Autor Tópico: Novo projeto de lei para importação  (Lida 8029 vezes)

adrianojsmoreira

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Resposta #45 Online: 05 de Maio de 2022, 18:58:52
Se fosse arma......

Ou se fosse empresário amigo querendo taxar compras da China, heim, passaria na hora.
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YP

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Resposta #46 Online: 05 de Maio de 2022, 21:24:37
Ou se fosse empresário amigo querendo taxar compras da China, heim, passaria na hora.
Que está abrindo a loja número 171.


Vinicius Lima

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Resposta #47 Online: 05 de Maio de 2022, 23:30:04
Desculpem, mas independente de gostar ou não do atual mandatório, acho que situação é bem mais complexa do que estão colocando aqui

Já se perguntaram o porque dessa proposta de isenção ser originalmente de 2011 (PLC 2114/11), posteriormente transformada em 2015 no PLC 141/15, mas ter ido a votação somente agora?

Em 2011 não tinha guerra contra a imprensa, gesto de arminha com a mão, etc. E mesmo assim a coisa não andou. E o motivo é que a Constituição Federal veda a a renúncia fiscal sem que antes se determine de onde virá a compensação para cobrir a arrecadação perdida. Era assim em 2011, em 2015 e continua sendo em 2022. Aliás, é assim desde 2000, quando da criação da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Art. 14 da LRF: A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

Essa Lei, se sancionada, só poderia render efeitos a partir de 2023, quando seria possível prever o impacto da renúncia e a alocação da compensação no orçamento financeiro do próximo exercício (para este não dá mais), com projeções até 2025.

Fizeram isso? Não, apenas aprovaram a Lei.

Na minha humilde opinião o nosso glorioso Congresso Nacional mais uma vez aprovou uma Lei natimorta simplesmente por não fazer corretamente o seu trabalho. Pode até derrubar o veto presidencial, mas não há garantia nenhuma de que a decisão não seja contestada no âmbito do STF.

Em tempo, defendo 100% de isenção em quaisquer equipamentos, produtos e afins que constituam a renda primária de um cidadão. Mas existem inúmeras regras para se chegar a isso. E não é algo inerente a apenas uma administração de 4 anos. ;)

PS: sou do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, órgão onde nasceu o primeiro esboço da Lei de Responsabilidade Fiscal. :ok:
« Última modificação: 05 de Maio de 2022, 23:33:13 por Vinicius Lima »


Lindsay

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Resposta #48 Online: 06 de Maio de 2022, 00:37:33
Legal Vinicius, obrigado pela aula, conhecimento necessário pq muita gente fica surfando na onda, inclusive eu muitas vezes, mas sem saber que o buraco é mais embaixo.

Agradeço os esclarecimentos  :worship:
Conhecimento importa mais que equipamento.


YP

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Resposta #49 Online: 06 de Maio de 2022, 20:29:20
Esse projeto de lei não andava pois eram fabricadas câmeras aqui no país.
Ano passado a Canon fechou a fábrica e aí andou.


Vinicius Lima

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Resposta #50 Online: 06 de Maio de 2022, 21:38:55
Esse projeto de lei não andava pois eram fabricadas câmeras aqui no país.
Ano passado a Canon fechou a fábrica e aí andou.

Permita-me humildemente discordar. O PL se aplica desde a propositura original a equipamentos sem similar no mercado nacional.

Não faria qualquer sentido um PL de renúncia fiscal na importação se o mesmo produto pudesse ser adquirido oficialmente no mercado interno, com recolhimento de impostos. E isso vale desde sempre para qualquer tipo de produto, não apenas para fotografia.

O Congresso aprovou a Lei agora porque estamos em ano eleitoral e quer ficar bem na fita com os veículos de mídia (os maiores interessados no PL). Por outro lado, Bolsonaro vive em constantes escaramuças com a mídia. Em qualquer cenário ambos estão errados.

A questão é que o Congresso não tinha motivos reais para aprovar a Lei agora (por que agora???), mas o Presidente tem motivo legal para vetar.

Até pouco tempo todo o país estava sob regime de exceção fiscal, em estado de calamidade pública. Não faz o menor sentido aprovar renúncia fiscal agora. O orçamento, a LDO e o PPA foram elaborados sob outra realidade.

