Faz tempo que nao comento por aqui
Se postou, deve ser porque quer honestidade nao é?
O brasileiro tem o costume de ser cortês com os amigos ou aqueles que conhece (pessoalmente ou virtualmente). Nao estou fazendo juízo de valor.
Realmente, postei porque quero ver o que o pessoal tá achando. E concordo com você, quando se é amigo de alguém, é difícil criticar.
Aliás, nao existe critica mais interessante do que a autocritica. Desde que aquele que se autocritica tenha uma percepçao honesta e aprofundada de seu próprio trabalho. Entao...porque voce postou especificamente esse casamento? O que te atraiu nele? O que voce imaginava que os amigos do fórum iriam comentar a respeito? O que voce acha que torna esse ensaio diferente do restante de seu portfólio? O que te falta para ter um trabalho mais conciso?
-Eu postei (e me senti atraído por) esse casamento, porque fora numa igreja legal, com uma festa legal, os noivos são bonitos, etc.
-Não imaginava que meus amigos fossem comentar nada. Tenho bons amigos aqui, e quando meu trabalho está ruim, eles não hesitam em me “condenar”, rsrsrsrsrsrs
-Nada torna esse evento diferente do meu portfólio, justamente porque eu quis que ele fosse assim. Eu vendo foto assim, então, se o cliente vai até o meu estúdio, com um ano ou mais de antecedência, (como foi o caso desse casal), o mínimo que ele espera é que as fotos saiam como as do portfólio.
-Não sei onde faltou concisão, e sinceramente, não acho que me falte.
Acho que sao, além de vários outros, questionamentos interessantes de se fazer. Ninguém, além de você, dará uma atençao tao especial ao seu trabalho. Aqui eu vejo algo destacado de um todo. Nao vejo seus processos, sua evoluçao e nem o conjunto de sua obra. A visao desse todo faz muito mais sentido do que esse recorte que voce apresenta aqui. Enfim...poderia ir embora sem deixar minha impressao sobre esse recorte. Nao me agrada mais exteriorizar minha analise sobre o trabalho alheio. Nao me parece que tenha algum efeito de mudança significativa. A nossa caminhada fotográfica é muito mais dependente das nossas buscas individuais, de nossas limitaçoes e de nossos valores do que a gente imagina. No entanto, algumas críticas me ajudaram muito a perceber certas coisas que eu nao seria capaz de enxergar por conta própria. Algumas eu nem concordei no momento da análise mas hoje eu as enxergo de outra maneira.
Eu comecei a trabalhar com foto aos 17 anos. Entrei como office-boy numa loja tradicional da cidade. Lá, aprendi a fazer foto 3x4, 5x7 (com data) e também aprendi a fotografar eventos. Sinceramente, meço a evolução das minhas fotos pelo naipe do buffet onde eu as fotografo. Simples assim.
O meu termômetro fotográfico é o Real. Não fotografo em busca de essência fotográfica, identidade visual ou coisa assim. Fotografo pelo dinheiro. Se no futuro, eu perceber que aquela fotinho da criança, montada no jumentinho pintado de zebra, dá mais dinheiro que casamento, compro meu jumentinho e pinto ele de zebra.
Vejo em seu trabalho uma preocupaçao excessivamente técnica. Me parece tudo muito "certinho". Me parece que há uma preocupaçao especial com a luz. Essa preocupaçao se torna excessiva no momento em que te limita a persegui-la a todo custo. A impressao que me passa é que primeiro você se preocupa com a luz e depois com a cena. Em relaçao as cenas, fico me perguntando sobre a ousadia. Nao que isso seja requisito para qualquer fotógrafo ou fotografado.
Na verdade, tanto não há preocupação excessivamente técnica, que eu fotografo com câmeras APS-C em ISO alto, além de lentes Sigma,
Se algum um pixel peeper paranoico pegar os RAWs das minhas fotos, vai ter um AVC de tanto ruído e falta de nitidez.
Essa preocupação com a luz, vem justamente da falta de recursos que tenho,
Se minhas câmeras fossem melhores, talvez eu dependesse menos do flash.
