Autor Tópico: Custo Brasil  (Lida 8215 vezes)

Silent_bh

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Resposta #45 Online: 11 de Fevereiro de 2010, 16:00:19
Brasileiro é igual menino pidão, tudo que aparece, quer.
Mesmo que aperte, mesmo que fique zerado, está ele lá comprando.

Tive a oportunidade de passar alguns meses em Portugal e Espanha a trabalho, realmente a diferença do custo é muito grande. Lá o a última linha do Fiat Stilo foi em 2007, só para ter uma idéia, hoje se compra um carro destes usado em ótimo estado por 7mil euros.
O que não é muito, tendo como referência um salário ai de auxiliar de escritório ou mesmo um garçom que ganha na média de 800 a Mil euros mensais.

Ainda sonho com meus momentos por lá meio à BMW's e Mercedes, mas andando de bike, claro, rs.
Para ter uma noção: http://auto.sapo.pt/carros/
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GuiCastro

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Resposta #46 Online: 11 de Fevereiro de 2010, 22:31:17
Leo, no fim das contas o problema é o povo brasileiro que engole qualquer coisa e é muito dependente do governo ainda. Gostei da sua explicação e comparação dos impostos no Brasil e nos EUA, infelizmente me parece uma situação que não vai mudar tão cedo, tendo em vista que seria necessário a mudança da cultura e dos conceitos de uma grande parte da população.

O que eu vejo é muita gente esperando a ajudar cair do céu... Eu sinceramente gostaria de poder fazer algo em relação a isso, mas além de não saber muito bem o que fazer, é a maioria que decide, e como a maioria troca voto por rapadura, estamos de mãos atadas.


Ricardo Smania

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Resposta #47 Online: 15 de Fevereiro de 2010, 08:30:00
Eu queria saber que conta eles fazem pra chegar nesse percentual de imposto em relação ao PIB. Consideremos o seguinte exemplo:

Uma empresa quer contratar um funcionário por um salário de R$ 2500. Com os impostos a empresa vai gastar aproximadamente R$ 5100. E desses R$ 2500 são deduzidos IR e INSS, comendo aí uns 300 reais, indo pra R$ 2200.

Então:

Bruto: R$ 5100
Líquido: R$ 2200

Continuando: a cada produto que este trabalhador comprar, ele vai pagar 40% de impostos, ou seja, sua renda efetiva é de R$ 1320.

Então novamente:

Bruto: R$ 5100
Líquido: R$ 1320, ou 26%, ou seja, 74% de impostos, muito longe dos 35% que o país divulga.

Alguém me explica?
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Resposta #48 Online: 15 de Fevereiro de 2010, 15:59:35
Ricardo a relação da carga é bastante simples. Faz-se o cálculo de tudo o que foi produzido formalmente no país (soma-se tudo o que foi declarado, inclusive os que são acumulados), em seguida pega-se TUDO o que as 3 esferas de governo arrecadaram no ano e dividem isso pela produção total.
Os impostos pagos por pessoas físicas são um pouco diferentes do cálculo que você apresentou.
Para 2010 a tabela de Imposto de Renda Pessoa física é dada por:
Isento para quem ganha até R$ 1434,59 ao mês.
Tudo o que você ganhar entre este valor e 2246,75 será tributado com 7,5%.
Tudo o que você ganhar entre o último valor e 2995,70 será tributado com 15%.
Tudo o que você ganhar entre este último valor e 3743,19 será tributado como 22,5%
Tudo o que você ganhar acima deste último valor será tributado como 27,5%

Já o INSS (que é uma contribuição compulsória para o seu fundo de aponsentadoria, ou seja, será usado para pagar sua aposentadoria) segue a seguinte tabela de descontos relativas aos funcionários:
Salário até R$ 965,67 = 8,00%
Salário de R$ 965,68 até R$ 1.609,45 = 9,00%
Salário de R$ 1.609,46 até R$ 3.218,90 = 11%.
Sendo R$ 3218,90 a base de contribuição máxima para pessoas que trabalham sob a CLT (no setor público existem os estatutários, que possuem previdências próprias, com regras próprias).

