Ta certo Marcelo
Ha uma nova raça de sabedores, sem conhecimento consistente.
O que nao quer dizer que a teoria nao e importante, junto com a pratica,obviamente.
O pouco que sei de equipamento foi por ter trabalhado com eles
ou ter pedido emprestado para avaliar, nunca li reviews nenhum de nada antes de comprar nada.
mas cada um e de um jeito, como profissional da area so posso confiar na avaliaçao pratica feita por mim.
Nao e muito valida a opiniao de um jornalista pago pela fabrica para fazer mkt.
abs.
AG.
Ângelo Review não é teoria, Review é no máximo fonte de dados, pois a transformação destes dados em informação, feita por muitos dos reviews, não possui, exatamente, o arcabouço teórico necessário para tal.
O arcabouço teórico necessário para se aproveitar um Review é a base física e tecnológica da fotografia. Ou seja, para de fato aproveitar os dados que um review tem a oferecer, você tem que ser pelo menos um pouco físico e um pouco engenheiro. As reflexões construídas por quem domina este arcabouço básico e possui acesso a dados como reviews, são de aplicabilidade prática inegável, até porque permitem conhecer limites de cada equipamento e formas de contornar alguns destes limites.
Aproveito esta última colocação para atacar mais um dogma da fotografia, o de que a fotografia possui um arcabouço teórico próprio, ou seja, que a maioria dos cursos e workshops que temos por ai sejam de fato úteis. Na verdade a fotografia tem um arcabouço teórico extremamente pobre, exatamente por existirem poucos privilegiados com condições de desenvolver algo neste sentido. Hoje o que precisamos é de pessoas que dominem os três elementos básicos da fotografia para, ai sim, desenvolver um arcabouço teórico coerente. Estes elementos são a sociologia, a estética (esta menos desenvolvida mas crescendo) e a física (este um elemento fundamental que a maioria dos fotógrafos despreza). Uma outra questão é entender a linguagem da câmera, que é a matemática. Um fotógrafo que não domina o mínimo de matemática para descrever os fenômenos físicos da fotografia, jamais chegará perto da genialidade tampouco conseguirá elaborar algum arcabouço teórico coerente para a fotografia, assim como um fotógrafo que não domina a ciência da estética, ou as ciências sociais também terá dificuldades para tal.
Aprender fotografia não é aprender regrinhas sobre como fulano executa uma determinada atividade. Isso é se tornar um reprodutor da expressão alheia e é importante ressaltar que arte não se faz com reprodução, assim como reflexões não se fazem com reprodução. É importante ter uma compreensão ampla de como funcionam os aspectos físicos e estéticos do que está sendo proposto e, com base nisso, construir seu próprio sistema de expressão fotográfica.
Quando cito teorias da fotografia eu não tenho dúvida que o maior de todos os teóricos foi o Adams. Uma mente brilhante que era um ótimo matemático (curiosamente ensinado em casa pelo pai, o que mostra que nem sempre é necessário um ensino formal para tal) e conseguiu expressar o sistema de zonas como uma teoria consistente e até mesmo científica, aplicável à fotografia. O espaço reflexivo e teórico que Adams dominava, em termos da física da fotografia, foi suficiente, até mesmo, para suprir suas sérias deficiências na área sociológica. O sistema de Zonas, por exemplo, é uma aplicação física muito interessante de um conceito que associava o que se via a um determinado tom e através de um modelo matemático competente convertia este tom para o expresso na imagem. Ou seja, um conhecimento construído por quem dominava a base e não um corpo de regras, ou absorveu as poucas experiências práticas mal estruturadas de terceiros, que nada mais são do que a expressão do que falei acima sobre a prática inconsistente (obtida por meio de tentativa e erro) super valorada.
Curiosamente uma compreensão maior da fotografia se faz necessária para de fato entender o sistema de Zonas. Tanto isso é uma verdade que a maioria das pessoas não entende o sistema de zonas e o aplica de forma completamente equivocada, como se fosse uma regra engessada. Na verdade eu não conheço sequer um livro de fotografia (fora o do próprio Adams) ou um "profissional" experiente que se lembre que este sistema precisa sofrer correções dramáticas quando se muda de mídia e, principalmente, como fazer tais correções. O indivíduo simplesmente usa o sistema como lhe foi passado e quando dá errado apenas desiste de usá-lo. Ou seja, transformam uma teoria verdadeira em uma regra que, devido ao desconhecimento acerca de fundamentos essenciais, não conseguem colocar em prática de forma adequada. Ou seja, na verdade nada sabem sobre como ela foi construída, onde pode ser aplicada e como deve ser modificada para atender a diferentes condições.
Se alguém quer saber mais sobre fotografia é preciso estudar sua alma, ou seja, física, estética e sociologia. Qualquer outra coisa é prender o fotógrafo em regrinhas práticas de terceiros, que muitas vezes não se propuseram a um espaço reflexivo consistente e, apenas, passam para frente algo que viram ou ouviram falar, sem se preocupar com as implicações disso.
Este é o grande perigo do pragmatismo, ele permeia nossa sociedade e não permite a reflexão. Muitos acham que o pragmatismo é a solução, alguns, mais instruídos percebem que não o é, mas não conseguem diferenciar o pragmatismo e o dogma de um arcabouço teórico realmente útil e é esta realidade que, como cidadãos conscientes temos que procurar mudar.
Aproveito esta oportunidade para contar a vocês um aspecto que vem sendo estudado amplamente pelos profissionais de gestão. Experiência tem muito menos valor do que as pessoas imaginam, na verdade a prática mostra que a maioria esmagadora dos profissionais brilhantes são jovens e entusiasmados pelo conhecimento em seus aspectos mais profundos.