.
« Última modificação: 11 de Setembro de 2009, 18:48:35 por Kika Salem »


Elmo

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Resposta #17 Online: 11 de Setembro de 2009, 19:33:52
Ivan,

Desculpe-me parecer chato, ou sê-lo mesmo, mas assim como você, sou adepto ao fundamento (pelo menos é o que demonstra em várias de suas observações aqui no Fórum). Chamar os exemplos que dei aqui de preciosismo, antes de tudo, creio que são mesmo, pois dignificam a informação precisa e, de certa forma, educa.

Não sei se é minha profissão de professor, a qual me obriga a sempre que possível uma fiscalização minha aos termos que uso, mas me viciei em observar os detalhes errôneos.

Mesmo que você e o Leo, pelo que entendi, disserem que o uso errado desses termos não importa, e o importante é chegar a informação, repudio isso, pois sem o entendimento perfeito não existe a compreensão da informação em sua totalidade, o que chamamos de comunicação.

Sem querer ser muito teórico e já sendo, nenhum de vocês disse que estou errado, mas sim exagerado. Pode ser, mas lembro que já vi exageros de ambos e assim andamos de braços dados. Pior ainda é o fato de que vocês dois (assim como eu) detestam dar o braço à torcida.

Ivan, tenho duas oculares aqui para SLRs, coisa tosca que poucos usaram na vida. Comprei por gostar de tosquices. Todos sabem do que se está falando ao se tratar de lentes nas Câmeras por nunca questionarem o fato, ou serem disparados ao entendimento da coisa como é. E há de concordar comigo, está errado. Mesmo se alguns sites teimam em chamar objetivas de lentes, estão errados e tentam alcançar o povo em geral, sem se preocuparem com conceitos, portanto não é um bom exemplo. Duvido muito que se vocês se dispusessem a escrever um livro, não se preocupariam com o uso desses termos.

Kika e ainda Ivan, Profundidade de Foco não é errado e nem é sinônimo de Profundidade de Campo. O primeiro se refere ao foco dentro da câmera e o seguinte, fora. Em resumo.

Velocidade está errado sim, quando vinculado aos valores de tempo, mas pode-se falar velocidade do obturador (faz sentido), mas nunca em conjunto com os valores com unidade em segundos. Afinal é 1/30 s, 1/60 s, etc. E isso obviamente é tempo. Não existe velocidade de 1/1000 s. E se tem livros que dizem isso, foi mal editado e ponto. Coisa comum.

Não vejo erro em ter aprendido errado, mas sim em disseminar de forma errada a informação. Se estou sendo chato me perdoem, se o que estou falando é bobagem, me consertem, mas dizer que é preciosismo e que nada disso faz diferença... Afinal, esse tópico aqui não nasceu pra discutir sobre informações imprecisas?

E não há mal nenhum em assumir erros.
« Última modificação: 11 de Setembro de 2009, 20:00:10 por Elmo »


Ivan de Almeida

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Resposta #18 Online: 11 de Setembro de 2009, 20:49:12
Elmo;

Ser professor não é desculpa -risos. Nada pior que um professor que não entende que o contrato de ensino termina na porta da sala de aulas. Uma grande parte deles não entende e sai dando aulas por aí. Não estou dizendo ser seu caso, mas somente dizendo que não se deve alegar o magistério fora da sala de aula. Basicamente, quem faz o professor é o aluno. Professor é uma posição estrutural que não existe sem um aluno "matriculado". E é a "matrícula" volitiva que cria esse lugar estrutural.

Bem, você não está errado quanto à nomenclatura. O erro, se há algum, é não entender aquilo que nos ensinou o Wittgenstein, isto é, que as palavras significam dentro de jogos de palavras e não em si, e assim há níveis de significação válidos, níveis diversos, não um único nível de significação mandatário.

Todos sabemos ao que nos referimos quando falamos sobre lentes. Todos sabemos ao que nos referimos quando perguntamos "qual a velocidade do disparo?". Responder a velocidade da cortina, a quantos m/s ela se move, seria até engraçado e estranhao ao jargão fotográfico -e inútil.

A expressão profundidade de foco é errada e não é usada no jargão. Importa-me o jargão, pois o jargão é o "jogo de palavras" onde conversamos. Você não pode criticar o jargão a partir de um vocabulário técnico supostamente exato. Pode usá-lo, se for sua intenção dar ênfase aos significados contidos na exatidão, mas isso é meramente um recurso linguístico, não a verdade da língua. O jargão é o "acordo semântico" da comunidade fotográfica. Se ele serve para o entendimento entre os que participam da comunidade, essa é a sua verdade, visto nenhuma palavra conter uma verdade por si só.

