Autor Tópico: Gasolina: comum ou aditivada?  (Lida 23817 vezes)

RafaZ

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Resposta #30 Online: 21 de Março de 2014, 22:06:47
Opaaa, finalmente um tópico em que minha opinião não vai ser baseada em achismos e suposições!!! (sou engenheiro mecânico)

Vários mitos e alguns acertos por aqui, vamos à minha humilde contribuição.

- Gasolina aditivada só tem detergente, que previne sim a formação de depósitos no motor. A diferença de preço vale a pena.
- O álcool tem o mesmo efeito de evitar acúmulos de resíduos. Se quiser alternar um tanque de álcool a cada 2 de gasolina comum, o efeito será o mesmo.
- No reservatório de partida a frio (o "tanquinho") use sempre aditivada, pois essa gasolina fica parada por mais tempo, facilitando o acúmulo de impurezas.
-Não use aditivos, além de ineficazes, podem invalidar a garantia do veículo. A garantia só cobre a utilização de combustível no tanque, qualquer outra substância não é recomendada pelas montadoras. O mesmo vale para aditivos de óleo.
- Não existe chumbo na gasolina do Brasil. Mas existe combustível adulterado pra caramba, e isso a garantia também não cobre.
- Octanagem: só faz diferença para motores projetados para alto desempenho. Leia o manual do carro.
- Consumo: o principal fator que influencia o consumo é a condição de rodagem. Trânsito e pé pesado, basicamente. Normalmente nossas percepções nos enganam, eu não tentaria relacionar consumo com tipo de combustível, a não ser que ele esteja adulterado. Condições de manutenção obviamente também influenciam, especialmente velas, cabos de velas e catalisador.
- Para os motores flex não existe qualquer recomendação de usar x tanques de um combustível a cada y tanques de outro. Os combustíveis podem ser usados em qualquer proporção. Porém é importante (em alguns modelos) rodar um pouco logo após trocar de combustível. Ou seja, não estacionar logo após ter abastecido. Na verdade isso é mais crítico ao colocar álcool em motor que estava rodando com gasolina. Como o álcool requer uma vazão maior, ao dar a partida o motor que estava com gasolina pode injetar uma quantidade insuficiente e álcool, e aí não pega.
Tanto o álcool que é misturado à gasolina na refinaria, quanto o que é usado como combustível puro, são etanol. A diferença é que o primeiro é anidro e o segundo é hidratado. Para o consumidor não faz qualquer diferença.

O tal texto do site notícias automotivas está cheio de furos, eu recomendaria não levar em consideração.

Eu particularmente só uso álcool, mais por uma questão de princípio, pois polui menos e provém de fonte renovável. Mas quando coloco gasolina, é sempre aditivada. Só não usaria em um motor antigo, carburado, com alta quilometragem e que não tenha sido aberto para manutenção.

Sei que muito disso já foi escrito pelos colegas, mas para facilitar preferi resumir os principais pontos de dúvida. Qualquer dúvida tamos aí.
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Helena Bsb

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Resposta #31 Online: 21 de Março de 2014, 22:17:34

- Consumo: o principal fator que influencia o consumo é a condição de rodagem. Trânsito e pé pesado, basicamente. Normalmente nossas percepções nos enganam, eu não tentaria relacionar consumo com tipo de combustível, a não ser que ele esteja adulterado. Condições de manutenção obviamente também influenciam, especialmente velas, cabos de velas e catalisador.


Então me explica como meu carro fez 12 km/l com gasolina comum, e tava com essa média sempre. Botei aditivada, foi pra 13. No segundo tanque de aditivada (tipo, umas duas semanas depois do consumo de 12), e pegando 2 engarrafamentos (que não peguei no tanque de 12), foi pra INCRÍVEIS 14,5 km/L, consumo NUNCA ANTES ALCANÇADO, nem mesmo com gasolina aditivada. Ah, e eu não calibrei o pneu nesse meio tempo (inclusive preciso fazê-lo).
O que pode explicar isso? Coloquei um terceiro tanque de aditivada. Vamos ver se mantém o consumo ou se baixa de novo.
« Última modificação: 21 de Março de 2014, 22:18:36 por Helena Bsb »


