Autor Tópico: [ARTIGO] Ruído - Como analisar  (Lida 37512 vezes)

Leo Terra

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Online: 18 de Janeiro de 2005, 19:55:25
Ruído - Como analisar

Entendendo essa peça fundamental.

Uma das maiores dúvidas da fotografia digital é relativa ao ruído, muitos falam que a câmera X é melhor que a Y ou que menores ISO significam menor ruído, porém poucos realmente entendem como funciona o ruído e os sacrifícios que muitas câmeras fazem para conseguirem menores níveis de ruído através de processamentos extremamente agressivos.
Para ilustrar este artigo foram escolhidas as câmeras Minolta 7D e Nikon D70 por possuírem exatamente o mesmo sensor e particularidades que ilustram perfeitamente bem o que será demonstrado.

Antes de qualquer coisa é necessário entender que cada sensor possui um ponto ótimo, onde os níveis de ruído são mínimos, a maior parte dos fabricantes faz com que este ponto ótimo caia sobre um determinado ISO e qualquer coisa acima ou abaixo disso terá mais ruído do que o ponto ótimo em questão, daí vem a resposta do porque a Fuji não baixa o ISO das suas câmeras com super CCD ou porque a D70 e a D100 tem apenas ISO 200. Esta é uma opção do fabricante, que desenvolveu o sensor para um ponto de ótimo em um ISO mais ou menos elevado do que a concorrência e não faria sentido colocar um ISO abaixo do determinado, pois acarretaria em um ISO mais baixo, porém com maior nível de ruído.
Para ilustrar este exemplo escolhemos a nova Minolta 7D, como sabemos a Minolta 7D usa exatamente o mesmo sensor Sony que equipa a Nikon D70, um sensor que foi otimizado para ISO 200, porém a optou pelo uso do ISO 100 nesta câmera por fatores puramente mercadológicos.
Abaixo seguem as comparações do ISO 100 e ISO 200 da Minolta 7D sendo um corte de uma imagem em 100% sem nenhuma redução, além de um gráfico comparativo onde a  aparece a D70 partindo do ISO ideal de operação:



O gráfico abaixo ilustra o exemplo acima, já comparando os resultados de nível de ruído (eixo Y) contra o ISO.



Notem que em ISO 100 os níveis de ruído da 7D são maiores do que em ISO 200, o que é visível no gráfico e nas figuras comparativas.
Além disso, outros fatores como latitude ISO, capacidade de retenção de cores, dentre outras, são afetadas diretamente pelo uso do sensor fora de seu ponto de ótimo.

Um outro fator importante a ser considerado é o nível de pós-processo da câmera, muitas vezes vejo pessoas relatando que a câmera Y tem mais ruído que a X, porém ambas possuem exatamente o mesmo sensor, portanto possuem o mesmo nível de ruído, o que as difere é exatamente o nível de agressividade de seu sistema de pós-processo.
Quanto mais agressivo o tratamento de ruído, mais limpa fica a imagem final, porém você acaba pagando com o custo de sharpness e texturas, ou seja, diferente do que as pessoas imaginam quanto menor o tratamento, melhor ficam as preservações das texturas e maior o sharpness da imagem final, em contra partida o tratamento de remover ruído “plastifica” a imagem, suprimindo diversos detalhes e por mais incrível que possa parecer o tratamento de ruído mais prejudica a imagem para impressão ou redução do que ajuda.

No exemplo a seguir apresento a D70 e a 7D sendo comparadas, lembrando que ambas possuem exatamente o mesmo sensor. A D70 apresenta elevados níveis de ruído na saída, enquanto a 7D é considerada a de menor nível em termos gerais, porém observem nos crop de 100% o preço que se paga por eliminar este ruído.



São notáveis as diferenças de sharpness e perda de texturas nos exemplos. O agressivo sistema de pós-processo implementado pela Minolta elimina o ruído, porém destrói completamente as texturas e a qualidade de sharpness da imagem, enquanto na D70 o nível de ruído apesar de alto preserva uma elevada qualidade de detalhes, que no momento em que a imagem for impressa fará total diferença no trabalho apresentado.

Como pudemos ver níveis de ruído baixos que sejam obtidos por métodos de pós-processo de software (como a maioria) sempre acabam acarretando em perdas significativas na qualidade da imagem, substituindo um problema por outro ainda mais grave, sendo que muitas vezes é melhor ter um equipamento com elevado nível de ruído do que um equipamento onde o tratamento de software comprometa a qualidade da imagem.
Lembro que não existem milagres, não existem tratamentos de ruído que “melhorem” a qualidade de definição da imagem, todos apresentam fortes perdas, comprometendo ainda mais a qualidade que já foi perdida quando o sensor apresentou o ruído, portanto ao optarem por um equipamento, optem sempre pelo menos agressivo em termos de redução de ruído.

