Ricardo o aprendizado da fotografia tem uma questão interessante, que se origina na existência do modo automático.
Pesquisadores sobre aprendizado apontam que temos 4 níveis de aprendizado:
1 - Incompetência inconsciente.
2 - Incompetência consciente.
3 - Competência consciente.
4 - Competência inconsciente.
No caso da incompetência inconsciente na fotografia você acaba trabalhando com o modo automático, você sabe ligar a câmera, mas demora a se dar conta que quem está fazendo grande parte das decisões é a câmera e que sua própria escolha por este modo é por pura falta de opção. Este automático resolve sua vida, principalmente nas fotos de momento decisivo. Se não houvesse o modo automático esta fase seria como em todas as outras áreas, uma verdadeira catástrofe, mas na fotografia não é, porque o fotógrafo pode simplesmente deixar parte do controle com a máquina. Neste caso ele fotografa parcialmente, pois não se pode dizer que a decisão de uso do modo automático foi racional, foi simplesmente falta de opção.
No segundo estágio você passa para o estágio de incompetência consciente. Este é o estágio mais problemático na fotografia. Você descobre que não tem competência (que vinha meio que mascarado pelo automático), mas a tentativa de buscar o aprendizado acaba por ser trágica, pois você tenta tomar suas próprias decisões e é ai que vocÊ descobre que não sabia nada de fato. Ao tentar assumir o controle total das decisões você passa por diversos problemas, primeiro que você não tem ainda as competências adequadas, assim o volume de perdas aumenta de forma significativa, em relação ao automático. Segundo que tudo o que você tenta fazer acaba sendo muito pensado e lento, o que compromete vários tipos de fotografia.
No teceiro estágio (se você perceverar) você finalmente assume o controle, mas este controle ainda requer que você pense sobre os problemas. Neste estágio muitos começam a inventar soluções para resolver a questão da foto de momento, como fazer ajuste prévio da exposição, usar lentes Zoom para facilitar, acionar os modos automáticos de prioridade e fazer checagens rápidas travando a exposição antes do click e assim por diante. Ou seja, atinge um estágio onde se pode pensar em soluções apropriadas para cada tipo de problema, mas este pensamento ainda é consciente, você ainda racionaliza para poder tomar decisões.
Por fim, com o passar do tempo, atingimos o último estágio, onde estamos tão habituados com toda a dinâmica do que estamos lidando, que acabamos por fazer as operações de forma inconsciente e competente. Ou seja, voltamos a não pensar mais no problema (como na etapa inicial, onde não pensavamos), porém temos toda a carga conceitual agindo de forma automática em nossas mentes e nos dando toda a competência necessária para a atividade.
Como você pode perceber a transição da incompetência inconsciente para a competência inconsciente é bastante dramática na fotografia, onde descobrir que nada sabemos nos leva a expor claramente que nada sabemos. Diferente, por exemplo, de quem está começando a dirigir, que no primeiro estágio fica claro que a pessoal não sabe o que está fazendo e do momento em que consegue reconhecer isso em diante só se ve melhoras. Na fotografia não, o momento em que você reconhece isso é exatamente o momento onde as pessoas passarão a ver claramente suas limitações.