Ricardo a relação da carga é bastante simples. Faz-se o cálculo de tudo o que foi produzido formalmente no país (soma-se tudo o que foi declarado, inclusive os que são acumulados), em seguida pega-se TUDO o que as 3 esferas de governo arrecadaram no ano e dividem isso pela produção total.
Os impostos pagos por pessoas físicas são um pouco diferentes do cálculo que você apresentou.
Para 2010 a tabela de Imposto de Renda Pessoa física é dada por:
Isento para quem ganha até R$ 1434,59 ao mês.
Tudo o que você ganhar entre este valor e 2246,75 será tributado com 7,5%.
Tudo o que você ganhar entre o último valor e 2995,70 será tributado com 15%.
Tudo o que você ganhar entre este último valor e 3743,19 será tributado como 22,5%
Tudo o que você ganhar acima deste último valor será tributado como 27,5%
Já o INSS (que é uma contribuição compulsória para o seu fundo de aponsentadoria, ou seja, será usado para pagar sua aposentadoria) segue a seguinte tabela de descontos relativas aos funcionários:
Salário até R$ 965,67 = 8,00%
Salário de R$ 965,68 até R$ 1.609,45 = 9,00%
Salário de R$ 1.609,46 até R$ 3.218,90 = 11%.
Sendo R$ 3218,90 a base de contribuição máxima para pessoas que trabalham sob a CLT (no setor público existem os estatutários, que possuem previdências próprias, com regras próprias).
(Estas tabelas podem ser encontradas na áreas de dúvidas da receita federal do Brasil em
www.receita.fazenda.gov.br e no site da previdência social em
http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/paginas_perfis/perfil_comPrevidencia_04_02.asp).
Tomando o exemplo de um salário de R$ 5100,00 temos então de Imposto:
R$ 60,91 + R$ 112,34 + R$ 168,18 + R$ 373,12 = R$ 714,55
O INSS descontado deste salário seria de = R$ 354,09.
Temos então um total de imposto de renda de 14% para este salário (vai variar) mais 6,9% de descontos para contribuição para o INSS. Pelo que está indicado em lei, esclarecida no site da receita, o seu salário de R$ 5100,00 teria que chegar a você com um desconto de R$ 1068,64 ou seja, R$ 4031,36.
Para a maioria das profissões liberais, as cargas (inclusive previdenciárias) são daí para baixo também, ou seja, empreendedores individuais e empregados não ultrapassam este valor. Os capitalistas (donos de empresas) pagam IR também sobre o lucro que apresentam e, em alguns casos, impostos menores do que o empregado.
Agora a empresa também paga uma parte do INSS do funcionário (mas não paga impostos sobre o salário e sim a contribuição compulsória para sua aposentadoria dos mesmos). As micro e pequenas empresas (maioria no país) pagam um desconto sobre o bruto das notas, que contemplam todos os impostos e contribuições e ficam por volta de 9,5% (alguns casos menos, alguns casos mais). Já as grandes empresas pagam também uma parte do INSS do funcionário, mas o que pagam sobre isso não é o valor estapafúrdio que vocÊ citou acima. Para você ter uma idéia os empregadores (em uma tentativa de colocar o custo indireto do salário como grande vilão) alegam que um funcionário custa até 80% o valor do seu salário em encargos para o empregador. Mas note que não são impostos.
Nestes 80% que os empregadores atribuem ao custo Brasil temos os seguintes itens:
30 dias de férias anuais remuneradas
1/3 de salário sobre férias
13º Salário
Aviso Prévio
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) sobre salário mensal
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) sobre 13º Salário, Aviso Prévio e Férias
Multa de 40% sobre FGTS no caso de demissão do funcionário por parte da empresa contratante
Férias sobre Aviso Prévio
13º salário sobre Aviso Prévio
1/3 de salário de Férias sobre Aviso Prévio
FGTS sobre rescisão contratual (13º e Aviso Prévio)
INSS sobre Salário
INSS sobre Férias e 13º salário
Indenização de um dia de salário.
Ou seja, tirando o INSS (que é o pagamento para a sua aposentadoria) o restante são TODOS benefícios diretos do empregado, ou seja, é dinheiro que você, como empregado, vai receber na forma de Fundo de garantia, de recisão contratual, férias, 13º e coisas do tipo. Longe se ser tributos ou contribuições, são na verdade remuneração indireta ao trabalhador. Particularmente eu prefiro que estas continuem existindo. Imagine só cortar o "custo brasil" nos depósitos de seguros e na remuneração dos trabalhadores? Isso é papo de empregador, que quer continuar pagando o mesmo salário e ganhar mais às suas custas. :/
Então a conta é simples. Quem ganha menos paga proporcinalmente menos do quem ganha mais paga proporcionalmente mais. O problema ai é que todo mundo pega como base os grandes contribuíntes e os pilantras, que são aqueles que deveriam pagar mais, mas dão nó em fumaça para não pagar, forçam a barra para colocar a culpa no governo e se esquecem que boa parte da arrecadação vem de pequenos contribuíntes, que pagam bem menos impostos.
De qualquer forma é importante lembrar que a previdência social estatal pode não ser eficiente, mas é segura, diferente dos fundos privados (existentes em países como os EUA) que quebram e deixam muitos trabalhadores aposentados na rua da amargura.
Se você se interessa pela conta ela é bastante simples, o site do tesouro nacional concentra toda a informação sobre a produção declarada no país e tudo o que é arrecadado em todas as esferas de governo:
http://www.stn.gov.br/. A conta pode ser feita por lá mesmo, sem a menor dificuldade. Esta conta toda é feita não só pelo tesouro e IBGE, como também por alguns pesquisadores da UNICAMP e outros institutos autônomos e elas praticamente batem com 3 ou 4 metodologias distintas.