Autor Tópico: Retratos em baixa velocidade  (Lida 11854 vezes)

sergiotucano

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Resposta #45 Online: 22 de Janeiro de 2012, 15:47:03
A mais errada das corretas técnicas.

Oque existe de "Técnica" mal utilizada para se justificar um "movimento" ou "nova" tecnica não tá escrito.

Se eu postar dizendo que foi intencional to fazendo m*, se um fotógrafo cult postar é sensacional. Para mim, tudo balela, não gosto mesmo.
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FeLopes

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Resposta #46 Online: 22 de Janeiro de 2012, 17:04:16
Não é discurso de autoridades no assunto não? Quem que diz que uma foto é arte, que a foto do Andreas Gursky vale 4 milhões, que aquela porcaria daquele Pinico do Duchamp é Arte? Eu? Tu? Não, é um pessoalzinho que se reuniu e decidiu assim, ou seja, é sempre sim discurso de autoridade. Assim como é a ciência, que tem uma pancada de caras que ficam decidindo o que é valido e o que não é valido em sua metodologia. Ou tu realmente achas que essas coisas tem valores além dos homens, valores divinos, e inerentes a elas mesma?

Natão, ninguém é capaz de decidir e impor o que arte ou o que não é, principalmente hoje no século XXI. O que há, que pode parecer um "discurso autoritário" é um mercado de arte, assim como existe um mercado de fotografia que olha com verdadeiro asco por vezes iniciantes e amadores. Por vezes é uma simples proteção de mercado, e não há mal nenhum nisso, artista também tem conta pra pagar, tem que desenvolver seu marketing, ter seu espaço de trabalho e ter uma produção artística coesa, e artista também é ser humano e nem sempre seu produto artístico precisa ser perfeito, nem todas as fotos do Sebastião Salgado e do Cartier Bresson são geniais e perfeitas

Na área de financiamento de cultura, quem se consolidou como grande artista tem mais facilidades e projeção (aqui discurso de autoridade vira mérito conquistado com tempo e qualidade de trabalho), mas vejo cada vez mais uma galera mais nova e começando na área tendo mais espaço e condições melhores de desenvolver seus processos ARTÍSTICOS do que a 10 anos atrás e muito mais do que a 20 anos atrás. A idéia de existir uma grande arte já foi pro saco a algum tempo e críticos que normalmente seguem essa linha ainda hoje normalmente não são muito respeitados.

Dizer que é discurso de autoridade é fácil, difícil é enxergar todo o processo histórico que há por trás da história da arte

P.S.: Desculpem por fugir do tema do tópico, mas as vezes sinto falta de discussões deste tipo aqui.


Natão

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Resposta #47 Online: 22 de Janeiro de 2012, 17:14:40
Natão, ninguém é capaz de decidir e impor o que arte ou o que não é, principalmente hoje no século XXI. O que há, que pode parecer um "discurso autoritário" é um mercado de arte, assim como existe um mercado de fotografia que olha com verdadeiro asco por vezes iniciantes e amadores. Por vezes é uma simples proteção de mercado, e não há mal nenhum nisso, artista também tem conta pra pagar, tem que desenvolver seu marketing, ter seu espaço de trabalho e ter uma produção artística coesa, e artista também é ser humano e nem sempre seu produto artístico precisa ser perfeito, nem todas as fotos do Sebastião Salgado e do Cartier Bresson são geniais e perfeitas


Não é questão de impor o que é arte e o que não é, mas o que se revela como arte (que tem valor de arte) e quem define isso é justamente uma elite da "estética". Hoje é claro que há muitos contextos e outros meios e métodos de avaliar isso. Mas se for ver no seu princípio quem define arte é uma autoridade em estética, ou tu achas que se eu fizer uma foto genial eles irão reparar? Esse discurso autoritário fica melhor dito em discurso de autoridade, de especialista, aqueles que atribuem valor estético para qualquer produção (que na verdade é uma produção técnica), pois arte é técnica - como consta dos gregos, alguém que domina a arte da fotografia na verdade tem o conhecimento da técnica fotográfica. É só uma questão te tradução e transliteração de termos. Mas é a mesma coisa com a ciência. Um pequeno grupo define seus postulados válidos, métodos, entre outros critérios. Claro que não se faz da noite para o dia, é uma construção histórica, mas todo valor atribuído a tudo isso é humano e aqueles que atribuem tal valor é que são as autoridades, daí vem o termo discurso autoritário.


