...alguém mais compartilha dessa idéia meio retrô, meio saudosista de ter seu momento analógico? E se o têm, quais as diferenças percebidas em relação ao digital?
Eu ainda uso praticamente só filme. Minha digital é uma Canon S100 para fotos 15x10. E meu laboratório digital é meu scanner de cromos Nikon.
O digital é o instantãneo, o imediato, isso acaba fazendo com que você clique sem pensar muito. Se não ficou legal, deleta para abrir espaço para outras fotos. É quantidade.
No filme, como tem um número limitado de fotos por rolo, você naturalmente dá mais valor a cada imagem, pensa mais. Às vezes não, também, bate um monte (umas 3 ou 5...) para depois selecionar só uma. Eu gosto da surpresa que usar filme proporciona, acho que o filme cria mais memória para cada foto pois você pensa nela antes de revelar, pensa no que fez depois que a tem em mãos, acaba desenvolvendo uma relação maior com as suas fotos.
Tecnicamente o digital é mais límpido, mas não gosto do foco "infinito" dele. É realmente difícil ter um desfoque bacana, claro que depende da lente, coisa e tal, mas tudo geralmente é mais em foco no digital. Eu, que adoro luz natural e lentes rápidas, fico um tanto quanto frustrado com isso.
Acho também que o filme tem uma textura, uma cor única (dependendo do filme é diferente) que acontece de forma diferente no digital. Com o tempo se acostuma. Mas eu ainda prefiro o Provia.
Para o digital ficar bacana você precisa saber usar o software e mesmo assim pode passar um bom tempo na frente do computador. Com o filme, precisa saber o que está usando, ter um bom laboratório e, se for mais exigente, um scanner de cromo e um computador.
Cada vez mais eu procuro dar uma desacelerada nas coisas que eu gosto. O filme pede um ritmo mais lento, aguça a observação. Pra mim é mais curtição. Eu ainda prefiro as máquinas mecânicas - Nikon F2 e F3 (que tem alguma eletrônica básica). Quanto menos o equipamento interferir no que eu quero fazer, melhor. Vai de cada um.
A DSLR dos meus sonhos é uma D300 Full Frame a um preço razoável. Enquanto uma não aparecer, fico com minhas F2 e F3 mesmo, sem a menor inveja. Até porque, na maioria das vezes usaria tudo manual mesmo, como quando tinha uma T90 - só usava no manual ou, no máximo, prioridade de abertura.
Quem é profissional tem que ter digital, o mercado pede. Mas mesmo essa turma não abre mão do seu filme de vez em quando. É uma experiência diferente que para muitos é mais envolvente.
Abraço,
José Azevedo