Eu vejo que tem referencia com o trabalho Motion do Ernst Haas,
o tempo é o que da a forma na sua composição,
ou seja, a longa exposição, o gesto e a luz são os responsáveis por dar a forma,
que quase perde o referencial, se sabe que é uma pessoa, mas a perda de definição
joga a pessoa para o campo abstrato, ou quase abstrato….
vc não fotografa o que ve mas o que vc imagina
e é uma imaginação um tanto perturbadora, uma imagem carregada de emoção
essa forma que vc expõe é um sentimento…
Szarkowski, que foi curador do MOMA de 1962 a 1991
em 1978 fez a exposição "Mirros and Windows: American Photography Since 1960"
onde separava a fotografia em dois conjuntos…janela e espelhos
o grupo janela era o que a imagem calcada na realidade….como se vissem o mundo por uma janela
já o grupo espelho era um reflexo da própria alma, como se fotografasse um sentimento ou um estado de espirito
eu acho que vc se encontra no segundo grupo, janela….
alem do mais, se não me engano, são todas auto-retrato, o que torna ainda mais pessoal
ou íntimo…..eu digo isso pq
vc não depende de ninguém pra fazer essa imagem….
não é como fotografar na rua onde vc depende de fatores aleatórios e fortuitos, da própria rua,
o local, o tempo(clima), hora do dia….
vc tem o seu local, vc faz a luz, o gesto, é a fotografa, cria, edita e publica
vc esta no controle de toda cadeia de produção…..
íntimo pq é nesse momento que vc pode ser que vc quiser…..
uma imagem suave ou aterradora, a intimidade da sua imaginação
no caso aqui uma imagem aterradora, mas é possível encontrar beleza
mesmo naquilo que nos perturba, pq a beleza não reside só no agradável
mas tbm no que se é inteligente.