Na verdade o PS não existe para corrigir defeitos, ele existe para processarmos a revelação da imagem. As câmeras não tem sempre a latitude de que precisamos, não tem sempre os níveis de saturação de que precisamos e etc, não é uma questão de ser boa ou não..
Um caso clássico é a S3, capeã de latitude, que ao passo que reduz o volume de erro e aumenta as possibilidades, também exige um tratamento sofisticado para reduzirmos a latitude e melhorarmos contrastes. Não existe perfeição em uma saída uma vez que a câmera tem caracterísitcas fixas, que muitas vezes precisamos modificar para obtermos os resultados desejados. Na era do filme isso era feito por química nos laboratórios, na era digital a matéria prima são números e não sais, assim esses processos são feitos por matemática no Photoshop.
Na verdade uma coisa que eu admiro muito na era digital é que ela removeu a barreira da revelação, é exatamente o photoshop (e os softwares de edição) que deram liberdade para que pessoas que dominem os conceitos, mas não dominavam a técnica de revelação colorida e nem dispunham dos equipamento caros usados para tal, passassem a poder revelar suas fotos.
Antes a diferença do fotógrafo fantástico estava mais para sua capacidade e conhecimento técnico de revelação (sem contar os conceitos básicos que são necessários serem conhecidos), do que para qualquer outra coisa, porque o cara bom de verdade tem que dominar todas as estapas do processo, inclusive a revelação.
Hoje com o PS mais pessoas tem acesso a esse fator que era grande diferencial antes, por isso que hoje em dia também foi reduzida a diferença entre os bons fotógrafos e os fantásticos, exatamente porque os bons antes, em sua maioria não dominavam a técnica de revelação (apesar de dominarem bem o restante) e hoje praticamente qualquer pessoa que conheça o mínimo sobre fotografia consegue operar razoavelmente o PS e desta forma obter os resultados que esperava no momento da foto.
Só para dar um exemplo... Não existe no mercado uma câmera que gere os resultados que eu quero para minha linguagem e acredito que se uma câmera soltasse imagens como eu gosto ela, provavelmente não venderia nada (porque seria muito difícil de operar). Cada um tem uma linguagem diferente e os ajustes finais da imagem para atender à aquela linguagem tem que ser feitos na revelação.
Dessa forma o meu conceito de boa foto não é aquela que não exige PS, porque qualquer bom fotógrafo irá submeter sua criação a uma adequação à sua linguagem no momento da revelação digital (mesmo porque hoje não trocamos o filme para adequar o que deixa mais ainda essa função para o processo final de revelação), a boa foto é aquela que me dá máximas opções e é isso que as câmeras tentam ser hoje, o mais amplas possível. A S3 é um caso típico, tem uma latitude monstro com um baixo nível de contrastes (efeito colaterial da latitude), isso te dá uma enorme margem de trabalho, porque reduzir contrastes e aumentar latitude são virtualmente impossíveis de se fazer sem perdas, enquanto aumentar contraste e reduzir latitude é totalmente possível, então essa é uma câmera versátil, lhe permite adequar o maior número possível de linguagens dentro do seu tipo de funcionamento e para isso sempre exigirá PS, na verdade, para o bom fotógrafo (que não usa o PS como muleta e sim como ferramenta criativa) a câmera que exige menos PS é exatamente a que dá menos liberdade (no caso uma aiptek por exemplo que não tem muito o que fazer com a foto além de remendar), câmeras boas e com boa versatilidade (como qualquer SLR disponível no mercado) dificilmente serão limitadores para os fotógrafos e darão uma enorme liberdade para um trabalho de pós processo.