Por fim sugiro uma experiência interessante, sugiro que levem para imprimir 2 versões de uma mesma foto, feita com ISO elevado, uma sem pós processamento e outra com forte tratamento de ruído, você deverá notar que apesar do nível de ruído a primeira deverá ficar bem mais natural e com elementos bem mais definidos do que a segunda, uma outra experiência interessante é reduzir suas imagens com ruído para o formato de Web e comparar com as mesmas sofrendo tratamento de ruído antes de serem reduzidas, em ambos os casos você deverá notar que a imagem com ruído acaba sempre apresentando um resultado bem superior do que a tratada.

Espero que tenham gostado de mais ete artigo :)

Artigo escrito por Leo Terra.
Testes feitos pelo site DPreview
Agradecimentos a Danyel Monteiro

Para complementar esta leitura leia Ruído X Pixels II

Autor: Leo Terra
Autor dos cursos da Teia do Conhecimento
Disponível no Mundo Fotográfico


PS: Caso tenha interesse em republicar em outros sites favor manter as 3 linhas de créditos acima, inclusive com os links.
« Última modificação: 22 de Setembro de 2009, 12:42:53 por Leo Terra »
Leo Terra

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Danymont

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Resposta #1 Online: 18 de Janeiro de 2005, 20:03:37
poxa show de bola...

isso desmistifica a questão....
"a imagem é muito mais limpa... pois a minha máquina tem iso 50..."
como muitos afirmam...

Parabens!!!!
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Georges

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Resposta #2 Online: 18 de Janeiro de 2005, 21:58:58
Não vejo bem o artigo do Leonardo como uma crítica aos padrões adotados pelos fabricantes, mas um belo toque no pensamento de que ruído é um vilão que deve ser eliminado a qualquer preço. Mais uma vez destruindo o pensamento simplista, de que uma boa imagem é aquela cujo tratamento é mais forte e eficaz na eliminação de ruídos, já que como se pode notar as perdas em texturas e sharpness são grandes... O desafio do fotógrafo é reconhecer a qualidade da imagem de uma forma avaliativa, e não por padrões que a indústria quer impor. Não é só Minolta, nem apenas Canon ou Sony, todos os fabricantes dão voltas na forma como tratam a imagem, e se o consumidor não estiver atento, acaba se iludindo pela beleza de imagens que na verdade são bem pouco naturais. E na hora da impressão, essa artificialidade fica ainda mais evidente.
Georges Lemos
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Leo Terra

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Resposta #3 Online: 18 de Janeiro de 2005, 22:16:07
Verdade Georges, eu gostaria de deixar claro que a Minolta tomou esta atitude drástica apenas agora em suas câmeras de maior porte, exatamente porque o mercado acaba empurrando para esta atitude, no geral todas as marcas tem caminhado para este lado. Infelizmente temos que conviver com isso.
Lembrando ainda que a Minolta foi uma das últimas a sucumbir, até 6 meses atrás a A2 tinha tratamento de ruído quase 0 e acabava sendo duramente criticada por isso.
Na minha opinião é o próprio usuário que tem que repensar seus pontos de vista para que fabricantes como a Minolta, a Canon, a Olympus, dentre outros, possam voltar a nos oferecer equipamentos menos agressivos no tratamento e que produzam imagens mais naturais e com texturas mais preservadas.
Leo Terra

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Danilo

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Resposta #4 Online: 18 de Janeiro de 2005, 22:54:41
Parabéns pelo artigo Leonardo!

Agora já tenho o que dar para as pessoas lerem quando ficarem descordando de mim sobre a questão de que o número do ISO nas digitais é relevante. rs

Sempre passo muito tempo tentando explicar e aqui está bem definido.

Como você disse no artigo, eu prefiro ruído com a preservação das texturas do que imagens plásticas sem definição.

Abraços

 


Ricardo Smania

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Resposta #5 Online: 19 de Janeiro de 2005, 14:02:37
Muito interessante o artigo!

Agora uma pergunta meio besta: Alguma máquina permite desligar ou mesmo controlar o tratamento de ruído? No caso dos arquivos raw, imagino que mesmo sendo raw o tratamento de ruído foi aplicado, ou não?
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Danilo

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Resposta #6 Online: 19 de Janeiro de 2005, 14:18:10
Citar
Muito interessante o artigo!

Agora uma pergunta meio besta: Alguma máquina permite desligar ou mesmo controlar o tratamento de ruído? No caso dos arquivos raw, imagino que mesmo sendo raw o tratamento de ruído foi aplicado, ou não?
Sim. Que eu conheça, tem como desligar. Algumas vem com Noise Reduction, que você pode selecionar, principalmente para longas exposições.