ralgarve

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Resposta #32 Online: 21 de Março de 2014, 22:30:06
Eu corria de moto. E sempre usei gasolina pódium da petrobrás porque todo mundo falava que era a melhor e tinha mais octanagem e corria mais .. etc etc etc....
Em competição o motor suja muito, e a cada período de tempo meu mecânico tinha que abrir o motor pra limpar. Testamos usar gasolina comum um período. Resultado do teste: Nada muito evidente na limpeza do motor. Não perdi tempo na pista de corrida. Poupei dinheiro.
NUNCA mais deixei de usar a comum.
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Resposta #33 Online: 21 de Março de 2014, 22:38:00
O meu carro recomendam usar a podium, ele é turbo e dizem que a gasolina comum pode gerar borra no óleo e prejudicar o motor! Eu acompanho o consumo para ver no gráfico se a gasolina é adulterada ou não...
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ALEXFIGUEIREDO

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Resposta #34 Online: 21 de Março de 2014, 23:09:29
Eu corria de moto. E sempre usei gasolina pódium da petrobrás porque todo mundo falava que era a melhor e tinha mais octanagem e corria mais .. etc etc etc....
Em competição o motor suja muito, e a cada período de tempo meu mecânico tinha que abrir o motor pra limpar. Testamos usar gasolina comum um período. Resultado do teste: Nada muito evidente na limpeza do motor. Não perdi tempo na pista de corrida. Poupei dinheiro.
NUNCA mais deixei de usar a comum.

Quando ainda operava o meu posto de combustível, tive por várias FONTES, funcionários graduados das grandes distribuidoras, a mesma posição. Gasolina Comum e pronto.

Aditivos avulsos são dinheiro jogado fora. "Pardal" e nada é a mesma coisa. ou melhor, é melhor NADA  :ok:
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RafaZ

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Resposta #35 Online: 22 de Março de 2014, 00:33:54
Então me explica como meu carro fez 12 km/l com gasolina comum, e tava com essa média sempre. Botei aditivada, foi pra 13. No segundo tanque de aditivada (tipo, umas duas semanas depois do consumo de 12), e pegando 2 engarrafamentos (que não peguei no tanque de 12), foi pra INCRÍVEIS 14,5 km/L, consumo NUNCA ANTES ALCANÇADO, nem mesmo com gasolina aditivada. Ah, e eu não calibrei o pneu nesse meio tempo (inclusive preciso fazê-lo).
O que pode explicar isso? Coloquei um terceiro tanque de aditivada. Vamos ver se mantém o consumo ou se baixa de novo.

O consumo tem muitas variáveis, para poder afirmar que o tipo de gasolina faz alguma diferença, seria preciso usar cada uma por um bom tempo e comparar as médias. Lembre que a ÚNICA diferença da aditivada é a adição de detergente. Se o motor estava com muita cabonização, a vedação das válvulas poderia estar prejudicada, e a aditivada pode ter limpado as sedes das válvulas e amenizado o problema. Mas aí, ao usar a comum novamente, o consumo deve se manter.
Mas acredite, até a música que você escuta enquanto dirige influencia no consumo. É sério!  :D



Eu corria de moto. E sempre usei gasolina pódium da petrobrás porque todo mundo falava que era a melhor e tinha mais octanagem e corria mais .. etc etc etc....
Em competição o motor suja muito, e a cada período de tempo meu mecânico tinha que abrir o motor pra limpar. Testamos usar gasolina comum um período. Resultado do teste: Nada muito evidente na limpeza do motor. Não perdi tempo na pista de corrida. Poupei dinheiro.
NUNCA mais deixei de usar a comum.
A maior octanagem só dá alguma vantagem em motores com alta taxa de compressão. Isto quer dizer que você pode injetar mais gasolina no cilindro sem auto ignição. No caso de motos, para aproveitar a maior octanagem, é preciso rebaixar o cabeçote para aumentar a taxa de compressão, e regular o giclê para injetar mais gasolina.

O meu carro recomendam usar a podium, ele é turbo e dizem que a gasolina comum pode gerar borra no óleo e prejudicar o motor! Eu acompanho o consumo para ver no gráfico se a gasolina é adulterada ou não...
A Podium tem maior octanagem E também é aditivada com detergentes. Veja no manual se é recomendada a gasolina de alta octanagem, caso contrário a aditivada comum já é suficiente. Borra no óleo não é gerada pelo combustível, mas sim por desgaste nos anéis de vedação, que fazem com que o combustível contamine o óleo. Também é importante usar o óleo recomendado no manual. Esqueça essa de "óleo pra 5 mil, óleo pra 10 mil". A pior informação é a que vem do frentista, nunca dê ouvidos.