Há inúmeras vedações legais a um chefe do executivo, válidas especificamente para o último ano de mandato, independente se da esfera federal, estadual ou municipal. E o motivo é óbvio, porque para ele seria fácil dar uma canetada simpática, mas deixaria a bucha para o sucessor. Dilma sentiu isso na pele. Só que no caso, a sucessora foi ela mesma. :aua:

Para ter ideia do quanto uma simples renúncia fiscal afeta administrações subsequentes, basta dizer que o PPA (Plano Plurianual) tem vigência de  anos, com início no segundo ano de mandato de um presidente e vai até o final do primeiro ano do mandato do sucessor.

Quando se apresenta uma proposta de renúncia fiscal sem ter definição de onde sairá o dinheiro para cobrir o buraco, o chefe do executivo - seja ele quem for e de qual esfera for - tem o dever de vetar.


YP

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Resposta #51 Online: 07 de Maio de 2022, 08:04:30
Permita-me humildemente discordar. O PL se aplica desde a propositura original a equipamentos sem similar no mercado nacional.

Não faria qualquer sentido um PL de renúncia fiscal na importação se o mesmo produto pudesse ser adquirido oficialmente no mercado interno, com recolhimento de impostos. E isso vale desde sempre para qualquer tipo de produto, não apenas para fotografia.

O Congresso aprovou a Lei agora porque estamos em ano eleitoral e quer ficar bem na fita com os veículos de mídia (os maiores interessados no PL). Por outro lado, Bolsonaro vive em constantes escaramuças com a mídia. Em qualquer cenário ambos estão errados.

A questão é que o Congresso não tinha motivos reais para aprovar a Lei agora (por que agora???), mas o Presidente tem motivo legal para vetar.

Até pouco tempo todo o país estava sob regime de exceção fiscal, em estado de calamidade pública. Não faz o menor sentido aprovar renúncia fiscal agora. O orçamento, a LDO e o PPA foram elaborados sob outra realidade.

Há inúmeras vedações legais a um chefe do executivo, válidas especificamente para o último ano de mandato, independente se da esfera federal, estadual ou municipal. E o motivo é óbvio, porque para ele seria fácil dar uma canetada simpática, mas deixaria a bucha para o sucessor. Dilma sentiu isso na pele. Só que no caso, a sucessora foi ela mesma. :aua:

Para ter ideia do quanto uma simples renúncia fiscal afeta administrações subsequentes, basta dizer que o PPA (Plano Plurianual) tem vigência de  anos, com início no segundo ano de mandato de um presidente e vai até o final do primeiro ano do mandato do sucessor.

Quando se apresenta uma proposta de renúncia fiscal sem ter definição de onde sairá o dinheiro para cobrir o buraco, o chefe do executivo - seja ele quem for e de qual esfera for - tem o dever de vetar.
Certo, ótima explicação Vinicius.  :ok:

Mas olha, até onde sabemos os fotógrafos sempre compram as câmeras do mercado cinza.
Quem paga quase o dobro por uma câmera na Loja Canon ou nas extintas Nikon, Sony e cia? Será que recolhem tanta grana assim com câmeras fotográficas?


vangelismm

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Resposta #52 Online: 07 de Maio de 2022, 08:50:36
Também acho que não viu.

Na prática não existe renúncia fiscal porque essas transações praticamente não existem.
"A perspectiva de uma imagem é controlada pela distância entre a lente e o assunto; mudando a distancia focal da lente muda o tamanho da imagem , mas não altera a perspectiva . Muitos fotógrafos ignoram este fato, ou não têm conhecimento de sua importância." -  Ansel Adams, Examples – The Making of 40 Photographs


LeandroR

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Resposta #53 Online: 07 de Maio de 2022, 09:51:27
Ótimo esclarecimento, Vinícius!

Assumo que eu já estava a fazer julgamentos.

Ainda, sobre o veto da Aldir Blanc (pra mim muito mais importante que o veto de isenção de imposto em equipamento), é a mesma coisa?


adrianojsmoreira

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Resposta #54 Online: 07 de Maio de 2022, 10:12:44
Ótimo esclarecimento, Vinícius!

Assumo que eu já estava a fazer julgamentos.

Ainda, sobre o veto da Aldir Blanc (pra mim muito mais importante que o veto de isenção de imposto em equipamento), é a mesma coisa?

Eu ia perguntar a mesma coisa pois também acho bem mais importante a Aldir Blanc.
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Vinicius Lima

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Resposta #55 Online: 07 de Maio de 2022, 12:17:38
Ainda, sobre o veto da Aldir Blanc (pra mim muito mais importante que o veto de isenção de imposto em equipamento), é a mesma coisa?

Sim, é exatamente a mesma coisa.

Guardando as devidas proporções, administrar as finanças de um país, estado ou município não é muito diferente que administrar as finanças dentro da sua própria casa.

