Autor Tópico: [ARTIGO] Desmistificando o “momento decisivo”  (Lida 24367 vezes)

Heber_Dm

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Resposta #30 Online: 27 de Abril de 2010, 09:24:47
Marcelo ai é que você se engana, naquela época existiam muitos teóricos de verdade e poucos práticos, esta é que é a diferença.
Na nossa cultura de dominação, existe uma idéia enraizada de que a teoria não vale nada. O que importa é a prática... Isso é um grande engano, que provoca mais males do que benefício à sociedade e ao indivíduo. Esta cultura é uma cultura que visa favorecer a dominação através da ignorância. Para isso este modelo busca justificar a ignorância sob o pretexto de que com muita prática se conquista mais do que com esforço reflexivo e absorção de conhecimento prévio. Mas isso é além de danoso um verdadeiro engodo.
No nosso modelo de apreensão do conhecimento (basicamente empirista) a teoria é uma expressão documentada e refletida da observação prática, ou seja, é uma documentação da prática inteligente. Se temos uma teoria digna sobre momento decisivo, ou a concepção do próprio sistema de zonas é porque alguém, em um determinado momento, refletiu sobre experiências práticas e documentou com razoável precisão o que encontrou. Ou seja, agiu de forma a constituir uma teoria coerente sobre o problema.
Ou seja, nosso modelo de estoque de conhecimento é um modelo de documentação de prática inteligente e quem estrutura seu conhecimento prévio, baseado neste conjunto de conhecimento teórico, está, na verdade, se estruturando sobre ombros de diversas outras pessoas. Em outras palavras, está economizando tempo, ao aproveitar todo o estoque de reflexões e experiências prévias de uma infinidade de pessoas. Um bom teórico entende bem esta questão e percebe que a teoria só faz sentido se relacionada com a prática, ou seja, só faz sentido se aplicável e aplicada quando necessário. Se uma teoria não é possível de ser ligada com a prática ela não passa de Dogma (como bem lembrava Marx).
Por isso uma pessoa que baseia seu conhecimento em Dogmas é uma pessoa vazia, pois dogmas são vazios de significado prático. Assim como uma pessoa que baseia seu conhecimento em prática será pequena, pois precisaria de uma vida muito mais longa do que a existência da espécie humana para conseguir estocar através de tentativa e erro aquilo que os muitos seres humanos que vieram antes dela estocaram.
Portanto o caminho para um conhecimento sólido (não digo verdadeiro, pois isso é por demais determinista) é estruturar-se sobre os ombros daqueles que nos precederam e continuarmos nossas experiências e reflexões (isso é algo que faz muita falta hoje) a partir dai. Qualquer coisa diferente disso é se limitar ou reinventar a roda. Como fica bastante óbvio sob esta perspectiva, por mais brilhante que você seja, você não conseguirá compensar mais de 7000 anos de estoque de conhecimento acumulado por bilhões de pessoas no espaço de uma vida. Então não é sinal algum de inteligência ou sagacidade esperar que a prática o coloque em uma posição superior. Pelo contrário, se você fosse privado de toda a teoria construída pelo ser humano desde a sua infância, provavelmente não estaria aqui discutindo fotografia e sim procurando entender como usar o sangue de algum animal para rabiscar uma rocha.

Antigamente até protético podia ser um “prático”. E há que se dizer que ainda existem muitos “práticos” por aí. Por ex., pedreiros e serventes de obra, a maioria são “práticos”. Esse termo era muito usado porque definia as pessoas que atuavam em várias profissões sem ter um diploma específico, isso era bem comum. E era assim porque, para diversas profissões, não havia nem como o cara estudar para aprender o que escolheu como seu ganha pão.

Na fotografia isso também acontecia, não havia cursos e era pouco o material de estudo e pesquisa. Mas, isso foi há muito tempo. Ansel Adams, por ex., formulou sua teoria do Sistema de Zonas no final dos anos 30 do século passado. Hoje em dia, então, “não tem desculpa”, ainda mais com a internet. Material para estudo é o que não falta, e existem inúmeros cursos de fotografia por aí.