Mas entendidos já me disseram também que álcool é mais seco, por isso é bom usar um pouco de gasolina para ajudar na lubrificação do cilindro.
O que lubrifica o cilindro é o óleo. Álcool "seco" realmente não é um termo que faz sentido para mim.

Aditivos avulsos são dinheiro jogado fora. "Pardal" e nada é a mesma coisa. ou melhor, é melhor NADA  :ok:
Isso mesmo. E como já disse, qualquer aditivo colocado a parte pode anular a garantia. Os fabricantes otimizam os motores para funcionar de maneira ideal apenas com combustível direto da bomba. Se você aparecer na concessionária com um motor fundido e a fábrica constatar que havia qualquer outra substância no tanque já era, não importa se era aditivo, diesel ou xixi de macaco, a garantia fica invalidada.



Outra coisa importante: cuidado com as concessionárias. São doidos para empurrar serviços desnecessários, como a famosa "limpeza de bico", além de quererem trocar o óleo em um período menor que o recomendado. Ao fazer a revisão, peça sempre que não façam nada além do recomendado no manual, e confiram.
Limpeza de bico nunca é necessária. É muito raro um bico entupir, muito raro mesmo. E quando isso acontece, aquela luzinha amarela da injeção acende, e a central da injeção passa a informação para o computador de diagnóstico da oficina. Nesse caso é recomendado trocar o bico. Mas jé levei 3 motores até 150 mil km e nunca entupiu um bico, e nem sempre eu usava a gasolina mais confiável.
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Kokimoto

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Resposta #36 Online: 22 de Março de 2014, 07:25:16
Rafa, a gasolina é meio "oleosa", enquanto o álcool lava qualquer oleosidade. É disso que estavam falando, que essa oleosidade ajuda a lubrificar o cilindro. Mas não sei até que ponto é válido ou lenda. :ok:
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Alexandre Ricci

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Resposta #37 Online: 22 de Março de 2014, 11:04:46
Outra coisa importante: cuidado com as concessionárias. São doidos para empurrar serviços desnecessários, como a famosa "limpeza de bico", além de quererem trocar o óleo em um período menor que o recomendado. Ao fazer a revisão, peça sempre que não façam nada além do recomendado no manual, e confiram.
Ótima dica, sempre falo isso pros amigos !! Tentaram trocar as pastilhas de freio do meu carro na revisão de 10.000 (além de outras coisasinhas). Precisou realmente trocar só na de 30.000 e olha que fui cauteloso, porque ainda rodaria mais  >:(

Limpeza de bico nunca é necessária. É muito raro um bico entupir, muito raro mesmo.

Exatamente o que eu disse mais atrás  :ok:


AlexandreS

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Resposta #38 Online: 22 de Março de 2014, 11:06:46
Rafa, a gasolina é meio "oleosa", enquanto o álcool lava qualquer oleosidade. É disso que estavam falando, que essa oleosidade ajuda a lubrificar o cilindro. Mas não sei até que ponto é válido ou lenda. :ok:

Koki, o cilindro é lubrificado "por baixo". Onde vai a gasolina, que chega por cima, não tem nenhum resquício de oleosidade caso contrário essa mesma oleosidade iria se depositar nas velas por exemplo, prejudicando o processo de combustão. E além disso, esse "óleo" misturado com a gasolina iria invariavelmente produzir fumaça no escapamento.

Apenas nos motores dois tempos que praticamente não existem mais exceto em algumas motos fora de estrada e motores de barcos, a parte superior do cilindro retém oleosidade já que o óleo se mistura com o combustível. E neste caso a recomendação é nunca usar gasolina aditivada justamente para não retirar esse filme de oleosidade que ajuda na lubrificação. Mas motores dois tempos tem funcionamento muito diferente dos motores quatro tempos utilizados nos carros.

Enfim, o RafaZ fez um excelente resumo de tudo.

