Autor Tópico: Alguns levam muito a sério as regras da composição?  (Lida 14373 vezes)

mvaraujo

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Resposta #60 Online: 15 de Julho de 2011, 00:45:29
... sempre acho estranho essa ideia de "quando pode-se quebrar " as regras. Elas são, digamos, o fundamento dessa prática profissional.
...
Acho (só acho) que "pode-se" quebrar uma regra dessas geométricas, como a dos terços, se a foto ganhar em impacto com outro tipo de arranjo.
...

Estas regras e quebras sempre serao discutidas ... Tecnicas e conhecimentos nos adicionam na busca dos resultados, com certeza ...
...

Eu sou metido a besta e acredito nas minhas verdades!

Então...

Quem disse que essa é uma REGRA?!?!?!?!!?

Besteira, gigantesca, e pura perda de tempo!

Mas, fui pesquisar... no inglês 'Rule of Thirds' para composições artísticas (não só em fotografia):
A Wikipedia não é a única fonte. No Google, '"rule of thirds" "rule of thumb"'...

Não satisfeito, olhei meu volume do Hedgecoe (p. 179, 'Colocação do Motivo no Quadro'):

"Uma maneira simples de obter o correto equilíbrio de uma composição..." (grifo meu)

E, logo abaixo, na mesma página, um exemplo com o motivo perfeitamente centralizado.

Sinceramente, após dezenas de milhares de clicks alguém conscientemente PENSA no enquadramento? Ou, algumas toneladas de registros experimentados, apenas SENTIMOS o enquadramento?

Entendo que nos encaixamos na segunda hipótese. E, como em todo exercício, aprimorando a cada click.

Então, regras de composição são importantes, e MUITO importantes, para orientar aqueles que iniciam.

Apenas para instigar, propor alternativas, oferecer desafios.

Daí para frente, rapaz, experimente, jogue fora o que entende que não presta, e experimente mais. E mais, e mais.

Avaliar OBJETIVAMENTE uma foto serve para a capa da Veja.

Para o MoMA, o buraco é mais embaixo...

Ofereço um contraponto. Aleksandr Ródtchenko...



Uma versão da foto com grades nos terços:



Quase chegou lá? Não parece... E, mesmo assim, incensada, admirada, perseguida, ovacionada, clássico dos clássicos.

Ródtchenko parece mais ter intuído que pensado o enquadramento. Não é o caso de nós (que não nos preocupamos com picuinhas) colegas?

Afinal, e aliás, o objeto está invariavelmente se movendo!

Fechando, cito outro colega.

Malheiros, me desculpe, ...
...
Na fotografia fazemos tanta coisa certa, que acabamos por deixar tudo sem graça, sempre do mesmo modo, sempre da mesma forma, sem mais dinamismo, sem mais uma nova perspectiva.
...

Tudo sem graça, do mesmo modo, da mesma forma... na mosca!
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mvaraujo

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Resposta #61 Online: 15 de Julho de 2011, 02:08:30
O único parâmetro exclusivamente não técnico, realmente subjetivo, em uma fotografia, o verdadeiro OLHAR, o QUE escolhemos registrar, é o enquadramento!

Técnicas, equipamentos, condições do ambiente, SORTE, etc., delimitam as opções para o COMO e a carga emocional.

Vamos lá...

Vejam no link abaixo a primeira imagem do Paolo: um retrato do Sean Penn, no CENTRO da foto, com horizonte TORTO um monte de FLARE:

http://blog.magnumphotos.com/2009/02/paolo_pellegrins_great_performers.html
...

Luiz, olhe bem as fotos do cara e você verá que ele seguiu à risca a regra dos terços. A diferença é que ele compôs a cena (e os pontos)com outras coisas do meio em que foi feita a fotografia.

Sabe... penso aqui... imaginemos se o fotógrafo realmente pensou o enquadramento. Nem!

Independentemente do enquadramento, essa é uma foto técnica para c&r*l?!o (não há ficha técnica... uma pena)!

Ela faz parte de uma série de no mínimo outras seis imagens, havendo oito outras que parecem pertencer à mesma sessão (aqui).

Avaliem a série como um todo. Contem quantas seguem estritamente 'regras' pré-definidas... e contem quantas são esteticamente descartáveis... que coisa, não?

E, aposto, centenas outras da série foram jogadas no lixo.