(Estas tabelas podem ser encontradas na áreas de dúvidas da receita federal do Brasil em www.receita.fazenda.gov.br e no site da previdência social em http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/paginas_perfis/perfil_comPrevidencia_04_02.asp).

Tomando o exemplo de um salário de R$ 5100,00 temos então de Imposto:
R$ 60,91 + R$ 112,34 + R$ 168,18 + R$ 373,12 = R$ 714,55
O INSS descontado deste salário seria de = R$ 354,09.
Temos então um total de imposto de renda de 14% para este salário (vai variar) mais 6,9% de descontos para contribuição para o INSS. Pelo que está indicado em lei, esclarecida no site da receita, o seu salário de R$ 5100,00 teria que chegar a você com um desconto de R$ 1068,64 ou seja, R$ 4031,36.
Para a maioria das profissões liberais, as cargas (inclusive previdenciárias) são daí para baixo também, ou seja, empreendedores individuais e empregados não ultrapassam este valor. Os capitalistas (donos de empresas) pagam IR também sobre o lucro que apresentam e, em alguns casos, impostos menores do que o empregado.

Agora a empresa também paga uma parte do INSS do funcionário (mas não paga impostos sobre o salário e sim a contribuição compulsória para sua aposentadoria dos mesmos). As micro e pequenas empresas (maioria no país) pagam um desconto sobre o bruto das notas, que contemplam todos os impostos e contribuições e ficam por volta de 9,5% (alguns casos menos, alguns casos mais). Já as grandes empresas pagam também uma parte do INSS do funcionário, mas o que pagam sobre isso não é o valor estapafúrdio que vocÊ citou acima. Para você ter uma idéia os empregadores (em uma tentativa de colocar o custo indireto do salário como grande vilão) alegam que um funcionário custa até 80% o valor do seu salário em encargos para o empregador. Mas note que não são impostos.
Nestes 80% que os empregadores atribuem ao custo Brasil temos os seguintes itens:
30 dias de férias anuais remuneradas
1/3 de salário sobre férias
13º Salário
Aviso Prévio
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) sobre salário mensal
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) sobre 13º Salário, Aviso Prévio e Férias
Multa de 40% sobre FGTS no caso de demissão do funcionário por parte da empresa contratante
Férias sobre Aviso Prévio
13º salário sobre Aviso Prévio
1/3 de salário de Férias sobre Aviso Prévio
FGTS sobre rescisão contratual (13º e Aviso Prévio)
INSS sobre Salário
INSS sobre Férias e 13º salário
Indenização de um dia de salário.
Ou seja, tirando o INSS (que é o pagamento para a sua aposentadoria) o restante são TODOS benefícios diretos do empregado, ou seja, é dinheiro que você, como empregado, vai receber na forma de Fundo de garantia, de recisão contratual, férias, 13º e coisas do tipo. Longe se ser tributos ou contribuições, são na verdade remuneração indireta ao trabalhador. Particularmente eu prefiro que estas continuem existindo. Imagine só cortar o "custo brasil" nos depósitos de seguros e na remuneração dos trabalhadores? Isso é papo de empregador, que quer continuar pagando o mesmo salário e ganhar mais às suas custas. :/
Então a conta é simples. Quem ganha menos paga proporcinalmente menos do quem ganha mais paga proporcionalmente mais. O problema ai é que todo mundo pega como base os grandes contribuíntes e os pilantras, que são aqueles que deveriam pagar mais, mas dão nó em fumaça para não pagar, forçam a barra para colocar a culpa no governo e se esquecem que boa parte da arrecadação vem de pequenos contribuíntes, que pagam bem menos impostos.
De qualquer forma é importante lembrar que a previdência social estatal pode não ser eficiente, mas é segura, diferente dos fundos privados (existentes em países como os EUA) que quebram e deixam muitos trabalhadores aposentados na rua da amargura.
Se você se interessa pela conta ela é bastante simples, o site do tesouro nacional concentra toda a informação sobre a produção declarada no país e tudo o que é arrecadado em todas as esferas de governo: http://www.stn.gov.br/. A conta pode ser feita por lá mesmo, sem a menor dificuldade. Esta conta toda é feita não só pelo tesouro e IBGE, como também por alguns pesquisadores da UNICAMP e outros institutos autônomos e elas praticamente batem com 3 ou 4 metodologias distintas. ;)