Nada, porém, impede que alguém consiga alguma coisa “na marra”, partindo para a “técnica da metralhadora” até conseguir algo aceitável. Só que é como o que o Léo disse, vai demorar muito mais. E esse não é o maior problema, o maior problema é que, quem faz assim, não sabe o que está fazendo.
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Heber DM - Lavras-MG
Pentax System - Canon PowerShot G6
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"Jovem é todo aquele que tem compromisso com o futuro" - Tristão de Ataíde


agalons

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Resposta #31 Online: 27 de Abril de 2010, 09:59:39
Marcelo ai é que você se engana, naquela época existiam muitos teóricos de verdade e poucos práticos, esta é que é a diferença.
Na nossa cultura de dominação, existe uma idéia enraizada de que a teoria não vale nada. O que importa é a prática... Isso é um grande engano, que provoca mais males do que benefício à sociedade e ao indivíduo. Esta cultura é uma cultura que visa favorecer a dominação através da ignorância. Para isso este modelo busca justificar a ignorância sob o pretexto de que com muita prática se conquista mais do que com esforço reflexivo e absorção de conhecimento prévio. Mas isso é além de danoso um verdadeiro engodo.
No nosso modelo de apreensão do conhecimento (basicamente empirista) a teoria é uma expressão documentada e refletida da observação prática, ou seja, é uma documentação da prática inteligente. Se temos uma teoria digna sobre momento decisivo, ou a concepção do próprio sistema de zonas é porque alguém, em um determinado momento, refletiu sobre experiências práticas e documentou com razoável precisão o que encontrou. Ou seja, agiu de forma a constituir uma teoria coerente sobre o problema.
Ou seja, nosso modelo de estoque de conhecimento é um modelo de documentação de prática inteligente e quem estrutura seu conhecimento prévio, baseado neste conjunto de conhecimento teórico, está, na verdade, se estruturando sobre ombros de diversas outras pessoas. Em outras palavras, está economizando tempo, ao aproveitar todo o estoque de reflexões e experiências prévias de uma infinidade de pessoas. Um bom teórico entende bem esta questão e percebe que a teoria só faz sentido se relacionada com a prática, ou seja, só faz sentido se aplicável e aplicada quando necessário. Se uma teoria não é possível de ser ligada com a prática ela não passa de Dogma (como bem lembrava Marx).
Por isso uma pessoa que baseia seu conhecimento em Dogmas é uma pessoa vazia, pois dogmas são vazios de significado prático. Assim como uma pessoa que baseia seu conhecimento em prática será pequena, pois precisaria de uma vida muito mais longa do que a existência da espécie humana para conseguir estocar através de tentativa e erro aquilo que os muitos seres humanos que vieram antes dela estocaram.
Portanto o caminho para um conhecimento sólido (não digo verdadeiro, pois isso é por demais determinista) é estruturar-se sobre os ombros daqueles que nos precederam e continuarmos nossas experiências e reflexões (isso é algo que faz muita falta hoje) a partir dai. Qualquer coisa diferente disso é se limitar ou reinventar a roda. Como fica bastante óbvio sob esta perspectiva, por mais brilhante que você seja, você não conseguirá compensar mais de 7000 anos de estoque de conhecimento acumulado por bilhões de pessoas no espaço de uma vida. Então não é sinal algum de inteligência ou sagacidade esperar que a prática o coloque em uma posição superior. Pelo contrário, se você fosse privado de toda a teoria construída pelo ser humano desde a sua infância, provavelmente não estaria aqui discutindo fotografia e sim procurando entender como usar o sangue de algum animal para rabiscar uma rocha.

Caro Leo, muito oportuna tua colocaçao.
Acho que Marcelo se refere, aos "teoricos",
sendo aqueles seres que sabem tudo, so por ler reviews, estadisticas, especificaçoes de produtos, etc,
mas que na pratica nem "sabem por as pilhas na maquina".
Isto nao significa tirar o valor a Teoria, base intelectual do conhecimento.
Eu me coloco como exemplo, tenho aprendido bastante,em muitos cursos, workshops e ate em conversas com pro da area,
ensinamentos teoricos que juntos a varios anos de bagagem , criam o "saber fazer"
E um conjunto a teoria sendo aplicada na pratica.
Agora a raça de "teoricos sabedores" e um outro capitulo da historia :hysterical: :eek: :hysterical:
Abs.
AG.