Ainda, a imagem aqui está mais equilibrada que aqui.

O que isso tudo mostra:
  • os registros foram feitos informalmente, no calor do momento (photowalking?)
  • as séries evidenciam ensaios
  • o fotógrafo domina a técnica necessária para os ensaios
  • a versão registrada, captada, não é a final, à venda, tendo havido pós-produção digital
De um passeio proveitoso, imagens ao acaso controlado.

O fotógrafo sabia das possibilidades, uma rua, um cara fotogênico, um equipamento adequado, uma luz fantástica.

Mas, não fazia ideia do que faria de verdade, como em qualquer todo ensaio.

Onde quero chegar...
  • temos no portifólio algumas dezenas ou centenas de registros fantásticos
  • e já jogamos fora algumas dezenas de milhares de registros no lixo
  • não passamos um único dia sem fotografar
  • sempre achamos que o registro 'X' poderia ficar um pouco melhor se melhorássemos a técnica 'Y'
  • cada um de nós têm o seu rol pessoal de motivos que constantemente retomamos, mesmo após milhares de fotos do mesmo ângulo, mesma luz, mesmo equipamento...
Já estamos na terceira página de uma discussão sobre aplicar ou não regras à alma da fotografia, o que o fotógrafo viu e entendeu ser bom registrar.

E até agora praticamente nada se falou sobre:
  • o enquadramento perfeito é besteira! foto boa é foto admirada, não mensurada
  • o bom registro é fruto de inúmeros erros do passado
  • os erros do passado aprimoram técnicas outras muitíssimo mais importantes e determinantes que um simples enquadramento
Fechando...

...
E desce mais um chopp que a garganta secou! =D

Não é a primeira vez que faço notar: papo de boteco sem cerveja é foguete!

Abraços.
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Hector.

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Resposta #62 Online: 15 de Julho de 2011, 13:21:17

Sabe... penso aqui... imaginemos se o fotógrafo realmente pensou o enquadramento. Nem!

Independentemente do enquadramento, essa é uma foto técnica para c&r*l?!o (não há ficha técnica... uma pena)!

Ela faz parte de uma série de no mínimo outras seis imagens, havendo oito outras que parecem pertencer à mesma sessão (aqui).

Avaliem a série como um todo. Contem quantas seguem estritamente 'regras' pré-definidas... e contem quantas são esteticamente descartáveis... que coisa, não?

E, aposto, centenas outras da série foram jogadas no lixo.

Abraços.

Concordo com quase tudo, mas insisto na idéia de que os trabalhos em questão foram focados na composição da cena. Esta composição seguiu (ou procurou seguir) a regra dos terços.

Porém, Parece que o fotógrafo já visualiza o que quer.
« Última modificação: 15 de Julho de 2011, 13:22:05 por Hector. »


luizfcoimbra

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Resposta #63 Online: 11 de Agosto de 2011, 01:45:53
caceta, mvaraujo, que p.uta post... onde eu posso assinar?
foto boa é foto admirada, não foto mensurada. fantástico!


montanha

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Resposta #64 Online: 11 de Agosto de 2011, 15:53:24

Parece que alguns amigos do fórum pensam que "quebrar as regras" é quebrar as regras do terço!
Isso não é verdadeiro, pois existem inúmeras técnicas de composição.

Existem um ótimo livro do David Prakel, Composição, que descreve inúmeras formas de compor uma imagem.

Por exemplo, a famosa regra dos terços, a simetria dinâmica (que usa a razão aurea de uma forma diferente),  o uso de pontos, linhas ópticas, formação de grupos, diagonais, curvas, linhas condutoras, predominância de tamanho e cor, textura, padrões, low-key, high-key, preto e branco, tons quentes e frios, formato do quadro, posição no quadro, simetria e reflexo, até centralizar os objetos é uma técnica de composição!!

Um enorme engano achar que a regra dos terços é a única! "Quebrando" essa técnica, você logo cai em outra, então quebrou o que??

A composição não é estudada apenas em fotografia, mas na produção televisiva e de livros, cartazes, etc etc e etc... A regra dos terços vale para a TV (assista o Jornal Nacional e perceba a altura dos olhos do apresentador e de que lado da imagem ele está).

