Gosto de pensar em cima das suas fotos... e fico pensando... rsrs... gosto da ausência dos clichês clássicos da mão na barriga, roupinha, sapatinho, "desenhinho"... que fazem parte dos ensaios de grávidas, mas confesso que me cansaram um pouco. Gosto do sentido atemporal do P&B (a 1 poderia ser mesmo a Elis, se não soubesse que a foto é sua... ), não só no sentido de década, mas no sentido da ausência do tempo na imagem... como se o tempo demorasse a passar... como se as mulheres estivessem realmente esperando... esperando para sair, esperando para simplesmente serem. O cenário remete a isso. E estão tão naturais e tranquilas, de uma forma que praticamente só elas (nós, mulheres que tivemos filhos ou que estamos esperando) se veem... é uma visão orgânica, particular, sensível... parabéns de novo pelo olhar único...
Pois é, Pris. Isso dá algumas boas horas de discussão
. Acho que nós fotógrafos acabamos caindo em algumas ciladas que a própria fotografia reserva pra gente. É como se ela fosse uma espécie de sacana, sabe? Daquele tipo que passa a cola errada ou indica o caminho oposto só de sacanagem? E o pior é que ela faz isso de maneira quase que irresistível. Como quando voce opta pelo caminho que te parece mais luminoso pra fugir do escuro mas que na verdade é o caminho mais longo. Algumas vezes eu tive a impressão de rodar, rodar pra voltar ao mesmo lugar, mas depois me dei conta de que não era exatamente o mesmo lugar, mas algo bastante diferente daquele onde estava. Ai vejo que na verdade eu não rodei coisa nenhuma. Se antes eu quase nada enxergava, hoje eu já consigo perceber algumas coisas com um pouco mais de clareza. Se antes eu não dava valor ao bolo caseiro de minha avó, hoje eu pagaria muito mais caro por ele do que por um bolo de confeiteiro cheio de atrativos visuais, porém enjoativo, de pior paladar. Amanha provavelmente, eu perceberei que hoje eu nao enxergava nada e acharei que já enxergo muito melhor e por aí vai. Falando mais especificamente das fotos de gestante, mas que poderia facilmente se ampliar a outros tipos de fotografia, vejo todos esses clichês como distrações. Distrações que impedem tanto o fotografado de tentar mostrar um pouquinho daquilo que ele é, ou mesmo aquilo que ele queira mostrar, não importa; quanto o fotógrafo de tentar expor o seu olhar e sua forma de pensar. É como se os fotografados não quisessem de fato serem fotografados mas o fazem por mera convenção. E por outro lado, o fotógrafo que se isenta de sua reflexão e, consequentemente, de sua própria fotografia. Acho que o que a gente tem tentado nesse projeto é se "purificar" de todas essas distrações e buscar algo mais genuíno e que, pelo menos, não "homegeinize"as pessoas (fotografos e fotografados) como os clichês o fazem. É muito bom estar de volta ao bom e velho colchão de casa