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Resposta #32 Online: 27 de Abril de 2010, 10:23:00
Agalons,

eu sempre tive curiosidade sobre essa máquina - Canon EOS 1 RS. Acho que o espelho fixo devia trazer dois problemas básicos:
- perda na qualidade final da imagem comparada a uma de uma SLR normal
- perda de luz, o que gera velocidades mais baixas, o que fica contraditório com a proposta da máquina. Aí você tem que usar filme mais rápido, granula mais, cai um pouco mais a qualidade final.

Era isso que acontecia?

A F5 é uma câmera MUITO gostosa...

Abraço,

José Azevedo

Alo Jose
Sabemos que a eletronica da Canon sempre foi superior a Nikon desde as lentes USM e a EOS1 de 1988, concorrente da amada F4.
Tudo nessa serie de EOS1, era mas rapido e silencioso, nossas Nikon pareciam maquinas a carvao.
Foi por isso que me tentei e comprei uma N rs, na epoca, mas o namoro nao durou um ano.
Era uma coisa velocissima.
acabou o filme, a tampa ja estava aberta,
colocou o filme , ja tinha feito 2 fotos,
pensou em focar ja tinha feito a foto.
Era muito venenosa,
mas nunca gostei muito da imagem final, que eu achava que era pela diferença de qualidade das lentes ,
que tambem sabemos que as Clasicas Nikon sao estupidamente superiores as Canon.
Nunca notei perca de luz, alias nunca asociei o que nao gostei ao "espelho fixo".
Agora para falar da saudossa F5... e uma outra historia, minha campanha pesada viajando foi feita com 3 delas...
Abs.
AG.


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Resposta #33 Online: 27 de Abril de 2010, 10:25:01
[Editado - Regra 2.1 - É proibida a postagem de tópicos que possam ser considerados ofensivos, que contenham palavras de baixo calão, xingamentos, ofensas, ameaças e provocações.]
A pesar da censura infantil, a piada de Xiru foi muito boa, de uma sutileza bem legal,otima
abs.
« Última modificação: 27 de Abril de 2010, 10:50:32 por agalons »


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Resposta #34 Online: 27 de Abril de 2010, 10:31:52
Acho q hoje em dia existem muitos teóricos e poucos práticos.Naquela época os caras saiam,testavam tudo e talvez por isso são o q são.
Hoje em dia neguinho quer a melhor camera,a melhor lente,tudo melhor e naõ se preocupa com a tecnica adquirida atraves de testes,simulações e "horas de vôo"

Concordo quando disseram que ate mesmo com compactas se consegue otimas fotos.

só um detalhe,as vezes o fotão é fruto de tentativa e erro,quantas vezes ele tentou fazer isso e não conseguiu?ninguem sabe
Ta certo Marcelo
Ha uma nova raça de sabedores, sem conhecimento consistente.
O que nao quer dizer que a teoria nao e importante, junto com a pratica,obviamente.
O pouco que sei de equipamento foi por ter trabalhado com eles
ou ter pedido emprestado para avaliar, nunca li reviews nenhum de nada antes de comprar nada.
mas cada um e de um jeito, como profissional da area so posso confiar na avaliaçao pratica feita por mim.
Nao e muito valida a opiniao de um jornalista pago pela fabrica para fazer mkt.
abs.
AG.


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Resposta #35 Online: 27 de Abril de 2010, 10:38:08
Antigamente até protético podia ser um “prático”. E há que se dizer que ainda existem muitos “práticos” por aí. Por ex., pedreiros e serventes de obra, a maioria são “práticos”. Esse termo era muito usado porque definia as pessoas que atuavam em várias profissões sem ter um diploma específico, isso era bem comum. E era assim porque, para diversas profissões, não havia nem como o cara estudar para aprender o que escolheu como seu ganha pão.

Na fotografia isso também acontecia, não havia cursos e era pouco o material de estudo e pesquisa. Mas, isso foi há muito tempo. Ansel Adams, por ex., formulou sua teoria do Sistema de Zonas no final dos anos 30 do século passado. Hoje em dia, então, “não tem desculpa”, ainda mais com a internet. Material para estudo é o que não falta, e existem inúmeros cursos de fotografia por aí.

Nada, porém, impede que alguém consiga alguma coisa “na marra”, partindo para a “técnica da metralhadora” até conseguir algo aceitável. Só que é como o que o Léo disse, vai demorar muito mais. E esse não é o maior problema, o maior problema é que, quem faz assim, não sabe o que está fazendo.


