Minha mulher é carioca e dia destes estávamos conversando sobre como poderíamos efetivamente fazer algo mais. Como disse alguém alguns post atrás, vamos tentar agir, vamos tentar fazer, mas acabamos concluindo que é praticamente impossível mudar nossa política através de nossos políticos.
Os 3 candidatos mais bem colocados ao governo do Rio são: Lindenberg Farias, Bispo Crivela e Antony Garotinho. Coitado do Rio. Um lugar tão bonito, com tanta gente boa, com uma imagem maravilhosa a ser melhor explorada, governada por figuras que não há como adjetivar além do que já sabemos. Aí em todas as eleições é a mesma ladainha, isto é, que temos que aprender a votar, que somos nós que escolhemos nossos políticos e blablabla...
Então eu pergunto: como votar bem se não há candidatos bons em quem votar?
Outro dia eu preguei o Anula Geral como solução, e não faltaram críticas dizendo que isto não é solução. Minha teoria era de que, numa eleição majoritária mesmo que de qualquer forma um deles vá ganhar, ao abrirem as urnas e detectarem que 70 ou 80% dos eleitores anularam seu voto, o que quer dizer em ultima análise que nenhum dos candidatos servia, vocês não acham que as coisas poderiam começar a mudar? Não poderia ser o embrião da tão necessária reforma política?
Não.
A política partidária é só uma parte da coisa toda. E na nossa versão de "democracia", o povo não exerce poder praticamente nunca. Mesmo quando vota em alguma das opções, são opções dadas por quem não tem o menor compromisso com as necessidades do povo, mas sim, de quem manda de fato - os grupos econômicos (grandes empresas e bancos).
Aqui nunca há plebiscito para decidir as coisas relevantes do dia-a-dia. Por exemplo: alguém perguntou ao povo carioca se eles queriam candidatar-se a sede da Olimpíada? Claro que não. Pois isso quem decide, são os empresários a serem beneficiados. Isso estende-se ao famigerado trem bala, às usinas hidrelétricas, transposição de rios, construção de pontes nas cidades, etc etc.
Às vezes dá certo maquiar os interesses corporativos com os do povo.
Exemplo: o bilhete único em SP.
À 1a vista, parece que o povo foi beneficiado. Poxa, pagar a mesma passagem e andar em 4 ônibus, sensacional. E de fato, ajudaram-se os usuários. Mas na verdade, os maiores beneficiados são os empresários, pois, a prefeitura paga as viagens! Com grana do contribuinte! Ou seja, mesmo quem não anda de ônibus, acaba pagando a passagem!!! No fim os empresários aumentaram o faturamento!
Outro exemplo: o Prouni. Poxa, ajudou muita gente a conseguir fazer faculdade, é óbvio. Óbvio também que ajudou muito dono de faculdade que estava sem alunos a fechar no azul. Na verdade, eles sim se beneficiaram muito, pois na maioria dos casos contam com várias isenções fiscais. De novo: um plano para ajudar os empresários, com dinheiro público, e deu certo de ajudar os necessitados também.
Fica fácil assim né?
Ah outro detalhe, caso alguém tenha esquecido...
A mídia (TV, rádio, jornais) é 110% pró-governo SEMPRE. Razão básica: o governo dá MUITO dinheiro aos veículos em forma de publicidade (nem vamos falar de outras maneiras de dar dinheiro), oras, vc vai atrapalhar a vida de quem te ajuda?
Mas voltando ao assunto original...
Eu acho normal essas atitudes "classistas", "preconceituosas" e etc. Nossa cultura é assim, paciência. Não digo que acho certo, mas acho normal - é de se esperar, atitudes como essas. Aqui o negócio é se sentir melhor que os outros, isso impera em todas as classes sociais, conheço muita gente (pobre e rica) que passa quase o dia inteiro tentando achar razões pra se sentirem melhores do que realmente são (mais fortes, mais estilosos, mais ricos, mais descolados, etc). Tem gente que até conta vantagem de outrem, só pra se sobressair em uma conversa. Daí pra tratar mal o próximo é um pulo...