Quanto aos aditivos, eles normalmente não fazem nada mais que a gasolina aditivada já faz. Para terem um efeito diferente, só em condições muito específicas. Por exemplo, já aconteceu de sujar os carburadores de uma moto minha em viagem, a ponto de perder muita potência e até apagar em marcha lenta as vezes. Coloquei meio tubo de aditivo, que acho que é recomendado para uns 30 litros de combustível em meio tanque da moto, uns 9 litros mais ou menos,  peguei a estrada e fiz uns 50Km de "punho fechado". Aí parei e enchi o tanque para diluir o aditivo. O motor ficou redondinho redondinho. Quando voltei e levei a moto no meu mecânico, ele disse que os carburadores estavam brilhando..rsrsrsrrsrs

Mas era uma emergência, não aconselhável e que poderia talvez causar danos mais sérios.

« Última modificação: 22 de Março de 2014, 11:08:07 por AlexandreS »

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Raphael Valente

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Resposta #39 Online: 22 de Março de 2014, 11:17:32
Gasolina sempre! Carro flex é carro a gasolina adaptado para alcool.
A gasolina no Brasil não é boa, mas mesmo assim agride menos que o álcool.
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AlexandreS

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Resposta #40 Online: 22 de Março de 2014, 11:52:50
Gasolina sempre! Carro flex é carro a gasolina adaptado para alcool.
A gasolina no Brasil não é boa, mas mesmo assim agride menos que o álcool.

É, e não é.. As maiores diferenças entre carros a gasolina e alcool são a taxa de compressão, a quantidade de combustível injetada e o mapeamento da curva de ignição, além do que nos carros a álcool todos os elementos em contato com a linha de abastecimento ou de exaustão devem ser resistentes a corrosão.

Bem, hoje todos os carros já tem essas peças resistentes à corrosão, então não existe diferença.

O mapeamento da curva de ignição e a quantidade de combustível injetada hoje é controlado eletronicamente, então também não existe diferença.

E por fim a taxa de compressão, que é algo que vem do projeto do motor e não pode ser alterado.

Aqui é que fica a principal diferença. Por exemplo, no antigo Passat TS a gasolina, a taxa de compressão era de 7,5:1. Mais do que isso e o carro poderia começar a apresentar sintomas de pré-ignicão. No Passat a alcool, a taxa de compressão era de 12:1 já que o alcool tem uma octanagem muito maior que a gasolina.

Com o advento da eletrônica, foi possível aumentar a taxa de compressão já que sensores podem alterar "on-the-fly" o mapeamento da curva de ignição, evitando a pré-ignição. Isso possibilitou o desenvolvimento de motores que podem usar gasolina com taxas de compressão tão altas quanto aquelas que só podiam ser usadas em motores a alcool, como no caso que eu citei dos Focus e New Fiesta.

Então, hoje esse pensamento de "carro a gasolina adaptado para usar alcool" não é mais válido. Levando-se em consideração a taxa de compressão usada hoje, típica de carros movidos a alcool, podemos dizer que são carros a alcool adaptados eletronicamente para usar gasolina.

A gasolina no Brasil não é boa, mas mesmo assim agride menos que o álcool.

Pelo contrário, tirando-se o problema da oxidação devida a água contida no álcool e que hoje na realidade não é mais problema, o álcool tende a ser menos poluente que a gasolina, e por ser um produto de origem vegetal, ainda tem a vantagem de zerar a produção de carbono.
« Última modificação: 22 de Março de 2014, 11:55:53 por AlexandreS »

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Resposta #41 Online: 22 de Março de 2014, 12:20:46
Existe malefício em usar gasolina Podium, por exemplo, em um Hyundai Azera, que não é turbo?


AlexandreS

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Resposta #42 Online: 22 de Março de 2014, 12:56:13
Existe malefício em usar gasolina Podium, por exemplo, em um Hyundai Azera, que não é turbo?

Não, o uso de gasolina de alta octanagem não ocasiona nenhum problema. O que pode acontecer é que se o motor tiver baixa taxa de compressão, o uso de gasolina Podium não fará diferença nenhuma porque o motor não irá aproveitar essa capacidade antidetonante extra do combustível.

Segundo a Petrobrás, motores com taxa de compressão de 10:1 já começam a ser beneficiados pelo uso de gasolina de alta octanagem como a Podium, que tem IAD 95. O Azera tem taxa de compressão de 10.4:1 (não sabia, pesquisei agora na Internet), então ele já se beneficia do uso da Podium.