Muito boa essa da "tecnica da metralhadora" ,Heber,
logico, afinal alguma coisa vai sobrar.
vejo muito isto em eventos onde o fotografo "tira" 1200 fotos de um casamento simples de 100 convidados.
para fazer um livro com 80 fotos, para certo padrao de "profissional", mudou o conceito,
que voce bem resumiu em 3 palavras,"tecnica da metralhadora" :hysterical:
otimo.
abs.
AG.


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Resposta #36 Online: 27 de Abril de 2010, 10:49:21
Perfeito, José. Quando comecei a ler seu post anterior eu ainda estava achando que havia uma diferença de interpretação, mas vc foi ao ponto certo.

Esse lag existe e, por mais que os fabricantes se esforcem para diminuí-lo, não chegarão nunca a eliminá-lo completamente, nas (D)SLR’s. O que acontece na prática é uma adequação do fotógrafo ao equipamento que ele escolheu pra trabalhar.

Como já foi dito, o “momento decisivo” INDEPENDE da câmera, e esse é o ponto que eu queria ressaltar por ser ele o objetivo do tópico.

Só pra exemplificar, certa vez (há uns 8 anos...) eu consegui uma foto de um sobrinho meu estourando um balão gigante (era daquelas brincadeiras em que se enche o balão de balas e alguém, de olhos vendados, tenta estourá-lo com um porrete). Quando eu vi a foto, do balão só se via a parte que estava amarrada na corda, mas as balas estavam flutuando no ar, aglomeradas como se ainda estivessem no fundo do balão, estavam até mesmo com o formato da curvatura do fundo. E o porrete que meu sobrinho usou para estourar o balão estava a não mais que 1cm das balas. O lamentável é que eu só vi a foto no visor da câmera, logo após a tomada, pois não consegui passá-la para o computador. Sabe porquê? A câmera era uma Mavica FD75, usava disquete e justamente o que estava nela “deu pau”, e eu perdi também as outras fotos que já havia feito. Quando coloquei o disquete de novo na câmera ele deu erro, aí eu não pude mais ver a foto, quanto mais salvá-la. Bem, tirando o fato de ter sido mais uma frustração do mundo digital, ficou a “prova”, vamos dizer, de que, sabendo-se operar o que se tem em mãos, certamente se obtém o resultado que se deseja.

A isto me referia quando disse "tranquera digital"
os tempos das primeiras digitais era bem diferente,
ja testei as Mavica de disquete,
e havia que ter bem a manha dela para fazer alguma coisa que nao fosse estatica,
pena o pau no disco, porque isso tem duplo merito
1- o momento decisivo
2- a manha de adivinhar quando o cacareco vai gravar a imagem.
Eu pastei bastante com a Sony 828, que nao era tao.. lerda assim.
abs.
AG.


Leo Terra

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Resposta #37 Online: 27 de Abril de 2010, 11:51:46
Ta certo Marcelo
Ha uma nova raça de sabedores, sem conhecimento consistente.
O que nao quer dizer que a teoria nao e importante, junto com a pratica,obviamente.
O pouco que sei de equipamento foi por ter trabalhado com eles
ou ter pedido emprestado para avaliar, nunca li reviews nenhum de nada antes de comprar nada.
mas cada um e de um jeito, como profissional da area so posso confiar na avaliaçao pratica feita por mim.
Nao e muito valida a opiniao de um jornalista pago pela fabrica para fazer mkt.
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Ângelo Review não é teoria, Review é no máximo fonte de dados, pois a transformação destes dados em informação, feita por muitos dos reviews, não possui, exatamente, o arcabouço teórico necessário para tal.
O arcabouço teórico necessário para se aproveitar um Review é a base física e tecnológica da fotografia. Ou seja, para de fato aproveitar os dados que um review tem a oferecer, você tem que ser pelo menos um pouco físico e um pouco engenheiro. As reflexões construídas por quem domina este arcabouço básico e possui acesso a dados como reviews, são de aplicabilidade prática inegável, até porque permitem conhecer limites de cada equipamento e formas de contornar alguns destes limites.