FeLopes

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Resposta #48 Online: 22 de Janeiro de 2012, 18:05:52
Arte e ciência são completamente distintos, tanto que quando a arte vai pra academia começa a ter um monte de problemas.

E continuo a afirmar, não são um grupo de pessoas que definem se algo tem valor artístico ou não. A única coisa que pode definir isso é o público e maneira como fruem na obra. Um crítico de arte bom trabalha nesse ponto, de propor uma reflexão crítica a obra e de por vezes realizar conexões com outros contextos, além de contribuir com um olhar externo que em geral é difícil o artista ter com clareza por estar imerso na produção da obra.

Quanto a foto genial, em dança sempre digo que o melhor dançarino não é aquele que tem a ponta mais perfeita e que faz 32 fouettés, e sim aquele que é capaz de articular seu trabalho com o mundo. Ser um artista fotógrafo implica em muito mais questões, como se articular com outros artistas, realizar trocas e conhecer o mercado. É igual ao mercado de fotografia "comercial" de hoje. Você pode ser um grande fotógrafo de casamentos, mas sem marketing, sem estrutura, sem um portfólio bom e sem uma larga experiência comprovada na área você não é nada (mas como é você é bom, as coisas se tornam um pouco mais fáceis).

Concordo quando se diz que arte é técnica, mas uma coisa que se tem que problematizar é justamente a técnica e o lugar que ela ocupa na fotografia! Os gregos pensaram muito sobre ela e seus estudos servem de base até hoje em alguns meios, mas o carro ja andou nesse 2500 anos e a discussão já se problematizou e se distanciou da base grega. Duchamp tinha uma grande visão e sensibilidade para os processos artísticos de seu período, e atuou justamente nesses pontos. Apesar do mictório de Duchamp parecer uma coisa super idiota, foi justamente ele uma das obras que nos permite hoje perceber a arte de uma maneira muito mais próxima a vida e a realidade cotidiana, pois propõe uma fruição e uma reflexão crítica a quem vê do que é arte ou que não é. É nesse enfrentamento que está uma das artes do mictório, e não no objeto em si, e pra fazer isso não é nada simples.

Lomografia, pinhole são técnicas (e tecnologias) de fotografia assim como fotografia "convencional". A técnica para uma exposição perfeita de um retrato está aí para acesso de todos, mas isso não pode ser tomado nunca como verdade unica, porque não existe uma técnica de criação única, nenhum conhecimento técnico vai te garantir uma foto genial, e sim uma sensibilidade e um olhar apurado (que também só surge com muito trabalho, essa coisa de gente que nasce com dom em grande parte é conversa pra boi dormir, o máximo que há é uma facilidade maior, mas se não for trabalhada, cai por terra também), e nisso que está o valor artístico da obra e função do fotógrafo enquanto artista.

Quanto a ciência não vou falar porque não gosto de discutir sobre isso, mas concordo em partes com o que disse. A universidade me deixou um tanto traumatizado com isso, eheheheh


Aria

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Resposta #49 Online: 22 de Janeiro de 2012, 18:15:47
Aria,

Você já sabe como a imagem ficará antes do clique ou só conhecerá o resultado depois?
Trata-se apenas de curiosidade para conhecer um pouco dessa interessante técnica.

