Deixando dois centavos na discussão, só para poder entender melhor. Vou faze um apanhado de td que foi dito aqui...
Defende-se, sobretudo, que a fotografia é uma emissora de verdade e que esse papel santificado não pode ser profanadoO que é uma grande bobagem. Até porque uma mentira pode ser contada só com verdades. Quem não se lembra do comercial da Folha de S. paulo que dizia exatamente isso?
http://www.youtube.com/watch?v=usm5xhPdqlgPra uma coisa ser verdadeira, não necessita que ela seja natural. Também como algo natural não pressupõe que seja mais verdadeiro que qualquer coisa.
A arte nunca se preocupou exatamente com a reprodução da natureza, mas faze-la de uma forma mais "real" possível, mesmo que seja pela recriação do natural.
Isso não se pareceu em nada com o grito do Ipiranga
Isso não tem nada de natural
isso não se parece com um rato Valoriza-se, ainda, o fotógrafo que não precisa de Photoshop, como se o mesmo fosse uma muleta para a incapacidade do mesmo em fazer fotos boas do jeito que deve ser feito: só com a câmera.O que também é uma bobagem enorme. Também existe mito que bom desenhista desenha de cabeça, que bom pintor nao usa calço de apoio para a mão e bla bla bla. Já ouvi ate dizer que bom desenhista é aquele que usa só um lápis.
Isso me lembra de uma defesa de mestrado que comprova que os quadros do pedro américo eram feitos através de lanterna mágica (ele projetava a cena atraves de uma especie de slide e pintava por cima da projeção). As pessoas leigas falavam: "mas então não é tao bom assim, ele não é um bom pintor".
Acredito que pensar dessa forma "um bom artista é aquele que não faz x" é coisa de quem nao passou da primeira infância. Existe pertinencia e impertinência, o resto é bobagem
Tanto o jornalismo como a publicidade dependem (e defendem) o status da fotografia como descrição da realidadeMe adimiro a publicidade defender algo do tipo. Logo ela que sempre utilizou mock-ups e cria padrões estéticos irreais para vender qualquer coisa. Não me lembro de ter comido um bigmac tão bonito quanto em uma fotografia. Quem viu o filme "um dia de fúria" lembra da parte em que o personagem diz: "eu quero um igual àquele da foto".
O jornalismo é um caso a parte, mas nao acho que isso vá durar muito tempo. A passagem do analogico pro digital é recentissimo, houve um boom tecnologico e as pessoas ainda estão desnorteadas.
Poderíamos recorrer mais uma vez ao mestre Arlindo Machado e repetir a velha ladainha que a fotografia é apenas uma interpretação, que ela, mesmo quando sai direto da câmera tem as suas grandes distorções e que uma foto original não é mais real do que uma pesadamente alterada pelo Photoshop
A fotografia pessoal, autoral, artística, não tem limites e não tem compromissos que não os do próprio autor consigo mesmo.Sendo assim, tudo é permitido e qualquer limite externo é um tolhimento da criatividade.Aqui entra em um campo complexo. Embora eu tenha entendido o intuito da expressão "nao tem limites nem compromisso", ela é um pouco complicada de se empregar. Ao se dizer "fotografia" já se pressupõe não uma regra mas uma condição, uma espécie de "caminho". Algumas pessoas não gostam de termos que pressupõem limites, embora, de alguma forma eles existam. Escolher o caminho da fotografia já é uma limitação por si só, pois se tem as ferramentas especificas e derivadas daquilo que se pressupõe uma fotografia. Seguindo a linha de idéia que o Ivan apresentou, uma música não é uma fotografia e por aí vai. Uma vez escolhido o "Jogo", o que será feito dentro dele pode ser passivo de debate.
O grande lance da fotografia é que ela é uma arte visual. Qualquer leitura mais cognitiva de uma fotografia é um adendo, não uma prioridade. Eis aí o problema hoje da chamada arte conceitual. Ela é essencialmente mais texto que visual e acaba independendo de suporte. Eu posso fotografar um pedaço da porta dio meu quarto e colocar o titulo "o branco", e atribuir a isso um valor filosófico absurdo. Ela vai ser uma fotografia? Sim, vai. Só que eu nao precisaria exatamente usa-la. Poderia usar um quadro em branco ou até serrar a minha porta e apresentar como objeto para divagações.