Aproveito esta última colocação para atacar mais um dogma da fotografia, o de que a fotografia possui um arcabouço teórico próprio, ou seja, que a maioria dos cursos e workshops que temos por ai sejam de fato úteis. Na verdade a fotografia tem um arcabouço teórico extremamente pobre, exatamente por existirem poucos privilegiados com condições de desenvolver algo neste sentido. Hoje o que precisamos é de pessoas que dominem os três elementos básicos da fotografia para, ai sim, desenvolver um arcabouço teórico coerente. Estes elementos são a sociologia, a estética (esta menos desenvolvida mas crescendo) e a física (este um elemento fundamental que a maioria dos fotógrafos despreza). Uma outra questão é entender a linguagem da câmera, que é a matemática. Um fotógrafo que não domina o mínimo de matemática para descrever os fenômenos físicos da fotografia, jamais chegará perto da genialidade tampouco conseguirá elaborar algum arcabouço teórico coerente para a fotografia, assim como um fotógrafo que não domina a ciência da estética, ou as ciências sociais também terá dificuldades para tal.
Aprender fotografia não é aprender regrinhas sobre como fulano executa uma determinada atividade. Isso é se tornar um reprodutor da expressão alheia e é importante ressaltar que arte não se faz com reprodução, assim como reflexões não se fazem com reprodução. É importante ter uma compreensão ampla de como funcionam os aspectos físicos e estéticos do que está sendo proposto e, com base nisso, construir seu próprio sistema de expressão fotográfica.
Quando cito teorias da fotografia eu não tenho dúvida que o maior de todos os teóricos foi o Adams. Uma mente brilhante que era um ótimo matemático (curiosamente ensinado em casa pelo pai, o que mostra que nem sempre é necessário um ensino formal para tal) e conseguiu expressar o sistema de zonas como uma teoria consistente e até mesmo científica, aplicável à fotografia. O espaço reflexivo e teórico que Adams dominava, em termos da física da fotografia, foi suficiente, até mesmo, para suprir suas sérias deficiências na área sociológica. O sistema de Zonas, por exemplo, é uma aplicação física muito interessante de um conceito que associava o que se via a um determinado tom e através de um modelo matemático competente convertia este tom para o expresso na imagem. Ou seja, um conhecimento construído por quem dominava a base e não um corpo de regras, ou absorveu as poucas experiências práticas mal estruturadas de terceiros, que nada mais são do que a expressão do que falei acima sobre a prática inconsistente (obtida por meio de tentativa e erro) super valorada.
Curiosamente uma compreensão maior da fotografia se faz necessária para de fato entender o sistema de Zonas. Tanto isso é uma verdade que a maioria das pessoas não entende o sistema de zonas e o aplica de forma completamente equivocada, como se fosse uma regra engessada. Na verdade eu não conheço sequer um livro de fotografia (fora o do próprio Adams) ou um "profissional" experiente que se lembre que este sistema precisa sofrer correções dramáticas quando se muda de mídia e, principalmente, como fazer tais correções. O indivíduo simplesmente usa o sistema como lhe foi passado e quando dá errado apenas desiste de usá-lo. Ou seja, transformam uma teoria verdadeira em uma regra que, devido ao desconhecimento acerca de fundamentos essenciais, não conseguem colocar em prática de forma adequada. Ou seja, na verdade nada sabem sobre como ela foi construída, onde pode ser aplicada e como deve ser modificada para atender a diferentes condições.
Se alguém quer saber mais sobre fotografia é preciso estudar sua alma, ou seja, física, estética e sociologia. Qualquer outra coisa é prender o fotógrafo em regrinhas práticas de terceiros, que muitas vezes não se propuseram a um espaço reflexivo consistente e, apenas, passam para frente algo que viram ou ouviram falar, sem se preocupar com as implicações disso.

