Autor Tópico: O fotojornalismo subversivo de Ivars Gravlejs  (Lida 14762 vezes)

rafaelfrota

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Resposta #45 Online: 16 de Janeiro de 2010, 15:56:42
Por causa desse tipo de ideia, a arte travestida de jus esperniandi, que pessoas como Guillermo Varcas Habacuc colocam um cachorro pra morrer dentro de uma galeria. Tudo para "criticar a hipocrisia humana". O mais legal é que a maioria das pessoas que vejo criticando algo hipócrita, o faz de forma hipócrita.
Esse é o caminho da arte contemporânea. Usa-se o poder de abrangência da arte pra elevar qualquer porcaria que surja com alguma pretensão poética, mesmo que fraca ou estéril.
É assim desde o urinol e vai continuar assim.
Só resta lamentar


pumba

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Resposta #46 Online: 16 de Janeiro de 2010, 16:31:49
Pra mim são coisas completamente diferentes você, se inserindo em uma lógica própria do sistema, conseguir construir alguma critica que questione e indague certas questões do que você trabalhar sobre aspectos que fogem completamente lógica socialmente estabelecida!

O Urinol, ao meu ver, não tem nada de cachorro preso na coleira para morrer, sendo exposto, me desculpe.


rafaelfrota

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Resposta #47 Online: 16 de Janeiro de 2010, 16:37:48
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O Urinol, ao meu ver, não tem nada de cachorro preso na coleira para morrer, sendo exposto, me desculpe.

Pois é, pra mim pertencem ao mesmo sistema: o embuste.


nonlineart

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Resposta #48 Online: 16 de Janeiro de 2010, 17:12:00
Por causa desse tipo de ideia, a arte travestida de jus esperniandi, que pessoas como Guillermo Varcas Habacuc colocam um cachorro pra morrer dentro de uma galeria. Tudo para "criticar a hipocrisia humana". O mais legal é que a maioria das pessoas que vejo criticando algo hipócrita, o faz de forma hipócrita.
Esse é o caminho da arte contemporânea. Usa-se o poder de abrangência da arte pra elevar qualquer porcaria que surja com alguma pretensão poética, mesmo que fraca ou estéril.
É assim desde o urinol e vai continuar assim.
Só resta lamentar

A parada do Habacuc (assim como da arte contemporânea) é outra. É a questão, ou melhor o modo como ela é colocada.

Neste caso citado a pergunta é simples e seu reflexo devastador: Por que um cachorrinho sendo morto numa galeria de arte incomoda mais que a morte de milhÕes de seres humanos?

Simples e devastadora.

Do mesmo modo que este trabalho de "fotojornanilsmo" nos questiona sobre a manipulação da verdade, da mídia e ao mesmo tempo nos pergunta o que diabos é cada uma destas coisas.
Pra mim são coisas completamente diferentes você, se inserindo em uma lógica própria do sistema, conseguir construir alguma critica que questione e indague certas questões do que você trabalhar sobre aspectos que fogem completamente lógica socialmente estabelecida!

O Urinol, ao meu ver, não tem nada de cachorro preso na coleira para morrer, sendo exposto, me desculpe.


Respeito sua posição (a mesma de alguns autores), mas o urinol e arte contemporânea são coisas absolutamente distintas.

E continuo achando o trabalho postado pelo Rodrigo um trabalho de arte muito bom.


rafaelfrota

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Resposta #49 Online: 16 de Janeiro de 2010, 17:37:06
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A parada do Habacuc (assim como da arte contemporânea) é outra. É a questão, ou melhor o modo como ela é colocada.

Uma coisa que eu preciso deixar bem claro aqui, e que não fui suficentemente explícito, é que jamais eu desconsideraria a arte contemporânea como arte, propriamente dita. Até porque a questão sobre o que é ou não arte é baseada em tantos vetores,que acaba numa linha tênue entre a filosofia e a pura fruição. A questão da arte contemporânea é essa - o modo como é colocado - o que por si só não quer dizer que tudo que ela produz seja bom. Como objeto de arte, está passível de hierarquização de proposição e de gosto. Criar uma questão, mesmo que seja "devastadora", por puro e simples ato ou efeito de questionar, é mais um efeito filosófico, congnitivo, textual, antropológico, do que necessariamente algo que renda um produto fruitivo.
Uma vez eu fui a uma exposição de um conhecido onde ele expôs as questões sobre "o vazio". Era uma sala vazia, trancada, com o título "o vazio". Uma pessoa, indignada, bravejou sobre o que viu e teve como resposta: "então o artista conseguiu o que queria. Fez você refletir e tirar uma conclusão, mesmo que indignada". Ou seja, virou uma espécie de provocação estéril e histérica. Eu, honestamente, preferia que ele ficasse em minha lembrança como algo bom, não como algo vão. Mas isso é uma questão pessoal. Eu acho isso. Quem quiser continuar fazendo esse tipo de arte, tem todo meu apio. Respeitar e aceitar como bom ou verdadeiro, são outros 500.

Citar
Respeito sua posição (a mesma de alguns autores), mas o urinol e arte contemporânea são coisas absolutamente distintas.