Satoshi, não tenho muitos retratos em baixa velocidade. Tenho alguns poucos. Então vou responder tomando como base esses poucos que fiz. E não... não sei como a imagem ficará antes do clique. Mas, pra mim, isso é algo que vale também para todas as outras fotos que fiz. Em nenhuma foto que fiz, sabia com certeza como ela sairia exatamente. Mesmo controlando a fotometria, pensando na composição ou até escolhendo o que o fotografado iria usar ou os elementos da cena, várias vezes a foto saía diferente do que eu havia pensado.
Eu tenho imagens fotográficas na cabeça. Acho que muitas pessoas, depois que começam a fotografar, começam a criar imagens fotográficas. Imagino uma foto e depois tento fazê-la. Às vezes consigo fazer... às vezes não. Às vezes a foto sai melhor do que havia imaginado... às vezes sai bem pior do que havia imaginado. Na maioria das vezes, sai pior. Essa é uma das minhas frustrações. Acho que em fotografia, mesmo quando se tem muitas coisas sob controle, existe um elemento surpresa. E acho que esse elemento surpresa pode estragar uma foto ou torná-la especial.
Tem um tempinho que eu queria fazer uma série sobre o medo. Então comecei a pensar em como poderia fazer essa série. Pensei no significado do medo e em algumas características suas. Então achei que seria legal personificar o medo, criando alguns símbolos que representassem suas características. No final, saiu isso aqui: http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=63080.0. Eu não gostei das fotos. Geralmente deleto as fotos que não gosto. Mas essas fotos eu resolvi guardar, mais pela historinha delas. É que eu passei mesmo alguns dias pensando em como iria fazê-las. E a figura que eu tinha imaginado era bem mais assustadora. Eu geralmente não assisto filme de terror, porque é algo que me faz pensar em coisas ruins.  E essa imagem que eu imaginei, virou meu filme de terror. Depois disso, eu tive que fotografar mesmo, porque eu não queria mais ficar pensando nela. Então essas são as fotos que fiz, mas não são as fotos que imaginei. Talvez algum dia eu consiga refazê-las, aproximando mais da imagem que está na minha cabeça.
E se em uma foto como essa, que eu tinha muitas coisas sobre controle, saiu tudo diferente, algo imprevisto, imagine em uma foto em baixa velocidade... Essa foi uma das fotos que fiz usando baixa velocidade: http://www.flickr.com/photos/ariasilva/6561515075/in/photostream. É um autorretrato e tem um motivo pra eu ter usado a baixa velocidade. Nessa foto, ao menos pra mim, ela tem uma função. Passei mais de 1 hora pra fazer as fotos. Eu tinha uma ideia de como queria que as fotos saíssem, então eu girava e movimentava o vestido conforme o que eu queria que aparecesse na foto. Consegui alguns movimentos que atendiam o que eu queria. Essa foto foi a que mais gostei. Mas essa foto tem alguns problemas que eu tentei resolver na hora. Então tentei fazer uma outra foto muito parecida com essa. Depois de várias giradas, de tanto ficar tonta, desisti. Sou a autora da foto, mas, mesmo que tente muito, é impossível fazê-la de novo.
Falo só da minha experiência com esse tipo de foto. Não acho que o que eu disse sirva para conhecer mais dessa técnica. Aí vc precisaria falar com outras pessoas que também já utilizaram essa técnica. Mas acho que quando se opta por utilizar essa linguagem, existe um motivo e o imprevisível é mais presente. Mas mesmo isso, é algo que já está dentro do objetivo do autor.
Desculpe se falei demais, mas vc perguntou, eu respondi. E como gosto muito de arte fotográfica, eu me empolgo nas discussões. :D
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Aria

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Resposta #50 Online: 22 de Janeiro de 2012, 18:22:57
Alguém que tenha mais conhecimento sobre arte e história da fotografia, pode me dizer qual é o conceito de fotografia? Confesso que não sei definir o que é fotografia.
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Natão

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Resposta #51 Online: 22 de Janeiro de 2012, 19:23:00
Arte e ciência são completamente distintos, tanto que quando a arte vai pra academia começa a ter um monte de problemas.


Discordo totalmente, primeiro que são conhecimentos humanos, com suas etapas, e graduações. Posso ir bem longe para resgatar essa ligação entre ambas as coisas, iniciando com Aristóteles.
O problema é que hoje queremos ver as coisas dessa forma, como se elas fossem totalmente distintas, mas se pensarmos no seu cerne, veremos que as ligações entre ambas as áreas do conhecimento a todo momento se tocam e até mesmo há pontos em que elas se confundem.

