Essa revista Veja é escrita por ignorantes para a leitura de outros ignorantes. Uma revista totalmente parcial e tão burra a ponto de achar que a complexidade da sociedade brasileira se resume a questões partidárias.
As duas pesquisas, essa do IPEA e a da USP, não se anulam. Aliás, elas são diferentes mas querem dizer a mesma coisa: a sociedade brasileira é bastante violenta e punitiva. No caso da pesquisa do IPEA, a maioria acha que a mulher que mostra as curvas deve ser atacada, punida. E na pesquisa da USP, a maioria da população é a favor de punições duras e anticonstituicionais contra os estupradores. A pesquisa do IPEA não mostra, em nenhum momento, que a maioria da população é a favor do estupro. Ela mostra que a mulher que se "mostra" demais (lembrando que não se trata apenas de corpo mas também de atitude) deve ser punida até mesmo com o estupro. A pesquisa não mostra que a maioria da população pensa que todas as mulheres merecem ser estupradas, mas apenas algumas, aquelas que não se enquadram no modelo adequado para a sociedade. A partir daí, as pessoas distorcem as coisas da maneira como bem entendem. A tal revista tambem questionou a palavra "atacada". Se a palavra fosse estuprada, o resultado poderia ter sido outro, mas os pesquisadores não fizeram isso com o intuito de burlar a pesquisa. Trata-se apenas de uma tática de pesquisa. É uma estratégia sutil para mostrar o quanto a nossa sociedade é moralista e violenta, mesmo não sabendo disso. Foi a mesma tática aplicada na pesquisa sobre a violência contra as mulheres. Nessa outra, muita gente questionou a contradição dos resultados, como se eles não pudessem ser contraditórios. Enfim, esse tipo de pesquisa deve ser lida nas entrelinhas. Elas não servem para impor verdades absolutas, mas para chamar atenção da sociedade para determinadas questões sociais importantes. É uma espécie de alerta.