Sim, assim como respeito a opinião de todos aqui. Mas o urinol e a arte contemporânea são raízes do mesmo problema: "a questão, ou melhor o modo como ela é colocada", usando suas próprias palavras.
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2010, 17:39:09 por rafaelfrota »


nonlineart

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Resposta #50 Online: 17 de Janeiro de 2010, 07:08:32
Gostei de seus comentários, Rafael. Mostram que você tem conhecimento da coisa.

Eu só queria colocar um outro ponto nesta discussão que é a relação entre arte e fruição.

Muita gente discorda que arte tenha que ser produto para fruição. Entre outros argumentos, dizem que arte é uma operação da linguagem arte (não podemos esquecer que a ciência tem uma "escrita" própria, por exemplo; a música também e ambos, como a arte, são linguagem).

Com base nestes argumentos, estes críticos e teóricos da arte dizem, entre outras coisas, que a arte do ocidente (a partir do renascimento) sempre esteve envolvida com uma questão ou problematização (hoje isto é feito em moldes muito coerentes com a linguagem científica) desta linguagem. O caso renascentista é bem evidente, por exemplo, no uso da perspectiva linear e do mundo que ela cria a partir da racionalização do espaço; o que nem sempre condiz com o espaço real ou natural. Portanto não é apenas o urinol (que acho bem bobo, mas isto é outra discussão) que opera esta linguagem arte.

Como você pode perceber, eu também discordo que tudo o que manipula a linguagem seja bom; embora diferentemente de você eu tenha gostado do trabalho do Ivars Gravlejs.

E, exatamente como você, acho o trabalho do Habacuc muito ruim.

Para finalizar, e já agradecendo este gancho que você me deixou na conversa, por diversos motivos a maioria dos teóricos da arte consideram arte contemporânea o que é feito a partir da pop art pra cá.
 :snack:
« Última modificação: 17 de Janeiro de 2010, 07:09:11 por nonlineart »


Ivan de Almeida

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Resposta #51 Online: 17 de Janeiro de 2010, 09:49:47
Considerando que o cão não morreu de fato, e que, conforme o relado feito na ocasião pela galerista era alimentado quando a exposição fechava e depois fugiu, eu penso que a obra do Habacuc é excelente.

E essa igualmente.

E, sinceramente, não estou com vontade de discutir isso. Se alguém pensa diferente, é questão da pessoa. Em minha opinião, tanto uma quanto a outra obra lidam com a mesma coisa, que é com a crença do público naquilo que lhe é apresentado, e o locus de ambas as obras é a própria mídia (não a galeria, que foi apenas uma plataforma de lançamento da obra o Habacuc e uma consolidação demonstrativa na obra do Ivars).


rafaelfrota

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Resposta #52 Online: 17 de Janeiro de 2010, 13:52:43
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Muita gente discorda que arte tenha que ser produto para fruição. Entre outros argumentos, dizem que arte é uma operação da linguagem arte (não podemos esquecer que a ciência tem uma "escrita" própria, por exemplo; a música também e ambos, como a arte, são linguagem).
Com base nestes argumentos, estes críticos e teóricos da arte dizem, entre outras coisas, que a arte do ocidente (a partir do renascimento) sempre esteve envolvida com uma questão ou problematização (hoje isto é feito em moldes muito coerentes com a linguagem científica) desta linguagem. O caso renascentista é bem evidente, por exemplo, no uso da perspectiva linear e do mundo que ela cria a partir da racionalização do espaço; o que nem sempre condiz com o espaço real ou natural. Portanto não é apenas o urinol (que acho bem bobo, mas isto é outra discussão) que opera esta linguagem arte.

Mas isso eu também concordo, Felipe. O problema não está na conceituação em si. Se você pegar o quadro Liberté guidant le peuple, de Delacroix, vai perceber um milhão de camadas de leitura, porém todas alinhavadas de forma plástica. A preocupação maior da arte plástica era a plástica (cor, linha, forma, perpectiva, etc). Uma arte plástica tem por definição própria ser, em sua essência, visual. Quando algo tem mais conceito que propriamente plástica, só podemos colocar em um dos 2 patamares: ou é uma obra plástica ruim ou não é uma obra plástica, é uma obra conceitual. Os problemas de alcance da arte conceitual deixaram de ser plásticos, deixaram de ser fruitivos, portanto pertencem a uma outra categoria de arte, mas continuam, arte e têm sua importância tanto quanto a plástica.
Outro problema é a nomenclatura "arte contemporânea", que é só uma questão de periodização. O termo que julgo mais correto é "arte conceitual", como alguns artistas mesmos fazem questão de deixar claro.


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E, exatamente como você, acho o trabalho do Habacuc muito ruim.