Citar
Concordo quando se diz que arte é técnica, mas uma coisa que se tem que problematizar é justamente a técnica e o lugar que ela ocupa na fotografia! Os gregos pensaram muito sobre ela e seus estudos servem de base até hoje em alguns meios, mas o carro ja andou nesse 2500 anos e a discussão já se problematizou e se distanciou da base grega. Duchamp tinha uma grande visão e sensibilidade para os processos artísticos de seu período, e atuou justamente nesses pontos. Apesar do mictório de Duchamp parecer uma coisa super idiota, foi justamente ele uma das obras que nos permite hoje perceber a arte de uma maneira muito mais próxima a vida e a realidade cotidiana, pois propõe uma fruição e uma reflexão crítica a quem vê do que é arte ou que não é. É nesse enfrentamento que está uma das artes do mictório, e não no objeto em si, e pra fazer isso não é nada simples.

Não mudamos tanto assim de conceito, até mesmo porque tudo da forma que pensamos e como pensamos vem dos gregos, todo esse estabelecimento de valores lógicos estão intimamente ligados aos nosso modo de ver o mundo. Não somos diferentes dos gregos de 2500 anos atrás de forma alguma, algumas inovações mas o modo como pensamos, calculamos, determinamos valores às coisas é sempre da mesma forma. A discussão pode até ter tomado um certo rumo distinto mas a base será sempre a mesma, a estética enquanto a recepção dos sentidos ao entorno das coisas, de como se vê o mundo. O Duchamp até mesmo pode ter mostrado essa capacidade de nos colocar num patamar de proximidade com a própria realidade, mas ele abriu também as portas para interpretações totalmente subjetivas e que entraram aí o discurso de especialista. Pois não é simplesmente um intersubjetivismo estético compartilhado, como se todos fossem capazes de compreender o que ele realmente queria mostrar, mas foi um modo de apresentar ao mundo o que se tem por discurso de autoridade, quando se leva em consideração nomes. Mas a coisa não para somente por aí, temos a questão da ruptura também. Caso do próprio dadaísmo, a arte como uma revolução da visão, mas que não deixa de ser comandada por uma determinada elite, excluem-se os antigos, exibem-se os novos. O público frui a obra não somente a partir das suas próprias vivências, mas muito a partir do que se lhe é imposto pela própria vivência. Não adianta querer achar que estamos alheios aos ideologias artísticas de vanguarda, pelo contrário, como consumo, há sempre alguém quem impõe o que se deve consumir e como se deve consumir, a fotografia, assim como a arte hoje segue essa mesma imposição, mas é algo que se dá de maneira velada. O que vende é o que é arte. Claro que há sua parcela do próprio sentido poético da arte, mas hoje tudo o que é massivo é consumível e a arte é assim, dirigida ao consumo das massas que precisam de arte, e quem dita isso é, como já disse, uma elite e aí está o discurso de autoridade.

Citar
Lomografia, pinhole são técnicas (e tecnologias) de fotografia assim como fotografia "convencional". A técnica para uma exposição perfeita de um retrato está aí para acesso de todos, mas isso não pode ser tomado nunca como verdade unica, porque não existe uma técnica de criação única, nenhum conhecimento técnico vai te garantir uma foto genial, e sim uma sensibilidade e um olhar apurado (que também só surge com muito trabalho, essa coisa de gente que nasce com dom em grande parte é conversa pra boi dormir, o máximo que há é uma facilidade maior, mas se não for trabalhada, cai por terra também), e nisso que está o valor artístico da obra e função do fotógrafo enquanto artista.

Bom aqui estamos discutindo em níveis distintos, a técnica que me refiro é aquela capaz de fazer surgir, de revelar, de criar algo, aquela que os gregos chamam de techné. E daí vem o nome "artesanato". Técnica não me refiro ao sentido de construção de uma arte pontual, mas o próprio sentido de arte como um todo, técnica como aquele que é capaz de fazer arte, de criar. Aqui sim estamos falando em técnica, mas ainda assim não chegamos ao nível profundo do que a arte poderia alcançar que já foi enunciada pelos gregos e se tem várias obras do conhecimento humano sobre isso. Te indico um livro, a poética de Aristóteles.

Todo mundo fala de arte como entendidos, mas na verdade não chegam nem a tocar na sua essência. Eu mesmo que estudo isso, dedico a minha vida a isso, estou longe, muito longe de conseguir pelo menos delimitar um certo conceito do que seria.