Mais do que a palavra certa, é importante a fala indicar algo. É na escolha dos termos indicativos que está a beleza e o mistério da comunicação, sempre lembrando que é comunicação. Comunicação é relacional. Ninguém é dono dos singificados em um processo de comunicação, o que existe é um jogo entre os participantes, e não cabe a nenhum participante supor-se dono da semântica. A semãntica não existe fora do jogo.





Flavio Ribeiro

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Resposta #19 Online: 11 de Setembro de 2009, 21:12:05
Detector de mãos trêmulas...  :doh:
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Elmo

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Resposta #20 Online: 11 de Setembro de 2009, 22:10:07
Ivan, você é um caso perdido.  :D


Ivan de Almeida

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Resposta #21 Online: 11 de Setembro de 2009, 23:01:28
Ivan, você é um caso perdido.  :D

Graças a Deus! -risos


Kika Salem

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Resposta #22 Online: 11 de Setembro de 2009, 23:46:13
A conversa de vocês sobre o sentido exato dos termos (Elmo) e o processo de popularização de um jargão (Ivan) foi, além de bastante elucidativa, bem divertida de ler. Ainda bem que um não dá o "braço à torcida" e o outro seja "um caso perdido". kkkk (Olhem só eu me apropriando das expressões empregadas/reforçadas por vocês)

Se um ou outro está errado? Na minha opinião nenhum, tudo depende do contexto e do público. Um vocabulário muito rebuscado aqui no fórum pode gerar dificuldade de comunicação, embora as dificuldades de comunicação não ocorram exatamente por isso, o mesmo não vale para uma publicação que tem que se pautar por uma certa precisão dos termos, embora nem sempre eles sejam precisos. (Acho que disse algo parecido acima sobre a Wikipédia, só estou repetindo opinião num outro contexto)
« Última modificação: 11 de Setembro de 2009, 23:54:02 por Kika Salem »


Formel

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Resposta #23 Online: 11 de Setembro de 2009, 23:54:02
Uma coisa engraçada, assim que comecei a usar este forum eu sempre escrevia "objetiva" (podem olhar algum post antigo meu), mas depois de tanto ler "lente" desisti. Dá preguiça escrever "oObBjJeEtTiIvVaa" muita letra, "lent" é curtinho.  :ok:

[ ]s

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Marcelo Favero

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Resposta #24 Online: 11 de Setembro de 2009, 23:55:56
Manual Nikon D300, página 107, em português onde há a comparação na exposição entre duas imagens:
Velocidade do obturador: 1/2500 s e Abertura: f/2.8" - em uma, e na outra: "Velocidade do obturador: 1/60 s e Abertura: f/22

Manual da antiga Canon EOS 300, página 45, em inglês:
Shutter speeds from 2 to 2000 indicate the denominator of the fractional shutter speed. For example, 125 is 1/125 second.

Livro Fotógrafo - o olhar, a técnica e o trabalho. /Rose Zuanetti; Elizabeth Rela, Nelson Martins - Editora Senac, página 36:
As velocidades assinaladas na maioria das câmeras fotográficas obedecem a uma sequência determinada e, à semelhança da escala dos números-f do diafragma, baseia-se na redução da exposição pela metade, a cada ponto: B, T, 1 segundo, 1/2, 1/4... ...1/2000 e, em algumas câmeras, 1/4000 segundo.

Catei estes exemplos numa rápida folheada no que eu tinha ao alcance da mão, aqui na minha mesa, pois sabia que isto estava impresso em muito mais do que enganadas publicações.

Ninguém tem um peso. Mas nenhum profissional de saúde, por mais graduado que seja ou por mais cara que seja sua consulta lhe perguntará qual sua massa, pelo bem da comunicação.

Não quero confrontar à correta opinião dos acadêmicos, mesmo porque não estou fazendo afirmações, apenas citando a literatura fotográfica que conheço. Pois é certo que velocidade é resultado de uma distância percorrida num espaço de tempo, e não simplesmente TEMPO. mas existem termos e expressões que são consolidadas e validadas pelo uso. Acho que esse é o caso e isso as torna corretas dentro do contexto. Ou não?