Se você tem salário de R$ 5mil/mês e decide dar um presente de R$ 3mil para o seu filho, é óbvio que terá problemas em fechar as contas. E nesse caso só lhe sobram três caminhos legais possíveis: fazer um empréstimo, aumentar a renda (arrumar outro emprego ou vender patrimônio) ou cortar despesa de algum outro lugar.

Com governos não é diferente. A Lei Aldir Blanc é importantíssima para o setor de cultura (e para a sociedade de forma geral), mas a questão é de onde virá o dinheiro para esse incentivo de R$ 3 bilhões? Os dois últimos orçamentos foram elaborados sob regime de exceção, de estado de calamidade. E o PPA vigorará até o final de 2023, já no mandato do sucessor.

Assim como um pai de família ou dona de casa, o governo também só tem três saídas legais: efetuar operações de crédito, aumentar a arrecadação (aumentar impostos ou vender ativos) ou remanejar o dinheiro no orçamento (tirar de um para dar ao outro). Para todas necessitará de autorização do Congresso.

Então (e aqui é minha opinião pessoal sobre o tema), por que aprovar uma lei dessas justamente em ano eleitoral, já sabendo que não há recursos no orçamento e que o Presidente irá vetar, porque se não vetar mais à frente o Congresso irá acusá-lo de crime de responsabilidade? Ou seja, em ano eleitoral vale tudo.

Lembrem-se que foi exatamente o que fizeram com a Dilma. O mesmo Congresso que fez vistas grossas frente a incontinência fiscal de seu mandato, e até mesmo lhe deu as ferramentas para isso, foi o Congresso que a cassou por crime de responsabilidade.

Política, a arte do entendimento enquanto um tenta colocar bem fundo no ra...o do outro.
« Última modificação: 07 de Maio de 2022, 12:25:22 por Vinicius Lima »


Vinicius Lima

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Resposta #56 Online: 07 de Maio de 2022, 12:20:43
Também acho que não viu.

Na prática não existe renúncia fiscal porque essas transações praticamente não existem.

A questão é que sempre que se apresenta um projeto de renúncia fiscal, é obrigatório o estudo de impacto no orçamento, na LDO e no PPA, com definição de onde virá a cobertura.
O veto se deu não pelo tamanho do impacto (que pelo visto se desconhece), e sim pela falta dos elementos acima.


YP

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Resposta #57 Online: 07 de Maio de 2022, 17:55:22
Eles poderiam ir cortando alguns custos tipo esses:

Os R$ 15 milhões de leite condensado derramado e outros chicletes federais
https://istoe.com.br/os-r-15-milhoes-de-leite-condensado-derramado-e-outros-chicletes-federais/

Forças Armadas gastam R$ 33,5 mi em nova compra de 11,2 mi de viagras

https://www.google.com/amp/s/www.istoedinheiro.com.br/forcas-armadas-gastam-r-335-mi-em-nova-compra-de-112-mi-de-viagras/amp/

Passagens aéreas, internet, terno e alimentação: conheça privilégios políticos que saem do seu bolso
https://revistaesquinas.casperlibero.edu.br/politica/passagens-aereas-internet-terno-alimentacao-conheca-privilegios-politicos-que-saem-do-seu-bolso/


Vinicius Lima

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Resposta #58 Online: 07 de Maio de 2022, 18:09:39
Eles poderiam ir cortando alguns custos tipo esses:

Os R$ 15 milhões de leite condensado derramado e outros chicletes federais
https://istoe.com.br/os-r-15-milhoes-de-leite-condensado-derramado-e-outros-chicletes-federais/

Forças Armadas gastam R$ 33,5 mi em nova compra de 11,2 mi de viagras

https://www.google.com/amp/s/www.istoedinheiro.com.br/forcas-armadas-gastam-r-335-mi-em-nova-compra-de-112-mi-de-viagras/amp/

Passagens aéreas, internet, terno e alimentação: conheça privilégios políticos que saem do seu bolso
https://revistaesquinas.casperlibero.edu.br/politica/passagens-aereas-internet-terno-alimentacao-conheca-privilegios-politicos-que-saem-do-seu-bolso/

Com certeza. Quando a grana é curta, ser criterioso nos gastos é ainda mais importante. Mas nesse sentido sempre teremos apenas promessas. Ações mesmo, nada. >:(


Mike Castro

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Resposta #59 Online: 09 de Maio de 2022, 16:02:10
Caraca, Vinicius deu uma aula!


Obrigado pelo empenho em responder tão claramente.  :ok: