Luiz,
Ainda nesse paralelo entre foto e vinho...
Toda percepção e sensibilidade depende da fase de conhecimento sobre o assunto em que você se encontra.
A medida que mais conhecimento vai sendo agregado, mais fácil fica o entendimento e maior a sensibilidade.
Já tomei muito Sangue de Boi, Chapinha, Canção e tantos outros que eu não me lembro e que sempre achei que eram bons, aliás alguns, acho bom até hoje. A única coisa que mudou, é que “aprendi” a gostar do vinho seco. Só depois é que fui aprender, que vinho suave não é bom, alguns dizem até que vinho suave não é vinho, é suco de uva, outros dizem que o vinho quando não é bom o suficiente para ser seco, acrescentam açúcar e comercializam como suave. Enquanto fui aprendendo o “nada” que eu sei, fui mudando os vinhos e os gostos. Não tenho nem bala e nem conhecimento para saborear um vinho de 600 Dilmas, mas um Casillero que custa 1/6 disso, já me agrada muito o paladar e procuro ocasionalmente “me dar” um de presente, mas para cada Casillero de 100 Dilmas que tomo, existem outros 10 Finca Flichman que custam pouco mais de 20 Dilmas e que me agradam tanto quanto. Até hoje não tenho conhecimento para me importar com a estrutura do vinho, se o final é prolongado, se há uma harmonia, uma fineza, se é frutado, amadeirado, elegante, agressivo ou bem amadurecido ou se foi cultivado por camponesas norueguesas virgens. Na fase em que me encontro, estou me lixando pra isso... Sei que gosto de vinho seco e que os malbec e os cabernet sauvignon me agradam mais. Não mais que isso. Vinho bom para mim, não precisa ser explicado, precisa me agradar e pronto!
Não estou dizendo com isso, que sua explicação não seja pertinente, ela é de um valor fantástico, pois é a sua visão sobre o trabalho, calcada em todo conhecimento que você tem e sensibilidade que ele te atribuiu, Possivelmente se você não explicasse, muitos não teriam esse mesmo sentimento sobre a foto. Explicações como a sua, “ensinam e treinam” o olhar para “sentir” essa mensagem que você buscou passar. Quando esse olhar tiver informações suficientes e treino apurado, a sensibilidade virá naturalmente e uma foto como a sua, não precisará ser explicada, ela agradará e pronto! Mas isso vem com o tempo, com estudo, com pessoas generosas como você, que se dão o trabalho de explicar, porque você poderia simplesmente ignorar os comentários e pronto.
Existem algumas áreas, fotografia, vinho, whisky, excel e outras, que quando você não entende nada, pensa que sabe alguma coisa e quando você se esforça muito e aprende alguma coisa, descobre que você sabe o suficiente para saber que na verdade, você não sabe nada sobre o assunto, tamanha a abrangência do negócio. Para cada nível de conhecimento, EMHO existem um nível de sensibilidade sobre o assunto e sendo assim, as reações são as mais adversas possíveis, umas vez que existem poucos Luizes, reais conhecedores do assunto e muitos mais Santanas, leigos com vontade aprender. Portanto é normal, que uma explicação dada por um “Santana” não faça sentido e soe absurda para um “Luiz” ou que uma explicação dada por um “Luiz” não faça sentido ou soe doida para uma “Santana”, mas tudo faz parte de um aprendizado, o processo é longo, não é fácil e requer muito empenho, paciência e generosidade de quem sabe mais!
Fazendo uma última analogia, agora partindo para o whisky, entendo que sua foto é no míníno um Green Label, mas por hora, bom mesmo para mim, é o meu bom e velho amigo Jack Daniels.
Abraço,