Agora sobre controlar e sobre .raw não tenho certeza pra te afirmar nada.

abraço
« Última modificação: 19 de Janeiro de 2005, 14:18:51 por Danilo »


Leo Terra

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Resposta #7 Online: 19 de Janeiro de 2005, 16:40:44
O RAW não possui nenhum tipo de tratamento.
Tanto o processo de interpolação (demosaico) quanto os tratamentos de ruído são feitos no conversor RAW.
:)

Existem câmeras que permitem desligar o tratamento de ruído sim, mas a maioria só permite isso nos tratamentos de longa exposição, ficando o tratamento básico ligado em todas as fotos (que não RAW). :)
« Última modificação: 19 de Janeiro de 2005, 16:41:57 por Leo Terra »
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TheRipper

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Resposta #8 Online: 20 de Janeiro de 2005, 14:54:05
Nas Panasonic FZ15 e 20, é possível ajustar o nível da redução de ruído pra qualquer tempo de exposição  ;)

O que costumo fazer é usar o plug-in do NEAT IMAGE nma máscara da imagem, depois passar a borracha em locais com muita textura. Dessa forma, só faço a "limpeza" em objetos sem textura. Assim fica bem natural.
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Fábio Garcia - Rio de Janeiro

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DrigoBarreto

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Resposta #9 Online: 20 de Janeiro de 2005, 21:12:19
Gostaria de saber se usando todos os tratamentos desligados na FZ-15, o sharpness inclusive, depois tratando no PS (sharpness) a imagem ficaria melhor que com esta função ligada na camera?
Seria interessante fazermos um estudo pra cada camera, qual seria o melhor ajuste de tratamento, e o melhor tratamento no PS... Aí acho que o pessoal iria sossegar um pouco!

 B)  


Leo Terra

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Resposta #10 Online: 21 de Janeiro de 2005, 01:44:06
Sempre que vc tira a foto com o menor tratamento é mais negócio. Os ajustes no pós-processos costumam ser mais precisos.
Daria um enorme trabalho discutir isso câmera a câmera, pois além de câmera a câmera seria necessário fazer imagem a imagem, pois se fosse uma coisa que só dependesse da câmera o próprio software da câmera faria bem. ;)
Leo Terra

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Ricardo Smania

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Resposta #11 Online: 21 de Janeiro de 2005, 23:07:20
Eu acho que um dia talvez a inteligência artificial seja uma realidade, imaginem uma câmera que analisa a foto tirada e consiga ela mesma fazer os ajustes para que fique com a melhor qualidade possível. Acho que vai facilitar bastante o trabalho do fotógrafo, eliminando o pós-processamento. Ainda mais para os preguiçosos, como eu.  :P  
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Georges

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Resposta #12 Online: 03 de Março de 2005, 00:47:31
Citar
Eu acho que um dia talvez a inteligência artificial seja uma realidade, imaginem uma câmera que analisa a foto tirada e consiga ela mesma fazer os ajustes para que fique com a melhor qualidade possível. Acho que vai facilitar bastante o trabalho do fotógrafo, eliminando o pós-processamento. Ainda mais para os preguiçosos, como eu.  :P
Poxa, mas sabe que pra mim a edição da foto é uma continuação do processo, não algo trabalhoso... É algo bem análogo ao que o fotógrafo fazia com o filme, no laboratório. E nossa, já há décadas atrás se manipulava pra caramba a imagem, hoje em dia só ficou mais acessível esse trabalho porque é mais fácil alguém ter um micro em casa do que um mini-laboratório... Acho que o prazer de fazer o processamento da fotografia é complementar ao ato da captura da imagem, não apenas um trabalho corretivo... Mas sei lá, vai de cada um, tem gente que nem sequer gosta de fotografar, só de trabalhar as imagens no Photoshop ;)
Georges Lemos
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Resposta #13 Online: 03 de Março de 2005, 01:08:45
concordo contigo Georges.
E vou mais longe, o PS nada mais é do que a simplificação do uso do laboratório, o que antes vc precisava de muito conhecimento técnico (que químico usar, quanto tempo, etc) vc passa a poder fazer com uma ferramenta bem mais simples e de aprendizado bem mais fácil, o que populariza o processo fotográfico de qualidade.

SOU 100% a FAVOR DO DIGITAL E 100% A FAVOR DO PHOTOSHOP.

:)

Se eu fosse extremista estaria gritando MORTE AO FILME hehehehhe!

Na verdade acho que sou um dos poucos profissionais que não tem muitas saudades do filme, depois que conheci a S3 então a pouca saudade que eu tinha sumiu... :)
« Última modificação: 20 de Março de 2005, 15:25:53 por Leo Terra »
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joana_fotopsi

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Resposta #14 Online: 08 de Outubro de 2005, 12:06:01
Oi!
aonde eu posso ler mais sobre isso?