Como diria um antigo empregador meu: "não devemos ser mais papa do que o Papa".
Marcelo dos Santos

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montanha913

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Resposta #25 Online: 12 de Setembro de 2009, 01:41:26
Também estava me lembrando que no próprio manual da câmera diz "Shutter speed".

E eu também costumava encanar com esses termos com tudo, as vezes com um assunto que pouco dominava, mas depois percebí que era besteira, afinal, quem nunca pediu por pão "pullman" ao invés de pão de forma... hehehe

Mas voltando ao assunto do tópico, tem um termo usado lá que fiquei em dúvida, talvez não conheça pela minha pouca experiência com fotografia, mas está correto "retirar" fotografias?
« Última modificação: 12 de Setembro de 2009, 01:42:50 por montanha913 »


Elmo

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Resposta #26 Online: 12 de Setembro de 2009, 05:50:58
Pois é, os manuais das câmeras são horrivelmente traduzidos. Os dos Flashs então...  :aua:

Querer um rigor nesses manuais é dureza. Shutter Speed, realmente confere, como eu disse. Mas mesmo sendo eles assim colocados, vocês concordaram comigo que há um erro aí. Não há, em mim, vontade de ser mais papa que papa algum, mesmo porque, qualquer um aqui é mais conhecedor do assunto que um tradutor desses manuais de câmeras.

Mas como creio já me ter feito entendido, vou por outro lado. Tenho aqui uma preciosidade chamada "Wir Fotografieren", um livro alemão de 1957, escrito por Gert Lindner.



A obra de 1958, ou seja, a exatos 51 anos atrás é muito bem feita, com um conteúdo dirigido aos amadores. O interessante, contudo, é que ao lê-lo tive um choque temporal imenso ao perceber o cuidado (sem pressa) de se abordar temas complexos da fotografia, sempre acompanhado de um incrível respeito e gentileza poética muito diferente à crua abordagem sobre o assunto nos dias de hoje.

Outra coisa que impressiona é perceber que após 50 anos, a fotografia continua atemporal em diversos aspectos.

Procurando então compartilhar isso com os amigos, transcrevi alguns excertos curiosos:

"Essa inovação [o fotômetro] liberta, sem dúvida, o fotógrafo de proceder a cálculos e medições; mas se isto é verdade, não é menos verdade também que para muitos é um autêntico prazer fazer esses cálculos e essas medições. Não deixa de ser mais agradável dominar a técnica e o mecanismo de fotografar do que entregar ao automatismo do aparelho ultramoderno a resolução de todos os problemas."

"É evidente que devemos procurar escolher uma duração de exposição tão longa quanto possível, a fim de se poder aproveitar totalmente a luz de certos flashes, que levam mais tempo a atingir o máximo de sua intensidade luminosa. Tal é o caso das lâmpadas vulgares, que não se incendeiam total ou instantaneamente, pois levam um certo tempo até que a sua deflagração luminosa atinja o máximo."

"Em nossa casa, antes de partirmos para o teatro das nossas explorações fotográficas, devemos ensaiar e verificar o material, o que compreende igualmente os acessórios, as tabelas de exposição, filtros, etc."

"Com um pouco de gentileza e de cortesia, podemos sempre convencer qualquer, mesmo um estranho, a posar alguns instantes pra nós, logo que a sua presença seja útil para a nossa imagem. Quem não terá no íntimo de si mesmo um pouco de vocação para o teatro, para representar?"

"Evitai as simetrias muito monótonas!"

"Um bom instantâneo é quase sempre uma questão de acaso e sorte. Apesar do secreto desejo que nos atormenta de realizarmos um clichê excepcional, a fotografia inesperada, apesar de toda a nossa perseverança e das numerosas películas que sacrificamos para o conseguir, é preciso rendermo-nos à evidência: o acaso escapa, por definição, a todo controle humano, e tudo o que podemos fazer, em rigor, é dar-lhe um pequeno empurrão."

"O segredo de um bom instantâneo reside, por isso, numa extrema rapidez de manobra e no sacrifício voluntário de um certo número de películas."

« Última modificação: 12 de Setembro de 2009, 06:06:19 por Elmo »


Elmo

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Resposta #27 Online: 12 de Setembro de 2009, 05:57:58
Na mesma linha, tenho outro agora em mãos, desta vez brasileiro, intitulado Manual Fotográfico, de 1943. Capa dura revestida em tecido bege desbotado. Tenho efetivamente aprendido muito lendo essas preciosidades. Muitos podem dizer que ando nadando contra a maré, mas penso exatamente o contrário, que é exatamente a maré que me traz esses livros.

