Não quero e não vou entrar nessa discussão digital X analógico. Esse já é um assunto pra lá de esgotado e sinto asco só de lembrar dos embates homéricos acerca dessa divergência que, ao meu modo de ver, não vai acabar nunca. Então, pra mim basta.
O bom profissional, cerca ele fotógrafo ou não, é aquele que sabe se utilizar das melhores ferramentas de que dispõe. Imagine um pedreiro assentando piso e azulejo. Ele vai usar um martelo de borracha, mas é um martelo. Imagine esse mesmo cara no dia seguinte quebrando uma calçada de concreto. Ele também vai um martelo, mas desta vez uma marreta de 10 kg. Simples assim!
Existem trabalhos de fotografia que, sem dúvida alguma, o digital é a melhor ferramenta. No entanto, a fotografia de Grande Formato ainda é usada profissionalmente e em certos casos ela é insubstituível.
Duvida? Então eu novamente contar aqui uma estorinha que já relatei aqui mesmo nesse forum. Um cara aqui em SP comprou um quadro. Tempo depois veio a desconfiança de que se tratava de um trabalho famoso, cuja obra deveria valer uma fortuna. Para dirimir a dúvida, foi acionado o setor de pesquisa e investigação técnica do Museu do Louvre, na França. É claro que num primeiro momento não seria enviada a própria obra. O primeiro passo seria enviar uma fotografia daquele quadro para, a partir daí, seguir com a investigação para se saber se era ou não o original.
Agora vem o detalhe legal desse fato, repito, fato! Isto aconteceu. A fotografia teria de ser feita em cromo, não poderia ser negativo nem P&B, nem nada. Cromo. Exigência não questionada. Outro ponto e o mais importante: tinha de ser em cromo e com um tamanho mínimo de 8x10' (polegadas), o que deve aproximadamente 20x25 cm.
Agora eu pergunto: por quê será?!
Não quero destilar meu ácido na casa de ninguém daqui. Também não vou direcionar minhas farpas a nenhum dos membros deste forum. Tô fora dessas M E R D A S de discussão que não nos levam a lugar algum. Mas o desconhecimento gera hipocrisia. Tem gente que compra uma DSRL de entrada, pendura a danada no pescoço, contrata serviços "profissionais" a R$ 5,00 por foto, entrega tudo num CD, e ainda se auto-intitula: FOTÓGRAFO PROFISSIONAL. Engraçado, quase sempre não conhece sequer um pouco da história da fotografia.
Fabricantes têm lançado novos filmes, novas câmeras de filme. O Ektar 100, por exemplo, renasceu e foi concebido com o pensamento voltado até para o escaneamento. Sim, a digitalição da imagem a partir do processo químico.
Quem aqui já viu um cromo, grande formato 4x5' (101x125 mm), digitalizado num escaner de tambor? Pois, eu já vi. Peraí... escaner de tambor?!!! Que diabos é isso?! Pro cê vê, né, pra muita gente esse troço continua sendo um ilustre desconhecido.
Eu tô aprendendo ainda, algumas coisas em fotografia ainda me surpreendem. Pouco tempo atrás, sei lá, acho que cinco ou seis anos, um amigo me convidou para fazer um exercício mental. E ele é assim:
Imagine uma DSLR full frame. Qual o tamanho do sensor? Acho que 24x36mm e se não for exatamente isso, bate na trave. Portanto, estamos falando de uma imagem registrada num espaço de 864 mm². Poderia ser com filme, mas vamos nos ater ao tamanho. Agora imaginemos uma chapa de filme de 8x10 (mais ou menos 203 x 254 mm). Neste caso estamos falando de uma área de 51.562 mm². Esta última é quase 60 vezes maior que um sensor full frame. Você vai sim enfiar no full frame tudo aquilo, o equipamento lhe permite fazer isso. Só que vai ter de compactar alguma coisa, não acha? E se você tem um espaço muuuuuito maior? Não seria melhor?
A partir daqui eu vou dizer que 2 + 2 = 4. Alguém duvida disso? É uma questão de raciocínio lógico.
Pois bem, duas imagens iguaizinhas em exposição, contraste, enquadramento, etc., etc. Uma foto com toda informação possível (os detalhes, a nitidez, tudo!) registrada dentro de um espaço de 864 mm². Outra foto com o mesmo conteúdo registrada num espaço de 51.562 mm². Lógico que a partir de ambas, seu eu fizer uma ampliação no papel fotográfico 10x15 ou 15x21 cm a diferença talvez não seja notada. Mas vamos pensar numa ampliação gigante, a maior que a gente conhece, qual imagem original vai render mais?
Vamos pensar num fotógrafo no meio da guerra lá no oriente médio. Vamos pensar num fotógrafo fazendo um casamento. Vamos pensar num fotógrafo trabalhando para uma agência chama o cara às 10h da manhã e quer pronta e finalizada às 3h da tarde. Sinceramente?! Eu não consigo pensar que esse fotógrafo trabalhe com filme. O mercado engole ele.
A p*rra da câmera não faz nada sozinha. O fotógrafo é VOCÊ. O mundo não é só o Brasil, é preciso ver lá fora como andam as coisas. Dizer que estamos RESTRITOS AO DIGITAL é pensar (e agir!) de modo a não enxergar além da curva.
Deixa eu parar por aqui porque eu mesmo já não tô aguentando a minha própria chatice. Acho que hoje eu levantei meio mal humorado.
Mas convém lembrar que pelo mundo afora o filme continua sendo usado. Ou será que esses caras (fabricantes de filme e de câmera) são burros? Será que eles estão rasgando dinheiro?