Autor Tópico: Ética e fotografia  (Lida 15604 vezes)

Ivan de Almeida

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Resposta #15 Online: 23 de Junho de 2006, 10:21:12
Bucephalus:

Ser ético é uma escolha ética, já.

Em primeiro lugar é preciso que a pessoa oriente a sua vida a partir da seguinte pergunta: Eu vou procurar agir eticamente comigo e com os semelhantes? Se a resposta for sim, é evidente que as "vantagens de momento", a foto que não deveria ter sido feita, não será sequer tentação.

Há um outro erro enorme aí. Os grandes fotógrafos do fotojornalismo eram fotojornalistas. Além disso, não foram os momentos dramáticos que fizeram a excelência das fotos deles, mas o profundo senso humano, estético, técnico que tinham. Não é qualquer um que extrai de uma cena humana uma foto boa. Ao lado de cada grande fotógrafo havia milhares nas mesmas cenas que só fizeram registro medíocres.

O que faz da fotografia do grande fotógrafo algo diferente? Pois bem, é o ponto de vista humano. Se de plano você descarta respetar o fotografado, desculpe-me a sinceridade, mas dificilmente fará algo que preste.

Fotografar o homem sem respeitá-lo é uma contradição que impede a feitura de boas fotos. O Bresson respeita o ser humano em cada uma de suas fotos, ele não torna o ser humano objeto.

Acho incrível como um monte de fotógrafos que têm muito feijão para comer antes de serem capazes de fazer fotos relativamente boas achar que o atalho do comportamento anti-ético lhes dará condição de fazerem "a grande foto".




 


Marcelo Almeida

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Resposta #16 Online: 23 de Junho de 2006, 11:43:17
Bucephalus,

Eu também fotografo pessoas na rua sem autorização, mas faço isso dentro da minha ética, posso estar certo ou errado, mas procuro agir dentro do que considero correto.

Essa é uma discussão muito delicada pq não existe um consenso sobre o que é certo ou errado, mas não podemos fotografar sem respeitar quem está sendo fotografado.

abs,


B.Gomes

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Resposta #17 Online: 23 de Junho de 2006, 11:49:50
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Se deixarmos de lado a ética, seja lá qual for a situação, prefiro não fazer a parte dela.

Apenas o fato de estar presente já interfere com o curso do acontecimento. Registrar uma cena é um ato ativo e dependendo com a expomos podemos manipular o fato.

Se é razoável abandonar totalmente a ética numa determinada atividade, então é tão razoável abandonar a ética em todas outras atividades.
Interferir em um episódio considerador errado ou impróprio é um ato moral, baseado em valores morais de certo e errado, e estes valores podem variar de um local para o outro.

Se você passar pelo centro de SP e presenciar um grupo de homens apedrejando uma mulher infiel, você provavelmente considerará, pelas pessoas e lugar do acontecido, o fato moralmente errado. Afinal você (muito provavelmente) foi criado em uma sociedade onde apedrejar mulheres é inadequado por qual motivo for. Entretanto, se você for para o Irã (ou sei lá qual é o país islâmico) onde é costumeiro apedrejar mulheres infiéis na rua, sua atitude ética deve ser neutra, pois os valores morais das pessoas envolvidas não correspondem aos seus. Você pode fotografar, mas não pode interromper (mesmo que não concorde), minha opinião.

Agora a questão de se fotografar pessoas em um lugar público sem a autorização pessoal delas é algo diferente. Não tenho opinião formada a esse respeito, mas fotografo elas e não peço autorização. Não sei se isso é errado, talvez seja, mas eu faço assim mesmo.
Esse suposto relativismo assume facetas interessante em discussões como esta. Por um lado, assume-se que cada um possui valores morais e éticos próprios e que, portanto, não se pode admitir uma regra única para a fotografia. Por outro lado, no mesmo argumento se defende que não se deve perguntar para o fotografado se ele concorda em ser fotografado, não sendo nem mesmo preciso comunicá-lo disso. Ora, se possuímos visões diferentes sobre o assunto, porque deixar de fora justamente a opinião de quem está sendo fotografado? No final, todos pensamos diferente, mas a idéia que vale é a do fotógrafo? No fim, por trás de um suposto relativismo esconde-se a imposição de um poder quase ditatorial, que é o poder de quem está com a câmera na mão e que pretende usar a imagem das pessoas da forma que bem entender.

