Eu quis dizer um filtro sem coating UV. Existem filtros para proteção somente, que possuem coating para evitar flare e o escambau, mas não o UV que é bem irrelevante. Eu li que o UV pode fazer alguma diferença em fotografias em altas altitudes onde existe maior volume de UV na atmosfera, mas a diferença é quase que desprezível. No nível do mar então...
Ainda assim eu não usaria nada para proteção, o elemento frontal de uma objetiva é bem mais resistente que eu filtro, a começar pela densidade da lente vs. um filtro fino.
Existem dois tipos de tecnologias para filtros.
A primeira é inerente ao próprio material do filtro. Para bloquear o UV por exemplo, existem certos tios de vidro ótico que bloqueiam eficientemente certas faixa do UV, principalmente os UV "duros" (comprimento de onda menor que 300 nm). Mas a eficiência desses materiais diminui quanto mais o comprimento de onda se aproxima da ponta visível do espectro na casa dos 420 nm. A faixa entre 400-375 nm é tecnicamente UV, invisível ao olho e completamente transparente para a maioria dos vidros óticos, então isso de falarem que as objetivas modernas bloqueiam todo o UV não é verdade. Inclusive eu tive a oportunidade de testar isso em um espectrofotometro.
A outra tecnologia usada é a de filtro dielétrico, que é composto por um vidro ou resina óticos com um coating que anula um ou mais determinados comprimentos de onda por interferência destrutiva (lembra das aulas de física de ondas ?) São eficientes desde que o angulo de entrada da luz esteja dentro dos parametros. O chamado "hotmirror" que é o filtro de bloqueio de infravermelho que fica sobre o sensor é deste tipo. Alguns filtros tem várias camadas dielétricas e permitem a filtragem de mais de um comprimento de onda, por exemplo IR e certas bandas do UV.
Mas esses filtros não bloqueiam tudo. Basta fazer uma experiencia bem simples em casa, com infravermelho. Coloque a a câmera no live view e pegue um controle remoto de tv. Aponte para a câmera e aperte um botão do controle. Bingo ! O infravermelho passa pelo filtro, atenuado mais passa.
Com o UV é a mesma coisa. Passa.
O UV que atrapalha é o UV próximo (400-370 nm) que tem a dar com o pau em altitudes acima de 2000m. Precisa de um filtro muito bom para bloquear 100% e faz diferença, embora muitos digam que não. Fiz inúmeras fotos com filme e digital em altitudes entre 2000 e 5000 metros. Em certas condições a diferença é imensa.
No mar o efeito é causado pelas gotículas de água que refletem a luz (e mais ainda o UV) como loucas. Dependendo do ângulo entre sol-nebina-câmera, pode haver um bom azulamento. Novamente, um filtro UV decente ou um polarizador resolvem muito o problema.
Quanto a dureza do elemento frontal da objetiva, depende. Objetivas antigas feitas com vidro Crown e Flint são muito propensas a riscos. Então, cada caso é um caso. Se você tem uma Angenieux de 1970 que custou 3 mil dólares e não colocar um filtro protetor, estará correndo um risco desnecessário. Se estiver usando uma objetiva barata moderna de 500 dólares aí o papo é diferente. Ainda mais se for uma de uso amador.