Marcos, estou tentando simplificar a coomprenção, mas os estudos sobre o assunto visão já tratam que o olho permanece rastreando a imagem constantemente e o que vemos é um apanhado de imagens montadas, tem até um post antigo aqui onde o Ivan havia postado alguns exemplos do tipo, só não estou conseguindo achar ele agora, mas o que vemos é sim muito semelhante ao que outros estão vendo, porém a influência dos outros sentidos não é tão nula assim os gestaltistas já provaram que essa influência existe e é bem considerável, uma outra questão é que o nosso cérebro concentra atenção em dados objetos (que vão variar de acordo com nossas características culturais) e assim após rápidos rastramentos da imagem ele Monta sim a imagem dando destaque para aquilo que mais chama atenção (isso ocorre em frações de segundos e nem nos damos conta), o processo perceptivo da visão é muito complexo.
O que eu estou dizendo desde o começo é que não faz o menor sentido comparar o nosso olho com fotografia porque o que vemos está muuuuuito longe de ser fotografia, é uma experiência muito complexa, como eu disse no meu post anterior a este o olho em si funciona de forma similar a uma filmadora o que poderia ser interpretado praticamente como uma máquina fotográfica sequencial,concordo com isso, isso é físico, porém não é possível comprar a visão humana com fotografia porque no caso o cérebro tem uma influência muito grande em todo o processo, o olho faz varreduras da cena e o que vemos é resultado de montagens dessas varreduras, além de toda a influência cultural e sensorial, que define o que exatamente vai nos chamar mais atenção e ocupar maior tempo desse período de varredura que o olho faz na cena e assim permitir que esses elementos sejam analisados como mais relevantes, com maior resolução e desta forma analisar o olho comparando com uma câmera não faz o menor sentido, porque o que realmente percebemos não é exatamente o que o olho está vendo, é na verdade um grande apanhado de imagens feitas pelo olho, analisadas, montadas e ajustadas de forma a se adequar aos nossos padrões visuais.
Obviamente se fixarmos a atenção em uma bola vermelha teremos uma percepção muito semelhante da mesma (mas mesmo assim nada garante que alguém com padrões muito diferentes do seu vá perceber a bola de forma diferente), mesmo porque é uma cena muito simples, porém ao mandar um japonês e um brasileiro analisar uma fotografia ou uma cena cotidiana os elementos que eles perceberão melhor e lhes chamarão mais atenção serão totalmente diferentes e assim o resultado final da imagem que terão será completamente diferente, destacando os pontos que mais lhe chamaram a atenção.
Eu tbm gosto das coisas bem físicas, o que se enquadra inclusive no que os médicos fazem ao lhe receitar um óculos, mas infelizmente o processo visual (e perceptivo como um todo) é extremamente psicológico e neurológico, temos elementos básicos na mecânica de nossos cérebros, mas tem muito do que aprendemos e até reprogramamos na no processo de percepção da visão, admito que ainda ando por esse terreno com certo receio, tenho lido bastante, recentemente comprei 2 livros do Rudolf Arnheim sobre percepção e gestalt, mas ainda não terminei o segundo e pretendo reler o primeiro lado a lado com um outro livro que tenho do Ismael Pedrosa sobre cores que tem um tratado muito bom sobre a percepção das cores.
Vou contar uma experiência que tive a algum tempo que foi fantástica, na verdade foi quando comecei a ver a minha percepção visual de forma diferente e depois descobri que tinha muito a ver com algumas coisas propostas pela linha gestaltista da psicologia.
A algum tempo cheguei na porta de minha casa e havia algo que se assemelhava a um toco de pedra sabão cortado em forma de um cubo, estava escuro e fiquei me perguntando quem havia deixado aquele toco de "pedra sabão" por ali, cheguei perto do toco e o toquei com as mãos, nesse exato momento eu senti que aquilo que eu acreditava ser pedra sabão era na verdade madeira, agora o mais incrível é que a partir do toque no objeto, onde meu tato o reconheceu como madeira eu passei a ver claramente MADEIRA e me peguei perguntando, nossa como eu achei que isso fosse pedra sabão, era obvio que era madeira. O meu cérebro se reprogramou imediatamente ao reconhecer o objeto e isso é apenas um dos fatores.
Não gosto de comparações entre fotografia e o olho humano por diversos motivos e um deles é isso, porque apesar da ótica similar e do dispositivo de captura similar o processo da imagem é diferente e o resultado obtido é completamente diferente entre si, você NUNCA conseguira na visão um resultado similar a uma fotografia, mesmo porque nosso cérebro se dá ao luxo de fazer objetos parecerem maiores conforme lhe chamam mais atenção e somos completamente incapazes de reconhecer precisamente uma cor, nosso cérebro pode ser enganado de diversas formas e por ai vai.
A única forma que vejo como construtiva para essa comparação seria compararmos uma montagem baseada em alguma linha do estudo da percepção com o que vemos, ai sim poderíamos ter uma idéia de como nosso aparato visual funciona, agora comparar o que vemos com o fotografia é extremamente simplista, por isso não entendo porque querer comparar o olho com uma câmera uma vez que não vemos o que ele capta e assim não temos a menor idéia do que é a imagem realmente capturada pelo olho?