Sobre fotografia na rua, acho o seguinte: se estamos fotografando um evento ou local público (carnaval, passeatas, um parque, etc), é natural que apareçam pessoas na foto. Mas elas são coadjuvantes na cena, são parte de um "todo" que as ultrapassa. Nesse caso, não vejo probemas em fotografar e exibir as fotos em fotologs da vida, desde que nenhuma das pessoas que aparecem na foto estejam expostas ao ridículo, à situações que de alguma forma possam denegrir sua imagem contra a sua vontade. Agora, em retratos ou cenas onde as pessoas é que são protagonistas, é idispensável que se ouça e respeite a opinião desses protagonistas.


B.Gomes

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Resposta #18 Online: 23 de Junho de 2006, 11:51:15
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[...]
Fotografar o homem sem respeitá-lo é uma contradição que impede a feitura de boas fotos. O Bresson respeita o ser humano em cada uma de suas fotos, ele não torna o ser humano objeto.

Acho incrível como um monte de fotógrafos que têm muito feijão para comer antes de serem capazes de fazer fotos relativamente boas achar que o atalho do comportamento anti-ético lhes dará condição de fazerem "a grande foto".
Muito boa colocação.


Ivan de Almeida

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Resposta #19 Online: 23 de Junho de 2006, 12:10:06
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Sobre fotografia na rua, acho o seguinte: se estamos fotografando um evento ou local público (carnaval, passeatas, um parque, etc), é natural que apareçam pessoas na foto. Mas elas são coadjuvantes na cena, são parte de um "todo" que as ultrapassa. Nesse caso, não vejo probemas em fotografar e exibir as fotos em fotologs da vida, desde que nenhuma das pessoas que aparecem na foto estejam expostas ao ridículo, à situações que de alguma forma possam denegrir sua imagem contra a sua vontade. Agora, em retratos ou cenas onde as pessoas é que são protagonistas, é idispensável que se ouça e respeite a opinião desses protagonistas.

É exatamente esta a fronteira. Pessoa em um bloco de carnaval são parte de um evento. Pessoas pedindo esmolas são protagonistas.

Pessoas pedindo esmola podem ser fotografadas sem autorização COM FINS FOTOJORNALÍSTICOS DEFINIDOS.

Quem pretende relativizar as coisas na verdade está é tentando encontrar justificativa para usar a cãmera abusivamente.

A relação entre a cãmera e o fotografado é de tal ordem que constitui uma pedra de toque da fotografia de rua. Não dá para eliminar isso, e, aliás, quem rouba foto se priva da maior das maravilhas que a a fotografia consentida e confiante.

 


Marcelo de Deus

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Resposta #20 Online: 23 de Junho de 2006, 12:41:46
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A relação entre a cãmera e o fotografado é de tal ordem que constitui uma pedra de toque da fotografia de rua. Não dá para eliminar isso, e, aliás, quem rouba foto se priva da maior das maravilhas que a a fotografia consentida e confiante.
:thmbup:  


Bucephalus

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Resposta #21 Online: 23 de Junho de 2006, 12:54:58
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Esse suposto relativismo assume facetas interessante em discussões como esta. Por um lado, assume-se que cada um possui valores morais e éticos próprios e que, portanto, não se pode admitir uma regra única para a fotografia. Por outro lado, no mesmo argumento se defende que não se deve perguntar para o fotografado se ele concorda em ser fotografado, não sendo nem mesmo preciso comunicá-lo disso. Ora, se possuímos visões diferentes sobre o assunto, porque deixar de fora justamente a opinião de quem está sendo fotografado? No final, todos pensamos diferente, mas a idéia que vale é a do fotógrafo? No fim, por trás de um suposto relativismo esconde-se a imposição de um poder quase ditatorial, que é o poder de quem está com a câmera na mão e que pretende usar a imagem das pessoas da forma que bem entender.

