Auder, me desculpa, mas a hospitalidade dos cariocas é muito verdadeira, porém também tem suas ressalvas. Brinco dizendo que chegou a originar piada de que todo carioca convida você no final de uma conversa: - passa lá em casa, vamos sair. E nunca dá o endereço. Me identifico muito com os cariocas e o rio. Talvez o gaúcho seja mais reservado, mas quando fica amigo, entra até em 'briga de faca'. E eu não dou a mínima para os valores locais, então é pesado relacionar a uma revolução separatista (sendo que houveram algumas, não só aqui). São questões locais e características diferentes.
Jack, está sendo condescendente ou não sabe como funciona. Eu já acordei várias, mas várias vezes para surfar 6-7 da manhã no canto da ferrugem, entro há pelo menos 16 anos lá. Nenhum local essa hora. Sempre assim. Lá pelas 8 da manhã é que começa a aparecer um ou outro. E claro que muitos de fora vão para a água às 10, mas o ponto é que ninguém se conhece, como vai diferenciar quem chegou antes ou não. E evidente que me ressinto contra os abusos. Na prática nunca tive problemas, mas uma vez chegou perto. Justamente num dos dias que cheguei bem cedo, surfei algum tempo, depois já quase 10 horas, caí numa onda e um 'local' entrando, segurei a prancha, não pegou nele. Mesmo assim, começou a gritar, enquanto isso outro gritava de dentro d'água. Não deu em nada, mas poderia ter acabado mal, um dia antes o grupo dele espancou um argentino na areia. Então, digo de novo, ou você é ingênuo, ou é condescendente. Praia não é território sem lei, para mim são tão criminosos quanto qualquer um, constrangimento ilegal e lesões corporais não foram excluídos ainda do Código Penal.
Está mal informado também com relação ao episódio da Australia. Não havia boate alguma. Estavam na praia (ainda que houvessem boates nas redondezas) comemorando o reveillon. Dias antes havia começado uma onda xenofóbica em Sydney. Algumas pessoas acharam válido, assim como você está achando. Um cara pediu um cigarro, e ele respondeu em portugues que não tinha. Em menos de um minuto perseguiam e espancavam.
Respeito a sua opinião, não se deve matar por uma justificativa estúpida e superficial, por isso que temos a lei, fez merda vai ser julgado, tava errado vai pra cadeia, muito simples.
Não existe justificativa melhor ou pior, a única justificativa para matar é se auto-preservar, legítima defesa. E não tem nada de simples, primeiro pq poucos homícidios têm culpados indo a julgamento, e, destes, poucos são condenados. Ainda que seja condenado, como é que é simples? Condenar traz o morto de volta a vida? Não conheço seus valores, mas vc fala não se deve matar como quem diz: - eh melhor evitar, ou: - não se deve falar de boca cheia.
Murilo, tem regra nenhuma. Aqui até o show do U2 é desorganizado, imagina isso. A regra de conduta é subjetiva e depende do nativo, pode ser desde uma cara feia até uma pranchada nas costas, descambando para roubo e outras coisas mais. A idéia é ótima, os aussies usam em Margaret River, só que lá não existe conceito de local, a regra é para todos. Quem está mais próximo a onda entra, e quem está ao lado ocupa a próxima posição, como numa fila.
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