Oi Leandro,
o que diferencia você das outras pessoas?
O seu estilo. Na fotografia, é o seu olhar. Você precisa educá-lo e aprimorá-lo. Aí entram os grandes fotógrafos, os ídolos. Eu acho que você deve começar definindo que tipo de fotografia você gosta de fazer. A partir disso, buscar as técnicas necessárias para se desenvolver esse estilo, adaptá-las ao seu gosto, à sua visão e aí é suor, prática.
Eu, por exemplo, gosto de imagens com luz ambiente, aberturas grandes, fundo desfocado. Por isso sempre tive lentes luminosas, 1.4, 2.8. Mas com o tempo e a prática eu vi que é possível, mesmo com uma 4.5, deixar o fundo bem desfocado. Basicamente depende da sua distáncia para o objeto. Quanto mais próximo, mais desfocado, independente da maior abertura da lente. Isso está, inclusive, marcado nas lentes, é só a gente ficar atento para a ficha cair.
A técnica é importante para você chegar aonde quer e saber ir além. Mas só para isso. Se você está fotografando gente, regras como o horizonte nivelado não têm muita importância. Para paisagens, sim. É importante você chegar às suas próprias conclusões, aguçar o seu discernimento e seguir os seus instintos. Sem saber AONDE VOCÊ QUER CHEGAR, a técnica é informação sem função. Portanto, defina o que você quer antes de se enfiar nas ciladas da técnica. Senão você acaba virando um técnico em fotografia, não um fotógrafo.
Você vê isso muito em faculdades/escolas de humanas. Os professores dominam as técnicas, têm o dom de ensinar (o que é realmente uma bênção) mas são incapazes de fazer algo original ou interessante com elas (claro que há exceções).
Quanto a plágio eu penso da seguinte forma. É perfeitamente natural que você queira imitar seus ídolos, fazer o que eles fizeram e aprender com isso. Ansel Adams, por exemplo, facilitou muito a vida dos seus seguidores e estudantes ao doar seu negativos para faculdades americanas para que os estudantes pudessem partir do mesmo original que ele. Isso ilustra o quanto é válido trilhar o caminho de quem você admira.
Agora, chega um momento em que você tem que se libertar disso, senão você vira uma imitação barata de algum fotógrafo. E isso não te leva a lugar nenhum. Aprenda, tenha a humildade de reconhecer que esse processo de aprendizado nunca termina e eduque o seu olhar sempre.
A técnica está disponível a todos, em várias fontes. Mas por mais influência que ela tenha, não é ela que diferencia um fotógrafo do outro. É o olhar. E é nisso que você deve investir continuamente.
As famosas discussões sobre equipamento, quanto pontos você estourou ou não, a precisão do alinhamento do horizonte a 90 graus, se você usou ou não o filme errado, o white balance correto e por aí vai, isso, sinceramente, na maioria das vezes serve mais pra prejudicar do que pra ajudar. Como aqueles que acabam de vender o carro para comprar uma 300/2.8 de última geração e dizem que agora, sim, vão fazer as fotos que sempre sonharam. Não vão. Vão fazer as mesmas fotos de sempre, só com o fundo um pouco mais desfocado. Porque? Porque ele está mais preocupado com o que tem do que com o que vê.
Da mesma forma, existe uma mitificação muito grande da técnica. Isso só serve a quem geralmente tem a lucrar com isso - por exemplo os fabricantes que inventam features que ninguém nunca irá usar, mas são uma exclusividade deles, uau!
Eu sempre bato nessas teclas. Muita gente não concorda. Mas o mundo está cheio de fotos tecnicamente perfeitas e completamente sem graça. Viva o fora de foco, a tremida, o acaso que ainda fazem com que muitas imagens toquem a gente mais fundo. E, também, vivas àqueles que sabem usar a técnica sem que ela fique entre o que eles querem dizer e o que vemos. Os resultados, nesses últimos dois casos, são o que ajudam a deixar mais sólido qualquer estilo.
Eu gosto muito de JR Duran, Pamela Hanson, Bruce Weber, Richard Avedon, Sante D'Orazio, Robert Mapplethorpe, Irving Penn, Albert Watson, Patrick Demarchelier e a lista continua. Eles têm em comum versatilidade, que lhes permite fazer fotos fora de foco com o mesmo estilo e competência técnica que fazem stills. Mas sempre a técnica está a serviço do estilo deles, nunca o contrário.
Nossa, já escrevi demais. Espero ter contribuído. Ah, fica uma sugestão de leitura:
http://www.kenrockwell.com/tech/simplicity.htmAbraço,
José Azevedo