Não me preocupo mais com a luz do que a cena. Acontece que meu jeito de trabalhar é esse, deixando tudo “certinho” demais. Mas isso tem mais a ver com meu jeito caipira e provinciano de ser, do que com minha "essência" fotográfica.
E ousadia, num casamento, pode ser perigoso. Não sei se você já fotografou um casamento, mas é mais ou menos assim:
Padres, bispos e toda a CNBB vêem os fotógrafos como a personificação do diabo em cima do altar. Então, não dá pra ousar muito. Se fizer um pouquinho mais de barulho, tome bronca no meio da cerimônia,
E outra, como disse lá em cima, fotografo pelo dindim. Se eu “ousar muito” e a foto das alianças ficar ruim (Perceba que essa percepção de ruim é muito subjetiva), a noiva me processa e eu perco meu rico dinheirinho.
Isso talvez seja um pre-requisito para mim e para algumas outras pessoas. O que me interessa na fotografia é a alma ousada e aventureira do fotógrafo. É sentir que o fotógrafo se mostra através da fotografia. Nao sinto isso nessas fotos. Pelo contrário, sinto que você respeita demais aquilo que você enxerga com os olhos encaixotados e aprisionados da vida. Acho que vai um pouco de encontro com aquele papo chato de "enxergar além". Me parece que essa expressao quer dizer enxergar a vida de uma outra forma.
Como já citado, o que me interessa na fotografia de casamento é o dinheiro das noivas, além delas curtirem as fotos no Facebook.
Não tenho a pretensão de me mostrar nas fotos, porque o casal me contratou pra mostra-los, simples assim.
Entao, é o tal do olhar fotográfico que está faltando nessas fotos. Nao consigo perceber-te nelas. Aliás, percebo sim. Percebo alguém amedrontado e escondido atrás da câmera. Nao estou criticando especificamente a sua maneira mais "clássica" de fotografar. Admiro muito isso. Nao sou adepto de certos "malabarismos" fotográficos. Mas se for fazer o arroz com feijao, experimente colocar um belo tempero nele.
Amedrontado e escondido atrás da câmera? Forçou nessa, Spider.
Estava trabalhando, registrando o casamento dos meus clientes.
Estávamos em seis pessoas: Eu, o segundo fotógrafo, minha assistente, dois cinegrafistas e um assistente dos cinegrafistas.
Foto de casamento é foto de casamento. Não tem muito milagre.
Veja esses links que separei:
Everton Rosa
http://www.evertonrosa.com.br/site/galleria/Anderson Miranda
http://www.andersonmiranda.com.br/gallery/emocao/Lucio Flaubert (Aqui de Maringá, muitíssimo gente boa)
http://www.lucioflaubert.com.br/blog/Shimizu (Aqui de Maringá também, não conheço pessoalmente, apenas o trabalho)
http://shimizustudio.com.br/casamento/Veja, que apesar da “essência” fotográfica de cada um, é tudo a mesma coisa. Entrada da noiva, alianças, beijo, fotinho do casal sozinho, brinde, baile, etc... Claro, todos esses têm mais talento e sucesso que eu, então é natural que as fotos deles sejam bem melhores que as minhas.
Como eu disse no começo, basicamente o que muda é o buffet e a decoração. E nisso posso me considerar um vencedor, pois meus primeiros casamentos eram naquelas mesas de bar, com papel de açougue pra cobrir a marca da cerveja. Flor, aquelas de vasinho de 2 reais, e o jantar era pão com carne moída. Hoje, tá até bom, salões com ar-condicionado e mesa de frios a noite toda.
Enfim, nao sei se a minha análise vai te ajudar em alguma coisa. Se for levar, de certa forma, o que estou te falando a sério, nao pense nessas palavras no próximo trabalho que irá fazer. Se fizer isso, vai sair uma bela cagada.
Toda crítica é válida, Spider. Agradeço sua sinceridade.
E não pretendo fazer isso nos próximos casamentos, porque meus clientes estão acostumados com minhas fotinhas simples e sem graça.
p.s Se um dia passar por Brasilia, entre em contato para eu te apresentar umas substâncias psicoativas (brincadeirinha)
Não, obrigado.