Estou estudando fotografia. Atualmente lendo um livro que se chama Tudo sobre fotografia (antigasso) mas muito informativo. Lendo sobre as regras de composição, a regra dos terços estou assimilando em como enquadrar melhor minhas imagens partimndo da regra dos quartos. Para meu aprendizado, utilizo as linhas de grade para uma melhor composição. Mas como encaixar um motivo através da regra dos terços, se visualizo quatro partes? Caiu a regra dos terços ou surgiu a regra dos quartos?
Chama-se três terços porque o retângulo é dividido, na horizontal e na vertical, em três partes, como no jogo da velha. Dessa divisão resulta quatro pontos de intersecção das linhas divisórias. Portanto, uma coisa são os terços, outra são os pontos de intersecção, ambos indissociáveis, pois um resulta do outro e vice-versa.
Há muitos nomes para a "regra dos três terços". Já foi tratado neste fórum o caráter negativo da expressão "regra" (veja link citado pelo Sandro Amaral acima). Não sei precisar o
fundamento dela porque nunca li nada a respeito em lugar nenhum, mas
deduzo que tenha correspondência (uma espécie de simplificação para o universo da fotografia) da proporção áurea, seção dourada, seção áurea, razão ouro, razão áurea, número Fi, proporção divina, entre outras denominações.
Segundo Vitrúvio (~70-25 a.C.), arquiteto romano dos tempos do imperador Augusto, o fundamento da lei da "seção dourada", vamos chamá-la assim, é o seguinte:
"para que um espaço dividido em partes desiguais torne-se agradável e estético, deverá haver, entre a parte menor e a maior, a mesma relação existente entre esta maior e o todo". (Definição transcrita por PARRAMÓN, p. 21)
De acordo com Mario Livio, "no dia-a-dia, usamos a palavra 'proporção' ou para a relação comparativa entre partes de coisas com respeito a tamanho ou quantidade, ou quando queremos descrever uma relação harmoniosa entre diferentes partes. Na matemática, o termo 'proporção' é usado para descrever uma igualdade do tipo: nove está para três assim como seis está para dois. [...] a Razão Áurea nos fornece uma intrigante mistura das duas acepções, já que, embora seja matematicamente definida, considera-se que revela qualidades agradavelmente harmoniosas". (p. 13).
Esta proporcionalidade é encontrada na multiplicação da longitude total por
0,618.
Exemplo: Num retângulo de 10X15 cm. a proporcionalidade é encontrada da seguinte maneira: na horizontal multiplica-se 15 X 0,618 = 9, 27 = 9,2 (número redondo) e, na vertical, 10 X 0,618 = 6,18 = 6,1 (número redondo).
Na intersecção dessas medidas encontramos o "ponto ouro". Se você fizer isso num retângulo de baixo para cima e vice-versa e da direita para esquerda e vice-versa você encontrará quatro referências de "ponto ouro" que, medidos com precisão, não correspondem à "regra dos três terços", apenas aproximam-se. Por isso,
não posso afirmar com convicção se minha hipótese tem fundamento plausível. Aqui eu peço o auxílio do nosso colega Ivan que tem tratado disso nos fóruns de fotografia e cuja formação lhe dá mais crédito para dissertar sobre o assunto.
Na minha opinião, esse é um assunto muito interessante, mais do qualquer outro, pena que ele é, quase sempre, tratado com certa superficialidade no universo da fotografia, quando não com desdém.
Suponho que o fenômeno esteja relacionado ao pouco apego à leitura/reflexão das pessoas em geral. Por isso faço uma
campanha solitária (no sentido de que não é um movimento) pela
formação do gosto pela leitura sobre assuntos correlatos à fotografia, independente do caráter da leitura, seja a leitura de manuais, seja de reflexões sobre fotografia, o importante é ler, afinal
sou adepta da idéia de que a fotografia não é só imagem, mas um conjunto de "coisas" (não encontrei palavra melhor) que se entrecruzam, que dialogam. Além disso, a ausência da leitura costuma criar empecilhos à comunicação, seja na compreensão do que se lê, seja na expressão do que se escreve. Só para concluir a idéia. Oscar Niemeyer, ao presenciar um diálogo entre duas universitárias, na qual uma delas perguntava se Eça de Queirós era filho de Rachel de Queiroz constatou a imediata necessidade de interferir no processo de formação dos jovens brasileiros e, desde então, vêm reafirmando a importância da leitura, escreveu, inclusive, um livro, "O ser e a vida" que, entre outras coisas, tratou desse assunto.
Já que tratei da importância da leitura, vou fazer um pequeno adendo. Também não é perda de tempo ter um pouco de cuidado com o texto no momento de transmitir um pensamento, solicitar um auxílio ou pedir uma informação. Isso facilita o entendimento do leitor e cria, inclusive, uma empatia entre as pessoas. Eu, por exemplo, fico tentada a interagir com alguém que expõe uma dúvida de forma clara e demonstra interesse em expandir seu conhecimento, como fez o André que disse estar lendo "Tudo sobre fotografia", e percebo que muitas das minhas dúvidas são solucionadas devido a essa empatia/interesse que o cuidado com exposição da idéia gera. Por outro lado, não me motiva responder um tópico em que a pessoa pede ajuda, economiza até nas letras (não é nem nas palavras) e, muitas vezes, não diz nem obrigado. Desculpem-me estar tratando desse assunto aqui, não tem nada a ver com esse tópico, apenas aproveitei o ensejo.
Observações importantes:As informações sobre a lei de "seção dourada" eu extrai do livro:
"Assim se compõe um quadro", de José Maria Parramón (editora Parramón ediciones)
Ler também
"Razão áurea: a história de Fi, um número surpreendente", de Mario Livio (editora Record).
Dessas leituras preliminares, surgiu uma dúvida. Se o número Fi é 1,6180339887... alguém sabe dizer porque multiplicamos a longitude total pelo número 0,618?Demorei tanto para postar que o tópico já está com várias respostas, eu até agora não li nenhuma, vou ler agora.