Este é o grande perigo do pragmatismo, ele permeia nossa sociedade e não permite a reflexão. Muitos acham que o pragmatismo é a solução, alguns, mais instruídos percebem que não o é, mas não conseguem diferenciar o pragmatismo e o dogma de um arcabouço teórico realmente útil e é esta realidade que, como cidadãos conscientes temos que procurar mudar.
Aproveito esta oportunidade para contar a vocês um aspecto que vem sendo estudado amplamente pelos profissionais de gestão. Experiência tem muito menos valor do que as pessoas imaginam, na verdade a prática mostra que a maioria esmagadora dos profissionais brilhantes são jovens e entusiasmados pelo conhecimento em seus aspectos mais profundos. ;)

 
« Última modificação: 27 de Abril de 2010, 12:10:16 por Leo Terra »
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Resposta #38 Online: 27 de Abril de 2010, 12:10:48

Ângelo Review não é teoria, Review é no máximo fonte de dados, pois a transformação destes dados em informação, feita por muitos dos reviews, não possui, exatamente, o arcabouço teórico necessário para tal.
O arcabouço teórico necessário para se aproveitar um Review é a base física e tecnológica da fotografia. Ou seja, para de fato aproveitar os dados que um review tem a oferecer, você tem que ser pelo menos um pouco físico e um pouco engenheiro. As reflexões construídas por quem domina este arcabouço básico e possui acesso a dados como reviews, são de aplicabilidade prática inegável, até porque permitem conhecer limites de cada equipamento e formas de contornar alguns destes limites.

Aproveito esta última colocação para atacar mais um dogma da fotografia, o de que a fotografia possui um arcabouço teórico próprio, ou seja, que a maioria dos cursos e workshops que temos por ai sejam de fato úteis. Na verdade a fotografia tem um arcabouço teórico extremamente pobre, exatamente por existirem poucos privilegiados com condições de desenvolver algo neste sentido. Hoje o que precisamos é de pessoas que dominem os três elementos básicos da fotografia para, ai sim, desenvolver um arcabouço teórico coerente. Estes elementos são a sociologia, a estética (esta menos desenvolvida mas crescendo) e a física (este um elemento fundamental que a maioria dos fotógrafos despreza). Uma outra questão é entender a linguagem da câmera, que é a matemática. Um fotógrafo que não domina o mínimo de matemática para descrever os fenômenos físicos da fotografia, jamais chegará perto da genialidade tampouco conseguirá elaborar algum arcabouço teórico coerente para a fotografia, assim como um fotógrafo que não domina a ciência da estética, ou as ciências sociais também terá dificuldades para tal.
Aprender fotografia não é aprender regrinhas sobre como fulano executa uma determinada atividade. Isso é se tornar um reprodutor da expressão alheia e é importante ressaltar que arte não se faz com reprodução, assim como reflexões não se fazem com reprodução. É importante ter uma compreensão ampla de como funcionam os aspectos físicos e estéticos do que está sendo proposto e, com base nisso, construir seu próprio sistema de expressão fotográfica.
Quando cito teorias da fotografia eu não tenho dúvida que o maior de todos os teóricos foi o Adams. Uma mente brilhante que era um ótimo matemático (curiosamente ensinado em casa pelo pai, o que mostra que nem sempre é necessário um ensino formal para tal) e conseguiu expressar o sistema de zonas como uma teoria consistente e até mesmo científica, aplicável à fotografia. O espaço reflexivo e teórico que Adams dominava, em termos da física da fotografia, foi suficiente, até mesmo, para suprir suas sérias deficiências na área sociológica. O sistema de Zonas, por exemplo, é uma aplicação física muito interessante de um conceito que associava o que se via a um determinado tom e através de um modelo matemático competente convertia este tom para o expresso na imagem. Ou seja, um conhecimento construído por quem dominava a base e não um corpo de regras, ou absorveu as poucas experiências práticas mal estruturadas de terceiros, que nada mais são do que a expressão do que falei acima sobre a prática inconsistente (obtida por meio de tentativa e erro) super valorada.
Curiosamente uma compreensão maior da fotografia se faz necessária para de fato entender o sistema de Zonas. Tanto isso é uma verdade que a maioria das pessoas não entende o sistema de zonas e o aplica de forma completamente equivocada, como se fosse uma regra engessada. Na verdade eu não conheço sequer um livro de fotografia (fora o do próprio Adams) ou um "profissional" experiente que se lembre que este sistema precisa sofrer correções dramáticas quando se muda de mídia e, principalmente, como fazer tais correções. O indivíduo simplesmente usa o sistema como lhe foi passado e quando dá errado apenas desiste de usá-lo. Ou seja, transformam uma teoria verdadeira em uma regra que, devido ao desconhecimento acerca de fundamentos essenciais, não conseguem colocar em prática de forma adequada. Ou seja, na verdade nada sabem sobre como ela foi construída, onde pode ser aplicada e como deve ser modificada para atender a diferentes condições.
Se alguém quer saber mais sobre fotografia é preciso estudar sua alma, ou seja, física, estética e sociologia. Qualquer outra coisa é prender o fotógrafo em regrinhas práticas de terceiros, que muitas vezes não se propuseram a um espaço reflexivo consistente e, apenas, passam para frente algo que viram ou ouviram falar, sem se preocupar com as implicações disso.

