Esse vídeo me lembra um artigo que escrevi para o portal Aguarrás.
Se aguém tiver interesse:
http://aguarras.com.br/2009/02/07/os-abutres-de-carter/
Em toda a área existem bons e maus profissionais. Com escrúpulos ou sem pudor. Com uma ética comum, com uma ética própria ou sem ética nenhuma. Carter, por exemplo, não foi herói nem vilão. Ninguém soube ao certo o que se passava no plano aberto daquela foto, pois ele foi dele o único testemunho. Também sabe-se que ele tinha lá seus tormentos. O que não vem ao caso absolutamente.
Explorar certas imagens, que fatalmente renderão ganhos financeiros (afinal, trata-se de uma profissão remunerada, e como um garimpeiro, pode-se passar a vida toda sem se deparar com uma imagem-prêmio, mas continua sendo uma profissão e muito mal paga), faz parte deste ofício, assim como fará parte do ofício do jornalista descrever as costelas a mostra ou o olhar da menina agonizante com palavras.
Então, para continuar a reflexão, pergunto: O que teria ajudado a arrecadar mais fundos e donativos nas campanhas humanitárias da década de noventa? Um relato escrito por um correspondente sobre uma criança com costelas à mostra espreitada por um abutre ou a foto de Carter? Quanto uma foto cruel pode contribuir e já contribuiu para mudar a história ou quanto a ausência dela não contribui para a mudança? Quantas injustiças só foram possíveis de ser cometidas pela falta de um fotógrafo para registrar seu andamento e mostrar para o mundo?
Abraços