Lá por 2005, o mount Canon FD era praticamente um fóssil da fotografia. Era incompatível com qualquer DSLR, exceto se fosse utilizado um horrendo adaptador, que inseria mais fator de crop e um elemento óptico que degradava a qualidade de imagem. Usar uma Canon FD numa câmera EOS era mais reflexo da emoção do que da razão. Usar o adaptador EOS-FD era fruto de um apego de quem tinha muitas objetivas do antigo mount da Canon.
Foi nessa época que eu decidi começar a fotografar com filme. Como até então eu só havia usado compactas digitais, eu poderia ter optado por qualquer mount, mas o Canon FD era sem dúvida o que ofertava câmeras e objetivas pelo menor preço. Ganhava até da Pentax, que outrora foi a opção mais acessível no Brasil. Com duzentos reais era possível comprar uma 24/2.8 ou uma 200/4. Com R$200,00 também comprei uma 55/1.2 que ficou zero após uma limpeza de 80 reais. Cerca de quatro anos depois, a mesma objetiva é oferecida por algo em torno de R$1000,00. Se vai vender, são outros quinhentos.
Acho que quem tem contribuído para a inflação do mount FD é que ele vem sendo redescoberto por muita gente, principalmente usuários de câmeras mirrorless. Embora o fator de crop das micro 4/3 ou das APS-C transforme praticamente qualquer objetiva em normal ou tele, parece que as lentes corrigidas na óptica e as grandes aberturas vêm conquistando gerações de fotógrafos que nasceram depois da extinção do mount FD. O preço em conta, porém, parece estar se tornando coisa do passado.
Se eu começasse a fotografar com filme hoje, talvez eu tivesse optador pelo mounts autofoco da Canon ou Nikon. Por alguns reais a mais, ganho autofoco, controle de abertura e velocidade por dials ergonomicamente posicionados, entre outras vantagens. Andava procurando umas objetivas FD nos últimos dias, mas acho que o meu set FD está completo. Acabou o oásis dos fotógrafos amadores. Fomos descobertos. Acabou a era romântica do ostracismo do mount FD. Agora são artigos de luxo.