Sobre fotografia na rua, acho o seguinte: se estamos fotografando um evento ou local público (carnaval, passeatas, um parque, etc), é natural que apareçam pessoas na foto. Mas elas são coadjuvantes na cena, são parte de um "todo" que as ultrapassa. Nesse caso, não vejo probemas em fotografar e exibir as fotos em fotologs da vida, desde que nenhuma das pessoas que aparecem na foto estejam expostas ao ridículo, à situações que de alguma forma possam denegrir sua imagem contra a sua vontade. Agora, em retratos ou cenas onde as pessoas é que são protagonistas, é idispensável que se ouça e respeite a opinião desses protagonistas.
Eu acho que é diferente. Vamos ignorar o exemplo do carnaval, onde ao fotografar um carro alegórico você talvez pegue os passistas na imagem; eles são só o fundo, não o tema principal, então está tudo certo.

Agora quando a pessoa é o tema central, as coisas ficam ambíguas. Como eu disse antes, minha opinião pessoal é a de não pedir autorização. Afinal não sou uma revista de fofocas tipo Caras ou IstoÉ Gente, não estou interessado na imagem da pessoa, ou na vida dela, só estou interessado na composição.

Ao se fotografar um pai e filha brincando no parque, o fotografado pode argumentar que você está invadindo a intimidade dele, mas na realidade você não está. Você não está fotografando a vida dele exatamente, não te interessa, como fotógrafo artístico, quem ele é; para a foto ele não tem rosto, é anônimo. O fotógrafo só deve estar interessado na composição da imagem. Lembrando que estou falando de uma foto artística, feita como hobbye. Ainda assim é difícil convencer a pessoa fotografada disso.

Se a fotografia em questão é feita com fins jornalisticos, a pessoa no parque seja um ator famoso e você vá colocar a foto na capa da Caras, aí sim a atitude do fotógrafo pode ser considerada certa ou errada. E ainda assim não julgo o papparazzi, pois a maioria dos fotógrafos de celebridades sabe que está invadindo a vida dos outros. Só fico puto com aqueles que tentam fingir que não estão fazendo o que estão fazendo, dizendo que a celebridade "é uma pessoa pública" e ele tem o direito de fotografar ela.


Ivan de Almeida

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Resposta #22 Online: 23 de Junho de 2006, 13:18:45
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Ainda assim é difícil convencer a pessoa fotografada disso.

Pois é... Por que será que a pessoa fotografada pode achar que não está legal ser fotografada? Você mesmo sabe disso... Pelo menos declara. Se você sabe que a pessoa não acha legal, por que você acha que tem direito de "não ser legal" com a pessoa?

Em nome da "arte"? Puxa vida!

Acrescentando:

Flebilizando um pouco as coisas, se a fotografia preservar a identidade da pessoa (através de cortes, borrões, sombras,  distância etc), e não incomodá-la ao ser feita, isso já me parece lícito. Nesse caso a pessoa torna-se símbolo, não protagonista.
« Última modificação: 23 de Junho de 2006, 13:34:46 por Ivan de Almeida »


Bucephalus

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Resposta #23 Online: 23 de Junho de 2006, 13:37:02
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Por que será que a pessoa fotografada pode achar que não está legal ser fotografada? Você mesmo sabe disso... Pelo menos declara. Se você sabe que a pessoa não acha legal, por que você acha que tem direito de "não ser legal" com a pessoa?
Ela não acha legal porque ela não compreende. Ela deve achar que eu estou espionando ela, perseguindo ou vendendo as fotos para alguma revista. Como eu disse, e você talvez não tenha entendido, meu interesse não é ela, o que ela está fazendo, ou a sua vida íntima. É só a imagem que eu quero.