Este é o grande perigo do pragmatismo, ele permeia nossa sociedade e não permite a reflexão. Muitos acham que o pragmatismo é a solução, alguns, mais instruídos percebem que não o é, mas não conseguem diferenciar o pragmatismo e o dogma de um arcabouço teórico realmente útil e é esta realidade que, como cidadãos conscientes temos que procurar mudar.
Aproveito esta oportunidade para contar a vocês um aspecto que vem sendo estudado amplamente pelos profissionais de gestão. Experiência tem muito menos valor do que as pessoas imaginam, na verdade a prática mostra que a maioria esmagadora dos profissionais brilhantes são jovens e entusiasmados pelo conhecimento em seus aspectos mais profundos. ;)
 


Caro Leo
bem interessante tua colocaçao.
Nunca escrevi que review e teoria de nada e so informaçao
somente citei a forma que eu sempre usei para avaliar equipamentos,
no uso profissional dos mesmos.
sem depender de materias jornalisticas
independente de ser validas ou nao.
Claro que ja li muito review por curiosidade,
mas nunca determinaram a compra ou nao de nada.
Abs.
AG.
« Última modificação: 27 de Abril de 2010, 12:56:44 por Leo Terra »


agalons

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Resposta #39 Online: 27 de Abril de 2010, 20:27:58

Caro Leo
bem interessante tua colocaçao.
Nunca escrevi que review e teoria de nada e so informaçao
somente citei a forma que eu sempre usei para avaliar equipamentos,
no uso profissional dos mesmos.
sem depender de materias jornalisticas
independente de ser validas ou nao.
Claro que ja li muito review por curiosidade,
mas nunca determinaram a compra ou nao de nada.
Abs.
AG.

Leo
relendo teu discurso e bem bonito,
mas nao tem nada a ver com minhas colocaçaoes neste post.
nao deixa de ser um belo exercicio de comunicaçao.
abs.
AG


Leo Terra

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Resposta #40 Online: 28 de Abril de 2010, 00:00:43
Ok Angelo, percebi que você tinha lido correndo a resposta... :)
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ATENÇÃO: NÃO RESPONDO DÚVIDAS EM PRIVATIVO. USEM O ESPAÇO PÚBLICO PARA TAL.
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MARCELO ANDRADE

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Resposta #41 Online: 28 de Abril de 2010, 00:28:36
O que eu quis dizer foi justamente o que o AGALONS disse.Talvez não soube me expressar tão bem...rsrs
O que eu vejo muito em foruns e em outros locais,são pessoas que gostam de criticar fotografias,falar sobre estilo,tecnica,momento e etc... mas não postam uma foto demonstrando TODA essa gama de sabedoria...
Não estou me referindo a ninguem daqui.
Acho tambem q a fotografia ,assim como outras artes,tomaram outro rumo em menos de 50 anos.muita coisa evoluiu e fez com q poucas pessoas pensassem .Foi o famoso " me dê o peixe,não me ensine a pescar"
E não posso me esquecer de muitos que escrevem muito bem sobre fotografia e ponto.Quando digo PRATICOS digo que o sujeito pode ser um cara estudado em fotografia,leu tudo e que na hora H nao sabe qual abertura vai usar e qual velocidade,ou as vezes esquece o ISO lá em 1600....

"tem muito engenheiro que não sabe fazer metade do que um pedreiro sabe"
"tem muito advogado que não sabe falar nem escrever direito"
"tem muito médico que estudou a vida inteira e não sabe receitar um remedio numa emergência"


Continuo achando a prática fundamental.
E a teoria é uma base para essa pratica funcionar.

Teoria sem pratica são palavras.

