Rodrigo:
As pessoas tendem a gostar das coisas que para elas são fáceis, mesmo quando propositalmente as fazem de forma difícil (é um difícil fácil, um colocar a vara em uma altura que sabe ser ultrapassável).
Tenho uma longa história ligada à forma. Desenho desde criança, provavelmente naquele tempo desenhava para ganhar afagos e elogios de meus pais e avôs, como toda criança. Isso criou talvez um "sucesso" pequeno, sucesso infantil, que com caracteristicas de imprinting criou uma tendência de desenhar, de lidar com forma, de interessar-me por artes plásticas, arquitetura. Da mesma forma, também creio por circunstãncias familiares (pai arquiteto e avô engenheiro), tornei-me mais ou menos adestrado em ciências exatas, em mecanismos, em funcionamentos. De certa maneira, a fotografia é uma junção do desenho com a tendência técnica, ao qual foi acrescido o aspecto oriundo da leitura no que tange ao drama e narrativa da cena.
A resposta: "Por que fotografo?", eu responderia: "Porque hoje tenho grande parte das formações necessárias para fazer isso com alguma facilicdade.". Por outro lado, isso mantido em um nível impreciso de exigência, isto é, sem necessidade de produzir esta ou aquela foto para vender e viver dela, permite-me brincar em um território vasto, interessante e sem compromisso".
Dizendo a coisa de forma mais gaiata: "Fotografo porque não sou fumante!" -risos. É um espaço de brincadeira e divertimento.
Já maduro, talvez a resposta certa seja: "inventamos aventuras para viver a vida"