Tem essas fotos que eu gosto muito de um cara que nem profissional é, e que servem pra exemplificar:

http://www.viceland.com/int/v13n4/htdocs/p....php?country=us

Ele foi até a Rússia só pra tirar fotos de pessoas anônimas; o que faz elas pensarem que ele quer invadir a privacidade delas? Ela só está interessado em produzir boas fotos, independente de quem esteja nelas. Tirando as pessoas que obviamente posaram para as fotos, as outras foram tiradas espontâneamente e tem como tema pobreza e violência. Como você pede autorização para isso? "Hã, posso tirar uma foto sua? Por favor faça uma cara de completo desespero e desilusão com a vida, haja naturalmente." Nem rola.


Seymor

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Resposta #24 Online: 23 de Junho de 2006, 14:07:30
E quem tá usando filme, como fazer para pedir permissão depois da captura?  :snack:  


Ivan de Almeida

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Resposta #25 Online: 23 de Junho de 2006, 14:11:03
Bem, acho que desembarco do debate por aqui.

No último para´grafo você praticamente confessa que quer fazer fotos das pessoas em situações em que elas não gostariam de se ver retratadas. Transcrevo:

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Por favor faça uma cara de completo desespero e desilusão com a vida, haja naturalmente


Bucephalus

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Resposta #26 Online: 23 de Junho de 2006, 14:23:29
Obrigado por me entender errado, novamente. Eu já expliquei duas vezes que o objetivo da foto, mesmo tendo um tema controverso, não é humilhar ou expor a figura da pessoa, e sim registrar de forma esteticamente atraente um determinado episódio, independente se seja um mendigo morrendo de fome ou dois cisnes no lago. Não me interessa a vida do mendigo nem a vida dos cisnes, só a foto que eu poderei fazer. Mas já expliquei isso e você com certeza já entendeu mas não quer dar o braço a torcer.


Marcelo Almeida

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Resposta #27 Online: 23 de Junho de 2006, 14:37:42
Esse é realmente um dos asuntos mais polêmicos da fotografia, com certeza as pessoas não chegarão a um consenso em um tópico desses, mas é muito interessante para eu formar minha opinião.


B.Gomes

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Resposta #28 Online: 23 de Junho de 2006, 14:57:22
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Por que será que a pessoa fotografada pode achar que não está legal ser fotografada? Você mesmo sabe disso... Pelo menos declara. Se você sabe que a pessoa não acha legal, por que você acha que tem direito de "não ser legal" com a pessoa?
Ela não acha legal porque ela não compreende. Ela deve achar que eu estou espionando ela, perseguindo ou vendendo as fotos para alguma revista. Como eu disse, e você talvez não tenha entendido, meu interesse não é ela, o que ela está fazendo, ou a sua vida íntima. É só a imagem que eu quero.

Tem essas fotos que eu gosto muito de um cara que nem profissional é, e que servem pra exemplificar:

http://www.viceland.com/int/v13n4/htdocs/p....php?country=us

Ele foi até a Rússia só pra tirar fotos de pessoas anônimas; o que faz elas pensarem que ele quer invadir a privacidade delas? Ela só está interessado em produzir boas fotos, independente de quem esteja nelas. Tirando as pessoas que obviamente posaram para as fotos, as outras foram tiradas espontâneamente e tem como tema pobreza e violência. Como você pede autorização para isso? "Hã, posso tirar uma foto sua? Por favor faça uma cara de completo desespero e desilusão com a vida, haja naturalmente." Nem rola.
Se defender atrás da acusação de "ignorância" do fotografado não dá... Você acha que ela não aceita por não compreender suas "reais" intenções, mas ela pode dizer a mesma coisa de você: esse fotógrafo não entende que eu NÃO QUERO fazer parte da sua fotografia, seja ela o que for. Você não pode tratar PESSOAS como meros objetos de sua arte, por mais que deseje isso. São pessoas, não pedaços de maneira ou latas de tinta que você pode usar como quiser para motar seus "quadros".