é a mesma coisa de vc ser um religioso super letrado,sabe falar tudo da Biblia,Alcorão,Budismo,sabe onde cada versículo se encontra e quando alguem pede sua ajuda,seu auxílio,vc vira as costas,ou seja,não colocou em prática o que tanto prega.
abs e a dscussão está sadia!!! :)
“A câmera não faz diferença nenhuma.
Todas elas gravam o que você está vendo.Mas você precisa VER.”
Ernst Haas


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Resposta #42 Online: 28 de Abril de 2010, 08:57:30
O que eu quis dizer foi justamente o que o AGALONS disse.Talvez não soube me expressar tão bem...rsrs
O que eu vejo muito em foruns e em outros locais,são pessoas que gostam de criticar fotografias,falar sobre estilo,tecnica,momento e etc... mas não postam uma foto demonstrando TODA essa gama de sabedoria...
Não estou me referindo a ninguem daqui.
Acho tambem q a fotografia ,assim como outras artes,tomaram outro rumo em menos de 50 anos.muita coisa evoluiu e fez com q poucas pessoas pensassem .Foi o famoso " me dê o peixe,não me ensine a pescar"
E não posso me esquecer de muitos que escrevem muito bem sobre fotografia e ponto.Quando digo PRATICOS digo que o sujeito pode ser um cara estudado em fotografia,leu tudo e que na hora H nao sabe qual abertura vai usar e qual velocidade,ou as vezes esquece o ISO lá em 1600....

"tem muito engenheiro que não sabe fazer metade do que um pedreiro sabe"
"tem muito advogado que não sabe falar nem escrever direito"
"tem muito médico que estudou a vida inteira e não sabe receitar um remedio numa emergência"


Continuo achando a prática fundamental.
E a teoria é uma base para essa pratica funcionar.

Teoria sem pratica são palavras.

é a mesma coisa de vc ser um religioso super letrado,sabe falar tudo da Biblia,Alcorão,Budismo,sabe onde cada versículo se encontra e quando alguem pede sua ajuda,seu auxílio,vc vira as costas,ou seja,não colocou em prática o que tanto prega.
abs e a dscussão está sadia!!! :)

Marcelo
E assim de dificil a coisa, e um conjunto
a teoria e a base da pratica, teoria sem pratica e blabla.
E muitas vezes a pratica bem trabalhada da resultados otimos.
As vezes aparecem questoes para conversar que nao sao para tratar no computador,
Nao e nao saber se expressar , como voce disse.
Ninguem e Premio Nobel para ler un post e escrever uma resposta de MBA.
Imagina meia duzia de "elementos", num churrasco tratando de este assunto, seria muito mas divertido
lembrei disto porque vc disse que a discussao esta SADIA!!! :hysterical:
Na realidade sabemos que existe de tudo,
conheço alguns fotografos de muito sucesso que nunca leram um livro, e sao referencia.
Conheço tambem fotografos fora do mercado,( nao sei porque!), muito instruidos
como se diz popularmente "sao um livro aberto", e vivem dando aulas, viraram professores.
Pegando carona no fim da tua resposta ,
tambem ha religiosos "muito santos", que sao pedofilos.
Tal vez o aumento de informaçao boa e ruim,(INTERNET),
tenha acelerado os processos de aprendizado,(independente da qualidade)
tenho um amigo que tem uma grafica pequena,
que comprou um kit com flashinho,
pesquisou alguma coisa na net sobre Photoshop,e fotografia.
E agora tem Grafica + Produtora Fotografica, e mole!!!!!!
Sendo que nao sai do P e do TTL.
E ja anda por ai poluindo o mercado com preços quase de graça fazendo qualquer coisa.
E mais um exemplo da grande variedade de situaçoes que existem.
Grande abraço
AG.
Mesmo sem churrasco e legal trocar ideias no Forum. :hysterical: :hysterical: :hysterical: 


agalons

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Resposta #43 Online: 28 de Abril de 2010, 09:00:04
Ok Angelo, percebi que você tinha lido correndo a resposta... :)
Mesmo com a limitaçao da informatica e de tempo, e bom conversar
abraço.


fbolque

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Resposta #44 Online: 04 de Maio de 2010, 00:42:10
O"momento "decisivo" do Cartier, nao esta atrelado a nenhum tipo de camera, e somente um determinado estilo.

Concordo plenamente...