Existem muitas formas de compor e cada forma evoca um sensação no observador, boa ou ruim. E compor fora da "regra", ou seja, fora do normal, também evoca certas sensações no observador. A questão é: que setimento quer evocar? A regra dos terços dá uma certa harmonia, se eu quiser posso indicar justamene o oposto usando uma técnica diferente. Vão dizer "Ah! ele quebrou as regras!!". Uma ova! Usei "regras" diferentes das que você esperava!

Agora, só usar a regra dos terços pode tornar o seu trabalho repetitivo, assim como só usar high-key por exemplo... imagina, todas as fotos high-key! Todas as fotos centralizadas!! Dá na mesma...

Antigamente todo mundo centralizava, por falta de informação.. Isso é comum em novatos. Daí aprendemos a não centralizar, e caímos no mesmo erro, porque as fotos saem todas iguais de novo, só isso.

Usar a regra dos terços não é um problema. O problema é usar só essa técnica de composição.

um abraço a todos

PS: recomendo o livro Composição do David Prakel, ótima leitura


montanha

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Resposta #65 Online: 11 de Agosto de 2011, 15:59:24

Para ser considerado fotógrafo, o cara tem que compor a imagem como ele quer.
E não "bater a foto" do jeito que saiu. Posso treinar um macaco para fazer isso.
e colocar propósito na cena que vai fotografar é uma técnica de composição.


Olhos de aguia

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Resposta #66 Online: 12 de Agosto de 2011, 10:02:34
 :clap: Na minha pouca experiência, digo que cada momento, cada fotografia, pede um enquadramento, tem fotografias que desfocadas
ficam melhor do que focadas, basta entender o que o fotografo que transmitir atraves de sua imagem.
Atenciosamente Paulo Netto


Portela 2011

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Resposta #67 Online: 12 de Agosto de 2011, 12:49:44
Acho que 2 coisas devem ser pensadas...
A 1ª: regras são importantes e por isso se tornaram regras. Mas não são absolutas... É muito bem vindo quando a quebra da regra agrega valor à foto. Ou seja, se a regra fosse seguida a foto não seria tão boa.
A 2º: quase todo mundo se esquece que a centralização de motivo também é uma regra. Então quando se fala em 'seguir a regra dos terços para, descentralizando o motivo, conferir maior dinamismo à cena', na verdade estamos já quebrando uma regra, qual seja, a da centralização.

EU, pessoalmente, acho que todas as regras devam ser conhecidas e exercitadas. Depois de dominada a técnica, incluindo-se aí as de composição, é que podemos, e até mesmo devemos, subverter a regra e, quebrando-a, aplicar aquilo que nossa imaginação, livre e consciente, nos indicar.

Concordo com o Hyde. Durante toda minha vida acadêmica e profissional, tive exemplos que considero primordiai para a formação de meu conhecimento técnico. Em todos os casos observei uma coisa em comum. Grandes profissionais (de diversas áreas, até porque com foto brinco a pouco tempo) avaliam que podemos quebrar regras, mas primeiro temos que saber porque estamos fazendo isso. No caso de uma fotografia, se você quebrou a regra dos terços (amplamente mencionada aqui) porque não sabia o que estava fazendo, pode até fazer uma boa foto, mas como ação técnica, não tem valor. Por outro lado, se você quebra sabendo o que deseja com isso, um efeito x, uma sensação y, aí sim tem grande valia. É como um escrito quando escreve um texto com erros gramaticais. Se você sabe a gramática, é uma licensa poética, se não é analfabeto.


Mr. Hyde

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Resposta #68 Online: 12 de Agosto de 2011, 13:01:11
Dizem que é cabotismo citação de própria boca, mas vou correr o risco.  :D

Portela, o tópico se desenvolveu muito bem e acho que muitas coisas foram ditas, acrescidas e exercitadas ao longo dele. Mas ainda acho importante pensar numa coisa que coloco naquela minha fala:

(...)
 aplicar aquilo que nossa imaginação, livre e consciente, nos indicar.


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"Deus perdoe o Mal que habita em mim" M. Nova


Leandro Rodrigues

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Resposta #69 Online: 12 de Agosto de 2011, 15:39:25
Não confundam. A Regra do Terço não é uma regra da fotografia. O termo regra se aplica dentro do estudo da composição que divide um enquadramento em terços. Se você seguir determinados conceitos chegará na tal regra. Mas não é regra usar a Regra dos Terços.

Ou seja, quando um assunto está centralizado, não significa que a Regra dos Terços foi quebrada!!

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