Ao abri-lo, no devido cuidado que seus antigos papeis amarelos exigem, leio um pequeno poema o qual não me contive em dividir com meus amigos amantes dessa arte, e transcrevo, respeitando a antiga grafia.

"A Fotografia

Da hora feliz guardai a grata imagem
Não confieis tão somente á retentiva
Os encantos fugaces da paisagem.
A scena amavel, intima, emotiva.

Vôa veloz o tempo e, de passagem,
Do som, da côr, ouvido e o olhar vos priva.
E, um dia, refazendo a mesma viagem,
Não revereis a mesma perspectiva.

Fixai, amigos, na fotografia,
Os aspétos das horas de alegria
Que em sombra e luz nos fogem, num repente.

E, na imagem, gravada em claro-escuro,
Gozareis, redivivos, no futuro,
A beleza e dulçor da hora presente.

Bastos Tigre"

Em tempo: Manuel de Bastos Tigre laçou em 1934, junto com Ary Barroso, a marchinha "Chopp em Garrafa", que promovia o que hoje conhecemos como Brahma Chopp.


Ivan de Almeida

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Resposta #28 Online: 12 de Setembro de 2009, 09:33:43
Olha só...

Quando falamos "objetivas", há uma elipse de um termo. O termo é "lentes". Na verdade, a expressão completa é "lentes Objetivas", visto que "objetiva", pura e simplesmente não tem conteúdo semântico suficiente para dizer de que espécie é o objeto. Pode ser, por exemplo, uma "pessoa objetiva" (pessoa que vai direto às questõs principais de um assunto). No caso dir-se-ia: "Ela é bam objetiva!". Significando que a Kika (é brincadeira , Kika) vai diretamente às questões, sem circunlóquios. Diz-se também: "Seja objetiva!", quando a pessoa demora a chegar à questão de um assunto. E por aí vai. O termo objetiva não é suficiente semantivamente para indicar um conjunto de lentes montadas em um corpo cilíndrico. (e ainda pode significar "quem objeta", ou seja, quem nega, em expressões como "Ele tem uma postura objetiva", aí dando o nó completo na significação, pois pode significar tanto que ele vai diretamente ao ponto quanto que ele tem uma atitude de negação contumaz.

Como podem ver, só o contexto da fala (ou seja, o jogo de linguagem), dá significado determinado à palavra.

Então, quando falamos objetiva, estamos também nos aproveitando do jogo de linguagem fotográfico que nos permite elidir a palavra lente, mas nos jogos de linguagem essa elisão não é supressão. A palavra "lente" continua ali, como um espectro, dando sentido à palavra objetiva.

Elidir a palavra "lente", ou elidir a palavra "objetiva" é uma opção do jogo. Nenhuma está mais certa do que a outra. Em termos estritamente semânticos, "objetiva" é pior do que lente, uma vez que inexistindo "oculares" na câmera (exceto no exemplo do Elmo, qua não gera regra, pois exceções não geram jogos distintivos de linguagem, ao contrário, as exceções é que precisam distinção), quando falamos objetiva não estamos recortando o significado de nenhum fundo. Indicar um sentido (significação) é recortar um significado de um fundo não-significativo. Falar "objetiva" recorta qual significado? Nenhum. Já lente recorta o significado de ser ótico, de não ser o corpo da câmera, etc.

Enfim, usa-se falar lente, usa-se falar objetiva. Quem está mais certo? Está mais certo quem é bem compreendido.


Elmo

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Resposta #29 Online: 12 de Setembro de 2009, 11:25:00
Caro Ivan, então, caso esteja correto, ao chamar de Lente o conjunto o qual indicou denominar-se "Lentes Objetivas" cai no erro de combinar o número à coisa, pois afinal seriam Lentes, e não uma só. Que é o que eu disse no início dessa verborragia.

Dessa forma chamar de lente as "lentes montadas em um corpo cilíndrico" é levar pau no português.

Mas seu caso, Ivan, é o seguinte. Caso morra afogado em um rio, deveremos procurar seu corpo rio acima, pois não fará sentido encontrá-lo a favor da natureza, mas sim ao seu favor.  :D
« Última modificação: 12 de Setembro de 2009, 11:43:46 por Elmo »