Autor Tópico: Gerda Taro: mostra resgata trabalho fotográfico da companheira de Robert Capa  (Lida 2122 vezes)

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Mostra revela pioneira em fotografias de guerra

Denise Godoy (de Nova York)

Fotógrafa teve carreira ofuscada pelo sucesso do companheiro, Robert Capa

Nova York recebe a maior exposição de Gerda Taro já realizada; ela foi a primeira fotógrafa mulher a morrer em uma cobertura de guerra

A carreira da fotógrafa Gerda Taro, encerrada prematuramente em 1937, na batalha pela cidade de Brunete, durante a Guerra Civil Espanhola, sempre ficou à sombra da do seu companheiro Robert Capa. É uma imagem dele, The Falling Soldier (o soldado caindo), a lembrada quando se fala do conflito. Mas agora o nova-iorquino Centro Internacional de Fotografia (International Center of Photography, ICP) está fazendo justiça ao trabalho e ao talento de Gerda, uma das pioneiras na fotografia de guerra, com a maior exposição de fotos de sua autoria já realizada.
"O processo de localizar e identificar as obras da fotógrafa no nosso acervo, em agências e na coleção de Cornell Capa (irmão de Robert), durou aproximadamente dez anos. A mostra é o ápice dessa pesquisa", explica a curadora Kristen Lubben.
Gerda nasceu Gerta Pohorylle em Stuttgart, Alemanha, em 1910. Foi presa por colaborar com militantes antinazistas e, posta em liberdade condicional, fugiu em 1933 para Paris. Lá conheceu o húngaro Endre Friedmann, que pouco depois adotaria o nome Capa e se apresentaria como renomado fotógrafo norte-americano.
Pelo desafio profissional e por afinidade política com a Frente Popular, a dupla aceitou cobrir a guerra na Espanha para a revista francesa Vu. A exposição, que está em cartaz até 6 de janeiro no ICP, inclui originais de algumas dessas imagens. Em alguns casos, elas são creditadas a Capa porque, por estratégia comercial, por um período os dois vendiam seu trabalho sob essa alcunha.
As primeiras 32 imagens da exposição vão de 1936 até o início de 1937. Com a sua Rolleiflex, ela registrou bastidores do conflito e as vítimas. Destaques são a série que retrata as mulheres se preparando para o combate, aprendendo a atirar, a que mostra os refugiados e a dos órfãos. Depois, tendo trocado a máquina para uma Leica, foi para a frente de batalha.
A partir daí surgem as suas obras mais fortes. Datam de maio e junho de 1937 impressionantes retratos de militares no leito do hospital, cadáveres, soldados feridos em campo.

Pioneirismo
"Gerda desafia a idéia de um estilo feminino nessa arte - ela é politicamente comprometida, uma jovem fotógrafa que está tentando estabelecer uma carreira para si e obter imagens que poderiam ser vendidas para uma revista e ajudar a causa da República", define Lubben.
Gerda foi a primeira fotógrafa mulher a morrer em uma cobertura de guerra. O carro em que ela viajava saindo de Brunete foi atingido por um tanque de guerra em 26 de julho de 1937. Era o dia em que voltaria para Paris. Seu companheiro esperava convencê-la a reconsiderar a sua proposta de casamento, recusada pouco antes.
Enquanto as imagens de Gerda ocupam o principal espaço da galeria, a exibição de Capa está no subsolo. Ele já esteve sob os holofotes em ocasiões anteriores - seu irmão fundou o ICP. O destaque é exatamente The Falling Soldier, de setembro de 1936, que mostra um combatente no momento em que é atingido por um tiro.

Fonte: Folha de S. Paulo - Ilustrada - 06/11/07
Mais informações: ICP (http://www.icp.org/site/c.dnJGKJNsFqG/b.2876511/k.1E74/Gerda_Taro.htm)
« Última modificação: 07 de Novembro de 2007, 18:49:06 por lambe-lambe »