Rafael: já tive uma Canon A60 e tenho uma P72 (da minha mãe, mas dou uns cliques para anunciar alguma coisa no mercado livre ou em situações em que eu precise de uma câmera compacta). No início de 2005 eu tinha grana para comprar uma Rebel, mas acabei investindo em instrumentos musicais e equipamentos... acabei deixando a fotografia meio de lado.
Há uns 3 meses, a minha namorada pegou "emprestada" (já era :P) a analógica do pai dela (que mora em outra cidade), uma Pentax MX com objetiva 50mm F1.7. Em casa ela tem umas boas 4 a 5 mil fotos 10x15 tiradas com essa câmera. Eu sempre ficava impressionado com a nitidez, com os planos desfocados e com a inexistência de certos elementos que incomodam muito na fotografia digital (como aberração cromática, evidenciada principalmente pelo formato dos sensores digitais).
Só que eu nunca tinha entrado em contato com uma SLR analógica, então eu tinha algum preconceito em função de não ter um display lcd, ter que comprar filme e ainda levar para revelar. Além disso, escanear fotos 10x15 em casa aniquila com a qualidade da foto e eu queria as fotos em formato digital. No entanto, acabei descobrindo que eu já tinha passado da fase de fotografar flores do jardim ou, como você disse, fazer um book do cachorro. Ainda que esse tipo de foto seja interessante para testar o potencial do equipamento, é algo que a gente faz uma vez na vida e deu.
Gostei tanto da câmera dela que acabei comprando uma pra mim e hoje estou com o equipamento que consta na minha assinatura. Acabou me custando muito menos que uma DSLR e as fotos em geral ficam com uma qualidade melhor do que muita DSLR. Afinal, são poucos os usuários de digital que tem grana para comprar uma objetiva autofoco de qualidade. Nas digitais, a aberração cromática fica muito mais evidente e a tecnologia de baixa dispersão precisa ser ainda mais avançada.
Quanto a ter os filmes em formato digital, hoje muitos laboratórios digitalizam negativos. Aqui em Porto Alegre, com 8 reais eu revelo o filme e recebo um cd com as fotos em 3MP, além dos negativos em si, caso eu queira fazer alguma ampliação impressa.
Como desvantagens, tem a inexistência do lcd e de ter o resultado na hora. Se for uma câmera da década de 70/ início dos 80 não vai ter nem autofoco (é o meu caso). Como amador, nenhuma dessas limitações é importante para mim. Os viewfinders das câmeras antigas auxiliavam muito melhor o fotógrafo a conseguir um bom foco manual em pouco tempo (do contrário, não teria existido fotojornalismo antes da década de 80). O fato de não ter lcd é importante para quem ainda não domina conceitos básicos da fotografia, mas você, com uma A80, pode experimentar tais conceitos e ter pouquíssimas surpresas quando for fotografar com analógica.
Também, a limitação de 36 poses por filme pode ser incômodo para um profissional, mas para um amador que quer basicamente fotos memoráveis de família (que pecado o que estão fazendo com a memória familiar fotografando com compactas da Sony :P), viagens e alguns bons enquadramentos em saídas fotográficas, tá muito bom.
Resumindo: se eu tivesse uns 6 mil para gastar com fotografia, sem dúvida partiria para o digital. Compraria uma D50, uma lente normal de alta qualidade (custando cerca de R$1500,00), um flash e era isso. O custo por foto é menor, mas o medo de ser roubado e de estragar o equipamento é maior. Para o profissional, não há dúvida que a escolha terá de ser esta ou terá sua produtividade comprometida.
Para os amadores exigentes mas duros, ainda acho que o analógico é melhor. Tem custo maior por foto, mas se vier um trombadinha me assaltar eu até ensino ele a usar a máquina (exagerei um pouco, mas não ia sofrer como se tivesse uma DSLR roubada). Além disso, a qualidade das fotos fica equivalente a uma digital com objetivas bem caras.
O texto é grande, mas acho que aborda a maioria das dúvidas de fotógrafos amadores com medo de experimentar o mundo analógico.
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Obs.: Um "case de sucesso" misturando as duas tecnologias é o que o colega de fórum Ivan tem feito. Comprou uma Rebel 300d usada, um adaptador para objetivas m42 e objetivas manuais (de nitidez elevada, antigas e baratas). Ele fez uma adaptação conciliando a praticidade das digitais com a alta qualidade das objetivas antigas. Isso é uma prova de que muitos de nós não precisam de tudo o que uma DSLR (corpo + objetivas modernas) oferece.