Hoje estamos mesmo na era do autoritarismo estético e enquanto tivermos uma sociedade de consumo de "arte" a elite artística é que determinará os valores, e se daí surgir uma revolução como ocorreu na transição do séc XIX para o XX, a elite se renovará e ainda ficaremos aquém do que a arte pode realmente ser, mas para a definição usual ela é um conjunto de intervenções humanas na realidade na qual tem um certo valor subjetivo, mas ditado por um grupo... 
Uma obra de arte só tem valor humano e não divino ,




sergiotucano

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Resposta #52 Online: 23 de Janeiro de 2012, 00:01:47
Discutir oque é arte?!

Como discutir oque é arte, na fotografia, se hoje, retratos tortos, fotos completamente mal feitas com câmeras de brinquedo e fotos com ruído são tidas como artísticas com um grupo cult de fotógrafos?!

Fica dificil.

Arte, sempre foi um conceito complicado de se discutir. Afinal, Picaso, e seus retratos tortos hoje são considerados artísticos, eu não gosto.

Vou criar um novo movimento artístico na fotografia, é o point and sneeze (aponte e espirre). Quem embarca nessa comigo?! ;)

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Aria

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Resposta #53 Online: 23 de Janeiro de 2012, 07:43:15
Discutir oque é arte?!

Como discutir oque é arte, na fotografia, se hoje, retratos tortos, fotos completamente mal feitas com câmeras de brinquedo e fotos com ruído são tidas como artísticas com um grupo cult de fotógrafos?!

Fica dificil.

Arte, sempre foi um conceito complicado de se discutir. Afinal, Picaso, e seus retratos tortos hoje são considerados artísticos, eu não gosto.

Vou criar um novo movimento artístico na fotografia, é o point and sneeze (aponte e espirre). Quem embarca nessa comigo?! ;)

rsrsrs... as pessoas tendem a considerar como arte apenas aquilo que gostam. Eu acho isso engraçado. Não entendo muito essa necessidade que o ser humano tem de classificar as coisas, de definir o que é certo e errado. Pra mim, o certo e o errado pode depender do ponto de vista. Se vc e eu sentamos em uma sala e começamos a escrever um texto, vc pode escrever um texto com uma letra cursiva bem legível, toda redondinha e bonitinha. Já eu posso escrever com uma letra não tão legível, até feia. Ninguém vai parar pra discutir que a minha forma de escrever não é escrita. No final, o que vale é o se o que escrevi faz sentido e é coerente. Não basta ter uma letra bonitinha.
Já li que fotografia é escrever com a luz. Vc acha que isso não é escrever com a luz?

Eu acho que é. É uma forma diferente de fotografar. Não é um retrato nítido. A leitura, portanto, pode ser mais complicada. Mas não há nada que diga de fato que isso não é uma foto. E, sendo uma foto, poderia ser considerada arte. Se alguém chega pra gente e diz que uma foto do Ansel Adams é arte, dificilmente as pessoas irão contrariar. Vc iria contrariar se alguém te dissesse que isso é arte?

Poucas pessoas contrariam, mas muito mais pessoas acham que têm que contrariar quando alguém mostra um retrato em baixa velocidade e diz que é arte. No final, as pessoas gostam mesmo é daquilo que lhes é comum, do que está dentro de um padrão de beleza. Não é fácil seguir um caminho diferente. Vai ter muita gente dizendo que o que faz é porcaria, mas quem tem personalidade se arrisca. E está um pouco mais preparado pra lidar com as críticas, porque sabe que o trabalho que faz não é algo que agrada a todos. É uma opção autoral.
Se vc acha que pode fazer  uma foto apontando e espirrando. Então deixe de conversa, reflita sobre isso e faça. Depois mostre o resultado. Então a gente discute se tem algo interessante no trabalho. Agora se vc quiser ter a certeza de que agradará os outros, então faça o que é padrão. O que faz uma foto ser boa não é se ela é convencional ou se é diferenciada. Tem muita foto convencional ruim. Assim como tem muita foto diferenciada ruim. Fazer algo bom e próprio, só depende do fotógrafo. Se o mundo vai achar que o que ele faz é arte, eu não sei. Mas o que importa também? Fotografia tem um quê de satisfação pessoal também. Vai ter gente dizendo que é bom e vai ter gente dizendo que é ruim. É assim.
« Última modificação: 23 de Janeiro de 2012, 07:47:03 por Aria »
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Magro Costa

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Resposta #54 Online: 23 de Janeiro de 2012, 09:48:23
Admito que discussões assim não levam absolutamente a lugar nenhum, e que poderíamos ficar anos aqui discutindo sem chegar a um consenso, mas vou pitaquear de novo um pouquinho...