 
 
Leo Terra

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Resposta #49 Online: 15 de Fevereiro de 2010, 21:12:00
Leo,

Você está certo. Na verdade os 103% envolvem não somente impostos, mas também custos com férias, 13º e afins, conforme explica aqui:

http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/6161/Fim_do_INSS_Patronal_e_do_Imposto_de_Renda

Citar
O pagamento de encargos sociais de um trabalhador para uma empresa no Brasil é em média de 36%, mas quando se adiciona o custo referente aos direitos trabalhistas (13º salário, aviso prévio, abonos, etc) o valor ultrapassa 103%. Ou seja, para cada R$ 1 de salário pago a empresa desembolsa mais R$ 1,03 para manter o funcionário.

Na verdade a conta que eu tinha feito no meu post seria 2500 o valor bruto que o trabalhador recebe, e 5100 o custo total para a empresa.

Achei interessante este projeto de lei contra o INSS Patronal, que realmente é um absurdo. Podiam aproveitar e acabar com IPVA, IPI, ISS, ICMS, e mais um monte de Is.

Pelo menos ano passado teve a mudança nas alíquotas de IR, o que já foi um avanço, porém o IR é um dos impostos mais baratos.
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Resposta #50 Online: 16 de Fevereiro de 2010, 12:25:18
Se você acabar com o INSS patronal ele terá que ser transferido para o empregado, porque a previdência social vive desta transferência. O que acho que poderiam fazer (que é muito bom) seria a unificação dos impostos e contribuições, como no caso das ME e das EPP. Para o empresário é muito melhor, muito mais simples e até econômico, saber exatamente qual o imposto que será pago. Hoje, ao vender um produto, você tem que consultar qual será o ICMS pago e assim por diante, porque além de ter uma série de impostos (tudo picadinho) estes impostos são aplicados de forma diferente de acordo com o produto. Uma verdadeira loucura.
Leo Terra

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Resposta #51 Online: 16 de Fevereiro de 2010, 15:25:29
O que eu vejo é muita gente esperando a ajudar cair do céu... Eu sinceramente gostaria de poder fazer algo em relação a isso, mas além de não saber muito bem o que fazer, é a maioria que decide, e como a maioria troca voto por rapadura, estamos de mãos atadas.

Compra um monte de rapadura e se candidata! Mesmo que vc não consiga fazer nada, ao menos vai ganhar para isso. :doh:

Nesse papo de imposto lembrei daquele deputado (ou senador) que teve a idéia da imposto único, a idéia original até era boa e as intenções do cara pareciam boas também. Viram a idéia dele deram uma torcidinha e ao invés de imposto único criaram mais um imposto, a antiga CPMF!

O negócio é comprar rapadura.

[ ]s

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GuiCastro

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Resposta #52 Online: 22 de Maio de 2010, 09:49:23
Hehe pessoal, eu ainda não desisti desse tópico... a revolta ainda está em mim...

Saiu uma matéria na época:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI142235-15259,00-POR+QUE+TUDO+E+TAO+CARO+NO+BRASIL+TRECHO.html



Se aqui não fosse a porcaria que é, dava pra pegar um Corolla completão pelo preço de um Voyage capado...

Incrível, que até sem imposto o carro aqui é um absurdo. As montadoras enfiam a faca sem dó.
« Última modificação: 22 de Maio de 2010, 09:50:41 por GuiCastro »