Houve um comunicado oficial da galeria que advertia que o cachorro tinha sido alimentado, tratado e depois fugido. Acho muito conveniente tudo isso, sem mesmo mostrar uma prova sequer e depois da própria galeria alavancar os boatos de que ele tinha morrido. Mas mesmo assim, mesmo que tenha acontecido tudo isso, ainda acho o pior que um artista pode fazer. Nem mesmo a máquina de fazer cocô sintético do Wim Delvoye conseguiu ser tão insípido.
Quanto ao Ivars Gravlejs, não tenho nada contra ele, especificamente. Como subversivo,acho medíocre, como artista, acho nulo. Obvio que isso é absolutamente pessoal, embora com algum contexto.  :ok:

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Para finalizar, e já agradecendo este gancho que você me deixou na conversa, por diversos motivos a maioria dos teóricos da arte consideram arte contemporânea o que é feito a partir da pop art pra cá.

Por uma questão cronológica é considerado arte contemporânea tudo que é feito de 1970 pra cá (segundo alguns teóricos). É só para diferenciar da "idade moderna". Por isso mesmo não gosto de misturar os termos "arte contemporânea" e "arte conceitual", mas às vezes se faz necessário pra chegar num entendimento mais amplo.
E eu que agradeço a oportunidade da gente poder trocar figurinhas, independende de opiniões  :clap:
« Última modificação: 17 de Janeiro de 2010, 13:56:33 por rafaelfrota »


Bucephalus

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Resposta #53 Online: 17 de Janeiro de 2010, 19:58:21
Ia entrar aqui pra defender o cara, pois de início me pareceu um trabalho bem interessante e com um certo tom de humor, mas aí cliquei no site do cara e mudei de idéia.

Obviamente ele é um picareta, o cara modificava fotos para ficarem mais publicáveis e até mesmo criava notícias (engarrafamentos e lixo entulhado na calçada). O que ele faz agora é colocar essas fotos na parede do museu e dizer que fez por arte... mesma coisa que um golpista escrever um livro de todos os golpes que deu, dizer que fez eles por arte e um grupo de espectadores bater palmas pelo belo trabalho.


RFP

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Resposta #54 Online: 17 de Janeiro de 2010, 23:41:12
Quando comentei que ia postar o trabalho do Gravlejs aqui, um fotógrafo amigo meu me desencorajou: "ele será apenas visto como uma maçã podre. Não entenderão a coisa de outra forma." Bem, mesmo assim eu postei, e mostrei pra ele os comentários. Ele disse: "o que será que as pessoas pensam que um artista faz?"

Como discutir o que é arte é complicado demais, acho que a pergunta dele é mais concreta: o que vocês acham que um artista deve fazer? Que tipo de atividades qualificam alguém como artista? Em termos práticos, de preferência.


Ivan de Almeida

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Resposta #55 Online: 18 de Janeiro de 2010, 00:22:46
Quando comentei que ia postar o trabalho do Gravlejs aqui, um fotógrafo amigo meu me desencorajou: "ele será apenas visto como uma maçã podre. Não entenderão a coisa de outra forma." Bem, mesmo assim eu postei, e mostrei pra ele os comentários. Ele disse: "o que será que as pessoas pensam que um artista faz?"

Como discutir o que é arte é complicado demais, acho que a pergunta dele é mais concreta: o que vocês acham que um artista deve fazer? Que tipo de atividades qualificam alguém como artista? Em termos práticos, de preferência.

Sei lá, Rodrigo, se eu soubesse eu faria -risos.


rafaelfrota

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Resposta #56 Online: 18 de Janeiro de 2010, 00:24:16
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Como discutir o que é arte é complicado demais, acho que a pergunta dele é mais concreta: o que vocês acham que um artista deve fazer? Que tipo de atividades qualificam alguém como artista? Em termos práticos, de preferência.

Cai na mesmíssima questão de "o que é ser fotógrafo" ou "o que define um filósofo". Quem conseguir definir universalmente ganha um donut  :hysterical:
Não tem como desassociar a palavra "artista" da idéia "o que é arte". Porém, fatalmente, acaba sendo necessário usar esse termo (que eu nem gosto muito) pela falta de algo que seja mais adequado.

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Não entenderão a coisa de outra forma
Só um adendo: não concordar não significa não entender.


Ana Adams

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Resposta #57 Online: 18 de Janeiro de 2010, 01:04:05

Só um adendo: não concordar não significa não entender.

Pois é. Fiquei com a impressão que post existe para dizer que  , ou vc gosta desta " arte" , ou vc não entendeu.


Ivan de Almeida

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Resposta #58 Online: 18 de Janeiro de 2010, 09:07:03
Quando comentei que ia postar o trabalho do Gravlejs aqui, um fotógrafo amigo meu me desencorajou: "ele será apenas visto como uma maçã podre. Não entenderão a coisa de outra forma." Bem, mesmo assim eu postei, e mostrei pra ele os comentários. Ele disse: "o que será que as pessoas pensam que um artista faz?"

Como discutir o que é arte é complicado demais, acho que a pergunta dele é mais concreta: o que vocês acham que um artista deve fazer? Que tipo de atividades qualificam alguém como artista? Em termos práticos, de preferência.



AFShalders

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Resposta #59 Online: 18 de Janeiro de 2010, 13:31:01
"ele será apenas visto como uma maçã podre. Não entenderão a coisa de outra forma."

Talvez porque realmente o seja ?

É interessante ver que quando você não concorda com algo isso causa tanta estranheza.