Xiru

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Resposta #29 Online: 23 de Junho de 2006, 15:40:19
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Se deixarmos de lado a ética, seja lá qual for a situação, prefiro não fazer a parte dela.

Apenas o fato de estar presente já interfere com o curso do acontecimento. Registrar uma cena é um ato ativo e dependendo com a expomos podemos manipular o fato.

Se é razoável abandonar totalmente a ética numa determinada atividade, então é tão razoável abandonar a ética em todas outras atividades.
Interferir em um episódio considerador errado ou impróprio é um ato moral, baseado em valores morais de certo e errado, e estes valores podem variar de um local para o outro.

Se você passar pelo centro de SP e presenciar um grupo de homens apedrejando uma mulher infiel, você provavelmente considerará, pelas pessoas e lugar do acontecido, o fato moralmente errado. Afinal você (muito provavelmente) foi criado em uma sociedade onde apedrejar mulheres é inadequado por qual motivo for. Entretanto, se você for para o Irã (ou sei lá qual é o país islâmico) onde é costumeiro apedrejar mulheres infiéis na rua, sua atitude ética deve ser neutra, pois os valores morais das pessoas envolvidas não correspondem aos seus. Você pode fotografar, mas não pode interromper (mesmo que não concorde), minha opinião.

Agora a questão de se fotografar pessoas em um lugar público sem a autorização pessoal delas é algo diferente. Não tenho opinião formada a esse respeito, mas fotografo elas e não peço autorização. Não sei se isso é errado, talvez seja, mas eu faço assim mesmo.
Esse suposto relativismo assume facetas interessante em discussões como esta. Por um lado, assume-se que cada um possui valores morais e éticos próprios e que, portanto, não se pode admitir uma regra única para a fotografia. Por outro lado, no mesmo argumento se defende que não se deve perguntar para o fotografado se ele concorda em ser fotografado, não sendo nem mesmo preciso comunicá-lo disso. Ora, se possuímos visões diferentes sobre o assunto, porque deixar de fora justamente a opinião de quem está sendo fotografado? No final, todos pensamos diferente, mas a idéia que vale é a do fotógrafo? No fim, por trás de um suposto relativismo esconde-se a imposição de um poder quase ditatorial, que é o poder de quem está com a câmera na mão e que pretende usar a imagem das pessoas da forma que bem entender.

Sobre fotografia na rua, acho o seguinte: se estamos fotografando um evento ou local público (carnaval, passeatas, um parque, etc), é natural que apareçam pessoas na foto. Mas elas são coadjuvantes na cena, são parte de um "todo" que as ultrapassa. Nesse caso, não vejo probemas em fotografar e exibir as fotos em fotologs da vida, desde que nenhuma das pessoas que aparecem na foto estejam expostas ao ridículo, à situações que de alguma forma possam denegrir sua imagem contra a sua vontade. Agora, em retratos ou cenas onde as pessoas é que são protagonistas, é idispensável que se ouça e respeite a opinião desses protagonistas.
Bah meu filho. Muito bem reparado isso. Concordo que se torna uma imposição quase ditatorial sobre a oponião do fotografado.

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Esse é realmente um dos asuntos mais polêmicos da fotografia, com certeza as pessoas não chegarão a um consenso em um tópico desses, mas é muito interessante para eu formar minha opinião.
Como a própria pessoa que criou o tópico disse, nãoe pra chegar num consenso. O esquema aqui é trocar idéias, pensar. ;)



Claro que agir "eticamente" nos traz certas limitações. É um saco, sim, é uma pena, sim. Se perde bons momentos por causa desse respeito à outra pessoa. Mas é pra isso que existe a ética, nos mostrar alguns limites. Se com limites a coisa desanda, imagina sem...
Xirú Sander Scherer - Ivoti / RS