Citar
rsrsrs... as pessoas tendem a considerar como arte apenas aquilo que gostam. Eu acho isso engraçado. Não entendo muito essa necessidade que o ser humano tem de classificar as coisas, de definir o que é certo e errado. Pra mim, o certo e o errado pode depender do ponto de vista.
Aria vou se repetitivo aqui, o problema (se é que é um problema) esta exatamente ai, via de regra, com raríssimas exceções, a intransigência nesse caso vem do outro lado, do criticado e não do crítico; é praticamente impossível alguém expressar que não gosta (ou ate mesmo não aceita, afinal seria um direito dele) de determinado tipo de arte, por mais controversa e estapafúrdia que essa seja, sem que logo aparecem fãs ardorosos dela, citando vários e vários “artistas” do gênero, livros, citações filosóficas pseudo explicativas e lógico achando que o pobre e ignorante mortal é um desentendido arcaico e ultrapassado.

Quem não gosta, normalmente simplesmente não gosta, eu por exemplo detesto jiló, mas você não vai ficar me vendo por ai perdendo meu tempo criticando o tal vegetal, gosto tão pouco dele, que isso pra mim seria ridículo, deixa o jiló pra lá...
Agora os defensores, ficam tentando a todo custo provar que jiló é bom isso é fato!
Como não gostar? D.Benta faz um jiló refogadinho que é um manjar!
Gente eu não gosto, posso?
Os “artistas” e seu séquito, são exatamente assim, se você não gostou do borrão que ele fez ali na pintura; é no mínimo um ignorante idiota, pode ate não ser, mas que é visto por eles assim é.

Discordo de você quando você diz que o “ser humano tem necessidade de classificar as coisas e definir o que é certo e errado”, pra mim isso não chega a ser uma necessidade e sim uma questão de gosto pura e simplesmente.

Citar
Já li que fotografia é escrever com a luz. Vc acha que isso não é escrever com a luz?
Eu acho que é. É uma forma diferente de fotografar. Não é um retrato nítido. A leitura, portanto, pode ser mais complicada. Mas não há nada que diga de fato que isso não é uma foto. E, sendo uma foto, poderia ser considerada arte.

Sim concordo que é uma foto, como você diz, não há que diga de fato que não é, ma isso é o concreto, agora não se pode relegar o subjetivo, o pessoal também não?
É uma foto? É sim.
Gosto dela não, pra mim; para os meus conceitos do que é fotografia, essa foto esta errada e extremamente desagradável de olhar. Usando o exemplo usado por você, pra mim é uma escrita sim, mas feita com um garrancho terrível por um analfabeto diléxico. Afinal, posso não gostar de jiló?

Sintetizando isso tudo que tentei dizer, deixe que pintem borrões e “tortices”, deixem que fotografem tremido e sem luz, deixem que no palco um ator fique 30 minutos virado de costas pro publico nú e sem dizer nada, deixem que continuem chamando isso de arte, agora por favor deixem que algumas pessoas não gostem disso, sem tentar imediatamente tentar convencê-las do contrário (seria salvá-las de abismos das trevas?) ou taxá-las de retrógradas incultas.


sergiotucano

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Resposta #55 Online: 23 de Janeiro de 2012, 12:10:49
Assino em baixo do que o Magro escreveu ! :)
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Aria

