Como vimos, é importante manter o ISO bem controlado. E para ver coisas distantes, são necessárias lentes (e telescópios) longos, e são necessárias longas exposições. Neste aspecto, é necessário o uso de algum mecanismo para mover a câmera ao contrário do movimento de rotação da Terra, de forma que a câmera fique parada em relação às estrelas. O mecanismo mais simples seria um desses aqui:
https://en.wikipedia.org/wiki/Barn_door_tracker . O conceito original usa um parafuso controlado manualmente e estende a exposição de uns poucos segundos até cerca de um minuto. Depois disso, erros inerentes ao mecanismo provocam divergência.
Um conceito mais refinado funciona com um relógio mecânico. Um desses já permite exposições de vários minutos:

Para se conseguir exposições de vários minutos, é necessário um alinhamento cuidadoso com o eixo de rotação da Terra. Isto é conseguido por meio de alinhamento polar, que é auxiliado por meio daquele tubinho preto, mostrado em primeiro plano acima. Aquilo é um telescópio polar. Normalmente ele possui marcações que, de acordo com a data e hora, prevê a exata localização do polo, seja no hemisfério Norte ou Sul. Isso é o que se vê quando se olha por dentro de um telescópio polar:

Neste caso, o círculo, Cassiopeia e Big Dipper são visíveis no hemisfério Norte, e as Octans são (mal) visíveis no hemisfério Sul. O alinhamento polar é essencial para o sucesso deste tipo de fotografia.
É necessário também um cuidadoso controle da rotação do mecanismo, de forma a seguir o movimento dos astros. Notar que um dia não possui 24 horas exatas, mas sim 23 horas, 56 minutos e 4.09 segundos. Este controle pode variar de controle manual, baseado no ponteiro dos segundos do relógio até motores dedicados, com câmeras auxiliares que seguem as estrelas pixel a pixel (chamadas auto-guide).
Acima das montagens manuais e mecânicas, há as elétricas, com motores de passo e entradas para a tal câmera auxiliar citada acima. Estas são classificadas, entre outras coisas, pela capacidade de carga. Montagens mais simples, como essa aqui, possuem capacidade de carca de 3 a 5 kg, não contando com o contrapeso. Na foto, meu SkyWatcher Star Adventurer, câmera Fuji X-H1 e telescópio refrator SkyWatcher Evostar 72ED. Este conjunto já está no limite da capacidade deste tipo de equipamento.

Esta montagem possui um motor para rotação (que acompanha o movimento da Terra) e um mecanismo manual para declinação (perpendicular à rotação da Terra). Possui ainda funções de avanço “rápido” (que é bem lento, na verdade, só pra movimentações precisas), acompanhamento solar e planetário. Mas boa parte do enquadramento e acompanhamento é puramente manual.
Acima deste tipo, tem as montagens equatoriais computadorizadas (go-to equatorial mount). Eu uso uma Celestron AV-X, com capacidade de carga de 30 libras, ou cerca de 13.6 kg. Isso é suficiente para um telescópio de 8” (203mm) de diâmetro com câmeras, viewfinder e auto-guide.

Este tipo de montagem tem um banco de dados e, quando alinhado e calibrado corretamente, depois pode apontar pra maioria dos corpos celestes já catalogados. A calibração neste caso significa que, após o alinhamento, a montagem pede que se apnte pelo menos uma estrela e se centralize com o equipamento ótico (câmera, ocular, etc) para que a montagem defina as correções das coordenadas celestes para todos os astros.
Mesmo montagens caras não acompanham, por si só, a rotação da Terra com precisão. Ruído elétrico, tolerâncias mecânicas e até mesmo uma leve brisa podem fazer com que a montagem erre no rastreio dos astros. Este pequeno erro em uma exposição de 4 minutos (por exemplo) significa 4 minutos perdidos na exposição geral. Este problema é resolvido com um auto-guider, que é o próximo assunto.