Na realidade, quase todos os carros Flex, até os 1.0, se beneficiam do uso da Podium já que para o carro poder rodar com alcool, a taxa de compressão tem que ser mais elevada. Estranhamente, muitos carros importados que usam apenas gasolina tem taxas de compressão mais baixas e aí, tirando o fato da Podium ter menos enxofre que a comum, abastecer com gasolina de alta octanagem é colocar dinheiro fora.

As motos, em virtude do modelo construtivo do motor, também quase sempre se beneficiam de gasolina de alta octanagem. E os motores turbo são outra história, embora normalmente apresentem taxa de compressão nominal menor, a sobrealimentação proporcionada pelo turbo faz com que esta taxa aumente.

Esta imagem tirada do site da Br Distribuidora exemplifica os valores de octanagem para cada tipo de gasolina



Lembrando que o índice IAD é a média entre os índices MON e RON, relativos à resistência à detonação em baixos e altos regimes de giro do motor.

Quanto maior o IAD, maior precisa ser a taxa de compressão do motor para tirar proveito do efeito antidetonante. E usar gasolina com alto IAD em motores com baixa taxa de compressão não causa danos ao motor, apenas não representa vantagem nenhuma.

E por curiosidade, o IAD do álcool é em torno de 110, o que explica porque os carros quando abastecidos com alcool puro ficam muito mais "espertos".






« Última modificação: 22 de Março de 2014, 12:57:24 por AlexandreS »

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Resposta #43 Online: 22 de Março de 2014, 12:58:36
Absolutamente nenhum.
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Resposta #44 Online: 22 de Março de 2014, 14:00:30
É, e não é.. As maiores diferenças entre carros a gasolina e alcool são a taxa de compressão, a quantidade de combustível injetada e o mapeamento da curva de ignição, além do que nos carros a álcool todos os elementos em contato com a linha de abastecimento ou de exaustão devem ser resistentes a corrosão.

Bem, hoje todos os carros já tem essas peças resistentes à corrosão, então não existe diferença.

O mapeamento da curva de ignição e a quantidade de combustível injetada hoje é controlado eletronicamente, então também não existe diferença.

E por fim a taxa de compressão, que é algo que vem do projeto do motor e não pode ser alterado.

Aqui é que fica a principal diferença. Por exemplo, no antigo Passat TS a gasolina, a taxa de compressão era de 7,5:1. Mais do que isso e o carro poderia começar a apresentar sintomas de pré-ignicão. No Passat a alcool, a taxa de compressão era de 12:1 já que o alcool tem uma octanagem muito maior que a gasolina.

Com o advento da eletrônica, foi possível aumentar a taxa de compressão já que sensores podem alterar "on-the-fly" o mapeamento da curva de ignição, evitando a pré-ignição. Isso possibilitou o desenvolvimento de motores que podem usar gasolina com taxas de compressão tão altas quanto aquelas que só podiam ser usadas em motores a alcool, como no caso que eu citei dos Focus e New Fiesta.

Então, hoje esse pensamento de "carro a gasolina adaptado para usar alcool" não é mais válido. Levando-se em consideração a taxa de compressão usada hoje, típica de carros movidos a alcool, podemos dizer que são carros a alcool adaptados eletronicamente para usar gasolina.

Pelo contrário, tirando-se o problema da oxidação devida a água contida no álcool e que hoje na realidade não é mais problema, o álcool tende a ser menos poluente que a gasolina, e por ser um produto de origem vegetal, ainda tem a vantagem de zerar a produção de carbono.



Muito boa explicação com muito termo técnico, mas há um porem! Não é conclusiva, explanar tanto de um assunto sem tornar clara sua ideia é escrever um tanto de coisa nenhuma... Como não sou mecânico apenas um químico apaixonado por fotografia, vou deixando um video uma séria que um mecânico fez pra provar como o uso só de gasolina é muito mais benéfico pro veiculo e todo sistema de alimentação. Pra não dizer que peguei de qualquer canal do Youtube, o Canal do ADG é o maior do Youtube com maior numero de seguidores e inclusive indico pra quem goste de mecânica: https://www.youtube.com/watch?v=gQ2WWxaGNdk

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