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Resposta #56 Online: 23 de Janeiro de 2012, 13:40:27
Magro, a questão não é querer obrigar alguém a gostar. Eu mesma até falei aqui de certos tipos de foto que eu não gosto. Acho que não está entendendo o que estou querendo dizer. Como disse, não me interesso muito por fotos de pássaros. Entretanto, se vc ou outra pessoa resolvesse abrir aqui na área de arte fotográfica um tópico para falar de fotografia de pássaros, dificilmente eu e outras pessoas que não gostam entrariam nesse tópico dizendo que esse tipo de foto não presta. Entretanto, em um tópico de retratos em baixa velocidade, muita gente entra pra dizer que esse tipo de foto está errado. Por que será? Eu acho que é possível se manifestar de forma contrária e dizer que não gosta de algo. Em uma discussão, as pessoas normalmente vão contra argumentar. Se vc manifesta uma opinião, esteja pronto pra ouvir pessoas que discordam. E o que percebo, algumas vezes, é que as pessoas se manifestam a partir de seus pré-conceitos. Na sua fala, eu acho que estereotipa aqueles que chama de "artistas". Acha que eles e seu séquito consideram todos que não os entendem como ignorantes e desentendidos. O que não é verdade. Geralmente a imposição vem do que é padrão e não daqueles que não se encaixam nesse padrão. Se vc não gosta, tudo bem. Mas achar que quem gosta é o entendido e que considera os outros como ignorantes, aí não. Acho que seria muito bom se pudéssemos nos livrar de nossos pré-conceitos. A princípio não me interessam fotos de pássaros. Entretanto, já vi lindas fotos de pássaros. Como disse o Hyde, generalizações são limitadoras. E acho que também é preciso diferenciar o não gostar do repudiar. Algumas vezes o discurso parece mais de repúdio.
Não vejo muito problema em tópicos que saem do seu objetivo princial. Mas realmente acho que essa discussão já não tem algo de produtivo. Pelo menos pra mim. E o pior é que quase ninguém indicou fotógrafos. :( De qualquer forma, vou continuando com minhas pesquisas.
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Magro Costa

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Resposta #57 Online: 23 de Janeiro de 2012, 19:18:33
...Entretanto, em um tópico de retratos em baixa velocidade, muita gente entra pra dizer que esse tipo de foto está errado. Por que será? Eu acho que é possível se manifestar de forma contrária e dizer que não gosta de algo. Em uma discussão, as pessoas normalmente vão contra argumentar. Se vc manifesta uma opinião, esteja pronto pra ouvir pessoas que discordam.
Você esta com toda razão, mea culpa, realmente eu deveria ter ficado de fora, já que não gosto do assunto, mas isso não irá se repetir garanto.

Agora como fui diretamente citado no teu post acima, deixa que somente esclarecer alguns pontos pelo meu ponto de vista, OK?
Citar
E o que percebo, algumas vezes, é que as pessoas se manifestam a partir de seus pré-conceitos.
De novo correto, mas eu praticamente só ajo assim, aliás faço questão absoluta, sempre que possível de proceder assim. Agir conforme meus conceitos, e não conforme os conceitos alheios, acredito-me bastante capaz de ter meus próprios conceitos e saber discernir entre um e outro. E como provavelmente pela idade, eu já tenha um grande número de conceitos bem definidos em mim, qualquer ação minha baseada neles, literalmente é sim baseada num pré conceito.

Citar
E acho que também é preciso diferenciar o não gostar do repudiar. Algumas vezes o discurso parece mais de repúdio.
Outra vez correto, devo dar a mão a palmatória (credo que dito arcaico...kkk). E isso reforça meu pedido de desculpas acima, realmente não deveria ter postado aqui, porque sinceramente, se for ser bem honesto comigo e com você, vou ver que repudio sim esse tipo de arte. De novo deve ser coisa de velho ranzinza...

Bom pra quem começou dizendo que não deveria ter postado aqui, já falei demais, desculpem-me novamente.
Fui.
« Última modificação: 23 de Janeiro de 2012, 19:19:03 por Magro Costa »


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Resposta #58 Online: 23 de Janeiro de 2012, 20:17:02
Aria, uma foto borrada que tirei recentemente e que tem muito mais significado do que muita foto nitida que tirei de minha mulher e minha filha:


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Resposta #59 Online: 24 de Janeiro de 2012, 09:26:15
Muito boa essa foto, Spider. Gosto quando as fotos acabam parecendo pintura e transmitem sensações leves.
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2012, 09:27:09 por Aria »
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