Bruno, vejo dois tipos de revoltas na Europa. Primeiro tipo, lugares que desde a idade média são palco de constantes disturbios, que nunca se pacificaram, é um elemento cultural. Exemplo, aquele recortado de territórios que um dia virou Iuguslávia, cumpre lembrar que tem relação com esses territórios o início da primeira guerra, embora o fato que desencadeou tenha se dado na Austria. O segundo, povos atrasados (ainda que segundo o capitalismo) que se instalaram em países mais avançados, caso que se verifica como dos Turcos nos guetos de Paris. Ora, me perdoa, claro que essas pessoas tem direito a viver melhor, mas por acaso algum francês convidou eles para morar lá? Não? Então se virem meu velho. Eu fui morar na Austrália algum tempo, embora muito bem tratado eu sabia o tempo todo que sou brasileiro e eles australianos, estão na casa deles, não tenho os mesmos direitos, e porque razão deveria ter? Se eu quiser ficar okey, mas que aceite as regras, não vir com esse choro oportunista de direitos iguais, não para alguém que deixa o próprio pais ao invés de transformá-lo. Isso foi algo que aprendi muito com um amigo palestino, expulso de lá por estar ligado a terrorismo (com 15 anos de idade), e sempre dizia que apesar de viver no Brasil o desejo era voltar. Eu perguntava o porquê, ele dizia - se eu não melhorar meu país, quem vai?
Sobre o conceito de atrasado e avançado, com capitalismo ou não - embora eu não seja defensor do capitalismo em último grau - eu sou prático. Eu gosto de tomar banho, gosto de luz elétrica, odeio desorganização, gosto de conforto, enfim. Tenho um primo que trabalha em reorganização de países em situações extremas, morou já no Camboja, Afeganistão, e agora vive em Mali, na África. É um absurdo a forma como o povo aceita viver, não tem nada a ver com dinheiro e/ou capitalismo, é uma opção pessoal. Embora a população não leia livros que seria o ideal, a tv leva informações mínimas, alguma mensagem é transmitida. Mesmo assim o cara é preguiçoso mentalmente falando, ao invés de lavar um alimento, melhorar a higiene, evoluir no que é possível, mesmo tendo água potável, ele prefere consumir do jeito "porco". É como uma pessoa que trabalhou na minha casa, eu educadamente, com paciência dava instruções de como fazer determinada coisa, e a pessoa mesmo sabendo que sabe menos do que você, mesmo não sendo dono da casa, insistia em fazer do jeito errado. Ora, eu ou vc se formos contratados para trabalhar para alguém, a pessoa te explica como fazer determinada coisa, vc insiste sem uma razão e por teimosia em fazer do jeito errado? É desse atraso que falo. Nem todos querem melhorar e a conclusão que eu chego é muitos realmente não querem.
Para concluir. Pq falei do meu primo? Pq é justamente lá, na África o lugar que ele mais encontra dificuldade para ajudar. O africano não quer ser ajudado, ele quer ser pajeado, ele quer ongs dando dinheiro, mas não quer o ônus que isso representa, de melhorar, do retorno, ao contrário dos países como Afeganistão que apesar de atrasados, as pessoas se esforçavam para mudar a situação, assim como nos países orientais. É um elemento cultural e muito difícil de ser mudado, no momento que o Brasil teve uma forte ligação com um povo assim, eu acredito que - não o povo, e sim a influência - tem um forte papel em nosso atraso também.