Experimentalismos sao sensacionais, mas há de se explorar os atributos de uma determinada linguagem, porque senão vira calvinball.
Mas começou a aparecer o mito da arte autonômica, e junto com ela o discurso da criatividade significar ausência de regras.Não considero a arte autonômica um mito, embora, muita gente consiga extrapolar as questões do bom senso a ponto de apresentarem em renomadas galerias de arte coisas como um tubarão cortado ao meio, uma maquina que faz cocô artificial (e o cocô é vendido), ou salas vazias como objeto de arte.
http://www.cloaca.be/Sim, são arte...independente se são ruins ou não. Mas não são artes visuais pois o peso não está na obra e sim na idéia que ela representa. A idéia é muito maior que o produto.
Muita gente só consegue entender duas coisas:
ou anarquismo ou despotismo. Há muitas áreas no meio disso que são muito benéficas na arte. O experimentalismo é ótimo, contanto que chegue a algum lugar. Experimentalismo por experimentalismo é algo estéril a poucas vezes funciona amplamente.
Não existe criatividade na anomia, só existe acaso.Anomia eu acho um termo muito forte. Pode ser uma questão pessoal, não sei...
Mas quando o acaso tem uma finalidade especifica, ele se torna criativo pelo ato, não pelo resultado. É uma questão de quantidade, seleção e descarte, mas existe um olhar criativo no ato.
Já até comentei em um topico que nao gerou muita discussão sobre um site sobre o estudo do acaso nas obras de arte, e lá tem uma porção de "fotos-cegas" que acho muito melhores que muita coisa por aí.
http://www.iconica.com.br/arteacaso/Se a produção será aceita como fotografia ou não, não cabe discutir isso, será aceita se for reconhecida como tal e incorporada na história
não há também como validar antecipadamente cada "inventididade"Aí é outra questão complicada. Pode não existir uma validação formal, assinada e carimbada, mas isso não quer dizer que não exista uma validação. Uma cadeira tem 4 pernas e ao criar uma de 3, 2, 1 ou nenhuma perna, ela vai continuar sendo uma cadeira por uma experiência
a posteriori.
Não é necessário que algo seja aceito por uma linha histórica para que ele pertença a um grupo. E por isso é facil encaixar em grandes delimitadores como "é afotografia", "é desenho", "é escultura". Até porque nomenclaturas e rotulos são sempre muito difíceis de se avaliarem. pegue por exemplo uma aquarela e tente dizer se é uma pintura ou um desenho. Seja o que for, não é cinema nem teatro.
Se uma fotografia esta dentro de criterios tecnicos de fotografia, ela vai ser independente do que o cara fizer..se é bom ou se é ruim, aí já é uma outra quesão.
Como falou-se dos impressionistas. Independende de serem aceitos ou não, eram pinturas porque nada depõe contra a idéia de pintura. A aceitaçao histórica não é algo relevante enquanto ideia de existencia por si só.
Quando Duchamp isurgiu com o dadaismo, a ideia era ate louvável, mas criou um maneirismo bobo que perdura ate hoje em que obras nada visuais são expostas como tal. pra nao dizer de coisas sem o menor sentido como o 4´33" de John Cage . Virou só uma transgressão estéril lidar com limiares conceituais das coisas.
http://www.youtube.com/watch?v=HypmW4Yd7SYMuita gente abusa da trangressão e acabam fazendo algo bobo e infantil, mas vistos pela
crítica e pela história como algo sensacional, no melhor estilo "o rei está nu".
O que quero dizer é que a validação histórica pode ser tanto benéfica quanto destrutiva e que algo para ser não depende de uma aceitação.
Mas quem disse que são os autores que definem alguma coisa? Quem disse que você vai encontrar pronta uma definição em alguém?Nesse caso eu não entendo como se existe uma aceitação histórica sem se apoiar em definições de autores. Confesso que isso me deixou confuso

No mais, o que eu queria ressaltar é que também nao devemos confundir fotografia no sentido
classificativo (etimologico) e no sentido
valorativo (nossa...isso sim é uma fotografia). Essa confusão terminológica causa uma certa confusão enquanto debate. Não sei nem se é o caso aqui, mas só queria deixar esse aspecto claro. Há uma sólida base para se definir o que é uma fotografia, independente do que a pessoa fez, sem necessitar consentimento histórico. Porém, valorar (ou seja, agregar valor) a um trabalho de fotografia já são outros 500...